Jardim da Cascata
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Portugal, Lisboa, Oeiras, União das freguesias de Oeiras e São Julião da Barra, Paço de Arcos e Caxias |
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Espaço verde de recreio. Jardim barroco caracterizado pelo geometrismo e simetria do seu traçado, que se desenvolve em torno do cenário formado pela cascata e socalcos ajardinados. Canteiros de buxo talhado com desenhos elaborados definem eixos e pontos de vista, de acordo com os quais os elementos que compõem o jardim, vegetação, jogos de água, esculturas e pavilhões, são rigorosamente dispostos. O Jardim da Cascata destaca-se pelo seu extraordinário jardim de buxo mas particularmente pela sua magnífica cascata, revestida por embrechados de pedra natural, que se distingue tanto pela dimensão como pelos exuberantes jogos de água. "O jardim principal, e a sua soberba cascata, apresentam uma perspetiva cheia de belleza e majestade. É de um efeito maravilhoso ver rebentar, logo debaixo do pavilhão, um grande volume de águas, que, em amplos lençoes e por entre repuxos que se cruzam, se vem precipitando de degrau em degrau até ao lago, onde está figurado o banho de Diana." (BARBOSA, 1863). A cascata é ladeada por socalcos ajardinados, formando jardins suspensos que escondem no seu interior um labirinto de galerias e o seu topo é rematado por um pavilhão, igualmente decorado, com um miradouro que oferece vista não só sobre o jardim, mas sobre toda a sua envolvente, desde o rio e o mar até ao campo. |
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Registo visualizado 986 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Espaço verde Jardim Jardim Barroco
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Descrição
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Jardim de planta irregular, implantado numa zona plana a N. do palácio e das suas dependências, delimitado por muros*2 e com três portões de entrada que se situam a S., a O. e a N.. O jardim tem como pano de fundo uma CASCATA enquadrada por SOCALCOS AJARDINADOS, elevando-se em três andares, que se estendem ao longo de todo o limite E. do jardim, dominando todo o espaço, de frente aos quais se estendem caminhos de saibro e canteiros de buxo talhado, pontuados por lagos e esculturas*3. O desenho do jardim estrutura-se a partir de dois eixos principais, um eixo central de direção E. - O., a RUA DE HÉRCULES, e um eixo transversal de direção S. - N., a RUA DA IMPERATRIZ, que terminam nos portões de acesso O. e N. respectivamente*4. É a partir destes que se desenvolvem, simetricamente, os caminhos em saibro que definem uma malha ortogonal de canteiros de buxo, que ocupa todo o jardim. Os CANTEIROS DE BUXO são delimitados por sebe, com os cantos pontuados por exemplares topiados de forma oval e o seu interior é preenchido com desenhos arabescos, com exceção dos dois canteiros retangulares situados no canto NO. do jardim que formam o JARDIM DOS AROMAS. No seu interior encontram-se árvores de fruto, laranjeiras (Citrus sinensis), limoeiros (Citrus limon) e romãzeiras (Punica granatum), e plantas aromáticas como alecrim (Rosmarinus officinalis), a rosa (Rosa sp.) e santolina (Santolina Chamaecyparissus). Entre os canteiros circundados por caminhos de saibro, encontram se quatro lagos, os LAGOS DAS QUATRO ESTAÇÕES, uma vez cada um deles tem ao centro uma escultura fontenária alusiva à estação que representa: Primavera, Verão, Outono e Inverno. Os lagos dispõem-se simetricamente ao eixo central (Rua de Hércules), os da Primavera e Verão a E. de frente aos socalcos ajardinados e os do Outono e Inverno a O.. Atualmente a RUA DE HÉRCULES tem um dos seus extremos na CASCATA e prolonga-se até um largo de forma semicircular, com dois LAGOS EMBRECHADOS dispostos simetricamente ao eixo central, por ela definido. O seu trajeto é marcado por seis figueiras-da-Índia (Ficus benjamina) de