Igreja Paroquial de Afonsim / Igreja de Nossa Senhora da Assunção
| IPA.00025104 |
Portugal, Vila Real, Vila Pouca de Aguiar, Alvão |
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Arquitectura religiosa, tardo-barroca. Igreja Paroquial de planta longitudinal composta de nave única, integrando torre sineira, e capela-mor, mais baixa e estreita, interiormente com tectos de madeira de perfil curvo e amplamente iluminado pelos vãos laterais e axiais, com sacristia e anexo adossados. Fachada-torre, com esta a desenvolver-se para o interior da nave, formando endo-nartéx, com cunhais delimitados por pilastras toscanas, encimadas por fogaréus, criando uma fachada de três panos, terminada em duplo friso e cornija com torre flanqueada por fragmentos de frontão volutado; é rasgada por portal de verga recta, com molduras múltiplas, encimado por nicho em arco de volta perfeita, decorado por concheados, albergando imagem do orago, ambos flanqueados pelas pilastras das torres, decoradas com capitéis estilizadas e motivos fitomórficos; nos panos laterais rasgam-se janelas de topos recortados formando avental. Fachadas laterais simétricas, rasgadas por janelas de capialço e portas travessas encimadas por espaldar recortado e volutado. Interior com coro-alto de madeira, baptistério no lado do Evangelho, confessionários embutidos lateralmente na caixa muraria, de verga recta, portas travessas ladeadas por pias de água benta, púlpitos confrontantes sobre mísula e guarda em balaustrada, duas capelas laterais e colaterais com retábulos de planta côncava e um eixo e o retábulo-mor tardo-barrocos com alguns elementos rococós, em talha policroma e dourada. |
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Número IPA Antigo: PT011713010051 |
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Registo visualizado 961 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Igreja paroquial
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Descrição
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Planta longitudinal composta de nave única, integrando torre sineira rectangular, e capela-mor, mais baixa e estreita, tendo esta última adossada, à fachada lateral esquerda, sacristia, e à lateral direita, anexo, ambos de planta rectangular. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na igreja e de uma na sacristia e no anexo. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com pilastras toscanas nos cunhais, sobrepujadas por fogaréus, com remate em bico, à excepção da sacristia e do anexo, percorridas por embasamento de cantaria e terminadas em duplo friso e cornija, sobreposta por beirado simples. Fachada principal virada a E., de três panos definidos por pilastras, o central correspondente à torre sineira, e terminada em cornija recta, tendo a ladear a torre fragmentos de frontão volutado. É rasgada por portal de verga recta, com moldura múltipla, encimado por friso com data de 1750 inscrita, enquadrada pelas pilastras da torre, de capitel decorado com volutas estilizadas e lambrequim, sobre o qual assenta cornija; as pilastras prolongam-se, superiormente, marcando soco, com fuste decorado com elementos fitomórficos e bola e terminadas em lambrequim; ao centro, sobre a cornija, abre-se nicho, em arco de volta perfeita sobre pilastras toscanas, interiormente concheado e albergando imagem de Nossa Senhora da Assunção, em cantaria, assente em plinto facetado, com a inscrição "ELETA UISOL 1760", ladeado, inferior e superiormente, por elementos fitomórficos e volutados e coroado por flores e coroa; sobre esta, a cornija da fachada é interrompida e surgem elementos volutados e pingente, encimados por cornija contracurvada. Os panos laterais são rasgados por janelas, gradeadas, com moldura de topos recortados, inferiormente formando avental. A partir daqui, a torre sineira tem dois registos, separados por duplo friso e cornija, tendo o primeiro, na face principal, janela gradeada, com moldura a formar pingente e orelhas, e o segundo tendo, em cada uma das faces, sineira em arco de volta perfeita sobre pilastras, albergando sino; termina em balaustrada com acrotérios nos cunhais, coroados por pináculos, e remata em coruchéu piramidal truncado por plinto, bola e cata-vento. Fachadas laterais simétricas, rasgando-se na nave, de cada lado, três janelas gradeadas, com moldura de capialço, e porta travessa, de verga recta, com moldura ladeada por pilastras toscanas que sustentam cornija e espaldar recortado, com volutadas, terminado em cornija contracurvada e decorado, ao centro, por elemento