Quinta do Paço do Monsul / Quinta do Monsul

IPA.00014091
Portugal, Viseu, Lamego, Cambres
 
Arquitectura agrícola, de encosta. Quinta de produção vitivinícola implantada em solos de xisto de declives pouco acentuados, numa sub-região de clima um pouco mais húmido, apresentando a vinha armada em talhões de certa regularidade, sem armação em socalcos, com alguns muros de suporte em zonas mais sensíveis, como caminhos e zonas de pomar e horta. Núcleo construído localizado em local estratégico, central e elevado, dominando a propriedade, com edifícios de arquitectura rural vernacular articuladas por pátios, escadas e caminhos.
Número IPA Antigo: PT011805050039
 
Registo visualizado 1068 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura  Agrícola e florestal  Quinta    

Descrição

Quinta implantada em monte, de declives suaves e ondulantes e solos cascalhentos de xisto. O seu perímetro é bordado por ciprestes alternados por oliveiras e árvores de fruto ( pereiras e macieiras ). As VINHAS, de baixo porte, plantadas em fiadas de tamanho e número variável, conduzidas por arames sustentados por poios ( esteios ) de xisto, armadas de forma tradicional, organizam-se em talhões divididos por caminhos de terra batida e bordaduras de árvores de fruto e oliveiras, não tendo muros de suporte dada a pouca inclinação do terreno. A SE. do núcleo construído estende-se a MATA de pinheiros, medronheiros, castanheiros, nogueiras e vegetação arbustiva. A entrada no núcleo construído é marcada por uma ALAMEDA de palmeiras de grande porte. A quinta possui um JARDIM de reduzidas dimensões a O. da casa, delineado por arbustos baixos. A E. e S. da casa estendem-se o POMAR em socalcos, com grande diversidade de fruteiras e árvores de espinho, e a HORTA, fechados ao pátio principal por muro alto. O NÚCLEO CONSTRUÍDO, implantado no ponto mais central e elevado da Quinta, organiza-se ao longo de um pátio murado, com orientação E. / O., fechado por portões de ferro e decorado por tanque de granito e vinha em latada. Os diversos edifícios, articulados por pátios, escadas e caminhos, adaptam-se ao desnível do terreno, apresentando coberturas diferenciadas em telhados de 2, 3 e 4 águas. A CASA DO PROPRIETÁRIO, ocupando a parte S. e O. do pátio, tem planta em L irregular, composta por 3 corpos articulados, de diferente datação, com fenestração distribuida irregularmente e de modinatura também muito diversa, apresentando janelas de guilhotina e de sacada com gradeamento de ferro. Estes, juntamnete com os embasamentos, são destacdos com pintura a ocre. Ressalta na fachada principal, voltada a N., uma escada paralela de um lanço, com guardas de ferro e patim alpendrado, de tecto forrado a madeira. Interiormente, distintos tectos em masseira, caixotões oitavados, asnas, camisa e saia e forro em quadrículas em madeira e em estuque trabalhado. A ADEGA, incluída na casa de habitação, ocupa o 1º piso dos dois primeiros corpos, conservando chão em terra batida e tonéis de madeira assentes em canteiros de granito. No lado N. do pátio, adossada à habitação, está a CASA DOS LAGARES, de planta rectangular simples, aberta ao pátio por dois portões. Interiormente alberga cinco lagares de granito, divididos em três grupos, ao longo da parede N. Na mesma ala, adaptados ao desnível do terreno, a COZINHA DE FORA e a CASA DO CASEIRO, de planta quadrangular e 2 pisos, com GARRAFEIRA nos baixos. O acesso ao piso superior é feito por escada de pedra com guardas de ferro. No pátio traseiro ficam a NITREIRA e os CARDENHOS dos homens e das mulheres. São casas térreas divididas em camaratas. No lado E. do pátio, junto ao portão, ergue-se a CAPELA, com pequeno adro gradeado. Tem planta longitudinal composta por nave e capela-mor, fachada orientada, em empena truncada por sineira, portal de arco de volta perfeita, com inscrição na pedra de fecho, ladeada por dois relevos e uma janela quadrangular gradeada à esquerda. Interior com silhar de azulejos de albarradas e pequeno altar na capela-mor.