grande porte, três de cada lado, com bancos dispostos entre elas, deixando livre a continuação da rua até ao portão O., junto ao qual é ladeada por uma sebe de sempre-noiva (Spiraea cantoniensis). Alinhados com o limite dos socalcos ajardinados, em cada extremo da RUA DA IMPERATRIZ, a E da mesma., situam-se dois PAVILHÕES de planta octogonal que assentam sobre uma plataforma sobrelevada, delimitada por balaustrada. O pavilhão S. é conhecido como CASA DA FRUTA e o N. como CASA DA NORA. Neste último, adaptado a sala de leitura, encontram-se em exposição as esculturas originais de Machado de Castro. Entre os dois pavilhões, ao centro dos canteiros adjacentes aos mesmos, encontram-se dois exemplares notáveis de araucárias (Araucaria sp.), destacando-se a situada ao lado da Casa da Nora pelo seu porte. A CASCATA, peça central do jardim, apresenta uma forma côncava, repleta de reentrâncias de onde saem os múltiplos repuxos, definida por duas colunas com urnas no topo, das quais saem dois repuxos. Toda ela é revestida por pedra e decorada com embrechados cerâmicos. Na base da cascata, onde desaguam as suas águas, encontra-se o LAGO DE DIANA, de forma circular e também ele revestido pela mesma pedra sendo o seu topo rematado por um pavilhão de planta octogonal com uma cegonha em louça no vértice do telhado, o PAVILHÃO DO AQUÁRIO. Este é totalmente revestido em pedra, com quatro janelas envidraçadas, uma em cada fachada e circundado por um terraço que oferece vista sobre o jardim e toda a sua envolvente. No seu interior existem quatro bancos, um em cada canto, e um aquário central de forma quadrangular, com cerca de 1 metro de altura, em mármore esculpido com desenhos detalhados e vidro em cada face e ao centro deste, também em mármore esculpido, um obelisco de onde jorra a água que enche o aquário. Por trás do pavilhão situa-se o TANQUE DA CASCATA, que alimenta os seus jogos de água e o aquário. A água é proveniente de um tanque situado numa zona mais elevada a E., do qual é conduzida por um aqueduto. Do corpo da CASCATA estendem-se lateralmente os três níveis de SOCALCOS AJARDINADOS com alegretes e floreiras, que têm como fundo paredes decoradas com pinturas de fresco emolduradas por jasmim (Jasminus sp.). Os socalcos comunicam entre si e com o jardim, através de quatro escadarias, duas adjacentes à cascata e duas nas extremidades, decoradas com embrechados e com patamares, cujos pavimentos se encontram marcados por desenhos em seixo rolado. Internamente, sob os socalcos e cascata, acompanhando todo o seu comprimento, estende-se uma rede de GALERIAS abobadas que têm como peça central, situada atrás da cascata, uma fonte de recorte barroco. No LAGO DE DIANA figura o 'Banho de Diana', um conjunto de esculturas que retratam uma cena mitológica grega que tem como peça central a deusa Diana, tomando lugar ao centro do lago rodeada por sombrinhas (Cyperus alternifolius), acompanhada por diferentes grupos de esculturas colocadas sobre as pedras *5. A enquadrar o lago, junto ao corpo da cascata, estão dois túneis que penetram no interior da cascata ligando à rede de galerias e dois canteiros semicirculares com buxos (Buxus sempervirens) e agapanto (Agapanthus africanus) que acompanham as escadarias, juntamente com dois pináculos revestidos por embrechados. O lago é circundado por uma faixa de bergénias (Bergenia crassifolia) e um caminho em saibro que é enquadrado por dois canteiros de buxo de forma aproximadamente semicircular onde se encaixam quatro bancos, dois de cada lado, e ao centro destes destacam-se duas tamareiras (Phoenix dactylifera). No canto NE. do jardim, por trás dos socalcos ajardinados, situa-se o ATELIER DE RESTAURO, edifício reconstruído para restauro das esculturas do jardim. |
Acessos
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Estrada da Gibalta |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 39 175, DG, 1.ª série, n.º 77, de 17 abril 1953*1 |
