Ponta de Sagres e Cabo de São Vicente
| IPA.00026672 |
Portugal, Faro, Vila do Bispo, Sagres |
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Paisagem predominantemente natural | |
Número IPA Antigo: PT050815040030 |
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Registo visualizado 1366 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Paisagem Unidade de Paisagem
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Descrição
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CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES ABIÓTICOS: ELEMENTOS GEOMORFOLÓGICOS - Relevo: Esta unidade coincide com a extremidade SO do continente europeu. É marcada por dois acidentes de relevo ao longo da costa (Cabo de São Vicente e Ponta de Sagres), estabelece a transição entre a fachada ocidental da zona costeira e a fachada meridional, que muito embora também esteja exposta ao mesmo oceano, recebe mais influência das correntes do mar Mediterrâneo. Este promontório de arribas altas forma uma planície litoral, cuja altitude sofre oscilações de N (100 a 200m) para S (50m). Declives: as arribas apresentam declives muito acentuados, por oposição à planície litoral, onde estes quase não têm expressão. Quer a erosão costeira, quer a resistência das rochas (constituídas por materiais muito duros), foram determinantes na modelação do relevo desta área. Exposição de vertentes: as vertentes têm uma exposição predominante a NO, SO e SE.. Geologia: Orla meridional, com formação no Terciário. Litologia: dominam as rochas sedimentares, com destaque para os calcários (calcários dolomíticos, calcários margosos), margas, conglomerados, e arenitos, e na parte NO da unidade encontram-se as rochas metamórficas (de natureza silíciosa), predominando os litossolos de xistos e grauvaques, em camadas alternadas. Solos: Ocorrem dois tipos predominantes de solos: Vertissolos crómicos calcários, a N da unidade, e Luvissolos rodocrómicos cálcicos, a S.. CLIMATOLOGIA: localizada no S. do país e junto ao oceano, esta unidade caracteriza-se por um clima temperado de feição marítima, sendo que a amplitude térmica é muito reduzida. A proximidade do N de África, faz com que este território esteja exposto com maior frequência às massas de ar quente provenientes deste continente. As temperaturas médias anuais rondam os 17,5º C, e a pluviosidade, pouco intensa ao longo do ano (distribui-se em média por 75 dias), é bastante reduzida nos meses do Verão (tal como acontece em climas mediterrâneos). A precipitação média anual é bastante reduzida, sendo inferior a 400mm na parte E da unidade, e varia entre os 400 e os 500mm na parte O. No Verão também se faz sentir de modo intenso a nortada, que não encontra aqui no relevo grande resistência à penetração para o interior. Também no Verão são frequentes os nevoeiros de advecção que conferem um ar misterioso à paisagem do Promontório Sacro. HIDROGRAFIA: esta área integra a bacia hidrográfica Ribeiras do Algarve, sendo que algumas, como a ribeira da Torre, a ribeira Mós e a ribeira de Benacoitão (esta mais a E), escoam directamente para o mar. O caudal das ribeiras é bastante irregular, devido à fraca pluviosidade desta área e ainda ao prolongado estio. CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES BIÓTICOS: Esta área apresenta elevada importância para a manutenção da biodiversidade, como o atesta as diferentes figuras de protecção da natureza que a incluem. Este estatuto deve-se sobretudo, à sua localização geográfica, na confluência do continente europeu e africano. Assim sendo, algumas espécies encontram aqui o seu limite de ocorrência, enquanto espécies migratórias aproveitam para fazer aqui uma pausa na sua rota. FLORA: A área de planalto é ocupada por uma charneca marítima de matos sobre areia consolidadas, formando uma protecção natural contra os ventos húmidos e salgados. Predominam as espécies herbáceas e sub-arbustivas, número elevado de espécies endémicas portuguesas e locais: esteva-local (Cistus palhinhae), sabina-da-praia (Juniperus phoenicea), alquitira-do-Algarve (Astragalus tragacantha subsp. Vicentina), pombinhas (Linaria algarviana), camarinha (Corema Album), tojo e tomilho algarvio. FAUNA: Este é um local muito importante para a avifauna (sobretudo juvenis), no seu percurso migratório entre África e a Europa. São principalmente espécies planadoras, como: Cegonha (Ciconia ciconia), Grifo (Gyps fulvus), Águia-calçada (Hieraaetus pennatus), Águia-cobreira (Circaetus gallicus), Águia-de-asa-redonda (Buteo buteo), Abutre-do-Egipto (Neophron percnopterus), que procuram este ponto para readquirir energias para o resto da viagem. CARACTERIZAÇÃO DOS FACTORES ANTRÓPICOS: USO E OCUPAÇÃO DO SOLO - O uso do solo nesta área encontra-se condicionado, devido à fragilidade ecológica da unidade. Predominam os matos.TIPO DE POVOAMENTO: Povoamento muito escasso e concentrado. Existem três aglomerados populacionais, mas dominam dois núcleos urbanos: Sagres, e Vila do Bispo (sede de concelho). DADOS DEMOGRÁFICOS: Baixa densidade populacional. População envelhecida. Esta unidade vê a sua população aumentar sazonalmente devido à actividade turística, não sendo, no entanto, das áreas do Algarve com maior procura. PATRIMÓNIO CULTURAL: Apesar de esta unidade ter uma área relativamente reduzida apresenta um importante património cultural, sobretudo associado à defesa e protecção da linha de costa (dada a localização estratégica): Fortaleza de Sagres (PT050815040001), Fortaleza do Cabo de São Vicente (PT050815040005), Forte de Nossa Senhora da Guia da Baleeira (PT050815040019) e Fortaleza do Belixe (ruínas) (PT050815040003). Em Vila do Bispo destaca-se a sua Igreja Matriz (PT050815050004) e ainda, na mesma freguesia, o Conjunto de Menires, denominados: Pedra Escorregadia, Casa do Francês, Amantes I, Amantes II, e Cerro do Camacho (PT050815050010). PATRIMÓNIO INTANGÍVEL: Já na Antiguidade existem registos que descrevem esta área, entre o Cabo de São Vicente e a Ponta de Sagres. No século I, Estrabão, descreve-o como o ponto mais ocidental da Ibéria: Este é o ponto mais ocidental não só da Europa, mas também de toda a oikouméne, (Estr. III, 1, 4) onde, Não é permitido oferecer sacrifícios nem aí pernoitar pois dizem que os deuses o ocupam àquelas horas. Os que o vão visitar pernoitam numa aldeia próxima, e depois, de dia, entram ali levando água, já que o lugar não o tem, (Estr. III, 1, 4) e acrescenta Estrabão que, segundo tradições populares, neste local o Sol aumenta no Ocaso, pondo-se com ruído, como que a extinguir-se entre as águas do Oceano (Estr. III, 1, 5). (IPPAR, 2006). Os romanos designaram-no por Promontorium Sacro. Na Idade Média, acreditava-se que este promontório era o fim do mundo, sem no entanto se extinguirem as peregrinações a este local. Posteriormente, com este espaço adquire uma forte conotação simbólica para a história de Portugal, por estar associado aos Descobrimentos e ao Infante D. Henrique. Hoje em dia, ainda se realiza anualmente a romaria de São Vicente. ORGANIZAÇÃO SOCIAL E MODOS DE VIDA: Nesta parte do Algarve, o turismo tem vindo gradualmente a assumir importância na economia local, muito embora não atinja o peso de outras áreas. A fragilidade ambiental e o facto desta unidade se encontrar integrada no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, contribuem para um crescimento mais modesto do sector. Assim sendo, os modos de vida encontram-se mais associados à pesca e aos serviços. SISTEMA DE VISTAS: O extremo do cabo de São Vicente é um local privilegiado de observação do mar e da linha de costa. A morfologia do terreno permite ter a visão de uma área ampla e aparentemente homogénea. PERCEPÇÃO DA PAISAGEM: O contraste da cor das arribas com o azul do mar é um dos aspectos fundamentais. A vegetação confere diversos tons e aromas à paisagem, consoante as épocas do ano. |
Acessos
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Rodoviário: EN 125, EN 268 |
Protecção
