Jardim da Quinta de Santa Maria da Vinha / Jardim da Quinta da Boa Viagem
| IPA.00022899 |
Portugal, Viana do Castelo, Viana do Castelo, Areosa |
|
Quinta renascentista, setecentista e barroca. Quinta de recreio. A figura de da peça de água situada à direita da escadaria que acede ao patamar superior do jardim da preguiça é muito semelhante à encontrada no jardim da Quinta do Alão, construída no séc 18. (v. PT011308040062). Os cães-de-fô são de influência chinesa e característicos da arte europeia do séc. 18. A peculiaridade da quinta reside, antes de mais na sua relação com a envolvente e na sua importância ao longo dos tempos. A grandeza do interior dos muros chama a si a paz da serra, a presença visual e sonora da água corrente da ribeira do pego, com o Poço Negro, açude natural muito próximo da quinta e o conjunto de seculares moinhos de água em tempos explorados em partilha com os proprietários vizinhos. É igualmente absorvida pela quinta a infinidade do oceano, com azul a perder a de vista e cheiro a maresia. A capela da Boa Viagem é um importante marco histórico de apoio aos peregrinos de Santiago e cuja localização junto ao caminho mantém o carácter receptivo da quinta. Dentro dos muros encontramos também elementos particulares como os cães-de-fô, de influências chinesa e característicos da arte europeia do séc. 18, e a escultura da "preguiça" na fonte do jardim com o mesmo nome. É ainda de salientar a harmoniosa conjugação entre a parte agrícola e de jardim. |
|
Número IPA Antigo: PT011609050249 |
|
Registo visualizado 372 vezes desde 27 Julho de 2011 |
|
|
|
Espaço verde Jardim Jardim Barroco
|
Descrição
|
Quinta murada com acesso principal por portão barroco com brasão da família Aguiar *1 e São Fernando no topo. Terreno inclinado e coberto por latada de vinha dá acesso à casa enaltecendo a fachada *2. À direita, prado com chafariz de 4 m de altura junto ao portão. À esquerda do edifício (v. PT011609050045), zona de turismo de habitação com as várias casas *3 em redor de pátio em que a vegetação se dispõem de forma a possibilitar uma certa privacidade a cada uma. Esplanada de onde se avista o mar na zona posterior das casas. Terreiro fronteiro fachada principal da casa limitado por muro à direita com fonte de São João adjacente. Passagem à esquerda da fonte dá acesso à zona posterior da casa iniciando-se um caminho coberto por latada construída em betão e onde se encontra estátua de guerreiro com armas dos Villasboas no escudo. O caminho conduz a um outro, estruturante, que divide a quinta sensivelmente ao meio. À esquerda, jardim da preguiça em dois patamares. Ascende-se ao primeiro por quatro degraus e ao segundo por uma escadaria em cuja base existe uma peça de água, actualmente não utilizada, de cada lado, ambas limitadas por alegretes. Na da esquerda, em forma de taça, a bica de alimentação de água é a boca de um peixe enrolado em torno de uma figura masculina que se encontra de pé, ao lado da taça, ambas por cima de um tanque rectangular. A peça da direita é um tanque simétrico ao da esquerda, alimentado pela boca de um peixe sob putto com bica em forma de búzio. Em cada lado do corrimão da escadaria está esculpido um "cão-de-fô". No patamar superior escadaria ladeada por dois canteiros leva até fonte da preguiça com figura feminina esculpida em posição de descanso sobre a bica. À direita, do outro lado do caminho estruturante, área da piscina, entre duas zonas de vinha. Zona abaixo estende-se até próximo da casa e zona acima cortada por jardim de buxo não simétrico em comprimento com caminho principal cortado por taça quadrada com meios círculos salientes para o exterior em cada um dos lados do quadrado. *5 assenta em plataforma inclinada, criando um certo desconforto. À esquerda do jardim da preguiça situa-se a "matinha", pequena mata de vegetação autóctone com carvalhos seculares que criam uma área de grande frescura com mesa e bancos de pedra e cruzeiro *4. Contornado a "matinha", pela esquerda, caminho passa junto aos antigos campos agrícolas e conduz a miradouro em patamar de cota elevada com vista para o mar. Quatro namoradeiras e sete vasos redondos também em pedra estão construídos no muro que suporta esse patamar. Passagem para outro patamar subindo quatro degraus arredondados conduz a zona de estadia com mesa de pedra, quatro bancos de forma quadrada em redor e dois bancos rectangulares. Vegetação relativamente densa permitindo a sombra. Outra escadaria leva a patamar superior com mesa, dois bancos redondos e um rectangular e um grande tanque de pedra com duas esferas nos cantos e uma bica. Escadas ascendem até junto ao muro com porta de acesso. Entrada de água na quinta para um tanque pequeno de onde sai por bica sendo transportada por levadas até ao tanque grande. Caminhos quase todos acompanhados por latadas de vinha rematam, em muitos casos, campos de lavoura. No limite S. da quinta, caminho acompanhado por um muro conduz a miradouro sobre ribeiro do Pego coberto por latada de vinha com duas namoradeiras e dois bancos com costas. |
Acessos
|