Acessos

EN 222, fl. 126

Protecção

Incluído no Alto Douro Vinhateiro - Região Demarcada do Douro (PT011701040033)

Enquadramento

Rural. Integrada na Região Demarcada do Douro, na sub-região do Baixo Corgo, a de maior concentração das vinhas, por motivos históricos e pelas suas características edafo-climáticas, com solos pouco declivosos, de xisto, e clima mais húmido. Implanta-se a meia-encosta do vale de Cambres, com núcleo de construções em ponto elevado de onde se abarca toda a envolvente. Nas imediações do lugar da Adega do Chão e da povoação de Rio Bom. Confina com a quinta da Azenha.

Descrição Complementar

A cozinha de dentro tem armários embutidos nas paredes e largo saial de pedra. O portal da capela é ladeado por dois relevos, um medalhão com figura masculina e mulher desenhada sobre uma cartela sustentada por dois putti, e encimado por brasão. Remate superior em ameias chanfradas nos cunhais e sineira de granito, encimada por cruz ao centro. Embasamentos e moldura da janela pintados a ocre. Cobertura de 2 águas. Interior com tecto em falsa abóbada de madeira de arco abatido. Nas paredes, dispõem-se lápides e vários tipos de objectos, e lápides comemorativas. No pavimento dois túmulos: um de mármore negro, para sepultura dos descendentes da casa, e outro com mármore de diferentes cores embutidos, vindo de um mosteiro de Lamego. Arco triunfal de volta perfeita, com teia. Junto ao portal axial, pia de água em mármore.

Utilização Inicial

Agrícola e florestal: quinta

Utilização Actual

Agrícola e florestal: quinta

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Afonso do Vale Pereira Cabral (atr. acrescentos da casa no séc. 20).

Cronologia

1201 - Pedro Viegas, que recebera a quinta de D. Afonso Henriques, vende-a a Teresa Afonso, viúva de Egas Moniz, que faz doação ao mosteiro de Salzedas; 1328 - o rei D. Pedro proíbe as caçadas no Monsul; 1331 - emprazada ao conde de Penela, Afonso de Vasconcelos e Menezes; 1469 - emprazada a Gonçalo Afonso e Beatriz Dias; 1541 - emprazada a Paulo Rodrigues, filho de Ana Gonçalves, sendo feita uma descrição pormenorizada da quinta no contrato; 1599 - instituição do vínculo da capela de Santo António por Gaspar de Carvalho de Lucena e Leonor Gouveia Leitão, com data assinalada no portal da mesma; 1834 / 1879 - são feitos melhoramentos em toda a quinta com reconstruções, plantações novas, etc.; 1848 - reconstrução da capela de Santo António a mando de Luís Guedes de Carvalho Sousa e Vasconcelos.

Dados Técnicos

Paisagem: terraceamento parcial da área agrícola através de muros de xistos. Núcleo construído: Paredes autoportantes.

Materiais

Paisagem - inertes: xisto aparelhado; vivos: vinha; árvores de fruto, oliveiras, vegetação arbóreo-arbsutiva, etc. Núcleo construído: alvenaria de xisto contrafortado por blocos de granito nas zonas de maior tensão; taipa revestida a ardósia; rebocos interiores e exteriores de cal; cobertura de telha portuguesa e marselha de barro, sobre armação de asnas de madeira; caixilharias de madeira pintada; embasamento e molduras dos vãos em madeira ou pintados; gradeamentos de ferro; tectos camisa e saia de madeira, masseira, caixotões e estuque; pavimentos de madeira, xisto e terra.

Bibliografia

MONTEIRO, Manuel, O Douro, Porto, 1911; LIDELL, Alex, PRICE, Janet, As Quintas do Vinho do Porto, Lisboa, 1995; CARVALHO, Manuel, Guia do Douro e do Vinho do Porto, Porto, 1995; FAUVRELLE, Natália, Quintas do Douro: As arquitecturas do vinho do Porto, Porto, 2001.

Documentação Gráfica

AHQPM; CD: Arquivo Cadastral; CEVRD: Arquivo Cadastral

Documentação Fotográfica

AHQPM

Documentação Administrativa

AHQPM; IVP: Arquivo Cadastral; CML: Arquivo do Registo Predial

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1908 - restauro da capela por Afonso Pereira Cabral.

Observações

Autor e Data

Natália Fauvrelle 2001

Actualização

 
 
 
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