Jardim da Quinta do Paço de Calheiros

IPA.00022898
Portugal, Viana do Castelo, Ponte de Lima, Calheiros
 
Arquitectura agrícola, setecentista e barroca. Quinta de recreio com jardim barroco. De acordo com a época e local em que se insere a quinta está presente um "efeito surpresa" na descoberta de um jardim a S. da casa que surge contornando o edifício. O conjunto formado pelo imponente e distinto solar, os cuidados jardins e toda envolvente organizada de forma exemplar, fazem da quinta do Paço de Calheiros um dos cenários mais marcantes da região. Se, por um lado, é visível a boa adaptação às solicitações dos tempos, patente nas remodelações e construções actuais e funcionais, por outro, toda a quinta transparece a memória de gerações antigas numa harmonia quase mítica. Para este espírito, em muito contribuem os contrastes de luz e sombra que a vegetação provoca e o murmúrio da água corrente sobre a pedra, desde as minas até às várias peças de água que abastece. É ainda único o forno medieval do séc. 12 que se situa no que resta das ruínas paço velho.
Número IPA Antigo: PT011607130247
 
Registo visualizado 597 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Espaço verde  Jardim  Jardim  Barroco    

Descrição

Quinta murada com principal acesso por portão austero e modesto seguido de alameda de acácias até pátio que antecede a escadaria do solar. A N. da alameda, um caminho com pavimento em granito antecede uma correnteza de casas destinadas ao turismo e um muro de suporte que se lhes segue. A este se adossa um chafariz de espaldar em empena encimado por dois pináculos e cruz ao centro, com duas carrancas que enquadram pedra de armas do Paço de Calheiros deitando fios de água para tanque rectangular. O chafariz é alimentado através de duas caleiras ligadas às carrancas, a partir de um tanque situado no patamar que o muro suporta e ao qual se acede por escadaria limitada pelo mesmo e pela fachada do paço. PÁTIO com chafariz de taça circular que recebe a água por quatro bicas e magnólia e camélias de porte considerável. Passagem marcada com pérgola em arco acede à zona a S. do edifício onde existe um patamar com alegretes adjacentes à parede da casa. A cota inferior, JARDIM com acesso por porta de ferro, apresenta desenho rectangular de três centros equidistantes tendo ao meio chafariz de tanque circular com repuxo ao centro inserido em canteiro com o mesmo formato. Para cada lado, canteiro circular de onde partem caminhos limitados por sebes de buxo topiado marcados com esferas nos ângulos. Sebes desenham canteiros preenchidos com plantas anuais de cores variadas e alegres. A este patamar sucedem-se outros dois, mais recentes, com acesso por escadaria à esquerda do jardim e fonte adossada ao muro de suporte. Perto do extremo oposto à escadaria existe azevinho de grandes dimensões e à esquerda deste, tanque rectangular adossado ao muro de suporte do patamar superior. Junto à fachada E. da casa, jardim dividido em grandes canteiros de buxo onde se insere um laranjal rodeado de latada de vinha. Em patamar sobrelevado, imponente chafariz de tanque rectangular com os cantos arredondados para o interior tem três bicas sob pedra de armas dos Calheiros. Caramanchão de vinha prolonga-se em latada para a cada lado do chafariz, acompanhando o muro ao qual aquela se adossa. Este muro suporta o patamar onde se insere campo de ténis e piscina com acesso por sete pedras encastradas no muro formando escada. A zona E. da propriedade, a cota mais elevada, é ocupada por MATA de castanheiros (Castanea Sativa), plantada em socalcos, com ligação ao pomar e vinha por escadaria adjacente ao muro que limita a quinta. Na base da escadaria existem duas lagoas artificiais naturalizadas revestidas com lajes de xisto. A zona mais baixa da quinta, até ao limite S., é dominada por VINHA também construída em socalcos com ligação a O., à zona do Paço Velho de Calheiros que preserva um forno medieval. Nesta zona existe um picadeiro e um edifício de apoio ao turismo, antecedido pela antiga aeira que liga, por caminho em terra, a miradouro com caramachão de glicíneas adjacente ao muro a O.

