Farol do Cabo Espichel
| IPA.00016891 |
Portugal, Setúbal, Sesimbra, Sesimbra (Castelo) |
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Arquitectura de comunicações. Edifício para equipamento de assistência à navegação marítima e habitação de função. Torre de farol de planta hexagonal, com 32 m. de altura, ladeada a N. e S. por edifícios simétricos de 1 piso de planta rectangular, correspondentes, a S. à Casa dos Motores, Casa do Rádio-farol e oficina e a N. um depósito de combustível e casa do Faroleiro Chefe. O equilíbrio das proporções e a simetria do desenho, conferem a este farol uma condição de unidade arquitectónica pura. A torre do farol apresenta 4 pisos, com alambor. A articulação interior faz-se através de corredores em arco, convergindo para um pequeno vestíbulo onde uma escada em caracol, de pedra, de acesso à lanterna do farol, se desenvolve ao longo do corpo da torre, com paramentos rebocados e pintados, rasgados por vãos quadrangulares de iluminação com molduras em cantaria, formando junto de alguns desses vãos um patamar; a estrutura central da torre, que funciona como eixo da escadaria, é rasgada longitudinalmente nos dois últimos pisos por vão onde corre o pêndulo da máquina de relojoaria. Farol construído segundo a tradição projectual das escolas de engenharia oitocentistas, onde domina o espírito racionalista, de que resulta a clareza de organização da planta, a sobriedade e solidez geral da construção e a adopção de um esquema clássico de composição que coloca o farol ao centro dos dois volumes anexos, de forma destacada, tal como acontece com outros faróis da época. O sistema de iluminação é feito por óptica em cristal, direccional rotativa, de luz branca atingindo uma altitude de 168 m. |
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Número IPA Antigo: PT031511010038 |
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Registo visualizado 5731 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Comunicações Farol
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Descrição
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Conjunto totalmente vedado por muro em alvenaria, é composto pelo edifício da torre, dependências de inspecção, residência dos faroleiros, casa do forno(antiga casa da forja) e serviços de apoio (lavadouro, garagens); frente à fachada principal um amplo espaço onde foram construídas as cisternas que alimentam todos os edifícios. EDIFICIO DA TORRE DO FAROL: Planta composta por torre hexagonal ladeada por dois corpos rectangulares de um piso, adossados a N. e S.; massas evoluindo na horizontal nos corpos laterais, e de grande verticalidade para a torre; cobertura homogénea em telhado de duas águas nos corpos laterais, em terraço na torre e cúpula na lanterna do farol. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com embasamento saliente, cunhais e remates de cantaria. Fachada principal virada a E., dividida em três panos, o central correspondente à torre e os laterais aos serviços de apoio e casa do chefe, delimitados por cunhais. Corpos laterais abertos por uma porta e quatro janelas, em cada um, de moldura rectangular simples em cantaria; remate em platibanda que assenta em friso saliente de cantaria. Corpo central formando alambor, de quatro pisos, definidos por friso saliente, com falso embasamento no 3º piso, de panos definidos por cunhais salientes, em perpeanho; o primeiro piso totalmente forrado de cantaria em aparelho rusticado, rasgado por porta rectangular inserida em moldura de arco alteado, formando bandeira, com remate recortado e pedra de fecho saliente, sobre o qual se evidencia, já no 2º piso, o escudo nacional, entre concheados, com abertura para o suporte do pau de bandeira; apenso no paramento duas placas, à esquerda em cantaria com a inscrição "PATRIMÓNIO NACIONAL" e à direita registo azulejar policromo, com a identificação do local: "FAROL / DO / CABO ESPICHEL". Três janelas, com capialço, quadrangulares emolduradas a cantaria rasgam-se em cada um dos pisos superiores. Remate em cornija e friso saliente assente em consolas suportando o terraço com guarda plena em cantaria, ao centro do qual se ergue a lanterna do farol, de planta circular, com corpo em ferro e vidro e cobertura em cúpula rematada por platibanda decorada, com cabeças de leão em todos os ângulos do hexágono e firmada por elemento esférico com cata-vento. Fachadas laterais em empena, com vértice truncado, abertas por 2 janelas a S. e 3 a N., de perfil quadrangular emolduradas a cantaria; corpo da torre de