fitomórfico e flor-de-lís pendente; na capela-mor abre-se janela igual às da nave e no anexo e na saristia, janela rectangular jacente, gradeada, com moldura de capialço. Fachada posterior cega terminando em empena. INTERIOR com paredes rebocadas e pintadas de branco, terminadas em friso e cornija de madeira, pintada a marmoreado fingido a azul, com frisos dourados, a da capela-mor ritmada por mísulas volutadas, com elementos fitomórficos dourados, e os ângulos decorados com florões; suporta tecto de madeira, em falsa abóbada de berço, pintada a azul, a da capela-mor com vestígios de frisos fitomórficos; pavimento em cantaria de granito. No endonártex, criado pela torre, o portal da fachada principal tem verga abatida, e nas paredes, em cantaria aparente, rasgam-se portas de verga recta, de acesso ao coro-alto e à torre. Coro-alto de madeira, pintada a azul, com guarda em balaustradas de madeira, ritmada por pilaretes, decorados com elementos fitomórficos em talha, assente em mísulas de cantaria, rasgando-se no pano central da parede fundeira, marcada pelas pilastras da torre, portal de verga recta, com moldura simples, e nos laterais, vãos sem moldura. No sub-coro surge, ao centro, guarda-vento de madeira e, lateralmente, vãos rectangulares de acesso ao coro; nas paredes laterais abrem-se, confrontantes, vãos, em arco de volta perfeita sobre pilastras, pouco profundos, o do lado do Evangelho correspondendo ao baptistério, com grades tipo balaústres, albergando pia baptismal, em cantaria e tampo, em madeira. No corpo da nave abrem-se quatro confessionários embutidos, dois de cada lado, de verga recta e moldura simples, superiormente interligada, com portas de madeira, com ralo nas almofadas, e bandeira; a meio da nave, a sobrepujar as portas travessas, de verga recta, com moldura simples e ladeadas por pias de água benta gomeadas e terminadas em pingente, dispõem-se dois púlpito, confrontantes, de bacia quadrangular, em granito, moldurada, assente em consola volutada, ornada com elemento fitomórfico, ao centro, com guarda, igual à do coro-alto, que se prolonga nas escadas de acesso, com degraus em cantaria; as escadas do púlpito, do lado da Epístola, têm cartela de madeira recortada, pintada a branco, com inscrição. Sobre os púlpitos existe painel rectangular, jacente, pintado a marmoreados fingidos a rosa, com friso dourado, decorado com duas arquivoltas e elemento fitomórfico, dourado. No topo da nave surgem duas capelas laterais e duas colaterais, estas postas de ângulo, com retábulos de planta côncava e um eixo, em talha policroma e dourada, de estrutura semelhante. Arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras toscanas. Na capela-mor rasgam-se, de ambos os lados, porta de verga recta, com moldura revestida a talha policroma e dourada, decorada lateralmente por elementos fitomórficos e, superiormente, formando espaldar contracurvado, decorado com concheados e elementos vegetalistas recortados, cartelas, a central volutada e contendo florão, e lambrequim de concheados; as janelas são encimadas por sanefas de talha policroma, terminadas em espaldar decorado com motivos fitomórficos. Sobre o supedêneo, surge o retábulo-mor, de talha dourada e policroma, a branco e azul celeste, de planta côncava e um eixo, definido por colunas de fuste pintado a marmoreado fingido a rosa, adornadas por concheados dourados e de capitéis coríntios, assentes em plintos galbados; no eixo central, abre-se tribuna em arco recortado, com moldura decorada lateralmente com elementos fitomórficos e interrompida superiormente, tendo no interior cobertura formando apainelados moldurados, pintados a azul celeste, e fundo pintado com flores e motivos volutados, albergando trono expositivo de três degraus escalonados e de formas galbadas, decorado com concheados e motivos fitomórficos, ao centro, e volutas nos ângulos, integrando imaginária, no primeiro degrau e o último encimado por maquineta, com a mesma gramática decorativa e rematado por pequeno espaldar triangular; as ilhargas são recortadas e inserem lateralmente mísulas sustentando imaginária, com base rectangular, decorada com motivos fitomórficos, interligadas a volutas que partem dos plintos; ático em espaldar decorado com concheados, elementos fitomórficos e cartela central, rematado em cornija contracurvada, de inspiração borromínica; altar paralelepipédico, de frontal marcado por sanefa e ornado de cartelas recortadas e concheadas, encimado por sacrário tipo templete, dourado, com colunas compósitas, decoradas com concheados, assentes em