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Conjunto arquitetónico Edifício e estrutura Agrícola e florestal Quinta
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Descrição
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Limitada na entrada por muro recortado por quatro janelas que fazem ligação com os campos vinhateiros e extensos olivais. Portal de entrada na quinta enquadrado por duas estátuas de mármore branco sobre altos pedestrais, que simbolizam a Abundância e Magnanimidade ou a Fortaleza e Justiça, indício da dimensão do terreiro de entrada. O terreiro, plano, juntamente com igual extensão de relvado quadripartido, forma praça envolvida em ambos os lados a partir do muro de entrada, edifícios do assento de lavoura, com paredes forradas por rosas de Santa Teresinha. Mais adiante, do lado esquerdo encontra-se edifício apalaçado, com capela, e canteiros preenchidos com cana-da-índia (Canna Índica), de cor de fogo. A completar o quadro do terreiro, avista-se ao fundo cenário verde com diferentes tons e volumetrias dados pelo arvoredo do jardim, atrás do muro, onde portal de mármore branco e brasão de D.Maria, apoiado por tenentes romanos, é ladeado por glicínias. O portal é de mármore branco, próprio da zona, esculpido em colunas toscanas e nichos decorados com vasos. Com linguagem semelhante ao muro de entrada, também este possui seis fenestrações para o pátio com cantarias em mármore e a particularidade de no lado interior serem adornadas com namoradeiras em alvenaria caiada. Ao entrar através da porta de madeira em ripas verdes escuras inicia-se percurso de arbusto de alfazema. O jardim, contruído na primeira metade do séc.18, de planta quadrada e sem relevo, é estruturado por um eixo principal que segue a orientação norte das entradas e por três eixos perpendiculares, formando ao todo oito talhões. Confina com o topo N. do terreiro de lavoura do solar. A intersecção do eixo principal com o eixo transversal do meio é marcada por pequena taça de água cercada por caramachão em ripas, criando espaço de frescura. A ligar estes passeios existe caminho que acompanha os muros do jardim e que revela, no limite nascente do eixo transversal do meio, um pequeno lago, com cascata em estilo grotto, com imagens de tritões e golfinhos e uma estátua central de um "putto". Os três passeios transversais são marcados por espécies diferentes: uma alameda de palmeiras (Phoenix canariensis), uma sebe de grinaldas-de-noiva (Spiraea cantoniensis) e uma latada coberta com roseiras e videiras. O caminho que circunda o jardim é desenhado por sebes de bucho e pontuado por sebes de loureiros. Também os talhões são diversificados, e à medida que se segue o cheiro das alfazemas, à sombra da latada de roseiras no eixo principal, passa-se por pomares de citrinos, hortas e relvados pontuados por sobreiros, ciprestes e freixos. É de destacar a presença de árvores exóticas pouco comuns no Alentejo, Eritryna cristagalis (coraleira), introduzida no séc. 18 em Portugal, e de uma Langestroemia indica. No final deste percurso, o principal elemento do jardim, o Tanque de Neptuno. Neptuno esculpido em mármore branco surge no centro do tanque sobre uma nereida de monstros marinhos. Este elemento descentrado do eixo insere-se patamar acessível por duas escadas laterais com balaústres ornamentados, sendo o seu rebordo em alvenaria de caio, decorado com lunetas discóides. Casa de fresco remata o longo eixo iniciado no portal de entrada da propriedade. O sistema hidráulico constitui um sistema de rega eficaz que alimenta toda a vegetação do jardim, através de rede de caleiras ligadas a nora instalada na casa da água, no torreão adjacente ao tanque, o qual tem a particularidade de servir como miradouro na sua cobertura, com vista privilegiada sobre o jardim e toda a propriedade, da vinha ao olival. Actualmente, a água é proveniente de furo situado no terreiro, que alimenta sistemas de rega actuais. |
Acessos
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A 1Km da cidade. A NO dos antigos coutos concelhios |
Protecção
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Inexistente |
Enquadramento
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Rural, fora da muralha da cidade, em área de planície. Envolvida por extensos campos vinhateiros e olival. Estende-se em lugar baixo sem preocupação de dominância paisagística sobre a envolvente, usufruindo da frescura de ribeiras e nascentes. |
