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Espaço verde Jardim Jardim Formal
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Descrição
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Jardim de planta aproximadamente retangular, delimitado por muro com gradeamento. Apresenta caminhos de traçado retilíneo e circular em saibro estabilizado, que se estendem a todo o jardim, entre os quais se desenvolvem áreas relvadas pontuadas por árvores, maioritariamente de grande porte e arbustos. O jardim possui três entradas, uma a S., uma E. e outra a O.. Esta última situa-se na Estrada da Ameixoeira e constitui a entrada principal onde se encontra um portão em ferro forjado que ostenta, sobre dois medalhões, as iniciais ACS *2. O jardim está implantado numa encosta de declives suaves orientada a SO. e o seu desenho desenvolve-se simetricamente de acordo com um eixo central de direção NE. - SO. que tem início na Casa de Santa Clara e términos no muro limítrofe. A divisão entre a parte pública e a parte privada do jardim é feita através de uma rede intercetando este eixo do desenho. Ao longo do eixo central o jardim é estruturado em níveis de cotas decrescentes a partir do seu limite NE., existindo 3 patamares, separados por varandins e unidos por escadarias. Paralelo ao eixo central encontra-se a O. a ALAMEDA PRINCIPAL e a E. a ALAMEDA DAS TÍLIAS. A ALAMEDA PRINCIPAL, que ligava o portão principal ao Palácio, encontra-se ladeada por cedros-do-Líbano (Cedrus libani) de grande porte. Ao longo desta existem também exemplares de oliveira (Olea europaea), lodão (Celtis australis), evónimos (Euonymus japonicus), dragoeiro (Dracaena draco) e fiteira (Cordyline australis). A ALAMEDA DE TÍLIAS (Tilia cordata) é pontuada por bancos de madeira e no extremo S. existe um QUIOSQUE com esplanada e um PARQUE INFANTIL. Entre esta alameda, e o limite E. do jardim, encontramos várias espécies de árvores e arbustos, tais como fiteira (Cordyline australis), lódão (celtis australis), olaia (cercis siliquastrum), palmeira-de-saia (Washingtonia filifera), romãzeira (Punica granatum) e folhado (Viburnum tinus). Nesta zona encontra-se também parte de um murete em pedra seca, elemento remanescente do antigo jardim. Alinhados segundo o eixo central do jardim, encontramos no NÍVEL INFERIOR um recinto de planta circular delimitado por murete em pedra calcária e na zona envolvente exemplares de palmeiras-das-canárias (Phoenix canariensis), cipreste-comum (Cupressus sempervirens), eucaliptos (Eualyptus globulus), fiteira (Cordyline australis) e acácia-bastarda (Robinia pseudoacacia). O NÍVEL INTERMÉDIO tem como peça central um LAGO de planta centralizada retilínea com extremos curvos. Este é envolvido um caminho e por uma área relvada onde se desenvolvem simetricamente canteiros delimitados por pequenas sebes de buxo (buxo sempervirens) talhado, ao centro dos quais se encontram evónimus (Euonymos japonicus) talhados em forma de esfera, um em cada extremo do lago. À sua volta encontramos também exemplares notáveis de evónimus (Euonymos japonicus). Na extremidade S. da área relvada, no alinhamento do eixo, encontra-se um elemento escultórico de crianças segurando taça e duas urnas sob pedestal, uma a O. E outra a E. Esta zona é circundada por um caminho oval que possui dois BANCOS DE AZULEJOS, um de cada lado do lago. Ao longo deste caminho a E. do lago existe um alinhamento de plátanos (Platanus x hispanica) de grande porte. O NÍVEL SUPERIOR é ocupado por um JARDIM SEMI-CIRCULAR onde sebes talhadas de evónimos (Euonymus japonicus) delimitam canteiros geométricos, no centro dos quais encontramos buxos (Buxus sempervirens) de forma esférica e evónimos (Euonymus japonicus aureus). Em seu redor encontramos exemplares de buganvília (Bouganvilea sp.), ameixoeira-de-jardim (Prunus cerasifera pissardii), oliveira (Olea europaea) e escalónia (Escallonia rubra). Este nível daria acesso à parte do jardim pertencente ao Instituto Superior de Gestão, do qual está separado por uma rede, seguindo a lógica de níveis separados por varandins e unidos por escadarias. Do lado de lá da rede de separação da zona particular, dois alpendres, um em cada extremidade do varandim oferecem vista sobre o jardim e delimitam um espaço ocupado por canteiros geométricos e simétricos definidos por sebes talhadas de evónimus (Euonymus japonicus) com quatro exemplares de cica (Cycas revoluta), por espécies arbóreas como pinheiro-bravo (Pinus pinaster) e cipreste-do-Arizona (Cupressus glabra) algumas revestidas por hera (Hedera helix) formando uma parede verde. |
Acessos
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Estrada da Ameixoeira, n.º 86, Rua Jorge de Sena |
Protecção
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Parcialmente incluído na Zona de Proteção da Igreja de Nossa Senhora da Encarnação (v. IPA.00006473) |
Enquadramento