Acessos

EN 202, e CM 241

Protecção

Parcialmente incluído na zona de Protecção do Paço de Calheiros (v. PT011607130020)

Enquadramento

Situada a meia encosta, a 5 Km de Ponte-de-Lima, a N. do Rio Lima e envolvida pelas seguintes elevações: monte de Vieiro, Serra d'Arga, Monte Formigoso, Monte de Santo Ovídeo e Monte do Castelo, a N., E. e O.. Estende-se visualmente até ao vale do Rio Lima onde se implanta a vila de Ponte de Lima. A propriedade insere-se na unidade de paisagem Entre Minho e Lima caracterizada por um clima marítimo, fresco durante todo o ano. Para este contribui em muito o relevo com encostas médias e altas e cabeços que sobem entre os 100 e os 800 metros. A abundacia de água traduz-se na verdura permanente dos campos, matas e prados. Geologicamente dominam os granitos calco-alcalinos e a quinta estende-se numa das principais manchas de aluviossolos da zona. A nível da flora predominam as matas de carvalho-roble e castanheiro. Abunda também o freixo, o arando, o vidoeiro, o azevinho e o eucalipto.

Descrição Complementar

O portão de entrada tem registada a data de 1450 e uma inscrição onde se lê: "desta antiga e nobre casa procedem os Calheiros fidalgos do solar".

Utilização Inicial

Recreativa: jardim

Utilização Actual

Recreativa: jardim

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 20 / 21

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO PAISAGISTA: Manuel de Carvalho e Sousa (1999).

Cronologia

1122 - Fernão Peres de Calheiros e sua mulher Maior Moniz, que foram Senhores do Paço Velho de Calheiros, fazem uma Venda; 1336, 5 Fevereiro - D. Afonso IV concede o couto e a mercê de Honra da Quinta de Calheiros a Martim Martins de Calheiros, Senhor da Quinta, Casa e Honra da freguesia dada por D. Dins; 1528 - Fernão Anes de Lima recebe a carta de brasão dos Calheiros; séc. 18, início - construção do novo paço e de uma zona de jardim a E. do mesmo, por Jácomo Lopes de Calheiros. Séc. 19, início - construção do primeiro terraço do jardim a S. do paço; 1889 - remodelações na quinta efectuadas por Francisco Lopes de Calheiros e Menezes, 1º Conde de Calheiros; 1980 / 1985 - obras para a criação de turismo de habitação; 1987 - obras para a criação de agro-turismo; 1999 - elaboração de um projecto de Arquitectura Paisagista pelo Arquitecto Manuel de Carvalho e Sousa para recuperação dos espaços de recreio da quinta.

Dados Técnicos

A quinta é construída em patamares na zona superior que se conjugam com os socalcos de vinha na zona mais baixa. O sistema hidráulico é alimentado por três minas: uma junto ao muro a E. da propriedade que conduz a água por caleira a céu aberto, desde a mina até um tanque de armazenamento sendo distribuída pelos diversos elementos de água unidos por caleiras: ornamenta o chafariz do caramachão, move o moinho, chega ao tanque junto à casa de onde segue para os chafarizes adossado ao muro e do pátio e daqui para o patamar inferior do jardim a S. da casa. Outro tanque, a E. do primeiro recolhe água da segunda mina. A terceira mina alimenta o depósito fechado, de água para consumo.

Materiais

Material vegetal: acácia (Acacia longifolia), magnólia (Magnolia grandiflora), buxo (Buxus sempervirens), castanheiro (Castanea sativa), vinha (Vitus vinivula), laranjeiras (Citrus sinensis), azevinho (Ilex aquifolium). Inertes: granito.

Bibliografia

ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, Alto Minho, Lisboa, 1987; ALMEIDA, José António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Porto, 1988; AURORA, Conde d', Roteiro da Ribeira Lima, Porto, 1939; AZEVEDO, Carlos de, Solares Portugueses, Lisboa, 1969; CALHEIROS, Diogo Lopes de, Memorial de Calheiros, Ponte de Lima 1568; CASTEL-BRANCO, Cristina, Jardins com História, INAPA, Lisboa 2002; Guia de Portugal, vol. 4, Lisboa, 1965; SOARES, Franquelim Neiva, A Sociedade de Pontelimense na primeira metade do século XIX. Inquérito do Arciprestado de 1845-1846 in Arquivo de Ponte de Lima, vol. 5, Braga, 1984, p. 329 - 390.

Documentação Gráfica

Proprietário

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; Proprietário

Documentação Administrativa

Proprietário

Intervenção Realizada

Séc. 20, anos 80 - Adaptação da quinta ao turismo.

Observações

EM ESTUDO. *1 - A maior parte das pedras do Paço Velho de Calheiros foram utilizadas na construção do actual Paço.

Autor e Data

Pereira de Lima 2004

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login