Casa e Quinta de Villar d'Allen
| IPA.00005474 |
Portugal, Porto, Gondomar, União das freguesias de Gondomar (São Cosme), Valbom e Jovim |
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Casa neoclássica, eclética, integrando quinta de recreio inicialmente fora da malha urbana. Casa de planta rectangular alongada, composta por três corpos, sendo o central mais elevado, apresentando a fachada posterior mais um piso, mezzanino térreo, devido à implantação em desnível. Coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas, com trapeiras e chaminés rematadas por merlões. Fachadas simétricas, com esquema de fenestração regular e simétrico, de vãos sobrepostos, com modinaturas de características barrocas. Fachada principal neogótica a nível dos torreões de ângulo que se adossam às extremidades e do remate em platibanda rasgada por merlões. Fachada posterior, neoclássica, revestida a placas de lousa, com pano murário ritmado por pilastras colossais e remate em platibanda. No interior tecto em estuque com figuras clássicas. Casa integrada em espaço ajardinado de desenho romântico, com elementos construídos, lagos, fontes e chafariz, marcando a presença da água. Edifício marcado pela horizontalidade que é interrompida pelo corpo central, funcionando como torre, e pelos torreões que enquadram a fachada principal. Discrepância nas características estilísticas das fachadas principal e posterior. O remate da fachada principal, em platibanda recortada, sugerindo merlões repete-se no remate das várias chaminés. Revestimento integral da fachada posterior a placa de lousa e também nas trapeiras. Fachadas com fenestração regular e simétrica em torno de um eixo central formando portal e janela. No interior, destaca-se o tecto de estuque da sala de estar / livraria, com figuras e cenas clássicas de grande perfeição. No jardim, elementos escultóricos atribuídos a Nicolau Nasoni. | |
Número IPA Antigo: PT011312030200 |
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Registo visualizado 1695 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Residencial unifamiliar Casa
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Descrição
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Casa de planta rectangular alongada, composta por um corpo central de dois pisos e dois corpos laterais de um piso, apresentando a fachada posterior mezanino térreo, constituindo mais um piso, devido ao desnível do terreno. Coberturas diferenciadas em telhado de quatro águas com trapeiras, revestidas a lousa e com janelas de guilhotina, e chaminés rematas por merlões. Fachada principal com embasamento aparente marcado a cinzento e pano murário em alvenaria rebocada e pintada de branco. Fachada posterior com embasamento de cantaria e revestimento a placas de lousa. Fachadas simétricas, com esquema de fenestração regular e simétrico, de vãos sobrepostos, com molduras de granito aparente. Fachada principal a E., com dois torreões salientes nas extremidades, em granito aparente, de planta octogonal, rematados por merlões, com marcação de dois registos, tendo no primeiro porta e frestas e no segundo frestas. Fachada rematada por cornija encimada por platibanda com merlões, sendo o corpo central enquadrado por pilastras, nos cunhais, encimadas por pequenos torreões de feição semelhante às chaminés. Fachada rasgada por janelas de sacada à face com guarda de ferro ao nível do primeiro piso, e no eixo do corpo central portal de arco abatido rematado por cornija curva encimado por janela de sacada com balcão circular sobre mísula e guarda de ferro, entre janelas de peito rectangulares. Fachada posterior, a O. rematada por cornija encimada por platibanda. Corpo central com cunhais apilastrados, ritmado por pilastras colossais, sobrepujadas por vasos cerâmicos, marcando o eixo onde se rasga porta de arco abatido com moldura recortada encimado por janela com balcão recortado sobre mísula, com guarda de ferro e acima desta, janela semelhante encimada por cornija, com balcão rectangular. Mezzanino com janelas jacentes gradeadas, segundo piso com janelas encimadas por cornija, com