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Urbano. Situado no cimo da encosta nascente do Vale da Ameixoeira, na Área Urbana da Ameixoeira (v. IPA.00033805), associado à Casa da Quinta de Santa Clara (v. IPA.00021044), outrora integrado na quinta com o mesmo nome. A N. o jardim é delimitado pela Casa de Santa Clara (atual Instituto Superior de Gestão) e respetivo jardim, do qual no passado fez parte integrante, junto à qual se encontra a Igreja de Nossa Senhora da Encarnação (v. IPA.00006473). A S. é delimitado pela Rua Jorge Sena e por propriedade murada pertencente aos Inválidos do Comércio. A NE. e E., nos terrenos que antigamente faziam parte da Quinta de Santa Clara, o jardim encontra-se confinado por uma zona urbanizada, onde predomina a construção em altura e um campo de jogos. A O. o jardim é delimitado pela Estrada da Ameixoeira e pela encosta urbanizada adjacente, que desce até à Calçada de Carriche*1. |
Descrição Complementar
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Os BANCOS DE AZULEJOS são revestidos por azulejos policromos em azul e branco com imagens de estilo romântico da fábrica de Sant'Ana que datam de 1941. O BANCO O. é um banco de espaldar integrado em murete de suporte recortado com volutas. O BANCO E. é um banco solitário que se encontra incompleto, uma vez que parte das costas foram cortadas, mas são ainda visíveis nos azulejos as assinaturas de H. Rita e Amaral *3. |
Utilização Inicial
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Produtiva: quinta / Recreativa: jardim |
Utilização Actual
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Recreativa: jardim |
Propriedade
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Pública: municipal |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTOS: Fiel Viterbo (1929); João Eugénio Duarte (1929). CONSTRUTOR: Moreira da Silva & Filhos, Lda. (1929-1941). |
Cronologia
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1694 - morava na Quinta Nova o Desembargador Miguel Nunes de Mesquita; 1736 - Miguel Nunes de Mesquita deixa a Quinta Nova a seu filho Agostinho Velho da Costa que depois de ter seguido a vida eclesiástica deixou os seus bens a Francisco Feliciano Velho da Costa, a Manuel Velho da Costa e a Frei António Velho da Costa; 1742 a 1753 - vive na quinta a filha de Miguel Nunes de Mesquita, D. Maria Josefa de Mesquita Borges e o seu marido António Velho da Costa, Desembargador do Paço; 1825 - após a morte de António Velho da Costa, a quinta é herdada pelo seu primo, António da Costa Brandão de Brito e Mesquita, Capitão-mor de Oliveirinha, e sua mulher D. Teresa Augusta de Albuquerque Pinto Tavares; 1831, 18 novembro - a quinta é arrendada por quatro anos a Miguel António Trancoso, vizinho da Quinta de Sant'Ana; 1835 - a quinta é vendida ao Dr. António Mascarenhas Calheiros; 1853 - a quinta é herdada pelo seu enteado Ezequiel de Paula Sá Prego; 1873, 23 julho - a quinta passa a pertencer aos seus dois filhos, Henrique da Fonseca de Sá Prego e Ezequiel da Fonseca de Sá Prego; 1877, 29 abril - os bens legados são divididos e a quinta passa a pertencer a Henrique da Fonseca de Sá Prego; 1883 - a quinta é vendida ao negociante José Joaquim Vieira da Silva; 1917 - José Joaquim Vieira da Silva vende a quinta a Eduardo Jorge, conhecido como o "Chora", dono dos transportes puxados por cavalos que faziam a ligação entre Belém e o Intendente; nesta altura a quinta era conhecida como Quinta do Chora; 1926 - os seus descendentes vendem a quinta ao banqueiro Augusto Carreira de Sousa e passa a chamar-se Quinta de Santa Clara; o proprietário manda fazer profundas remodelações na casa, encomendando o projecto a João Eugénio Duarte e a Fiel Viterbo, imitando um palácio do séc. 18; parte da quinta é transformada num parque, construído pela firma Moreira da Silva & Filhos, Lda. do Porto; 1932 - conclusão das obras de remodelação do edifício; 1933, 28 novembro - falecimento do proprietário, ficando a quinta na posse da viúva D. Aida Ferreira do Amaral Carreira de Sousa que continuou as obras do jardim; 1935 - construção de rampa de acesso à quinta no local conhecido como "Subida do Prego" e colocação de um portão; 1941 - D. Aida de Sousa manda colocar bancos com pinturas em azulejo de estilo romântico, da fábrica de Sant'Ana assinados por H. Rita e Amaral; 1963 - D. Aida de Sousa manda colocar no pátio de receção figuras de convite da fábrica de Sant'Ana. Após o falecimento da proprietária a propriedade fica na posse de D. Celeste do Amaral Tavares de Carvalho; 1970 (inicio) - morre de D. Celeste de Carvalho, que deixa parte do jardim e parque à Câmara Municipal de Lisboa, o palacete com o seu logradouro e uma pequena parte do jardim passa a pertencer à sua sobrinha D. Maria Celeste Salema Garção e as restantes terras a um sobrinho que as vende a uma empresa de construção; 1974 - inicio da construção de prédios em parte dos terrenos da quinta, que correspondiam ao parque*4; 1975 - a Câmara Municipal de