Jardim da Avenida Constantino Palha

IPA.00021432
Portugal, Lisboa, Vila Franca de Xira, Vila Franca de Xira
 
Espaço verde de recreio. O passeio Público , novecentista. foi convertido na década de 50 em jardim público de estadia onde a tentativa de isolamento das contingências da envolvente (isolamento visual e sonoro da linha de caminho de ferro) evidenciam o espírito modernista de uma valorização da estadia do utente, para melhor usufruição das potencialidades do lugar.
Número IPA Antigo: PT031114090063
 
Registo visualizado 220 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Espaço verde  Jardim  Passeio público      

Descrição

Orientado no sentido NE. SW. sendo constituído por três arruamentos longitudinais, paralelos ao muro que o separa da linha de caminho de ferro, e um passeio paralelo à linha de costa, ligeiramente enviusado em relação aos primeiros. Entre estes quatro caminhos estão definidos quatro canteiros longitudinais encontrando-se o canteiro situado mais perto da linha de costa e o canteiro adjacente a este interrompidos por 3 caminhos secundários perpendiculares aos primeiros. Os primeiros três arruamentos referidos possuem bancos, no do centro - o caminho principal do jardim - bilateralmente, frente a frente e nos adjacentes unilateralmente, nestes últimos orientados de forma a que os passeantes se encontrem sentados defronte para o rio para desfrute da paisagem ribeirinha. No caminho situado junto à linha de costa não encontramos bancos. Nos três percursos transversais, só no central vamos encontrar bancos, que se encontram distribuídos ao longo das suas duas margens, frente a frente. Na placa arborizada frente ao topo deste percurso, está situada uma zona de estadia composta por uma pérgula, aproximadamente rectangular, com duas entradas a partir do caminho principal. Esta construção com cobertura em traves de madeira, assente por colunas em alvenaria, com pavimento em pedra, alberga junto aos seus limites vários bancos de madeira, orientados uns frente aos outros, constituindo assim uma sala de estar ao ar livre. Esta pérgula apresenta de cada lado um lago cuja forma é, no sentido do comprimento a de rectângulo que em cada topo assume uma forma côncava, semicircular, onde se situa cada um dos dois peixes em pedra que promovem a adução de água ao lago. Os canteiros são bordejados por árvores, revestidos a relvado, crescendo no seu interior arbustos ou manchas de herbáceas em canteiros com posição central. A N. desta composição situa-se um coreto de planta octogonal, com base em alvenaria e cobertura em ferro com uma cúpula, a SE. articulam-se duas escadarias em ferro forjado, com 10 degraus com portão. O palco é protegido por um gradeamento em ferro forjado e, em cada uma das arestas do polígono, erguem-se oito colunas em ferro fundido que suportam a estrutura onde assenta a cobertura. As colunas apresentam associados arcos em ferro forjado para reforço do travamento da cobertura. O tecto é construído por ripas em madeira.

Acessos

Rua da Praia

Protecção

Inclui Marco da V Légua (v. IPA.00022421)

Enquadramento

Situado na orla ribeirinha, sobre a margem do Rio Tejo, inserido no espaço envolvente urbano.

Descrição Complementar

Inscrição em placa de lioz afixada na base do coreto (V. IPA.00023041), com aplicação em alto relevo das armas da cidade e ramagens em pedra, com a leitura: Mandado construir pela Câmara Municipal em 1931.

Utilização Inicial

Recreativa: passeio público

Utilização Actual

Recreativa: jardim

Propriedade

Pública: Municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETOS PAISAGISTAS Francisco Caldeira Cabral (1954) e Fernando Graça ( Séc. 20, déc. 90).

Cronologia

1903, 11 Março - Proposta em acta de reunião camarária "que a Avenida do Caminho de Ferro, junto ao Tejo, passe a denominar-se desde já Avenida Constantino Palha"; 1926 - as entradas e o gradeamento do jardim, oriundos da igreja matriz da freguesia, arruinada com o terramoto de 1755, foram demolidos; 1931 - construção de um coreto; 1936/1951- Pintura de uma pérgula; 1954, Março - Projeto do Arquitecto Paisagista Francisco Caldeira Cabral para a zona do jardim a SW. do coreto e Construção de um espelho de água*1; 1955 - Reconstrução de lago; 1956 - O jardim já tinha " beneficiado do arranjo geral dos seus arruamentos; de um novo e bem delineado ajardinamento a cargo de uma importante casa de especialidade de Lisboa", de iluminação a luz fluorescente, etc.";1956, 15 de Setembro - Construção de casa destinada ao jardineiro; 1956, 8 de Dezembro - Foi aprovada , em secção de Câmara a seguinte proposta apresentada pelo vereador Sr. Dr. Vidal Baptista " a importância dos melhoramentos com que vem sendo dotado o Jardim Constantino Palha, desta vila, impõem à Câmara o dever de prosseguir no plano traçado de modo a valorizar-se ainda mais aquele já tão aprazível recinto; 1958 - inauguração de um ringue de patinagem; 1959 - Fotografia que testemunha a existência de um espelho de água;1967/1970 - Construção de uma biblioteca infantil; Finais do séc.20 - Intervenção de recuperação pelo Arquiteto Paisagista Fernando Graça.