balcão rectangular assente sobre mísula e guarda de ferro, terceiro piso com janelas de peito encimadas por cornija e nos corpos laterais, a nível da cobertura, duas trapeiras. À fachada lateral S. adossa-se estrutura de ferro e vidro, correspondente à estufa e ao nível do segundo piso água furtada com duas janelas, tendo ao centro painel de azulejos. INTERIOR com pisos comunicantes por escadas; pavimentos de madeira e ladrilho e tectos de estuque destacando-se o da sala de estar / livraria que possuí tecto com ornatos em relevo, tendo ao centro florão e na moldura central pequenas figuras e cenas clássicas. |
Acessos
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Rua do Freixo, nº 194 |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Portaria n.º 64/2010, DR, 2.ª série, n.º 12 de 19 janeiro 2010 |
Enquadramento
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Urbano, isolado, em terreno acidentado. A Quinta localiza-se nos limites do concelho do Porto e Gondomar, no chamado lugar de Campanhã de Baixo, sendo limitada a N. pela EM 209, constituindo quase o gaveto entre esta e a R. do Freixo. De planta rectangular fortemente arborizada possui a N. mata com veredas de passeio e, junto da entrada para Gondomar, os antigos viveiros de peixe. A E. zona agrícola com mina de água, onde se localiza o horto. A casa localiza-se na zona O. da propriedade, em terreno desnívelado em socalco, sendo rodeada por jardins, cujo arranjo se deve a Alfredo Allen *1 que contratou Emile David, paisagista alemão, para os conceber. Jardim murado, com portal de acesso com vasos nos remates e portão ostentando pequeno brasão, de ferro, dos Allen. Apresenta grande variedade de plantas e flores e elementos construídos, mirante, balaustradas, arcadas, cascatas, fontanários, chafarizes, lagos, pontes, vários elementos escultórios e na proximidade da casa, a S., pequeno pavilhão. Na proximidade encontra-se o Palácio do Freixo (v. PT011312030008 / PT011312030184). |
Descrição Complementar
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AZULEJARIA: Na parte superior do portal principal pequeno painel com legenda "JOÃO ALLEN E SUA MULHER D. LEONOR AMSINCK ALLEN mandaram edificar esta casa A.D. MDCCCXXXIX, 15.IV.1950". |
Utilização Inicial
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Residencial: casa |
Utilização Actual
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Residencial: casa residencial e comercial |
Propriedade
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Privada: pessoa singular |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Nicolau Nasoni (elementos escultóricos do jardim); Emile David (arranjo dos jardins) |
Cronologia
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1839, 3 Maio - Escritura de venda do Monte da Pedrinha e Além (sito nas freguesias de Campanhã e Valbom), por D. Eugénia Maria Lima, viúva de Rodrigo Freire de Andrade Pinto de Sousa, a João Allen; 1839, 10 Maio - compra da Quinta da Arcaria (sito na freguesia de Santa Maria de Campanhã), por João Allen à Santa Casa da Misericórdia do Porto, sendo que o produto da venda serviu para reforçar o fundo de curativos dos enfermos do Hospital de Santo António; 1839 - construção da casa; 1869 - aquisição da Quinta de Vila Verde, em hasta pública, por Alberto Allen, filho de João Allen, e sua mulher D. Maria José Rebelo Valente Allen, e anexada a Quinta de Vilar d' Allen; 1873, 15 Junho - aquisição da Quinta da Vessada pela 1ª Viscondessa de Vilar d'Allen a António Peixoto Geraldes e sua mulher D. Rita Roberta Freire de Andrade; 1980 - início do proposta de classificação; 1996, 03 setembro - Despacho de abertura do processo de classificação pelo vice-presidente do IPPAR; 2004, 30 janeiro - proposta da DRPorto de classificação como Imóvel de Interesse Público; 2005, 13 janeiro - parecer favorável à classificação do edifício nesta categoria pelo Conselho Consultivo do IPPAR; 2006, 06 janeiro - Despacho de homologação da Ministra da Cultura. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Alvenaria de granito rebocada e pintada (fachada principal, pavilhão); revestimento com placas de lousa (fachada posterior, trapeiras); granito aparente (torreões, chaminés, platibandas, moldura dos vãos, embasamento, muro e elementos construídos do jardim); estrutura de madeira revestida a telha de barro (cobertura); madeira pintada (caixilharias); soalho de madeira e ladrilhado (pavimentos); tectos de estuque; ferro (grades, estufa); vidro (estufa); fibro cimento (cobertura da estufa). |
