Casa dos Vasconcelos / Solar dos Doutéis e Capela de Nossa Senhora dos Prazeres

IPA.00000698
Portugal, Bragança, Torre de Moncorvo, Torre de Moncorvo
 
Arquitectura residencial, maneirista, barroca e neoclássica. Casa nobre setecentista, de planta rectangular com capela no extremo esquerdo da fachada principal, subordinando-se ao volume e ao friso e cornija que termina a casa. Fachada principal, de três panos, definidos por pilastras toscanas, sendo a casa regularmente rasgada, por vãos rectilíneos, abrindo-se no primeiro piso, portas e janelas de peitoril e no superior, janelas de sacada de verga recta, tendo sobre a porta principal, encimada por cornija recta, uma de sacada com remate em cornija contracurvada. A capela, de planta longitudinal, tem portal maneirista, flanqueado por pilastras jónicas, assentes em plintos, e que suportam entablamento decorado e encimado por frontão interrompido por pinha, sobrepujado por pedra de armas e, sobre a cobertura sineira decorada com elementos do barroco inicial. Interiormente, a capela tem retábulo de talha dourada, barroco, do estilo nacional, de planta recta e um eixo, e o solar com estuques decorativos, já ao gosto neoclássico, mostrando grandes semelhanças com o estuque decorativo do Solar dos Pimentéis (v. PT010409160020), à excepção de um tecto oitavado de caixotão, com decoração em talha dourada, do estilo barroco. Casas nobre com fachada principal formando ângulo, adaptando-se ao perfil do quarteirão e de três panos, um correspondendo à capela, e dois à casa, tendo no menor porta mais larga de acesso às lojas. De tipologia maneirista tardia, caracteriza-se pela sobriedade, sobretudo da ala residencial, interrompida apenas no eixo da entrada principal, onde apresenta cornijas, recta sobre o portal e contracurvada sobre a janela do segundo piso. É no pano da capela que se concentra maior decoração, tendo no portal pilastras com o terço inferior de caneluras distintas, o friso do entablamento decorado com elementos geométricos relevados, o central com data da edificação da capela, encimado pela pedra de armas da família que mandou construir o solar, e coroado por sineira com alguns apontamentos do barroco inicial, como elementos volutados estilizados. O retábulo é já do pleno estilo nacional, com profusa decoração de acantos, pâmpanos, fénices, anjos, querubins, e concha perfeita, tendo ao centro painel pintado, com dossel fingido e lambrequim joanino. A gramática decorativa existente nos estuques do solar, assemelha-se à existente na sala da música do Solar dos Pimentéis (v. PT010409160020) e na sala das quatro estações do Solar dos Tenreiros (v. PT010409160158), assim como a iconografia, que também aparece na Casa do Sr. Leopoldo Henriques, levando Liliana Pereira a pensar na possibilidade do estucador ter sido o mesmo nas várias casas.
Número IPA Antigo: PT010409160008
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo casa comprida

Descrição

Planta rectangular, composta por ala residencial desenvolvida no sentido N. - S. e capela longitudinal integrada no extremo N., desenvolvidas horizontalmente, com cobertura, em telhado de quatro águas, de telha de canudo. Fachada principal virada a O., em alvenaria rebocada e pintada de branco, de três panos, definidos por pilastras toscanas, correspondendo um à capela e os outros dois à ala residencial, de dois pisos, sendo percorrida por embasamento de cantaria de granito, e terminada em friso e cornija sobreposta por beiral. Ala residencial rasgada regularmente por vãos sobrepostos, com molduras simples, em cantaria de granito. No pano da esquerda, mais estreito, abre-se portal de verga recta sobrepujado por janela de sacada, com guarda em ferro forjado; no pano seguinte, formando curvatura côncava, abrem-se no primeiro piso, portas de verga recta, uma delas encimada por cornija, e janelas de peitoril e, no segundo, cinco janelas de sacada, com guarda em ferro decorada, tendo a que sobrepuja a porta principal cornija contracurvada. O pano da capela apresenta portal de verga recta, flanqueado por duas pilastras jónicas, sobre plintos, que suportam o entablamento, com friso decorado com triglifos, nos extremos, e motivos geométricos, o central com inscrição de 1714, e frontão triangular interrompido por pinha sobre pináculo. Encima o portal, pedra de armas dos Gouveia (Melos e Castros) e Vasconcelos e, sobre a cobertura, sineira de arco em volta perfeita sobre pilares, decorada com volutas, rematada por cruz latina, em cantaria de granito. INTERIOR com pavimento no primeiro piso em granito, e tectos do segundo em estuque decorativo, com elementos florais estilizados, dedicados às quatro estações, e tecto de madeira, octogonal, de apainelados, tendo ao centro florão em talha dourada, decorado com corda em círculo e enrolamentos de volutas. CAPELA de planta rectangular, de nave única, em alvenaria rebocada e pintada de branco, com embasamento, em cantaria de granito, pavimento em lajes de granito, e tecto de madeira, em falsa abóbada de berço, formando caixotões com molduras simples, em talha, tendo florões nos encontros, e painéis pintados, com concheados deformados e irregulares. No topo da nave, do lado do Evangelho, abre-se janela rectangular. Sobre supedâneo surge retábulo dedicado a Nossa Senhora dos Prazeres, em talha dourada e policroma, de planta recta, e um eixo, delimitado por seis colunas torsas, profusamente decoradas com pâmpanos, fénices e anjos, de capitéis coríntios, e duas pilastras ornadas de acantos e florões, assentes em consolas e plintos, alternados, decorados com acantos e querubins, flanqueado por orelhas. Ao centro abre-se nicho em arco de volta perfeita, com fundo apainelado pintado, com falso docel, enquadrado pela inscrição: CONSOLATIONES TUAE LAETIFICAVERUNT ANIMAM MEAM P.S. 93 V. 19, albergando mísula em talha dourada, com profusa decoração de acantos, com imaginária; sobre o entablamento, com friso decorado de acantos e querubins, desenvolve-se o ático, composto de quatro arquivoltas, três delas torsas, ornadas de acantos e florões, unidas no sentido do raio. Sotobanco com quarteirões laterais e largos plintos decorados com acantos. Altar paralelepípedo.