Enquadramento
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Urbano. Situado junto ao rio Tejo, permite desfrutar de vistas sobre a entrada da Barra de Lisboa, do Bugio e do Forte de S. Julião da Barra. O jardim era o espaço de recreio do Paço Real de Caxias (v. IPA.00006082), que o limita a S., sendo delimitado a N., E. e O. pelos terrenos que juntamente com o palácio formavam a Quinta Real de Caxias. O limite da Quinta é marcado a O. pela ribeira de Barcarena e de N. a E. é definido por um muro que acompanha a Estrada da Cartuxa e a Rua Dr. Jorge Rivotti. Adjacente a este a N., situa-se o antigo Convento da Cartuxa e a sua Igreja, atual Centro Educativo Padre António de Oliveira (v. IPA.00003051). A S. é limitada pelo Jardim Público de Caxias e pela estação ferroviária de Caxias (v. IPA.00033465), destacando-se também a Casa de Massarelos (v. IPA.00011639). |
Descrição Complementar
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A escultura da PRIMAVERA é composta por dois meninos e uma menina, envoltos em rosas, com os signos do zodíaco relativos a esta estação, Carneiro, Touro e Gémeos, representados em baixo-relevo na base do conjunto. A escultura do VERÃO é composta por três meninos, que seguram uma cornucópia repleta de frutos, com os símbolos dos signos Caranguejo, Leão e Virgem na base. A escultura do OUTONO é composta por três meninos, tendo um deles um cesto de uvas à cabeça e os outros, cachos de uvas e na base os símbolos dos signos Balança, Escorpião e Sagitário. A escultura do INVERNO é composta por três meninos segurando um prato com uma cabeça de javali, com os símbolos dos signos Capricórnio, Aquário e Peixes na base. |
Utilização Inicial
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Recreativa: jardim |
Utilização Actual
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Recreativa: jardim |
Propriedade
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Pública: Estatal |
Afectação
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Câmara Municipal de Oeiras |
Época Construção
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Séc. 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITETO PASAGISTA: Rodrigo Dias (1986-1997); ESCULTOR: Machado de Castro (1731-1822). |
Cronologia
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Séc. 18, 1ª metade - o Infante D. Francisco, filho de D. Pedro II e D. Maria Sofia de Neuborg, manda edificar o palácio da Quinta Real de Caxias com o respectivo jardim e cascata, cuja construção data da 2ª metade do séc. 18, tendo sido concluída no início do Séc. 19; 1742 - a morte do Infante D. Francisco leva a que seja o Infante D. Pedro III a acabar as obras e também a tomar posse da Casa do Infantado, a que pertencia a Quinta. Este e sua esposa, rainha D. Maria I, vão algumas vezes, no Verão, jantar e passar o dia em Caxias, tal como D. João VI com suas filhas depois de regressar do Brasil*6; 1826 - com a morte de D. João VI o Paço de Caxias esteve abandonado até 1833, data em que D. Miguel de Bragança o ocupou durante alguns meses e anos mais tarde serviu de residência de Verão da Imperatriz e Duquesa de Bragança; 1834 - os bens da Casa do Infantado são incorporados nos bens da coroa, instituindo-se o Palácio da Quinta Real de Caxias como residência de verão da Família Real; 1861 - após morte de D. Pedro V, D. Luís I reside algumas semanas no Paço de Caxias, antes de se estabelecer no Palácio da Ajuda e a partir desta altura a Quinta e Paço entra em rápido declínio; 1908 - D. Manuel II doa os terrenos da Quinta Real de Caxias ao Ministério da Defesa Nacional, então Ministério da Guerra, e ao Ministério da Justiça, o que levou à divisão da Quinta. A parte urbana, Palácio e Jardim da Cascata, é atribuída ao Ministério da Defesa Nacional, onde se instalou Instituto de Altos Estudos Militares, e a parte rústica, área de pomares, Jardim do Jogo da Bola e Tanque de