Casa de Santar

IPA.00003711
Portugal, Viseu, Nelas, União das freguesias de Santar e Moreira
 
Arquitectura residencial e arquitectura agrícola, maneirista, barroca e neoclássica. Solar comprido, composto por dois corpos diferenciados, o mais baixo correspondente à construção seiscentista, sendo o segundo da centúria seguinte. O primeiro corpo, desenvolvido em dois andares, o térreo destinado aos serviços de apoio e o superior o andar nobre, com capela ao centro, mas subordinada à altura dos telhados, marcada por remate em empena. Possui portal rectangular, sobrepujado por óculo e campanário lateral. Piso inferior com vãos rectangulares horizontais e, no superior, janelas de guilhotina, todas com molduras de cantaria. O segundo corpo é simétrico, articulado por pilastras, rematadas por pináculos, com a zona central mais alta, marcada por frontão triangular com brasão de armas. Portal inferior sobrepujado por janela de sacada. Vãos uniformemente ritmados no sentido horizontal, com molduras de cantaria simples. Alçado virado para os jardins mais enriquecido do ponto de vista decorativo, com molduras dos vãos decoradas, janelas de sacada e loggia. Interior com tectos de madeira, sendo decorado com painéis de azulejo de figura avulsa e figurativos, maneiristas, barrocos, pombalinos e revivalistas. Capela com nave única e ábside, separadas por teia, sendo decorada com pinturas, azulejo e retábulo de talha seiscentista. Na cozinha, fonte tipo relicário, com cobertura em cúpula sobre quatro colunas toscanas, com tanque quadrangular rasteiro e aletas laterais. Nicho com frontão triangular. Dependências ligadas à actividade de cultivo.
Número IPA Antigo: PT021809040017
 
Registo visualizado 561 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo casa comprida