EN 13 a seguir a Viana do Castelo, no sentido de Valença |
Protecção
|
Categoria: CIP - Conjunto de Interesse Público / ZEP, Portaria nº 651/2014, DR, 2.ª série, n.º 150 de 06 agosto 2014 |
Enquadramento
|
Situada na encosta da serra de Santa Luzia, junto ao ribeiro do Pego, entre caminhos de aldeia onde permanecem oliveiras. Da quinta obtém-se uma ampla vista sobre o mar e sobre a serra de revestimento vegetal denso. Fica adjacente uma área de 10 ha de Pinhal bravo do mesmo proprietário. |
Descrição Complementar
|
|
Utilização Inicial
|
Recreativa: jardim |
Utilização Actual
|
Recreativa: jardim |
Propriedade
|
Privada: pessoa singular |
Afectação
|
Sem afectação |
Época Construção
|
Séc. 17 / 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
|
ARQUITECTO PAISAGISTA: Ilídio de Araújo (projecto de recuperação da quinta). |
Cronologia
|
1579 - Gonçalo Ferreira Villas Boas recebe a Carta de Brasão; 1608 - instituição do morgado da quinta da Boa Viagem e vínculo da quinta à capela da Nossa Senhora da Boa Viagem por testamento de Gonçalo Ferreira Villas Boas e sua mulher Catarina Álvares de Seixas; 1624 - João Ferreira Villas Boas, filho de Gonçalo Ferreira Villas Boas, é nomeado Provedor-Mor da Fazenda do Estado do Brasil; por falecer à partida, este cargo é ocupado por seu irmão Diogo Ferreira Villas Boas; 1638 - Matheus Ferreira Villas Boas, filho de João Ferreira Villas Boas, integra a armada para a conquista de Pernambuco, no Brasil e veio a ser Provedor Mor da Fazenda Real do Brasil; séc. 18, 2º metade - Fernando Leite Lobo, 4º neto de Diogo Ferreira Villas Boas por via materna, e 3º neto de João Ferreira Villas Boas por via paterna, utiliza a riqueza vinda do Brasil para valorizar a quinta; construção da casa da Boa Viagem, reestruturação da quinta e execução de jardins; 1916 - Engº João Teixeira de Queiroz Coelho de Almeida e Vasconcellos compra a quinta a sua prima D. Maria Clara Coelho de Castro Villas Boas e inicia uma significativa reestruturação; séc. 20, primeiro terço - execução do jardim de buxo num dos terraços superiores da quinta pelo Engº João Teixeira de Queiroz de Almeida e Vasconcellos; 1990 - Engº José Inácio Teixeira de Queiroz, sobrinho-neto herdeiro de João Teixeira de Queiroz, inicia o turismo de habitação na quinta; 1994, 27 junho - despacho de abertura do processo de classificação do Presidente do IPPAR; 2007, 14 agosto - proposta da DRCNorte para classificação da quinta como Imóvel de Interesse Público e definição à Zona Especial de Proteção; 2008, 06 fevereiro - parecer favorável do Conselho Consultivo IGESPAR, I.P. à classificação da quinta e definição da Zona Especial de Proteção; 2009, 03 setembro - Despacho de homologação da definição da Zona Especial de Proteção do Ministro da Cultura; 11 novembro - proposta de alteração da Zona Especial de Proteção da Câmara Municipal de Viana do Castelo; 2010, 15 dezembro - parecer favorável à definição da Zona Especial de Proteção da SPAA do Conselho Nacional de Cultura; 2011, 13 Dezembro - publicação do projecto de decisão de fixar a respectiva Zona Especial de Protecção da casa e quinta da Boa Viagem, capela, Alameda de Oliveiras e cruzeiro, em DR, 2.º série, n.º 237, anúncio n.º 18421/2011. |
Dados Técnicos
|
A quinta é estruturada em terraços e os socalcos estão feitos segundo as curvas de nível. A água utilizada para consumo, rega e ornamentação provém de cinco minas situadas na encosta da serra de Santa Luzia sendo conduzida por um sistema de caleiras a céu aberto que actualmente perdem muita água. |
Materiais
|
Material vegetal: liriodendro (Liriodendron tulipifera), jacarandá (Jacaranda mimosifolia), chorisia (Chorisia speciosa), tília (Tilia vulgaris), cipreste (Cupressus semperviriens), carvalho (Quercus robur), loureiro (Laurus nobilis), azevinho (Ilex Aquifolium), medronheiro (Arbutos unedo), buxo (Buxus semperviriens), lantana (Lantana camara), etc. Inertes: granito, betão, saibro, tijoleira. |
Bibliografia
|
AZEVEDO, Carlos de, Solares portugueses, Lisboa, 1969; AZAMBUJA, Sónia, A Quinta da Boa Viagem na rota dos descobrimentos, ISA, Lisboa, 1999; CASTEL-BRANCO, Cristina, Jardins com História, INAPA, Lisboa 2002. |
Documentação Gráfica
|
Proprietário |
Documentação Fotográfica
|
IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
|
|
Intervenção Realizada
|
Proprietário: 1990, década - Construção da piscina; adaptação da quinta ao turismo. |
Observações
|
1* - Possível relação com a família da mãe de Fernando Leite Lobo, segundo Ilídio de Araújo. *2 - Na sua origem, a subida até ao terreiro junto à casa era feita entre muros criando "efeito surpresa" ao avistar o edifício. O muro do lado direito foi retirado bem como os castanheiros que existiam para lá do mesmo. *3 - Antigas dependências agrícolas. *4 - Proveniente de um convento de Viana do Castelo no início do séc. 20 e onde o Engº João Teixeira de Queiróz mandou inscrever uma dedicatória a sua mãe. *5 - Inicialmente metade do jardim era para flores e outra metade para horta plantada "à bitola". |
Autor e Data
|
Pereira de Lima 2004 |
Actualização
|
|
|
|
|
|
| |