Hércules, ficara na posse do Ministério da Justiça, para ser ocupada pelo Instituto Padre António Oliveira (Reformatório de Caxias) *7; 1922, Março - começa a construção do muro que separa a parte urbana da parte rústica da Quinta; 1953 - o Jardim da Cascata é classificado como Imóvel de Interesse Público; 1956 - o Instituto de Altos Estudos Militares deixa a Quinta Real de Caxias e transferem-se para Pedrouços, o que levou ao abandono e consequente degradação do palácio e jardim; 1969 - a Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN) realiza obras de conservação do palácio e apesar de estarem também previstas obras de recuperação do jardim, estas nunca foram efectuadas; 1982 - o Arquiteto Paisagista Rodrigo Dias descobre o Jardim da Cascata e seu avançado estado de degradação e dá início ao processo da sua recuperação; 1986, 10 janeiro - a Câmara Municipal de Oeiras e o Ministério da Defesa Nacional assinam o protocolo de cedência para recuperação, manutenção e utilização do Jardim da Cascata; 1986 - começam as intervenções de recuperação do Jardim da Cascata, demolição de anexos clandestinos e limpeza e desmatação do terreno, executadas pelos funcionários da câmara municipal e coordenadas pelo Arquiteto Paisagista Rodrigo Dias*8; 1993 - a candidatura ao programa europeu, 'Conservação de jardins de valor Histórico' e consequente seleção do projeto da Quinta real de Caxias como Projeto Piloto de Recuperação do Património Paisagístico Europeu, permite avançar com o projeto de recuperação do jardim, adjudicado em concurso pela câmara uns meses antes; 1994 - tem início o trabalho de recuperação e consolidação das 25 esculturas em barro, da autoria de Machado de Castro, que constituem o projeto cenográfico do jardim*9. Estas são substituídas por silhuetas das esculturas, colocadas nos locais das peças originais, enquanto é feito o seu restauro; 1996 - começam as obras de implementação do projeto de recuperação do jardim, o qual é necessário adaptar face ao orçamento disponível. Este inclui a reposição dos desenhos de buxo, a regularização dos caminhos de saibro, a recuperação do sistema hidráulico que alimenta a cascata, lagos e repuxos e adaptação do sistema de rega, a reposição das pinturas a fresco da Casa da nora e da Cascata, a colocação de sinalética e iluminação, a adaptação da Casa da Nora para sala de leitura, a reconstituição de uma ruína por detrás da cascata para oficina de restauro e a recuperação de uma dependência exterior para Recepção/Posto de Turismo; 1997 - fim das obras de recuperação e inauguração do Jardim da Cascata; 2009 - é concluída a reparação de 7 esculturas, no entanto opta-se por expor no jardim réplicas em resina, ficando as originais em exposição na Casa da Nora; 2009, Março - a Câmara Municipal de Oeiras e o Ministério da Justiça assinam um protocolo de cedência de terrenos a N. e O. do jardim da Cascata, que abrange parte da margem esquerda da ribeira de Barcarena*10. |
Dados Técnicos
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A construção em socalcos das zonas laterais da cascata permite a criação de áreas de estadia com vista sobre o jardim. O sistema de alimentação dos jogos de água e rega feita por gravidade, através de um sistema hidráulico que é comandado por um tanque situado na zona mais elevada da Quinta. Deste a água é conduzida ao longo da encosta, por um aqueduto e posteriormente por tubagens, para os lagos e repuxos do jardim, alimentando os jogos de água do aquário e um segundo tanque que abastece a cascata e o sistema de rega por alagamento dos socalcos ajardinados. O funcionamento deste sistema gravítico é assegurado por um sistema de bombagem que repõe os caudais dos tanques através da recirculação da água. |
Materiais