Descrição

Planta em L, de haste muito alongada. Volumes articulados horizontalistas. Coberturas de telhados a três águas no corpo O. e dois corpos longitudinais, com elevações sobre as empenas das fachadas N. e E.. Na fachada S., telhado a quatro águas duplas, no corpo intermédio, sobrelevado. Existência de várias chaminés. Fachada principal a N., com embasamento, definindo oito panos marcados por pilastras com pináculos, de dois pisos e rematados por cornija. No primeiro pano, quatro janelas transversais rectangulares no primeiro piso e quatro de guilhotina, igualmente rectangulares, no segundo. O segundo pano é rasgado por uma janela transversal, uma porta rectangular com impostas e duas janelas rectangulares no primeiro piso, tendo, superiormente, quatro janelas rectangulares. O terceiro pano possui portal rectangular com impostas encimado por janela de sacada com balaústres. É rematado por frontão triangular contendo pedra de armas. O quarto e quinto panos são simétricos e semelhantes ao segundo e ao primeiro, respectivamente. No sexto pano, ligeiramente mais baixo, possui, inferiormente, duas janelas transversais e três janelas de guilhotina rectangulares, no segundo piso. O sétimo pano, correspondente à capela, possui portal rectangular, encimado por cornija sobre modilhões onde assenta uma pedra de armas dos Melos, Pais do Amaral e Castelo Branco, entre dois pináculos. Superiormente, óculo circular profundo, tendo tangente um pequeno nicho. Remate em empena com cruz no topo. O oitavo pano tem, no primeiro piso, janela transversal e porta rectangular encimada por vão de moldura quadrilobada, surgindo, superiormente, janela rectangular. No enfiamento desta, pequeno campanário de arco a pleno centro, rematado em cornija, pináculo e cruz central. Fachada O. com embasamento, dois pisos, encimados por cornija. No primeiro, uma porta e duas janelas rectangulares e escada com patamar para o segundo piso, rasgado por uma porta e três janelas rectangulares. Fachada S. do corpo O. com embasamento e dois pisos rematados por cornija, surgindo, no primeiro, duas janelas quadrilobadas e, nosegundo, duas janelas rectangulares. Fachada E. do corpo O. com embasamento e dois pisos rematados por cornija, rasgados, no primeiro, por uma porta e uma janela rectangulares e, no segundo, por duas janelas rectangulares e uma transversal. Fachada S. com embasamento, dois pisos e cinco panos de corpos em ressalto e / ou marcados por cunhais ou pilastras. O primeiro pano tem duas portas e três janelas rectangulares no piso térreo e cinco janelas rectangulares no superior, com frontão azulejar. O segundo pano, mais elevado, é rasgado por uma porta e três janelas rectangulares no primeiro piso e três janelas rectangulares, duas das quais com varanda corrida de balaústres sobre modilhões, encimadas por pequenos frontões vazados, tendo janelas com bandeira superior de verga recortada. O terceiro pano, mais baixo, tem, no primeiro piso, três arcos plenos sobre pilares quadrangulares e, no segundo, varanda alpendrada, com balaústres e colunata, com cinco portas rectangulares e revestimento azulejar de figuras recortadas. O quarto pano, elevado, tem, no primeiro piso, escada, uma janela rectangular e uma porta em arco rebaixado tangente a recto; no segundo, um janelão e quatro janelas rectangulares. O quinto pano é rasgado, no primeiro piso, por arco pleno entre duas janelas transversais e, no segundo, colunata envidraçada. Fachada E. com embasamento, três panos marcados por pilastras e dois pisos. No primeiro piso do pano central, portal de moldura rectangular relevada, entre aletas e encimado por janela de sacada com balaústres, entre aletas rectilíneas. Remate em frontão triangular contendo frontão curvo aberto com pequena urna. Os primeiro e terceiro panos têm, no primeiro piso, uma janela transversal e, no segundo, janela de sacada com balaústres. INTERIOR com espaços diferenciados. No primeiro piso, a E., zona de serviços com recepção, escritório, armazém e cozinha, seguindo-se ampla sala quadrangular multiusos, átrio e a denominada Sala dos Coches, pavimentada em tijoleira, e tecto de madeira sobre três pilares de granito. Ao centro, átrio principal com escadaria de corrimões de balaústres e tecto de masseira. A O., Capela rectangular de nave única circundada por silhar de azulejos padrão, tecto de caixotões marmoreado e dourado assente em friso de anjinhos. A S., arco triunfal a pleno centro, marmoreado, e capela-mor, separada por teia de madeira, com revestimento azulejar com figuração eucarística a O.. Retábulo do altar-mor, de talha dourada, é constituído por três eixos, o central com nicho e os laterais com painéis pintados. Superiormente, tabela quadrangular com pintura, rematada por frontão semi-circular e aletas laterais. Pináculos lateralmente. Altar em forma de urna. Cobertura em abóbada de berço com florões e cartela com Pomba do Espírito Santo. Adossada a O., a Sacristia rectangular com lavabo de pedra e tecto apainelado. No corpo O., a Cozinha Velha, rectangular, com grande chaminé de granito sobre pilares com capitéis de folhas estilizadas que se repetem no friso da chaminé e fonte com tanque quadrangular rasteiro decorado com nicho de Santo António, com frontão triangular e aletas protegida por cupulim sobre colunas toscanas. Cobertura em tecto de madeira com barrotes à vista sobre pilares graníticos facetados. No prolongamento da fachada da Cozinha Velha, uma fonte com revestimento azulejar figurativo, azul e branco com cenas de caça, No segundo piso, zona habitacional privada. No extremo S. do Jardim, as Adegas, em cuja sala de Provas existe um arco ultrapassado de moldura decorada, que assenta directamente no chão. Junto às adegas, fonte de taça poligonal, com alguns lados côncavos. Reservatório no centro, com seis bicas, possui remate fitomórfico. No JARDIM, surge chafariz com azulejos e a data "1790", formando painéis com cavaleiros. Tem adega, lagar de azeite.

Acessos

Avenida Viscondessa de Taveiro, junto à Igreja da Misericórdia (v. PT021809040006), à entrada da vila de Santar

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolada, confinando com arruamentos a N. e O., com separador a N. constituído por passeio lajeado, desnivelado da estrada, com murete baixo, onde assentam frades de pedra acorrentados. Para S., estende-se o Jardim e a Quinta agricultada com vinha. Adossado à direita da fachada, muro com portão de ferro entre pilares almofadados.

