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Espaço verde Parque
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Descrição
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O terreno ligeiramente inclinado para S., desfrutando de vistas sobre o Rio Douro, possui um quebra abrupta na área do lago. O jardim desenvolve-se suportado por um eixo de 500 m, que se inicia na casa (v.IPA.00006713), colocada no ponto de maior cota, e a partir da qual surgem vários cenários, vencendo um desnível de 33 m. Imediatamente em frente da casa surge um espaço de clareira, claramente desenhado e feito para ser observado da janela. Este é o espaço mais espectacular de todo o parque pela conjugação do seu traçado ortogonal com o explendor da floração das plantas aqui presentes (sálvias e canas indicas vermelhas). Lateralmente à casa surge um outro espaço, mais simples, caracterizado pela horizontalidade dos seus três painéis de relva e rodeado por um bosquete de faias, carvalhos americanos e aveleiras. Paralelamente a este espaço surge a ALAMEDA de liquidambares, que une a entrada principal da propriedade à casa. De acesso a partir da alameda, chega-se ao JARDIM DO RELÓGIO DE SOL, pequeno e intimista, com canteiros rodeados de buxo e circundado por vários Rododendron sp. de grande porte. Este jardim serve de antecâmara para o ROSEIRAL . O ROSEIRAL é suportado por uma grande pérgola, que levaria o visitante ao espaço da HORTA. O ROSEIRAL apresenta um traçado geométrico, onde canteiros com variedades de rosas de épocas distintas têm como limites sebes de buxo podadas. Atravessando o roseiral, chega-se a um pequeno POMAR de citrinos, testemunhando a existência de um grande pomar. O antigo campo de ténis e sala de chá, são espaços utilizados para a realização de actividades de recreio, sendo a casa de chá um espaço especial de estada sob a pérgola de glicínias. Retomando o eixo anteriormente referido, e percebendo como o desnível é vencido, chega-se a um patamar sobre o LAGO romântico, onde é possível perceber o seu desenho orgânico, caminhos de acesso em pedra, pequenas quedas de água típicas do séc. 19. O espaço envolvente é ocupado por BOSQUE de carvalhos, castanheiros e azálias entre outros. Acompanhando a linha de água subterrânea, encontra-se o carvalhal, que liga a antiga horta à QUINTA DO MATA-SETE. Actualmente a quinta é ocupada com prado, para alimentar os animais aqui presentes (bovinos, ovinos e caprinos), e culturas anuais como milho, fundamentais para as acções de Educação Ambiental*2. Encontramos Cupressus sempervirens no jardim central, Cupressus lusitanica junto ao muro de limite da propriedade. É ainda presente alguma vegetação como é o caso da Araucaria excelsior e da colecção de camélias, presentes no intitulado jardim das camélias. |
Acessos
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Rua de Serralves, nº 977, Avenida Marechal Gomes da Costa, Rua Dom João de Castro, Largo Dom João III, Rua Gil Eanes, Rua Bartolomeu Velho, nº 141 e Rua Nuno Pinheiro Torres |
Protecção
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Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 31-G/2012, DR, 1ª série, n.º 252 de 31 dezembro de 2012 / ZEP, Portaria nº 593/99, DR, 2ª série, n.º 133, de 09 junho 1999 *1 |
Enquadramento
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Urbano, isolado. Insere-se na freguesia de Lordelo do Ouro limitada a N. pela Avenida da Boavista e a S. pelo Rio Douro. Implanta-se numa área actualmente muito urbanizada, envolvida a N. pela Rua de Serralves, de traçado rectilíneo. Para O. localiza-se uma zona residencial de luxo e para S. e E. terrenos completamente ocupados por bairros de habitação social. Destaca-se na envolvente pela grande área verde de jardim e zona agrícola incluídas no Parque. |
Descrição Complementar