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INERTES: pavimentos em saibro, calçada de calcário e seixo rolado; delimitação de canteiros em lancil de pedra calcária; muro limítrofe e muros de suporte em alvenaria; cascata e lagos em pedra calcária de origem marinha; lagos em mármore; esculturas em barro ou composto à base de resinas; portões e guardas em metal; bancos em mármore; sinalética em metal; papeleiras em madeira. VEGETAIS: árvores - Araucária (Araucaria sp.), cedro-do-bussaco (Cupressos lusitanica) figueira-da-Índia (Ficus benjamina), laranjeira (Citrus sinensis), limoeiro (Citrus limon), lódão (Celtis australis), loureiro (Lauros nobilis), romãzeira (Punica granatum), tamareira (Phoenix dactylifera); arbustos - alecrim (Rosmarinus officinalis), buxo (Buxus sempervirens), hortênsia (Hydrangea macrophylla), loendro (Nerium oleander), rosa (Rosa sp.), santolina (Santolina Chamaecyparissus), sempre-noiva (Spiraea cantoniensis); herbáceas - agapanto (Agapanthus africanus), bergénia (Bergenia crassifolia), sombrinhas (Cyperus alternifolius); trepadeiras - Hera (Hedera helix), jasmim (Jasminum sp.). |
Bibliografia
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BARBOSA, I. Vilhena - "Paço e Quinta de Caxias". Archivo Pittoresco. Lisboa: Castro Irmão & C.ª, 1863, vol. 6, pp. 378-379; BELOTO, Carlos, SERRÃO, Filomena, THEDIM, Filipa, SOROMENHO, Isabel - Jardim da Quinta Real de Caxias: Recuperação do Património Escultórico. Oeiras: Câmara Municipal de Oeiras, 2009; CARITA, Hélder, CARDOSO, Homem - Tratado da Grandeza dos Jardins em Portugal. Lisboa: Círculo de Leitores, 1987; DIAS, Rodrigo, SOROMENHO, Isabel - Recuperação dos jardins da Quinta Real de Caxias: o homem sonha a obra nasce. Oeiras: Câmara Municipal de Oeiras, 1993; FERNANDES, José Maria de Almeida - Monografia do Reformatório Central de Lisboa Padre António de Oliveira. Caxias:1958; LEITE, Ana Cristina - "Caxias, Real Quinta de". Dicionário da Arte Barroca em Portugal. 1ª Edição. Lisboa: Editorial Presença, 1989; RODRIGUES, Ana Duarte, PAIS, Alexandre, BELOTO, Carlos, COROADO, João, FARIA, Paulina - Quinta Real de Caxias: história, conservação, restauro. Oeiras: Câmara Municipal de Oeiras, 2009; Jardins da Quinta Real de Caxias in Câmara Municipal de Oeiras, Espaços verdes, Jardins e Quintas Históricas, (http://www.cm-oeiras.pt/amunicipal/Ambiente/EspacosVerdes/JardinseQuintasHistoricas/Paginas/JardinsQuintaRealCaxias.aspx), consultado em 16 junho 2014; Os jardins, as esculturas e as duas salas com pintura decorativa do antigo Paço Real de Caxias in DGPA, (http://igespar.pt/pt/patrimonio/pesquisa/geral/patrimonioimovel/detail/74866/), consultado em 16 junho 2014. |
Documentação Gráfica
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IHRU: SIPA; BNP: cc-1255-r |
Documentação Fotográfica
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IHRU: SIPA |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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Câmara Municipal de Oeiras: 1986 - demolição de estruturas clandestinas, limpeza e desmatação do jardim; Câmara Municipal de Oeiras: 1996 / 1997 - obras de recuperação do jardim; Câmara Municipal de Oeiras: 1994 (desde) - recuperação das esculturas em barro e realização de réplicas em resina. |
Observações
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*1 - DOF: Os jardins, as esculturas e as duas salas com pintura decorativa do antigo Paço Real de Caxias, hoje ocupado pelo Instituto de Altos Estudos Militares. *2 - os muros N. e O. não fazem parte do desenho original do jardim. Foram construídos aquando da divisão da Quinta Real de Caxias entre o Ministério da Defesa Nacional e Ministério da Justiça, interrompendo a relação entre a parte urbana e rústica da Quinta, ao quebrar uniformidade do desenho da antiga propriedade, nomeadamente a Rua de Hércules, um dos eixos mais significativos da Quinta. Os portões, construídos quando foram feitas as obras de recuperação, pretendem recuperar a relação do jardim com a restante área da Quinta. *3 - a maior parte das esculturas são réplicas das originais