Igreja Paroquial de Cabouco / Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia

IPA.00032457
Portugal, Ilha de São Miguel (Açores), Lagoa, Cabouco
 
Igreja reconstruída em meados do séc. 19, sobre as estruturas de uma ermida de fundação seiscentista, com três naves e capela-mor, que foi ampliada em 1916 - 1917, e elevada a paroquial na década de 1980, seguindo a típica estrutura das Igrejas da ilha, de três naves e fachada principal tripartida, ainda que sem a cabeceira tripartida e escalonada. Apresenta planta composta por três naves, separadas por arcos, de volta perfeita, sobre pilares biselados, pintados a marmoreados fingidos, interiormente com ampla iluminação axial e bilateral e coberturas de estuque, em masseira ou falsa abóbada de berço, tendo adossado à direita torre sineira. A fachada principal organiza-se em três panos definidos por pilastras coroados por pináculos sobre plintos, e termina em empena reta, que no pano central é sobrelevada e sobreposta por espaldar volutado, coroado por cruz, e, nos laterais, encimada por aletas. É rasgada por vãos retilíneos, correspondendo a portais e janelas, encimados por frisos e cornijas, o central sobreposto por decoração volutada em cantaria. A torre sineira tem dois registos, o primeiro rasgado por óculos em coração invertido com motivos vegetalistas, e o segundo por ventanas em arco peraltado, rematando em balaustrada. Nas fachadas laterais rasgam-se janelas retilíneas e, na esquerda, porta travessa, encimada por frisos e cornija. No interior possui coro-alto sobre as três naves, a central com púlpito no lado do Evangelho, sobre bacia retangular de cantaria, e as laterais com capelas laterais contendo retábulos de talha revivalista e linguagem barroquizante e retábulos colaterais. Arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras sobreposto por decoração vegetalista em talha e a capela-mor com as paredes revestidas a painéis de azulejos e retábulo-mor revivalista, em talha pintada e dourada, de corpo reto e três eixos, igualmente de linguagem barroquizante.
Número IPA Antigo: PT072101050018
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja  

Descrição

Planta retangular composta por três naves e capela-mor, tendo adossado à fachada lateral esquerda corpo formado por capela profunda e anexo e à lateral direita a torre sineira quadrada. Volumes articulados e escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas, rematadas em beirada simples ou dupla. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, de cunhais apilastrados e rematadas em friso e cornija. A fachada principal surge virada a sudoeste, percorrida por soco de cantaria, e organizada em três panos, definidos por pilastras toscanas, coroadas por plintos paralelepipédicos sustentando pináculos tipo balaústre, e terminados em empena reta, de friso e cornija, proeminente no pano central, onde é sobreposta por espaldar recortado e volutado, coroado por cruz latina; sobre os panos laterais dispõem-se aletas. Cada um dos panos é rasgado por portal e janela retilíneos, encimados por frisos e cornijas, sendo o portal do pano central sensivelmente mais alto e dispondo-se sobre a janela vieira e elemento vegetalista em cantaria, e as janelas dos panos laterais interligam-se aos portais por pano de peito de cantaria. À direita, dispõe-se a torre sineira, de dois registos definidos por friso e cornija, o inferior rasgado por três óculos em coração invertido com elementos vegetalistas nos topos, gradeados, e o segundo, em cada uma das faces, por ventana de arco peraltado, sobre pilastras e com pano de peito rebocado e pintado. A estrutura remata em friso, cornija e balaustrada, com pináculos nos ângulos sobre plintos paralelepipédicos. As fachadas laterais terminam em friso e cornija e são rasgadas, na nave, por janelas retangulares, abrindo-se na lateral esquerda porta travessa, de verga reta encimada por friso e cornija, e, na capela-mor, por uma janela. O corpo adossado, de dois pisos, é rasgado a sudoeste por porta de verga reta encimada por cornija, e por janela de peitoril e, lateralmente, por porta e janela no segundo piso, de igual modinatura; a nordeste deste corpo abre-se ainda janela de peitoril. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco e com azulejos de padrão, azuis e brancos, formando silhar, pavimento em tacos de madeira e cobertura de masseira, em estuque, nas naves, e em falsa abóbada de berço, na capela-mor. As naves separam-se por arcos de volta perfeita sobre pilares biselados, pintados a marmoreados fingidos. Possui coro-alto, sobre as três naves, com guarda em balaústres torneados, e, na nave central, do lado do Evangelho, púlpito com bacia retangular de cantaria, sobre mísula, igualmente pintada a marmoreados fingidos, com guarda em balaústres torneados, acedido por escada de pedra que contorna o pilar. As naves laterais possuem uma capela à face, com retábulo em talha pintada e dourada, de corpo reto e três eixos, tendo ainda a do Evangelho uma capela profunda, acedida por arco de volta perfeita sobre pilastras. No topo das naves existe retábulo colateral de talha, a branco, de corpo côncavo e um eixo. Arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras, pintadas a marmoreados fingidos e sobrepostas por motivos vegetalistas em talha, tendo frontalmente presbitério com pavimento em mármore. A capela-mor tem as paredes revestidas a painéis de azulejos, azuis e brancos, de composição figurativa, e cobertura em falsa abóbada de berço, de estuque, sobre cornija, com pinturas murais, representando os Evangelistas em cartelas e, ao centro, composição alusiva ao orago, envolvidas por elementos vegetalistas. O retábulo-mor, em talha pintada e dourada, tem corpo reto e três eixos, definidos por quatro colunas torsas sobre mísulas e de capitéis vegetalistas, que se prolongam em arquivoltas no remate da estrutura, intercaladas por painéis de acantos. No eixo central abre-se tribuna, em arco de volta perfeita e boca rendilhada, interiormente albergando trono e, nos eixos laterais existem apainelados com acantos enrolados.