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"Na Rua de Serralves, a família Cabral possuía uma casa de Verão que veio a ser herdada por Carlos Alberto Cabral, que foi acrescentando terrenos e quintas vizinhos ao património inicial da família. Ainda hoje encontramos vestígios dos jardins aqui existentes ao gosto do fim do séc.. Deste tempo datam algumas das árvores masi notáveis do parque, entre elas algumas araucárias, castanheiros, pinheiros e uma notável colecção de camélias, assim como um grande lago naturalizado e estratégicamente submetido ao grande eixo. Carlos Cabral era viajado, que esteve em Paris por ocasião da Exposição das Artes Decorativas em 1925, onde contactou uma série de artistas. Assim iniciou um profundo projecto de remodelação da casa e jardim que possuia. (...). O Parque desenvolve-se ao longo de um eixo de jogos de água que remata numa enorme taça, após o que há uma queda de nível dramática e, ainda sobre o eixo, encontramos no plano inferior o grande lago. Novamente há uma mudança abrupta de nível e o caminho ao longo do eixo leva-nos até à Quinta do Mata - Sete entre bosques e campos de semeadura. O jardim a poente da casa desenvolve-se num só nível e é rodeado por um bosque. Corre paralelamente a uma alameda de liquidambares que liga a casa à Av. Marechal Gomes da Costa. Num plano ligeiramente inferior e paralelo a esta, encontra-se o roseiral e o ténis que conduzem à horta e ao laranjal. Ao longo da horta corre um novo eixo que acompanha uma linha de água e prossegue ao longo do carvalhal e de uma levada, sobranceira a um lameiro e aos terrenos de semeadura." ANDERSEN, Teresa, O Jardim - ponto de encontro do homem e da Natureza, Porto, 1993, (p. 13). Uma pequena parte dos terrenos que constituem hoje o parque de Serralves, foram herdados de seus pais, todo o restante foi adquirido em parcelas até completar os actuais 18 ha. O inicial objectivo do proprietário era adquirir parcelas até chegar ao rio (cerca de mais 2 Km), no entanto, não chegou a concretizá-lo. A quando da concepção do jardim foi preservado o grande lago romântico, fazendo parte de uma das parcelas adquiridas. "Partindo da casa Serralves estrutura-se ao longo de um eixo com aproximadamente 500 metros, em direcção ao rio Douro. |
Utilização Inicial
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Recreativa: parque |
Utilização Actual
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Recreativa: parque |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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Época Construção
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Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITETO E URBANISTA: Jacques Gréber (1932) |
Cronologia
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1836 - Integração da freguesia de Lordelo do Ouro na cidade; 1864, 12 Dez. - nasce no Porto o 1º Conde de Vizela, Diogo José Cabral; 1869, 18 Out. - nasce no Porto o arquitecto J. Marques da Silva; 1895, 14 Jul. - nasce no Porto o 2º. Conde de Vizela, Carlos Alberto Cabral; 1925 - ida conjunta do 2º. conde de Vizela e J. Marques da Silva à Exposição Internacional das Artes Decorativas e Industriais em Paris e apresentação do 1º Projecto da Casa de Serralves; 1931 - apresentação do projecto da Casa de Serralves; 1932 - Carlos Alberto Cabral inicia a construção da propriedade. Plantas de Jaques Gréber para Serralves; 1940 - concluído o projecto do Parque; 1944, 29 Jun. - efectuado o auto de vistoria da Casa; aquisição pelo industrial textil Delfim Ferreira da propriedade de Serralves; 1947, 6 Jun. - morre o Arq. J. Marques da Silva no Porto; 1957- a propriedade é vendida a Delfim Ferreira; 1986, 30 Out. - O Conselho de Ministros decide a aquisição pela Secretaria de Estado da Cultura da propriedade de Serralves; 1987 / 1988 - realização de obras de restauro do parque; 1994 - Despacho propondo Zona Especial de Protecção; 1996, 06 março - classificação do Casal de Santa Maria como Imóvel de Interesse Público, publicado no Decreto 2/96, DR, 1ª série-B, n.