plintos e sobrepujadas por baldaquino bolboso, com concha na chave, encimado por urna, e coroado por crucifixo e três pombas, com porta pintada a azul celeste, protegida por pavilhão; é flanqueado pelas portas de acesso à tribuna, parcialmente integradas nos plintos galbados e decoradas com concheados. Ao centro da capela-mor, surge altar tipo mesa, em talha dourada e policroma, com tampo assente em colunas, de fuste pintado a marmoreado fingido a rosa, adornado de concheados dourados. Sacristia com paredes em alvenaria rebocada e pintada a branco, tecto em lajes de cantaria de granito, com travejamento também em cantaria, e pilar junto à porta de acesso decorado num dos lados por cara antropomórfica e na outra por elemento zoomórfico; lavabo com espaldar rectangular vertical, com bica em rosto antropomórfico, pintado, encimado por reservatório, concheado, pintado a azul, e com taça semicircular plana. |
Acessos
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Largo da Igreja |
Protecção
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Inexistente |
Enquadramento
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Rural, isolado, no limite da povoação, inserido em adro bastante largo, sobrelevado à mesma, servindo quase de miradouro, delimitado por muro, em cantaria de granito, interiormente percorrido por baileu, e encimado regularmente por plintos paralelipipédicos, coroados por pináculos, com pavimento em terra batida, alguma vegetação rasteira e faixa em cantaria, desenvolvida, desde a entrada do adro até ao portal principal da igreja. No adro surge, inserido no pavimento, junto ao muro, fronteiro à igreja, do lado esquerdo, quatro lápides, uma delas com inscrição datada de 1889, e, junto às portas travessas, cruzeiro, em cantaria de granito, de linhas simples. O adro é acedido por duas escadas, a principal ladeada por dois plintos coroados por pináculos, iguais aos do muro, com data inscrita de "8.3.79", tendo o pavimento no enfiamento do muro grelha pétrea, em cantaria de granito, para escoamento das águas. Exteriormente, à volta do adro, surge Via Sacra, com cruzeiros, em cantaria de granito, de linhas simples assentes em soco e plinto prismático. |
Descrição Complementar
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TALHA: Capelas laterais e colaterais de estrutura semelhante, revestidas a talha policroma e dourada, com arco de volta perfeita assente em pilastras, decoradas por apontamento fitomórfico e concheados, cartela central com florão, as pilastras dos colaterais com mísulas adossadas ornadas de concheados, desenvolvendo-se superiormente ático em espaldar recortado, terminado em cornija contracurvada, de inspiração borromínica, encimada lateralmente por concheados; integram retábulo de planta côncava e um eixo definido por duas colunas pintadas a marmoreados fingidos, a rosa, decoradas com concheados, sustentando espaldar recortado, os das capelas laterais mais alto e mais decorado com fragmentos de volutas, concha e cartela, terminado em cornija; ao centro abre-se nicho, nos laterais em arco de volta perfeita e com moldura decorada com concheados e nos colaterais recortado, interiormente pintado de azul e albergando imaginária; nos retábulos laterais esta é sustentada por mísula recortada e decorada com concheados desenvolvida a partir do sotobanco e no colateral do lado do Evangelho surge sobre sacrário tipo templete, recortado, com concheado ao centro, e cruz na porta. Altares paralelepipédicos, os dos retábulos laterais com frontal decorado por apainelados decorados por cartelas recortadas com motivos fitomórficos e sanefa ornada por flores, ramagens e cartelas de concheados; os colaterais têm frontal ornado de motivos fitomórficos e cartela recortada com concheados, ao centro, e, na sanefa motivos semelhantes. |
Utilização Inicial
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Religiosa: igreja paroquial |
Utilização Actual
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Religiosa: igreja paroquial |
Propriedade
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Privada: Igreja Católica (Diocese de Vila Real) |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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PINTOR DOURADOR: Domingos Alves Teixeira Fanzeres (1906). |
Cronologia
