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Conjunto arquitetónico Edifício e estrutura Residencial unifamiliar Quinta
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Descrição
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Amplo terreiro, limitado por um lado pelos edifícios baixos do assento de lavoura e do outro, por muro simples caiado onde se encontra portão de entrada na quinta. Este, brasonado e com arco de pedra, abre-se para grande pátio empedrado com fonte de quatro bicas no centro. No pátio seguinte encontra-se fonte de mármore que lhe confere frescura e elegância. Só depois deste percurso se chega a outro portão, este de ferro forjado. Do lado direito encontra-se muro coberto de hera que define a entrada no primeiro jardim; em frente, o segundo, surge a cota inferior depois de tanque rectangular, fundo e de pedra, de grande qualidade, com fonte no mesmo material e estatuária imponente para a região, enquadrada por duas palmeiras centenárias, e seguindo o eixo da fachada da casa principal. Este jardim é formal de pequenas sebes de buxo em topiária que desenham canteiros coloridos por amores-perfeitos, roseiras e outras herbáceas anuais. Estrategicamente colocadas segundo os eixos do jardim, estão colocadas seis estátuas barrocas, sobre pedestais em alvenaria pintada a branco sobre ocre, cores tradicionais na região. Estas representam figuras mitológicas como Astreia, filha de Júpiter, ou o gigante Astreu. Pérgola de boganvílias e glicínias ladeia o jardim. Onde esta culmina, começa o parque. A riqueza em água na propriedade manifesta-se pela quantidade e variedade de elementos construídos, como tanques, caleiras que estruturam e ainda alimentam pomar de citrinos, poço, lagos, nora e fontes. Também a vegetação manifesta esta abundância pela cor e frondosidade, razão pela qual se mantém o buxo que existe desde o séc. 16. Existe fonte, já no parque*1, com quatro imponentes colunas, seguindo a linguagem da alvenaria com a mesma escolha cromática que confere unidade na quinta. Ao longo do parque identifica-se a área de produção, mata e laranjal, desenhada em talhões geométricos onde há pontuações de bancos e banquetes em alvenaria com o mesmo desenho branco sobre ocre, onde os utentes descansam sob sombras, protegendo-se do sol alentejano. Sob efeito de surpresa, porque escondida entre os altos buxos, abre-se enorme clareira, quase toda preenchida por lago redondo, centrado por estatueta em pedra híbrida de peixe e sereia. Os bancos dão àquele lugar uma identidade de espaço de estadia, com frescura particular e ambiente calmo dado pela água. A separar este lugar do talhão do laranjal existe casa de fresco em arcos, com quatro entradas, também em alvenaria caiada a branco e ocre, iluminando-se entre o arvoredo, todo ele autóctone, escuro e denso. Talhões são definidos por altos e densos buxos seculares que intercalam com latadas, e dão acesso ao final da propriedade entre muros, contrastando com a área mais recente, complexo da piscina e campos de tenis, com vista para montado e olival. |
Acessos
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Estrada em terra batida e pedregosa a 7 Km de Elvas, na estrada para Barbacena (A 3 Km da Auto-Estrada A6, saída 10) |
Protecção
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Inexistente |
Enquadramento
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Vinha e olival intercalados por montado de sobro com pastagens de gado e culturas de trigo em grande extensão, pontuados por outros montes alentejanos. O arvoredo diferenciado indica a proximidade da casa e do jardim. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Residencial: quinta |
Utilização Actual
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Comercial e turística: casa de turismo de habitação |
Propriedade
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Privada |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 16 / 17 / 18 / 19 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Guilherme Luís António de Vallaré (fonte). |
Cronologia
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Sec. 16 - plantação de plantas que ainda hoje existem, como buxo; 1668 - primeiro dono que se conhece da quinta, Luíz Correia de Carvalho. Seu filho, António Correia de Figueiredo, herdou-a e vendeu-a a João Rodrigues de Oliveira e sua mulher, D. Catharina Pereira da Silva; 1715 - construção da capela; 1779 - edificação da fonte em homenagem a Bernardo Xavier de Barbosa Sacchetti, construída por Guilherme Luís António de Vallaré, construtor do forte da Graça; Sec 19 - propriedade de João António de Siqueira, responsável pela aquisição da fonte da entrada e pelas estátuas barrocas no jardim; 1908 - aquisição da quinta por Manuel Joaquim Gonçalves e mantém-se na mesma família até hoje. Francisco Tello Rasquilha, regente agrícola, passa a gerir a quinta, modernizando-a e transformando as charnecas em terra fértil, e desenvolveu um sistema de aproveitamento de água, abundante nesta propriedade; 1930 - construção do jardim moderno que substitui parte do laranjal, pelo avô do proprietário; 1995 - transformação em estalagem, pelos irmãos Tello Abreu; 2006, Janeiro - aquisição da quinta pelo Eng. Marco Santos; |
Dados Técnicos
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Sistema de rega em caleiras de tijolo burro. |
Materiais
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Inerte: tijoleira, pedra mármore, alvenaria, tijolo-burro; vegetal: glicinia (Wisteria sinensis), agapantos (Agapanthus africanus), alfazema (Lavandula officinalis), ameixoeira-dos-jardins (Prunus cerasifera), buganvília (Bougainvillea spectabilis), buxo (Buxus sempervirens), cipreste (Cupressus sempervirens), couves-de-nossa-senhora (Bergenia crassifolia), crisântemos (Dendranthema x grandiflorum), escalonia (Escalonia rubra), evonio-dos-jardins (Euonymus japonicus), hera (Hedera helix), hibisco (Hibiscus rosasinensis), hortênsia (Hydrangea macrophylla), lantana (Lantana camara, Lantana aurea), laranjeiro Citrus sinensis), limoeiro (Citrus limon), loureiro (Laurus nobilis), palmeira (Phoenix canariensis), Roseira brava (Rosa canina) sardinheira (Pellargonium sp), sobreiro (Quercus suber), Videira (Vitis vinifera), Rosa galica (Rosa gallica), oliveira (Olea europea), pimenteira-bastarda (Schinus mollis), loendro (Nerum oleander), cedro-do-líbano (Cedrus libani), pinheiro-manso (Pinus pinea), aloe (Aloe vera), figueira (Ficus carica). |
Bibliografia
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CARITA, Helder, HOMEM CARDOSO, António, Tratado da Grandeza dos Jardins em Portugal, ou da Originalidade e Desaires desta Arte, Círculo de Leitores, Lisboa, 1990; LAMAS, A.M., História da Quinta de Santo António, Elvas, 1997; CASTEL-BRANCO, Cristina, Jardins com História, Poesia Atrás dos Muros, Edições INAPA, Lisboa, 2002; www.quintastoantonio.com, 2004. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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Obras de restauro e conservação aquando a transformação da quinta em estalagem. |
Observações
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A fonte das quatro bicas foi a segunda a jorrar água após a conclusão do Aqueduto da Amoreira, em 1622; "D. Carlos veio à Herdade da Amoreira caçar, quando em 1874 ficava no seu palácio de Vila Viçosa" (LAMAS, 1997). |
Autor e Data
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Luísa Estadão 2004 |
Actualização
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