Dados Técnicos

Construção sobre terrenos aluvionares, sujeitos a marés

Materiais

INERTES: alvenaria - base do coreto e colunas da pérgula, coreto em ferro, bancos em madeira, inscrição em pedra, pavimento em gravilha.. VEGETAL: árvores - choupo-negro (Populus nigra), freixo (Fraxinus angustifolia), ginco (Ginkgo biloba), grevilea (Grevillea robusta), jacaranda (Jacaranda ovalifolia), palmeira-das-canárias (Phoenix canariensis), palmeira das vassouras (Chamaerops humilis), plátano (Platanus orientalis); arbustos - loendro (Nerium oleande), miosporo (Myoporum tenuifolium), pitosporo ( Pittosporum ondulatum); herbáceas - agapanto (Agapanthus praecox), clorofitos (Chlorophytum comosum), nenúfar (Nymphaea spp.); trepadeiras - bougainvilea (Bougainvillea glabra).

Bibliografia

ANDRESEN, Teresa, Do Estádio Nacional ao Jardim Gulbenkian. Francisco Caldeira Cabral e a Primeira Geração de Arquitectos Paisagistas (19490-1970), Lisboa, 2003; ANDRESEN, Teresa, Francisco Caldeira Cabral, Reino Unido, 2001; Actas de Reunião da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira de 11/03/1903 de 13/05/1903, 1936/1951 M/A.001, 1954 M/A.001, 1955 M/A.001, 1967/1970 M/A.001 e 1973 M/A. 001; 1926. 14 Março, Jornal Vila Ribatejana, 1956 Jornal Vila Ribatejana ,1956, 15 Setembro, Jornal Vila Ribatejana; 1956. 8 Dezembro, Jornal Vila Ribatejana, 1981; 26 Julho. Jornal Vila Ribatejana; Memória Descritiva do Projeto de Arquitetura Paisagista - Av. Constantino Palha. 1954.

Documentação Gráfica

IHRU: Arquivo Pessoal de Francisco Caldeira Cabral

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: Arquivo Pessoal de Francisco Caldeira Cabral

Intervenção Realizada

Observações

*1 - O Arquiteto Paisagista Francisco Caldeira Cabral conservou as árvores adultas pré-existentes no local, sobretudo os ulmeiros e manteve as três ruas longitudinais, embora conferindo-lhes importâncias diferentes já que, segundo as suas palavras "julgamos indispensável dar-lhes características diferentes porque nos parece pouco lógico construir três ruas iguais e paralelas, quasi encostadas umas às outras. Assim não só o conjunto de torna monótono como as pessoas ficam indecisas entre três possibilidades de igual valor." Assim estreita para 6 m. a rua do lado nascente, alargando o espaço de plantação junto à linha férrea isolado o jardim da sua influência, mantém a largura de 9 a 10 m. na rua central" e cria-se junto à margem uma rua mais estreita com de 2m. que comunica com 3 largos para estar mesmo à beira rio". Também a nível de plantação procurou diferenciar bem as ruas de forma a que a rua central aparente ser mais larga. Entre a rua de 2 m. e a margem do rio projectou apenas relva e alguns grupos de árvores da vegetação ribeirinha, " - choupos e salgueiros - que formarão o primeiro plano da paisagem. Não se julgou conveniente aqui a existência de flores porque não parece desejável distrair a vista da beleza do rio. O todo é fechado com uma sebe de 0.60 m. de altura e 1 m. de largura que impede as crianças de se aproximarem demasiado do rio, sem contudo tirar a vista." Caldeira Cabral propõe integrar a margem natural do rio no arranjo do parque, plantando apenas grupos de salgueiros e criando um caminho acima da linha de máxima cheia. Esta sua pretensão foi contrariada por razões de segurança como evitar o acesso directo de crianças ao cais.

Autor e Data

Teresa Camara 2004

Actualização

 
 
 
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