Acessos

Cabouco, Rua da Igreja. WGS84 (graus decimais) lat.: 37,762383; long.: -25,566737

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, adossado, no interior do lugar, disposto de gaveto, formando pequeno adro frontal, e flanqueado por vias, tendo adossado à fachada posterior portão de uma outra construção e, à lateral direita, o edifício do Salão Paroquial, de apenas um piso. Em frente da igreja existe, integrado num muro delimitador de propriedade, fonte de espaldar.

Descrição Complementar

A estrutura da capela lateral da Epístola é revestida a talha pintada e dourada, definida por arco de volta perfeita sobre pilastras, sobrepostas por motivos vegetalistas, com seguintes também em talha e remate em cornija reta. Alberga retábulo de corpo reto e três eixos, abrindo-se ao centro nicho em arco de volta perfeita, com boca rendilhada, interiormente pintado de azul e albergando imagem, e tendo nos eixos laterais painéis sobrepostos por mísulas sustentando imaginária encimada por baldaquino. A estrutura remata em espaldar decorado com elementos vegetalistas. Altar tipo urna.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Angra)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ESCULTOR: José Soares de Oliveira (1905).

Cronologia

1690 - o capitão Manuel Rodrigues Canejo e sua esposa Maria de Paiva pedem autorização ao bispo para edificar uma ermida; 03 março - o capitão e a esposa dotam a ermida com 2$000 de foro, imposto em cinco alqueires de vinha; deixam ainda em testamento 10$600, por ano, para que o capelão dissesse as missas aos domingos e dias santos; esta quantia passa para os 20$000, quando o capitão Manuel Teixeira Rebelo deixa uma esmola para ajudar a pagar o capelão; 22 junho - o bispo D. Clemente Vieira dá autorização para a construção de uma ermida com invocação de Nossa Senhora da Misericórdia; a ermida é mandada construir pelo capitão Manuel Rodrigues Canejo e esposa Maria de Paiva; dezembro - a ermida já se encontra construída e é visitada pelo padre Manuel T. Sousa, que a acha bem paramentada; 1691, 22 abril - celebração da primeira missa; 1707, 30 julho - visita do Dr. Francisco Berquó Delrio; 1732, 24 janeiro - o licenciado André Tavares Raposo, vigário de Ponta Delgada, visita a ermida e diz que já não paga o foro há 40 anos; 1750, 20 julho - João de Sousa Sá Bettencourt visita a ermida e manda que o vigário nomeie um sacerdote para administrar os sacramentos e que pedisse ao rei o aumento da côngrua, para 3 moios e 36 alqueires de trigo e 6$000; 1789, 26 maio - visita do bispo D. Frei José de Ave Maria Leite da Costa e Silva; 1798, 18 outubro - o Dr. Dâmaso José de Carvalho visita a ermida e admira a re-edificação feita; 1846, 17 dezembro - alvará do Governo Civil a autorizar a construção da nova igreja; 1847, 26 abril - a Junta de Paróquia delibera construir uma nova igreja; 02 junho - o governador civil dá autorização ao padre Cosme José de Sousa para fazer um peditório para a re-edificação da igreja que estava a decorrer; estas obras são feitas com esmolas da população e com uma importante verba, dada pela Junta de Paróquia do Rosário; um dos peditórios feitos é para adquirir um sino grande; 17 dezembro - o governador civil dá a autorização para se fazerem as obras; 1850, 19 setembro - D. Maria José Borges da Câmara Medeiros faz doação de 12$000 de foro, que estavam impostos em três alqueires, três quartas e dezasseis varas de terra, para comprar azeite para colocar na lâmpada do Santíssimo Sacramento; 1851 - colocação do Santíssimo