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Época Mediaval - época provável da construção da primitiva igreja; séc. 18, meados - época provável da construção da actual igreja, com aproveitamento de alguns elementos estruturais da igreja inicial, visíveis, sobretudo, na sacristia; Afonsim era anexa à Reitoria de Pensalvos e era Vigararia da representação da comenda de Santa Eulália de Pensalves no termo de Vila de Aguiar; 1708 - data do primeiro registo de baptismo documentado; 1708 - data do primeiro registo de testamento documentado; 1709 - data do primeiro registo de óbito documentado; 1710 - data do primeiro registo de casamento documentado; séc. 18, meados - reforma da igreja, com apoio financeiro do benemérito Manuel José de Carvalho, natural de Ruival e emigrado no Brasil *1; 1750 - data inscrita sobre o portal principal, correspondendo, provavelmente à conclusão das obras; 1758, 5 março - segundo a descrição do vigário da freguesia, Rodrigues Gomes da Cunha, nas Memórias Paroquiais, Afonsim pertencia à freguesia de Santa Maria de Afonsim, Arcebispado de Braga, comarca de Vila Real, termo de Vila Pouca de Aguiar, e província de Trás-os-Montes; a igreja estava situada num alto, fora da povoação, tinha retábulo-mor, dedicado à Nossa Senhora da Assunção, e quatro retábulos na nave, um dedicado a São Sebastião, outro a Jesus, e os outros dois, sem invocação, explicando que a igreja inicial caiu, e quando foi reconstruida não se fez eleição dos santos que os retábulos deveriam servir; tinha ainda a Irmandade do Rosário de Nossa Senhora; 1760 - data inscrita no plinto da imagem da fachada principal; 1779, 8 março - data inscrita na escada principal de acesso ao adro da igreja; 1779 / 1795, entre - segundo as informações registadas, da visita da Primeira Parte de Vila Real, oferecida a Vossa Excelência Reverendissima, por Domingos José de Paredes, reitor de São Miguel de Lavradas e Visitador, no 9º quadro intitulado, Estado Das Igrejas da Visita, Afonsim era um templo excelente, mandado fazer por um brasileiro; 1889 - data inscrita numa das lápides no adro da igreja; 1906 - pintura de uma imagem do Sagrado Coração de Jesus pelo pintor dourador Domingos Alves Teixeira Fanzeres. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura rebocada e pintada; embasamento, pilastras, nicho, friso e cornija, molduras de vãos, pináculos, balaustrada da torre sineira, coruchéu, escadarias exteriores, muro do adro, lápides, escadas dos púlpitos, pavimento, arco triunfal, arco e laterais do baptistério, confessionários, pia baptismal, pias de água benta, tecto e lavabo da sacristia em cantaria de granito; portas, caixilharia, guardas dos púlpitos, do batistério e balaustrada do coro-alto em madeira; retábulos e altares em talha policroma e dourada; tectos em madeira pintada; vidro simples nas janelas; ferro no gradeamento das janelas; cobertura em telha de canudo. |
Bibliografia
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ALMEIDA, José António Ferreira de (coord. de), Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1976; BOTELHO, Francisco, Ribeira de Pena e o Brasil, Revista Aquae Flaviae, Chaves, nº 5, Junho 1991, pp. 176 - 188; MATRIZ, José (coord.), Inventário Colectivo dos Registos Paroquiais, vol. 2 - Norte, s.l., 1994, p. 544; OLIVEIRA, Eduardo Pires, Arte religiosa e artistas em Braga e sua região (1870 - 1920), Braga, 1999; SANTANA, Maria Olinda Rodrigues (dir. de), Tombo de Vila Pouca de Aguiar, Vila Pouca de Aguiar, 2001; SILVA, Isabel (coord.), Dicionário Enciclopédico das Freguesias, vol. 3, Matozinhos, 1997; SOUSA, Fernando de, Subsídios para a história social do Arcebispado de Braga. A comarca de Vila Real nos finais do século XVIII, Braga, 1976; Câmara Municipal de Vila Pouca de Aguiar, www.cm-vilapoucadeaguiar.pt., 5 Julho 2006. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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Arquivo Distrital de Vila Real: Arquivo Paroquial (datas extremas: 1708 - 1879) 7 liv.; IAN/TT: Memórias Paroquiais, Afonsim, Vila Pouca de Aguiar, vol. 1, N.º 36, pp. 277 a 280 |
Intervenção Realizada
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Observações
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*1 - Manuel José de Carvalho, filho de Francisco Dias e de Luíza de Carvalho, nasceu no lugar de Ruival a 28 de Novembro de 1718, e emigrou posteriormente para o Brasil onde fez fortuna. Foi ele que custeou em grande parte as obras da Igreja Matriz de Ribeira de Pena, ajudou a reforma da de Bilhó e enviou valiosas doações em alfaias às igrejas de Santa Marinha, Nossa Senhora da Guia e Santo Aleixo do Além Tâmega. |
Autor e Data
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Sandra Alves 2006 |
Actualização
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