Descrição Complementar

Na fachada S., a varanda alpendrada apoia-se em modilhões decorados com os símbolos heráldicos retirados do brasão de armas da família; as janelas são decoradas superiormente por pequenas molduras de azulejos recortados, com volutas e elementos vegetalistas estilizados. Adossado à esquerda de fachada E., muro com portão de ferro enquadrado por pilares, encimado por empena polilobada com pedra de armas, flanqueada por pináculos. No pavimento da Capela, sepultura epigrafada de Pais de Amaral com pedra de armas encimada por chapéu eclesiástico. O andar nobre é ocupado a E. por quartos a que se segue a Sala de Jogos e a Sala de Música com tecto de estuque, servidas por corredor com silhar de azulejos pombalinos. Para O., a N. e S. de um corredor revestido de azulejos de figura avulsa, um quarto estilo Império, uma Sala de Estar com lareira de granito e tecto de maceira, a Sala de Jantar circundada por silhar de azulejos de padrão e coberta por tecto de maceira com pinjentes, um Salão de paredes apaineladas de madeira com duas escadas de balaústres de madeira e tecto de maceira oitavado com brasão de armas. Salão decorado com quatro painéis de azulejos com as armas do Conde de Santar.

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Residencial: casa

Propriedade

Privada: pessoa colectiva

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Gabriel del Barco (1700, atr.; Pereira Cão (1905).

Cronologia

Séc. 16 - construção do núcleo primitivo da casa, por João Gonçalves do Amaral; 1670 - Francisco Pais do Amaral e sua esposa D. Francisca Pais, instituiram o vínculo de Santar, nomeando administrador o seu filho, António Pais do Amaral; 1678 - data inscrita numa lápide da Capela alusiva à construção da mesma, pelo Licenciado e capitão-mor de Senhorim, António Pais do Amaral, sendo aí sepultado; 1690 - construção da Cozinha Velha; 1700 - data dos azulejos figurativos que decoram a fonte no exterior da Cozinha Velha; 1701 - foi sepultado na Capela Francisco Lucas de Melo *1, casado com a herdeira da Casa, Maria Luísa Pais do Amaral; séc. 18 - acrescentado novo corpo longitudinal prolongado para E.; 1727 - inicia-se a construção das adegas, pátio central e Fonte dos Cavalos, por ordem de Roque Jacinto de Mello, obras que se prolongaram até ao início do século seguinte, com o filho do mesmo, José de Mello Pais do Amaral; 1790 - data em azulejos no jardim; séc. 19 - realizaram-se diversas obras de remodelação no Solar e introduziram-se novos elementos arquitectónicos como a varanda alpendrada da fachada posterior; 1851 - D. Maria II atribuii a José de Mello Pais do Amaral de Sousa Pereira de Vasconcelos e Menezes e à esposa, Maria Rosa de Figueiredo da Cunha Eça Abreu de Melo Pereira de Lacerda e Lemos, o título de Viscondes de Taveiro, por acção do tio desta, arcebispo de Braga; 1904 - D. Carlos atribui o título de Conde de Santar a José Pedro Paulo de Mello de Figueiredo Pais do Amaral; séc. 20 - Pedro Paulo Pais do Amaral, 2º conde de Santar, responsável pelas últimas alterações na casa, acrescentando-lhe o bloco da denominada Galeria. Sem geração, deixou o vínculo a seu sobrinho, cuja filha, D. Maria Teresa é a 4ª Viscondessa de Taveiro e 4ª Condessa de Santar; 1905 - Pereira Cão executou os painéis de azulejo que revestem o Salão.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes; estruturas mistas.

Materiais

Pedra granítica; tijoleira; madeira; azulejos.

Bibliografia

SILVA, António Lambert Pereira, Nobres Casa de Portugal, vol. 3, Porto, s.d.; CARVALHO, A. Polónio de, Santar - roteiro artístico, Nelas, Câmara Municipal de Nelas, 2001.

Documentação Gráfica

Casa de Santar

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Casa de Santar

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1980 / 1981 / 1982 / 1983 / 1984 / 1985 / 1986 / 1987 / 1988 / 1989 / 1990 - diversas obras de conservação das estruturas, revestimentos, pavimentos e coberturas, adaptando parte do piso inferior para actividades turísticas; reconstrução da zona das adegas.

Observações

*1 - governador do Castelo de Almeirda ( 1683 ), sargento-mor das comarcas de Viseu e Castelo Branco e governador militar de todas as vilas e castelos destas ( 1687 ), capitão da Guarnição de Armada da Junta do Comércio ( 1663 ), cavaleiro da Ordem de Cristo.

Autor e Data

Lina Marques 1998

Actualização

Paula Figueiredo 2000
 
 
 
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