Descrição Complementar
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No salão nobre, azulejos com cenas campestres e de caça, do séc. 18. A horta localiza-se no prolongamento natural norte da quinta. No vasto parque, hortejo - bosquete, subsistem do antigo esplendor outras obras de arte afins e casas de campo similares; alegretes, caramanchão, fontenários, cascatas com esculturas de pedra, golfinhos, carrancas. (ESPANCA, 1975)*1. |
Utilização Inicial
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Agrícola e florestal: quinta |
Utilização Actual
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Agrícola e florestal: quinta |
Propriedade
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Privada: pessoa singular |
Afectação
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Sem afetação |
Época Construção
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Séc. 17 / 18 / 19 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Garcia Pestana de Brito (edifício) |
Cronologia
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Sec. 17 - quinta pertença do historiador D. Agostinho Manuel de Vasconcelos, condenado à morte por traição a D.João IV em 1641, ascendente da mulher com quem Garcia Pestana de Brito iria casar, D. Mariana Francisca de Vasconcelos; 1718 - início da construção do edifício, por Garcia Pestana de Brito, o segundo administrador do Paço da Quinta; 1756 - dada como finalizada a construção por Diogo Pestana de Brito Casco de Mesquita; passa como herança aos Cotas Falcão e foi vendida à família Reynolds, que a aforou durante 90 anos ao Eng. José Rodrigues Tocga. |
Dados Técnicos
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Nivelado, estrutura ortogonal polarizada por um elemento arquitetónico em madeira (caramachão). Sistema de rega e armazenamento de água em caleiras calcário e mármore branco. |
Materiais
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INERTES: Tijoleira e alvenaria (em redor do tanque de Neptuno), chetos rolados (entrada do jardim), madeira (portas em ripas na entrada do jardim), mármore branco, rosa e verde, calcário, ferro, alvenaria, tijoleira, madeira, cal, terra batida; VEGETAL: agapantos (Agapanthus africanus), alfazema (Lavandula officinalis), ameixoeira-dos-jardins (Prunus cerasifera), buxo (Buxus sempervirens), cana-da-índia (Canna Índica), palmeira (Phoenix canariensis), choupo-branco (Populus alba), cipreste (Cupressus sempervirens), escalonia (Escalonia rubra), hera (Hedera helix), hortênsia (Hydrangea macrophylla), lantana (Lantana camara, Lantana aurea), laranjeira (Citrus sinensis), limoeiro (Citrus limon), loureiro (Laurus nobilis), oliveira (Olea europea), romanzeira (Punica granatum), roseira brava (Rosa canina), rosa galica (Rosa gallica), rosa-de-damasco (Rosa damascena), videira (Vitis vinifera), jasmim (Jasminum officinale), evonio-dos-jardins (Euonymus japonicus), grinalda-de-noiva (Spiraea cantoniensis), couves-de-nossa-senhora (Bergenia crassifolia), hibisco (Hibiscus rosasinensis), sardinheira (Pellargonium sp), sobreiro (Quercus suber), freixo (Fraxinus angustifolia), coraleira (Eritryna cristagalis), Langestroemia (Langerstroemia indica); |
Bibliografia
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CARITA, Helder, HOMEM CARDOSO, António, Tratado da Grandeza dos Jardins em Portugal ou da originalidade e desaires desta arte, Círculo de Leitores,1990; CASTEL-BRANCO, Cristina, Jardins Com História, Poesia Atrás dos Muros, Edições INAPA, Lisboa, 2002; ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal, Tomo 8, Lisboa, 1975, p. 63; GIL, Júlio, Os mais belos palácios de Portugal, Editora Verbo, Lisboa, 1992. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID; UE |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID; UE |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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Proprietário: acções de manutenção; marcação da macroestrutura (nomeadamente pela utilização da vegetação); acções de limpeza e conservação geral. |
Observações
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*1 - visitável mediante contacto com o proprietário; *2 - Integrada na Rota Histórica da Rota dos Vinhos do Alentejo. |
Autor e Data
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Paula Simões 1997 / Luísa Estadão 2004 |
Actualização
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Luísa Estadão 2007 |
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