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Inclui o PN - Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (Decreto Regulamentar nº 33/95, de 11 Dezembro 1995), RN2000 - Rede Natura 2000: inclui a ZPE - Zona de Proteção Especial da Costa Sudoeste (Decreto Lei n.º 384-B/99 de 23 Setembro 1999), inclui o SIC - Sítio de Importância Comunitária da Costa Sudoeste (Resolução do Conselho de Ministros n.º 142/97 de 28 Agosto 1997) |
Enquadramento
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Situada no extremo SO de Portugal Continental confina a E com o Barlavento algarvio, a N com o Litoral Alentejano e Vicentino e a S e a O com o Oceano Atlântico.Orla marítima, na costa ocidental do Algarve |
Descrição Complementar
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Imponente promontório de topo plano. Extremo SO da Europa. É o ponto de encontro entre a costa atlântica e a costa algarvia e os litorais desta unidade são distintos |
Utilização Inicial
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Não aplicável |
Utilização Actual
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Não aplicável |
Propriedade
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Não aplicável |
Afectação
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Não aplicável |
Época Construção
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Não aplicável |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Não aplicável |
Cronologia
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1260, c. de - D. Afonso III funda um hospital ou albergaria para os peregrinos que iam em romaria ao túmulo de São Vicente; 1279 - 1325 - D. Dinis transforma a Fortaleza do Cabo de São Vicente num convento conhecido por Convento do Corvo; Séc. 17 - construção do Forte da Boca do Rio por D. Luís de Sousa, conde de Prado, Governador do Algarve, sobre as ruínas de um antigo castelo medieval; Séc. 17 - Forte de Burgau foi mandado construir no reinado de D. João IV; 1755 - o terramoto causa estragos significativos; 1969 – sismo de forte intensidade |
Dados Técnicos
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Não aplicável |
Materiais
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Xisto |
Bibliografia
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Ribeiro, Orlando, Portugal. O Mediterrâneo e o Atlântico, Lisboa: Livraria Sá da Costa, 1986. Pena, A., Cabral, J. Roteiros da Natureza - Região Norte, Círculo dos Leitores, 1991. Brito, Raquel Soeiro, coord., Portugal. Perfil Geográfico, Editorial Estampa, Lisboa, 1994. Lautensach, H., Ribeiro, O., Daveau, S. Geografia de Portugal, Lisboa, João Sá da. Costa, 4 Vol., 1997. AAVV, Contributos para a Identificação e Caracterização da paisagem em Portugal Continental, vol. 5, Lisboa, 2004, DGOTDU. ICN, Plano Sectorial da Rede Natura 2000, ICN, 2006. INAG www.inag.pt, Setembro de 2006. IPPAR www.ippar.pt, Setembro de 2006 |
Documentação Gráfica
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DGEMN-DSID; IA; DGOTDU; IGP; IGEOE; EP |
Documentação Fotográfica
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DGEMN |
Documentação Administrativa
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DGEMN-DSID; IA; DGOTDU; IGP |
Intervenção Realizada
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Plano de Ordenamento da Orla Costeira Sado-Sines (Resolução de Conselho de Ministros nº 136/99 de 29 de Outubro); Plano de Ordenamento da Orla Costeira Sines-Burgau (Resolução de Conselho de Ministros nº 152/98 de 30 de Dezembro); Plano Regional de Ordenamento do Território do Litoral Alentejano, PROTALI (DR 26/93 de 27 de Agosto). Plano Director Municipal de Aljezur (< |
Observações
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*1 - Abrange as freguesias de Vila do Bispo e Raposeira |
Autor e Data
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Carla Gomes, Filipa Ramalhete e Luís Marques 2005 |
Actualização
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