Jardim da Cerca do Mosteiro de Santa Marinha da Costa / Parque da Pousada de Santa Marinha

IPA.00030283
Portugal, Braga, Guimarães, Costa
 
Arquitectura recreativa. Os jardins são formais, de desenho geométrico, de concepção vernúcula, relacionando-se o seu desenho com a geometria do edifício. Verifica-se assim uma complementaridade entre ambos, evidenciando uma harmonia estilística. O escadório incorporando num dos seus patamares um grande tanque circular, com cerca de 10m de largura. O patamar superior, no topo do escadório, corresponde ao local onde se encontrava edificada a Capela do Santo Cristo.
Número IPA Antigo: PT010308120222
 
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Registo

 
Espaço verde  Jardim        

Descrição

CLAUSTRO - ao centro quadra definida por banquetas em buxo que envolvem quatro espaços arrelvados de planta geometricamente igual, chafariz com golfinhos jorrando água para tanque quadrilobado. CERCA - de planta irregular, com acesso a partir do mosteiro (PT010308120020) apresenta uma parte nivelada em cinco patamares, inscritos numa vertente declivosa, unidos por caminhos ou por um escadório monumental. Incluiu: mata, jardins formais, pomar, lago com grotto, tanque, piscinas e parque infantil, articulados por escadório de vários lanços e caminhos, empedrados ou em macadame, consoante o seu grau de importância, sendo pontuada por vários exemplares notáveis de espécies botânicas diversas. A cerca encontra-se separada do edifício por um caminho desnivelado, a uma cota inferior a esta. O PATAMAR INFERIOR da cerca situa-se defronte da fachada do corpo alongado do mosteiro onde se insere um GRANDE JARDIM FORMAL cuja totalidade do comprimento é cerca de dois terços do comprimento desta fachada. Este jardim apresenta uma planta onde dois semi-círculos, com cerca de 20m. de raio são unidos por um rectângulo central. Este jardim é limitado por um murete e um caminho adjacente com cerca de 4 m. de largura que percorre, pelo interior, todo o seu perímetro, envolvendo uma composição de desenho geométrico, em banquetas de buxo com cerca de 0.60m. de altura. O desenho deste jardim é simétrico em relação a dois eixos centrais, um deles transversal e outro longitudinal, sendo que no cruzamento destes dois caminhos situa-se o ponto central deste jardim. No interior dos canteiros definidos pelas banquetas de buxo situam-se pequenas árvores, arbustos, a maioria dos quais talhados e herbáceas com flor. Uma sebe de cameleiras (Camellia japonica L.) com cerca de 2.20m. de altura, junto ao coroamento de um muro de suporte, separa visualmente este jardim da fachada E. do corpo alongado do mosteiro. A NO deste jardim, junto á fachada N. da igreja, situa-se um PARQUE INFANTIL, em madeira e PVC, sobre relvado, enquadrado a N. e a O., por árvores de médio porte. A N. deste grande jardim formal, separado deste por um caminho principal, pavimentado a calçada em basalto, que leva ao extremo NE. da cerca, situa-se, a uma cota inferior, a zona das PISCINAS. A SO. do grande jardim formal, frente ao seu topo S. do corpo alongado, mais precisamente frente à fachada S. da varanda de São Jerónimo, encontra-se um PEQUENO JARDIM FORMAL em buxo, de planta quadrangular, com cerca de 16 m. de lado, possuindo um mosaico de canteiros, também limitados por banquetas em buxo, uns rectilíneos, outros circulares e outros mistos. O desenho decore da existência de duas formas circulares inscritas sobre um eixo central. Um centro de uma delas encontra-se um elemento escultórico moderno, abstracto, constituído por colunas em calcário, unidas no seu topo, circunscrito por um círculo de pedras, no mesmo material. Nos restantes canteiros encontram-se plantadas herbáceas com flor. No extremo S, este pequeno jardim encontra-se, separado por um muro de suporte, um pomar de laranjeiras (Citrus sinensis), situado a uma cota mais baixa. A partir do topo S. do edifício de corpo alongado, segue caminho principal, com uma orientação O.-E., cerca de 115m., inflectindo então para SO, cerca de 65m. Ambos os caminhos principais referidos ligam a um caminho secundário que percorre, com proximidade, grande parte do limite da propriedade. Existe um SEGUNDO PATAMAR, frente à zona rectangular do grande jardim formal, separado do primeiro por muro de suporte em pedra seca de granito com cerca de 1,20m., e ligado a este por duas escadas de posição simétrica, também em granito, que continuadas por patamar, o enquadram bilateralmente a N. e a S.. Este patamar, em terra batida, apresenta ao centro um cupressus (Cupressaceae), a E. este patamar é delimitado por um murete em pedra seca linear nos topos e semicircular ao centro, existindo aqui pequena camara. O alinhamento deste muro é prolongado para S. por pequeno talude, marginando caminho secundário que comunica com o caminho principal já referido, que tem origem no topo S. do edifício de corpo alongado. A escada que limita este patamar a N. prolonga-se para E, incorporando um escadório, todo ele em granito, com corrimãos em ambos os lados, sobre os quais de encontram, nos locais de patamar um par de esferas. Este escadório é interrompido por um TERCEIRO PATAMAR e ligado ainda, através de um lanço de escadas a um PATAMAR SUPERIOR, que ocupa o topo, onde é rematado. O terceiro patamar, de planta circular, é ocupado na sua totalidade por um lago com a mesma forma geométrica, cuja margem, com cerca de 2.5m. de largura é pavimentada por lajes em granito. Esta margem é envolvida exteriormente pelo prolongamento dos corrimãos do escadório que apresentam de forma ritmada, tal com ao longo de todo o escadório, pináculos esféricos.Formam-se assim dois semi-círculos simétricos, que tem adossado do lado de dentro um banco corrido. O patamar superior, de planta rectangular, apresenta-se com muros de suporte de terras a N., E. e S., já que a O. tem o acesso por escadas, cujo último degrau se encontra de nível com este último patamar. No seu topo E. apresenta, há mesma distância do centro deste muro, duas imagens humanas, suspensas com pontos de adução de água sobre taça também suspensa sob cada uma das imagens. Na fachada S. existe banco de espaldar em alvenaria recortada, integrado no muro de suporte. Neste patamar, em terra batida, situam-se quatro canteiros de planta em L, delimitados a buxo com cerca de 0.15m. de altura, no interior dos quais estão dispersos alguns arbustos, e duas árvores, junto aos topos E. destes canteiros. A N. destes quatro patamares e escadório, corre linha de água a céu aberto, em levada. Num OUTRO PATAMAR, a N. do grande jardim formal, situam-se as piscinas. Na margem oposta do caminho principal que passa junto às piscinas, aproximadamente em frente destas situa-se o referido LAGO COM GROTTO.Entre o edifício do corpo alongado e um anexo, que se situa a O. deste, situa-se um grande relvado, atravessado obliquamente por caminho pedonal, bordejado pontualmente com árvores de pequeno porte como a ameixoeira-de-jardim (Prunus cerasifera).