em resina, em exposição na Casa da Nora. Para as que ainda não foram feitas as réplicas, no seu lugar encontram-se silhuetas em metal. *4 - Estes eixos prolongavam-se até aos limites da antiga Quinta e os caminhos do jardim ligavam-se à extensa malha de caminhos que estruturavam um vasto pomar. Estes caminhos, ladeados por sebes de buxos, conduziam a novos cenários e espaços para além do jardim formal, de onde se destacam no extremo O. da Rua de Hércules, junto à ribeira de Barcarena, o Tanque de Hércules e no extremo N. da Quinta o Jardim do Jogo da Bola e a Casa da Ferramenta. *5 - "No meio está Diana com duas Nymphas, empunhando a lança, d'onde sae elevado repuxo de água. Nos outros vêem-se Nymphas figurando sair do banho, e procurando occultarem-se com os lençoes, como que envergonhadas, do olhar curioso do pastor Endymião, que as espreita de cima de um rochedo da cascata, e ao qual Diana castigou da indiscrição transformando-o em veado. O pastor lá se vê com a cabeça de veado, e os seus próprios cães correndo para ele para o matarem, segundo conta a fabula." (BARBOSA, 1863). *6 - a Quinta Real de Caxias era pouco utilizada pelos membros da Família Real que apenas lá se deslocavam para usufruir do ar do campo e do sol. Habitava-se o jardim e o pomar e não a casa, o que explica a simplicidade do palácio quando comparado com a exuberância do jardim. O jardim tomava o lugar dos salões, onde se organizavam passeios, jogos, teatros, concertos e bailados ao ar livre. *7 - no decreto lê-se o seguinte: "Sendo conveniente aplicar os serviços públicos, enquanto por lei lhes não for designado destino, os edifícios do Real Palácio de Caxias e mais dependências; e conformando-me com o que me foi representado pelos Ministros e Secretários de Estado, dos Negócios da Fazenda, da Justiça e da Guerra: Hei por bem determinar que sejam provisoriamente entregues ao Ministério da Justiça para ficar a cargo da direcção da Casa de Correcção, em Caxias, a parte rústica circundada pelos muros da Quinta Real, compreendendo a casa das frutas, dentro do parque e a vinha, para ser aplicada a criação de escolas práticas de horticultura, pomologia, jardinagem, viticultura e artes de construção civil; e ao Ministério da Guerra a parte urbana para alojamento dos serviços e pessoal encarregado das obras de fortificação da cidade de Lisboa, ficando pertencendo todas as despesas de conservação e reparação das referidas partes aos mesmos Ministérios. Os Ministros e Secretários de Estado dos Negócios da Fazenda, da Justiça e da Guerra assim o tenham entendido e façam executar. Paço, ao 31 de Dezembro de 1908. - Rei - D. João Alarcão Velasques Sarmento - Manuel Afonso de Espregueira - Sebastião Custódio de Sousa Telles." (FERNANDES, 1958). *8 - "À data de assinatura deste protocolo, o jardim da Quinta Real de Caxias encontrava-se em avançado estado de degradação, quer no que respeita à vegetação e pavimento, quer no referente aos seus elementos arquitectónicos. Com o crescimento desordenado da vegetação, os desenhos dos jardins de buxo perderam-se, os lagos secaram e degradaram-se, as esculturas de terracota danificaram-se, e a Cascata e os terraços laterais cederam a problemas estruturais. Todo o espaço se encontrava ocupado por barracas, galinheiros e hortas." (BELOTO et al., 2009). *9 - as estátuas de barro pintadas de branco, tinham um carácter provisório e deveriam ter sido substituídas por exemplares de mármore, mas estes nunca chegaram a ser feitos. *10 - esta área em conjunto com a área do Jardim da Cascata, cedida à Câmara Municipal em 1986 pelo Ministério da Defesa Nacional, representa um importante passo na reposição, quase na totalidade, dos antigos limites da Quinta real de Caxias. |
Autor e Data
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Mafalda Jácome 2014 (no âmbito da parceria do IHRU / APAP) |
Actualização
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