|
Espaço verde Jardim Passeio público
|
Descrição
|
Este jardim desenvolve-se a partir do adro da capela, que constitui um miradouro, pelo sistema de vistas privilegiado que oferece sobre a Torre de Belém e a foz do Rio Tejo. Frente à torre, de S. a poente, ocupando um planalto um pouco inclinado para poente, situa-se um grande relvado de planta em U delimitado por caminho. Este relvado, cerca de 1 m. abaixo da cota do adro da capela e separado deste por pequeno muro de suporte em pedra, encontra-se envolto, com exceção da frente virada para a capela, por mata implantada em patamares, descendo pela encosta até à Rua de Alcolena. Nota-se a preocupação na distribuição da vegetação, estrategicamente colocada de forma deixar vistas abertas, privilegiando assim as visadas sobre o estuário do rio e a ligação visual à Torre de Belém *1, sendo esta formalizada através de um eixo inscrito no terreno pela Avenida da Torre de Belém. Enquanto que na vertente nascente predomina o olival (Oles europaea var. europaea), com a introdução de algumas árvores como os ciprestes (Cupressus sempervirens), o cedro-do-Bussaco (Cupressus lusitanica), o cedro-do-Líbano (Cedrus libani) e o pinheiro manso (Pinus pinea), na vertente poente predomina a mata onde as querquecíferas são as mais representadas. Uma escadaria em pedra com vários lances, liga a ermida ao primeiro arruamento existente abaixo deste talude arborizado, a Avenida do Restelo. O eixo visual Capela de São Jerónimo - Torre de Belém, materializado na Avenida da Torre de Belém, torna-se ainda mais evidente a partir de maio e até ao verão, pela forte cor das flores das suas árvores, definindo um traço lilás até quase ao azul do rio. |
Acessos
|
Rua Pero da Covilhã; Rua António Saldanha; Rua Alcolena; Avenida do Restelo |
Protecção
|
Incluido na Zona Especial de Proteção da Capela de São Jerónimo (V. IPA.00004064) |
Enquadramento
|
Urbano. Sendo a capela situada num cabeço, em encosta maioritariamente orientada a S, apresenta um adro adjacente que constitui um miradouro, seguido de um grande relvado com vistas privilegiadas sobre o Rio Tejo e a sua foz. O conjunto é envolvido em todas as orientações menos a NE., por pequena mata com árvores de grande porte em socalcos, acompanhando o declive da Encosta do Restelo. |
Descrição Complementar
|
O átrio da capela, na sua fachada NE, encontra-se separado da Praça de Itália por um pequeno talude arrelvado com cerca de dois metros de comprimento, com um lance de escadas em pedra calcária, de cada lado do talude, apresentando aqui um tratamento paisagístico mais formal. Junto ao coroamento deste talude encontram-se plantados três exemplares notáveis de pinheiros mansos. O pinheiro do extremo S. encontra-se envolvido por três ciprestes. Entre os referidos pinheiros encontram-se duas placas com inscrições; uma apresenta como Texto: "A partida de Belém, como Vossa Alteza sabe, foi segunda-feira, 9 de Março. Pero Vaz de Caminha". Na outra diz o seguinte: "Marco feito erigir pelo Governo Brasileiro no V Centenário do Nascimento de Pedro Álvares Cabral, Lisboa 29-06-1968". |
Utilização Inicial
|
Recreativa: jardim |
Utilização Actual
|
Recreativa: jardim |
Propriedade
|
Pública: Municipal |
Afectação
|
Sem afectação |
Época Construção
|
Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
|
ARQUITECTO PAISAGISTA: Gonçalo Ribeiro Telles (1959). |
Cronologia
|