Acessos

Torre de Moncorvo, Rua Nova

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 95/78, DR, 1.ª série, n.º 210 de 12 setembro 1978 (Capela de Nossa Senhora dos Prazeres)

Enquadramento

Urbano, flanqueado, integrado na zona medieval da vila, na proximidade da principal praça da mesma.

Descrição Complementar

ESTUQUE: Tecto de uma sala com medalhão central oval, em estuque, com decoração geométrica, formando oito raios; uma outra sala tem tecto em estuque, com medalhão oval, de delicados enrolamentos vegetalistas e vasos de flores, ao centro e nas extremidades, e quatro medalhões ovais, dispostos em cruz, junto da cercadura, onde se inserem figuras, do tipo camafeus clássicos, sobre fundo negro, alusivas: à Primavera, com flores na cabeça; ao Verão, com espigas; ao Outono, com uvas, estas apresentando vestes cremes e pele escura; e a que representa o Inverno, coberta com um manto creme, e de pele branca. A cercadura e os cantos têm o mesmo tipo de decoração vegetalista, com ramos, flores e espigas. Uma terceira sala tem tecto com apontamento decorativo em estuque, representando dois corações amarrados com laçaria. HERÁLDICA: na fachada principal, o escudo é partido, representando no primeiro as armas dos Gouveia: partido, tendo no primeiro os Melos: de vermelho, com dobre-cruz de ouro, acompanhada de seis besantes de prata, e bordadura do segundo esmalte; e no segundo as dos Castros: de prata, com seis arruelas de azul 2, 2 e 2; e o segundo do partido as armas dos Vasconcelos: de negro, com três faixas veiradas de prata e de vermelho. O escudo, coroado pelo timbre dos Melos, uma águia estendida de negro, besantada de prata, insere-se em cartela com enrolamentos, rematada inferiormente por pingente e enrolamentos com flor-de-lis.

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 18, início - construção do solar pelos Vasconcelos; 1714 - data inscrita sobre o portal da capela; séc. 19 - nela habitou o capitão do Regimento de Cavalaria 6, Bernardo Tomás da Gouveia e Vasconcelos, que se destacou na luta contra os franceses, em Trás-os-Montes; séc. 20 - aqui funcionou aqui a primeira sede do Club Moncorvense, na altura em que era proprietária D. Josefa de Vasconcelos.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Alvenaria rebocada e pintada; pilastras, embasamento, molduras de vãos, friso e cornija, sineira e pavimento interior em cantaria de granito; portas e tectos de madeira, entalhada ou pintada, e em estuque decorativo na casa; retábulo-mor em talha dourada; cobertura em telha de canudo.

Bibliografia

ALVES, Francisco Manuel, Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, vol. 7, Bragança, 1981, p. 770; ANDRADE, António Júlio, Torre de Moncorvo - Notas Toponímicas, Torre de Moncorvo, 1991; AZEVEDO, José Correia de, Brasões e Casas Brasonadas do Douro, vol. 1, Lamego, 1974, p. 304; PEREIRA, Liliana Maria Ferreira Figueiredo, Estuques no Espaço Doméstico - Contributos para Um Itinerário na Arquitectura Rústica e Nobre do Norte de Portugal, com particular Incidência no Douro Superior. Estudo de uma peça. O Solar dos Pimentéis, em Torre de Moncorvo, 2 Volumes, Lisboa, (dissertação de Mestrado em História da Arte da Universidade Lusíada), Universidade Lusíada, 2003.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN:DSID

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

Ernesto Jana 1994 / Sandra Alves 2006

Actualização

 
 
 
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