Lisboa, demarca parte do jardim e depois de algumas modificações de adaptação este é aberto ao público com o nome de "Parque de Santa Clara"; 1983, 29 junho - D. Maria Celeste Garção vende o palacete com o respectivo logradouro e a pequena parte do jardim à ENSINUS, S.A.; 1993, outubro - construção de novo edifício numa parte do logradouro para instalação do Instituto Superior de Gestão, ficando o palacete reservado para a instalação dos serviços administrativos e da direcção; 2011, 29 setembro - abertura de concurso para adjudicação da obra de requalificação da Quinta; 2013, 20 julho - fim das obras de requalificação e inauguração do Jardim da Quinta de Santa Clara *5; 2012, 30 agosto - presente na lista de bens da carta municipal do património edificado e paisagístico anexa ao regulamento do PDM de Lisboa, Aviso nº 11622/2012, DR, 2.ª série, n.º 168. |
Dados Técnicos
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O terraceamento ao longo do eixo central permite a resolução do declive através da criação de diferentes níveis. Os varandins desempenham a função de contenção de terras e as escadas possibilitam a ligação entre os níveis criados. |
Materiais
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INERTES: pavimento em saibro estabilizado; delimitação de canteiros e caldeiras em perfil metálico de aço corten e cubos de granito; caleiras em cubos de granito; remate interior do varandim em tijoleira; muro limítrofe em alvenaria; varandins e muretes em alvenaria; escadas e murete em pedra calcária; delimitação do lago em murete de pedra; candeeiros, bebedouros e gradeamento sobre o muro limítrofe em metal; bancos em alvenaria revestidos a azulejo; bancos e mesas em ripas de madeira; papeleiras em PVC. VEGETAIS: árvores - acácia-bastarda (Robinia pseudoacacia), ameixoeira-de-jardim (Prunus cerasifera pissardii), cedro-do-Líbano (Cedrus libani), cica (Cycas revoluta), cipreste-comum (Cupressus sempervirens), cipreste-do-Arizona (Cupressus glabra), dragoeiro (Dracaena draco), eucalipto (Eualyptus globulus), fiteira (Cordyline australis), lódão (celtis australis), olaia (cercis siliquastrum), oliveira (olea europaea), palmeira-das-canarias (Phoenix canariensis), palmeira-de-saia (Washingtonia filifera), pinheiro-bravo (Pinus pinaster), plátano (Platanus x hispanica), romãzeira (Punica granatum), tília-de-folhas-pequenas (Tilia cordata); arbustos - buxo (Buxus sempervirens), escalónia (Escallonia rubra), evónimo (Euonymus japonicus e Euonymus japonicus aureus), folhado (Viburnum tinus); trepadeiras - buganvília (Bouganvilea sp.), hera (Hedera helix). |
Bibliografia
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CONSIGLIERI, Carlos, Pelas freguesias de Lisboa. O termo de Lisboa: Benfica, Carnide, Lumiar, Ameixoeira, Charneca, 1º volume, 1ª edição, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 1993; SANTO, Eugénio do Espírito, Ameixoeira: um núcleo histórico, Lisboa, 1997, pp.161-173; Jardim da Quinta de Santa Clara in Câmara Municipal de Lisboa, Parques e Jardins, (http://www.cm-lisboa.pt/equipamentos/equipamento/info/jardim-da-quinta-de-santa-clara), [consultado em 10 de Outubro de 2013]. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: SIPA |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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Proprietário: 1926 - remodelação da casa e parte da quinta é transformada num parque; proprietária: 1933 - continuação das obras no jardim; proprietária: 1935 - construção de rampa de acesso à quinta no local conhecido como "Subida do Prego" e colocação de um portão; Câmara Municipal de Lisboa: 1975 - remodelação do jardim para abertura ao público; Câmara Municipal de Lisboa: 2013 - inauguração do jardim após obras de requalificação. |
Observações
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*1 - O parque não era só o que hoje se vê; estendia-se para o lado sul até junto dos Inválidos do Comércio e do lado nascente até a dita Azinhaga, que foi cortado para se construir a Rua Jorge de Sena. *2 - ACS são as iniciais de Augusto Carreira de Sousa, que idealizou e mandou construir o Jardim da Quinta de Santa Clara. *3 - Os bancos de azulejos foram mandados colocar no jardim por D. Aida de Sousa, mulher de Augusto Carreira de Sousa. *4 - "O Plano Diretor de "De Gröer", para a Ameixoeira, existente na CML desde 1967 impedia a divisão da Quinta, mas a Empresa Construtora, logo em 1974 começou a construir e só em 1977 ele foi aprovado. Assim se destruiu esta enorme propriedade, amputando a Quinta de Recreio da Casa de Santa Clara, para ser sacrificada a perto de 1000 fogos desde 1974 a 1996". *5 - O jardim encontra-se aberto ao público entre as 06.00 e as 01.00 hora. |
Autor e Data
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Pereira de Lima 2005 / Mafalda Jácome 2013 (no âmbito da parceria do IHRU / APAP) |
Actualização
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