panos cegos. Fachada posterior de 3 panos correspondendo aos dois corpos laterais abertos por 2 portas e 3 janelas, e à torre, com paramentos de tratamento semelhante ao da fachada principal. Todas as janelas tem caixilharia de madeira com vidro. INTERIOR: planta organizada segundo três eixos de simetria, dois transversais com acesso à oficina, casa dos motores e gabinetes, do lado direito, ao depósito de material e combustível e à casa do chefe à esquerda, e um longitudinal de acesso aos exteriores e a todas as dependências, com pequeno átrio central de acesso às escadas da torre que ligam à lanterna do farol; as paredes são rebocadas e pintadas de branco, tendo no corredor central um silhar em corticite com pavimentos em cantaria, cimento e corticite e os tectos são planos nas salas e em abóbada no corpo da torre onde se localizam os corredores de ligação. A torre com escadas em cantaria que se desenvolvem ao longo das paredes exteriores tendo por eixo um corpo central em alvenaria rebocada e pintada, apresenta vários patamares com vãos rectangulares de iluminação com pavimento em cantaria; a alguns dos vãos acede-se através de altos degraus; no topo da torre abrem-se dois vãos circulares, sem protecção, servindo de respiradouros. O último patamar liga-nos à antecâmara que tem acesso ao terraço da torre por porta rectangular, pintada a vermelho no exterior e a amarelo no interior. A antecâmara, de planta circular, com armários embutidos, totalmente pintados de amarelo, tem ao centro o pedestal, pintado a verde, de suporte do aparelho óptico e em cuja mesa assenta também a máquina de relojoaria. Ao longo de dois pisos, o eixo da torre é cortado por vão dentro do qual corre o sistema do pêndulo da máquina de relojoaria, encontrando-se fechado por portadas de madeira pintadas a castanho. Pequena escada transporta-nos à lanterna totalmente coberta por vidros e que tem ao centro o aparelho iluminante rodeado por pequeno passadiço. Um dos vidros da lanterna abre-se para dar acesso ao varandim exterior do corpo da lanterna totalmente protegida por guarda em ferro pintado de vermelho. HABITAÇÃO DOS FAROLEIROS E CASA DA INSPECÇÃO: casas em banda, localizadas na fachada posterior do farol, de planta longitudinal simples de um piso, com massa de acentuada horizontalidade, com fachadas rebocadas e pintadas de branco, embasamento em cantaria e remates em friso e platibanda e coberturas homogéneas em telhados de duas águas com marcação exterior das divisões internas; fachada principal com 5 portas e oito janelas; fachada lateral esquerda com remate em empena truncada no vértice e rasgada por um janela e lateral direita cega de igual remate; fachada posterior com 4 portas e 7 janelas. INTERIOR: dividido em quatro casas para faroleiros e a casa da inspecção: As casas dos faroleiros tem 3 quartos, cozinha, dispensa e um WC. A casa da inspecção, localizada à esquerda, um quarto e escritório. Junto ao muro que delimita as construções, a O., erguem-se duas MORADIAS DE FAROLEIROS, geminadas, de planta rectangular simples, de um piso e cobertura homogénea em telhados de duas águas; fachadas rebocadas e pintadas de branco, com embasamento e remate em friso e beiral; fachada principal rasgada por duas portas e quatro janelas, de moldura rectangular, marcadas por friso superior e inferiormente; fachada lateral esquerda em empena aberta por uma janela simples. Um pequeno lanço de escadas dá acesso à fachada posterior aberta por quatro janelas e duas portas. INTERIOR: composto por duas habitações com dois quartos, sala de jantar, cozinha e WC. A O. junto ao portão de serviço, situam-se os tanques de lavar, em cantaria e com canalização ligada aos tanques. Todas as habitações são rodeadas por passeios em calçada à portuguesa. |
Acessos
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Sesimbra (Castelo), EN 379, Cabo Espichel - Azóia |
Protecção
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Inexistente |
Enquadramento