Acessos

Rua Dr. José Sampaio, Rua Dr. José Augusto da Silva, Rua João de Oliveira Salgado, Largo Domingos Leite de Casto, Lugar da Costa

Protecção

Parcialmente incluído na Zona de Proteção do Mosteiro de Santa Marinha da Costa (v. PT010308120020)

Enquadramento

Peri-urbano, na proximidade dos limites da cidade de Guimarães, na Serra de Santa Catarina, na encosta do monte da Penha, de declive acentuado, orientada a O., assente sobre maciço granítico, rodeado por extenso parque arborizado, que formava parte da antiga cerca do monástica, pertencente ao Mosteiro de Santa Marinha da Costa (PT010308120020).

Descrição Complementar

As PISCINAS, uma para adultos com cerca de 15m. x 7m. e uma outra, mais pequena para crianças, com cerca de 5m. x 3m., ambas de planta rectangular, estão implantadas sobre um patamar, a uma cota cerca de 10 m inferior á do caminho principal que lhe dá acesso. Entre este e as piscinas, a diferença do cotas é vencido quer recorrendo a rampas para deficientes quer através de três lances de escadas onde, ao nível dos dois patamares intermédios foram criadas duas áreas de estar, com preguiçadeiras idênticas às colocadas no espaço envolvente da piscina. Tanto as escadas como o patamar das piscinas apresentam uma guarda em aço inoxidável, com corrimão incorporado. Os taludes laterais destas escadas encontram-se arrelvados, com fileiras de herbáceas e pequenos arbustos, acompanhando as curvas de nível. No patamar da piscina existe um canteiro de nível, aproximadamente triangular, parcialmente arrelvado, apresentando também uma zona destinada a árvores e arbustos, que acompanha o percurso da rampa de acesso de deficientes. Do lado oposto do referido caminho principal, situa-se o LAGO COM GROTTO. Este é um pequeno lago inserido numa encosta, com as margens naturalizadas, com um conjunto de rochedos, emergentes do solo, tirando partido de declive natural do terreno. Sobre estes, precipita-se a água, proveniente da levada que vem de uma nascente existente na cumeada da cerca, e que passa a N. do tanque circular, resultando numa pequena cascata que se precipita no lago. O rochedo apresenta concavidades onde cresce musgo e plantas hidrófilas.