Bibliografia
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MARTINS, Pe. A. Tavares, Quintas da Paróquia de Campanhã, in Boletim Cultural da C. M. do Porto, vol. XXXII, Porto, 1969; Campanhã: Estudos Monográficos, Junta de Freguesia de Campanhã e Câmara Municipal do Porto, Porto, 1991; QUARESMA, Maria Clementina de Carvalho, Inventário Artístico de Portugal: Cidade do Porto, Lisboa, 1995; O Espião - Descobrir os segredos da Quinta de Vilar d' Allen, in Público, 28 Fevereiro 2001, p. 41. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN / DSID |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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Observações
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John Francis Allen ou João Allen, recebeu de D. João VI a distinção de Cavaleiro da Ordem da Torre e Espada. Foi um grande coleccionador, tendo sido o proprietário do Museu Allen, Museu Municipal do Porto, na R. da Restauração. A Quinta de Villar d'Allen, foi formada através da aquisição de várias propriedades: a Quinta da Arcaria, o Monte da Pedrinha e de Além, a Quinta de Vila Verde e a Quinta da Vessada. A Quinta da Arcaria, fora legada à Misericórdia em 1838, por testamento de D. Engrácia Roberto Simões, que por sua vez a terá herdado por testamento de Manuel Simões, seu pai, em 24 de Janeiro de 1795. Manuel Simões fundou aí a Fábrica de Atanados em 1785, depois de a ter adquirido, no mesmo ano, a José Luis Ferreira Nobre, que a herdara de seu pai Luís Ferreira Nobre, ao qual o prazo fora feito ou renovado em 20 de Julho de 1720, tendo então sido a Quinta da Arcaria ou Quinta e Fábrica de Atanados desmembrada do Casal ou Quinta de Baixo (Cerca da Arcaria), que teria por sua vez sido desmembrada do casal da Campanhã, sita na Aldeia de Campanhã de Baixo, senhorio do Cabido da Sé do Porto. O Monte da Pedrinha e de Além, era separado da Quinta da Arcaria por um estreito caminho. Estas terras foram em parte foreiras à Câmara do Porto, e aparecem também designadas como Fonte Pedrinha e Arroteia, numa escritura anterior, onde também é referido a existência de dois marcos em granito, um deles nestes terrenos localizado na estrada que vai do Porto para São Cosme, e que tem gravada uma Cruz de Cristo e a data de 1666 e o outro, "dentro do muro do Freixo". Segundo Helder Pacheco existe um marco na estrada que vai para Valbom e que assinala os limites da Campanhã, com a data de 1752. A Quinta de Vila Verde, terras do antigo Casal de Vila Verde, foi em escritura anterior posta à venda após falecimento de D. Ermelinda Ribeiro Rodrigues, viúva do Dr. Guilherme Theodoro Rodrigues, jurisconsulto, sendo que era composta por casas nobres para habitação, casas para lavoura e cortes de gado. A Quinta da Vessada, encontrava-se em grande ruína em consequência da Guerra Civil e do Cerco do Porto, possuia casa e capela com invocação de Sant'Ana, de que apenas restarão quatro colunas, a pia de água benta, dois capitéis e fragmentos de colunas, um nicho, e o chafariz remontado na Quinta de Vilar d' Allen. Inicialmente, a Quinta d'Allen era de veraneio e localizava-se fora da zona urbanizada do Porto. Esta família esteve sempre ligada produção de Vinho do Porto, possuindo vinhas no alto Douro. *1 - Alfredo Allen era filho de JOão Allen e foi 1º Visconde de Vilar d'Allen. A ele se deve enquanto Vereador da Câmara Municipal do Porto o ajardinamento e arborização do Palácio de Cristal. |
Autor e Data
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Isabel Sereno 1996 |
Actualização
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Patrícia Costa 2003 |
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