º 56; 2011, 11 de Outubro - publicação do anúncio n.º 14393 referente ao Projeto de Decisão relativo à reclassificação como Monumento Nacional do conjunto edificado e zonas envolventes; 2017 - construção do "pavilhão do lago", concebido por Carlos Azevedo, João Crisóstomo e Luís Sobral, para os jardins; 2018 - atribuição de prémio FAD 2018 à obra do "pavilhão do lago", na categoria Intervenções Efémeras, pelo seu "diálogo poético com a paisagem. |
Dados Técnicos
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Materiais
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INERTES: Granito (construção de muretes e escadas); betão (pérgolas, casa de fresco, carapinhado dos muros). VEGETAL: árvores - cipreste (Cupressus sempervirens), cedro do Busaco (Cupressus lusitanica), araucaria (Araucaria excelsior), caméleira ( Camelia japonica). |
Bibliografia
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ANDRESEN, Teresa, O Jardim - ponto de encontro do homem e da natureza, Porto, 1993, p. 13; ANDRESEN, Teresa, Serralves e l'arte del giardino nel Novecent in "Paradisi ritrovati", Fondazione Benetton, pp. 155 - 160; BEAUJEU-GARNIER, Jacqueline, Geografia Urbana, Lisboa, 1983; BOWE, Patrick, Jardins de Portugal, 1989, pp. 178 - 181; CARDOSO, António, Marques da Silva - Arquitecto (1869 - 1947), (catálogo da exposição), Secção Regional do Norte da Associação dos Arquitectos Portugueses, Porto, 1986; CARDOSO, António e CASTRO, Laura, Retrato de uma época - Comissão de Gestão da Casa de Serralves, Porto, 1988, pp. 52 - 57;Casa de Serralves - Retrato de uma Epoca, Porto, 1988; MARQUES, Teresa Portela, Parque de Serralves - Exemplo de Recuperação e Abertura ao Público de um jardim Histórico, Colóquio de Jardins Históricos de Portugal, um novo producto turístico, Lisboa, 1998; MEDEIROS, Carlos Alberto, Introdução à Geografia de Portugal, Lisboa, 1987; PACHECO, Helder, Porto, Lisboa, 1984; RAPOSO, Francisco Hipólito, Descubral Portugal. Douro Litoral, Ediclube, 1993, pp. 74 - 75; RODRIGUES, Jacinto, Arte, Natureza e a Cidade, 1993, pp. 77: ZUQUETE, Afonso Eduardo Martins, dir., Nobreza de Portugal e do Brasil, 3 volumes, Lisboa, 1961. |
Documentação Gráfica
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Carta de projecto de Jacques Gréber (jardim central e jardim lateral); Carta de levantamento de 1940, fotografias aéreas de 1940, 1954, 1965, 1983, 1994; Levantamento aérofotogramétrico (esc. 1 / 1000) de 1979 |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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1995 / 1997 - realizaram-se algumas intervenções de recuperação da vegetação; 1997 - foram realizadas algumas intervenções de adaptação deste jardim privado ao uso público (restauro de pavimentos, de tanques do jardim central, instalação de rega semi-automática, colocação de bancos e de papeleiras) foi construído um novo jardim de Plantas Aromáticas na quinta do Mata-Sete; actualmente - em plantação está o novo jardim de plantas aromáticas. |
Observações
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*1 - DOF: Casal de Santa Maria (conjunto edificado e zona envolvente), também denominado "Parque de Serralves" ou "Quinta do Riba de Ave" (primitiva Quinta do Conde de Vizela - Carlos Alberto Cabral), que se compõe de habitação principal, jardins anexos, zona rural e casas agrícolas; *2 - Cultural e recreativa: parque aberto ao público, com programas de educação e animação em que a arte e a natureza são as principais vertentes abordadas. |
Autor e Data
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Sónia Francisco 1997 |
Actualização
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Luísa Estadão 2006 |
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