1954 - a Capela de São Jerónimo foi incluída no âmbito da II Fase do "Plano de Urbanização da Encosta do Restelo"; 1956 - a capela e sua envolvente foi alvo de especial atenção, no "Projeto de Ordenamento Paisagístico (1ª Fase) da Encosta do Restelo (II Fase de Urbanização)" e estudada com maior detalhe, de onde resultaram Planos de Plantação; 1959 - Estudo definitivo abrangendo não só a envolvente da capela como também uma parte da encosta adjacente a Sul, até uma distância máxima de 246 metros, na direção da Avenida da Torre de Belém, onde se situa uma pequena mata, que passou a integrar o projeto, criado uma área de proteção para a ermida *3; 1961 - Ribeiro Telles alterou o desenho do percurso ao longo da encosta nascente que estabelece a ligação pedonal entre a mata e o miradouro, através de vários lances de escadas. Este percurso é longo e confortável, abundantemente ensombrado por arvoredo, num favorecimento claro do peão. |
Dados Técnicos
|
Modelação do terreno de forma a se obter uma zona de estadia ampla que permite passear sempre usufruindo de uma vista panorâmica sobre o estuário do Tejo a SO. e a Torre de Belém a S. *4. A parte mais abrupta da encosta foi plantada em socalcos. |
Materiais
|
INERTES: Cantaria calcária (fachada O. e interior); alvenaria rebocada (fachadas laterais e posterior); azulejos (altar-mor) degraus em calcário.VEGETAl e : oliveira (Oles europaea var. europaea), cipreste (Cupressus sempervirens), o cedro-do-Bussaco (Cupressus lusitanica), o cedro-do-Líbano (Cedrus libani), o pinheiro manso (Pinus pinea), o zambujeiro (Olea europaea var. sylvestris). |
Bibliografia
|
ANDERSEN, Teresa. CAMARA, Teresa. CARVALHO, Luís Guedes - "Lugares da Arquitetura Paisagista: 1940-1970" in ANDERSEN, Teresa. Do Estádio Nacional ao Jardim Gulbenkian - Francisco Caldeira Cabral e a primeira geração de Arquitectos Paisagistas (1940-1970), Lisboa, 2003, pág. 226; CAMARA, Teresa Bettencourt - "Contributos da Arquitetura Paisagista para o Espaço Público de Lisboa", Porto, 2015, p.177-184 Dissertação de Doutoramento. Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, texto policopiado; SALEMA, Rosário - "A Ermida de São Jerónimo. Ver e ocultar" in CARAPINHA, Aurora e TEIXEIRA, J. Monterroso, A Utopia com os Pés na Terra. Gonçalo Ribeiro Telles, 2003, pág. 183-192. |
Documentação Gráfica
|
IHRU: DGEMN/DRMLisboa; CML: AC; Arquivo Pessoal Gonçalo Ribeiro Telles |
Documentação Fotográfica
|
IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
|
|
Intervenção Realizada
|
Nada a assinalar |
Observações
|
*2 - "Quando Ribeiro Telles inicia o projecto em 1956, a colina da ermida de São Jerónimo era uma paisagem fustigada pelo vento, sem qualquer tipo de vegetação. Em redor da Ermida as vistas eram completamente abertas.". *3 - "Na fase inicial do Plano a Avenida da Torre de Belém prolongava o seu eixo viário até à ermida de São Jerónimo. A estrutura viária ignorava a topografia da encosta. A possibilidade de criar uma área de protecção para a Ermida ficava praticamente anulada. Quando Ribeiro Telles inicia oestudo fica claro que o processo de abortagem tinha de ser alterado. A ermida teria de garantir uma área de protecção que permitisse manter as características naturais do lugar.". 4 - "Para quem sobe a Av. De Belém, cria-se a ilusão de que Monsanto chegou ao cimo da encosta. De longe a colina de São Jerónimo é uma unidade de declive constante e não se adivinham as variações da topografia no seu interior pois uma vez ali somos surpreendidos pela articulação subtil entre três plataformas. |
Autor e Data
|
Teresa Camara 2018 |
Actualização
|
|
|
|