Sacramento na sua capela; 1859, 11 fevereiro - a ermida recebe autorização para celebrar casamentos e batismos; abril - conclusão da construção da atual igreja; a Junta de Paróquia contribui para a obra com 1.030$650; 11 maio - D. Pedro da Costa, governador civil, dá um altar que anteriormente pertencia ao Convento de Santo António, na Lagoa, 1903 - construção do cemitério pela Câmara Municipal da Lagoa, que o entrega à paróquia; 1905 - substituição da imagem antiga por uma nova, feita pelo escultor José Soares de Oliveira, que veio do Porto, por 159$980; 1916 - 1917 - ampliação da capela-mor e feitura de um retábulo em cedro, graças ao padre Laudalino da Ponte Faria, ao Marquês de Jácome Correia, e a José Marques Botelho, que dá o terreno, e Joaquim Álvares Cabral, que dá o cedro; a obra do entalhador orça em 866$600, a dos serradores em 72$900, a dos carpinteiros, com ferragens, pregos, ripa e madeira em 91$840 e a do pedreiro e os materiais em 72$045; gastaram-se 58$600 com outras despesas; gastaram-se então 1.210$185, contribuindo a Junta de Paróquia com 110$000 e o Marquês de Jácome Correia com 150$000; 1920, 08 agosto - bênção da imagem do Coração de Jesus, que veio do Porto e custa, incluindo os transportes, 363$990; 1932 - um casal deixa uma casa para servir de passal; 1951 - realizam-se, pela primeira vez, as procissões de Nossa Senhora da Misericórdia e do Santíssimo Sacramento; 1953 - colocação de uma nova imagem de Nossa Senhora de Fátima no altar lateral; 29 junho - inauguração do altar lateral; a bênção da imagem é feita na Quinta do Tanque, propriedade da benfeitora do altar; 1974 - o bispo D. Aurélio Granada Escudeiro visita a igreja; 1980, 15 setembro - elevação de Cabouco a freguesia com território da freguesia de Nossa Senhora do Rosário (Lagoa); 1985 - a igreja é elevada a Igreja Paroquial do Cabouco..

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; soco, cunhais, pilastras, frisos, cornijas, molduras dos vãos, cruz, pináculos e elementos decorativos exteriores em cantaria de basalto aparente; portas de madeira; pilares, arcos, bacia do púlpito em cantaria pintada; guarda do coro-alto e do púlpito em madeira envernizada; retábulos em talha pintada e dourada; pavimentos em tacos de madeira e mármore; cobertura de estuque, a da capela-mor pintada; cobertura exterior e beiradas em telha.

Bibliografia

CANTO, E. - «Notícia sobre as igrejas, ermidas e altares da ilha de São Miguel». In Insulana. Ponta Delgada: Instituto Cultural de Pontada Delgada, 2000, n.º LVI; MENDES, Hélder Fonseca (dir.) - Igrejas paroquiais dos Açores. Angra do Heroísmo: Boletim Eclesiástico dos Açores, 2011, p. 77; TAVARES, João José - A Vila de Lagoa e o seu Concelho. Ponta Delgada: 1979; http://cm-lagoa.azoresdigital.pt/default.aspx?module=ArtigoDisplay&ID=887, [consultado em 19 maio 2014].

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1916 / 1917 - conserto da sacristia por 18$800; obra de pratear a lâmpada do Santíssimo por 30$000; 1953 - obras de restauro no altar lateral, à custa de Maria Joana Faria e Maia; 1980 / 1981 / 1982 / 1983 - obras de restauro na igreja; 1993 - recuperação da pedra de lavoura; 2005 - obras de recuperação do adro e colocação de uma rampa de acesso à igreja; 2007, 23 setembro - início das obras de restauro de toda a igreja e da decoração.

Observações

EM ESTUDO

Autor e Data

João Faria (no âmbito da parceria IHRU / Diocese de Angra) 2014 / Paula Noé 2015

Actualização

 
 
 
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