Utilização Inicial

Produtiva: mata / Recreativa: jardim

Utilização Actual

Produtiva: mata / Recreativa: jardim

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Grupo Pestana Pousadas

Época Construção

Séc. 12

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Fernando Távora, (1977); ARQUITECTO PAISAGISTA: Ilídio de Araújo (1977-1978); JARDINEIRO PAISAGISTA E HORTICULTOR: Jacintho de Mattos.

Cronologia

1139 - O convento é fundado por D. Mafalda, que o destinou a cónegos regrantes de Santo Agostinho; 1528 - O mosteiro foi dado á ordem de São Jerónimo, que ampliaram a cerca e realizaram obras de restauro e ampliação no mosteiro, 1722 - 1725 - Fr. António Machado mandou murar uma horta a que chamavam "quinchoso"; 1733-1736 - Fr. Crispim da Conceição levantou os muros da horta e rodeando-a de latadas com videiras e repartiu-a por meio de caminhos lateados de buxo, colocando-lhe ao centro um chafariz que já existia atrás da igreja. Colocou ainda na horta mais duas fontes, grande variedade de flores e assentos de pedre, colocados à volta do chafariz central; 1736-1739 - Foi eleito prior para este triénio o Fr. Alexandre do Espírito Santo, "tendo este construído o tanque redondo da cerca , rodeado de assentos de pedra, e edificou junto deste, em terraço superior e para o qual se sobe por alguns degraus, uma capela para albergar uma imagem do Santo Cristo. A imagem estava arvorada sobre um calvário de pedra tosca ao natural, tendo de uma parte a imagem de Nossa Senhora, e de outra a do Evangelista amado."1745 / 1748 - é feito o escadório que liga a horta ao tanque redondo; Séc 18, 2ª metade -"É provável que o horto tenha sofrido novas modificações, fixando-lhe o contorno que ainda hoje possui, e que se tenha criado o jardinzinho inferior à varanda de Fr. Jerónimo".; 1834 - Com a extinção das ordens religiosas, o mosteiro passou a ser propriedade particular, tendo sido sucessivamente colégio, residência e seminário, chegando a sofrer um incêndio; 1911- António Leite de Castro Sampayo e Vaz Vieira torna-se o único proprietário do Mosteiro; 1911-1920 - fizeram-se alguns trabalhos de arranjo na cerca, datando dessa altura o labirinto de buxo, bem como o arranjo do antigo "quinchoso", realizado por Jacintho de Mattos, do Porto. Nessa altura foram realizados courts de ténis, também estes da autoria de Jacintho de Mattos; 1977-1978 - intervenção do Arquitecto Fernando Távora no mosteiro que tinha ardido e do Arquitecto Paisagista Ilídio de Araújo na reabilitação da cerca.

Dados Técnicos

O terreno, nas zonas nobres da cerca, foi modelado em terraços, unidos por um escadório, que promove a articulação dos espaços.

Materiais

Inerte - Lajes e corrimão e cubos de pavimento em granito; estatuária, lajes e cubos de pavimento em pedra calcária, guarda e corrimão em metal inox. Vegetal - árvores: Ameixoeira-de-jardim (Prunus cerasifera), cameleira(Camellia japonica), carvalho negral (Quercus pyrenaica), carvalho-roble (Quecus robur), Cedro-do-Bussaco (Cupressus lusitanica), magnólia (Magnólia grandiflora), plátano (Platanus orientalis), tília (Tilia cordata); herbáceas: acantos (Acanthus mollis), agapantos (Agapanthus praecox), alfazema (Lavanduladula stroechas), bergenia (Bergenia crassifolia), buxo (Buxus sempervirens) clorofitos (Chlorophytum comosum), hera (Hedera helix), hortense (Hydrangea macrophylla), jacintos (Narcissus).

Bibliografia

ANDRESEN, Teresa, "Do Estádio Nacional ao Jardim Gulbenkian, Francisco Caldeira Cabral e a Primeira Geração de Arquitectos Paisagistas (1940 - 1970)", Lisboa, 2003, pág. 85; ARAÚJO, Ilídio Alves de, Arte Paisagista e Arte dos Jardins em Portugal, Lisboa, 1962, pág. 156-160; CARITA, Helder, CARDOSO, António Homem, Tratado da Grandeza dos Jardins em Portugal, 2ª edição, Lisboa, 1998, pág. 153, 158; MARQUES, Teresa Portela, Dos jardineiros paisagistas e horticultores do Porto de Oitocentos ao modernismo na arquitectura paisagista em Portugal, Tese de doutoramento, Lisboa, 2009; pág 333 e 399.

Documentação Gráfica

IHRU: Arquivo Pessoal do Arquitecto Paisagista Ilídio de Araújo

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Estado: 1977 - reabilitação da cerca

Observações

Informação recolhida no Arquivo Pessoal de António Viana Barreto (Curriculum Vitae do Arquitecto Paisagista Ilídio de Araújo)

Autor e Data

Teresa Camara 2010

Actualização

 
 
 
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