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Marítimo, isolado, a uma altitude de 168m, destacado, num terreno plano a E. do Cabo Espichel, de coberto vegetal rasteiro, com percursos culturais organizados pelo ICN. O acesso é feito através de estrada de terra batida, no final da EN 379, com entrada delimitada por dois pilares em cantaria com remate em fogaréu sobre acrotério, à direita, encontrando-se o da esquerda caído no terreno. Delimita a zona de construções do farol e estruturas de apoio, um muro, escalonado a S. e O., baixo em alvenaria, rasgado do lado da fachada principal, a E., por portão em ferro forjado simples, com a identificação do local "FAROL C. ESPICHEL", entre dois pilares em cantaria com remate em pináculos de bola e a N. outra entrada igualmente vedada por portão, para acesso de viaturas, com as iniciais "F C E". A pouca distância, do lado N., marca a paisagem a mole construtiva do Santuário de Nossa Senhora do Cabo (v. PT031511010003). A SO. do Farol, fora da zona vedada, encontram-se várias estruturas construídas, pertencentes igualmente ao farol, onde esteve colocado o radifarol e o sistema de alarme à navegação, accionado por motores a vapor que moviam os geradores que forneciam energia eléctrica ao farol. Neste local encontram-se ainda vestígios do antigo polígono de tiro do grupo nº 2 de escolas da armada. |
Descrição Complementar
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No terreiro fronteiro à fachada principal encontram-se os dois tanques com capacidade para 75 m3 de água, cada. Estes tanques estão sobre as cisternas de onde partiam todas as canalizações, sendo a sua água utilizada actualmente para regar as hortas e jardins. |
Utilização Inicial
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Comunicações: farol |
Utilização Actual
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Comunicações: farol |
Propriedade
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Pública: Estatal |
Afectação
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MDN: Direcção de Faróis |
Época Construção
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Séc. 18 / 19 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Barbier Bénard & Turenne (construção da lanterna do Farol) |
Cronologia
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1758 - Marquês de Pombal manda publicar um alvará com força de lei, passando os faróis a ser uma organização oficial, competindo a responsabilidade da sua instalação à Junta de Comércio; são mandados construir seis faróis, dos quais só se viriam a concretizar 5 ( Nossa Senhora da Guia(1761) v. PT031105030094, Cabo da Roca, (1772), v. PT031111050276, Forte de São Julião da Barra, Farol de São Julião v. PT031110040004, Torre de São Lourenço / Torre do Bugio, Farol do Bugio v. PT031110040005 e o da Serra da Arrábida, (1775); 1790 - construção do farol, situado a 600 metros do Santuário do Cabo Espichel; 1812 - primeira referência pormenorizada sobre o equipamento, referida num roteiro da costa, considerando o edifício "muito distinto e separado, elevado a 620 pés, que pode avistar-se na distância de 30 milhas" (in Revista da Armada); da mesma data outra referência dá-nos uma informação contraditória (*1); 1817, 1846 e 1848 - datas em que o farol terá sido reformado; 1835 - o serviço de faróis passa para a dependência do Ministério da Fazenda, sendo seu Director Gaudêncio Fontana que cria uma oficina para a construção e reparação de aparelhos ópticos, a funcionar no Jardim do Tabaco em Lisboa; 1852 - o serviço de faróis transita para o Ministério das Obras Públicas; 1864 - é nomeada uma comissão presidida pelo engenheiro hidrógrafo Francisco Maria Pereira da Silva para estudar a passagem do Serviço de faróis para o Ministério da Marinha; 1865 - o Almirante Pereira da Silva, primeiro oficial da Marinha a assumir a responsabilidade pelo serviço de faróis, fez a descrição do farol (*2); 1865, até - a luz do farol era alimentada por azeite; 1866, 27 de Janeiro - é criado um projecto geral de farolagem, de autoria do Almirante Pereira da Silva; 1866 - passou a ser utilizada a incandescência pelo vapor do petróleo; 1868 - o serviço de faróis passa de novo para a gestão do Ministério das Obras Públicas, tendo sido criada a Direcção Geral de Telégrafos e Faróis; 1880 - fusão da Direcção dos Telégrafos com a dos Correios, resultando na Direcção Geral dos Correios, Telégrafos e Faróis; 1881 - nomeação de uma Comissão de Faróis e Balizas, presidida pelo Director-Geral dos Correios, Telégrafos e Faróis, Guilhermino Augusto de Barros, tendo por encargo a elaboração de um novo plano de farolagem das costas, portos e barras do Continente; 1883 - aprovação do Plano Geral de Alumiamento e Balizagem do Continente, que previa a substituição do aparelho catóptrico fixo por um aparelho óptico de primeira ordem; 1885, 30 Abril - é aprovado o projecto de reedificação do farol, pela Comissão de Faróis e Balizas; 1886, 30 de Maio - o farol passou a funcionar com uma nova lanterna, um aparelho iluminante de primeira ordem (920 mm de distância focal) rotativo com quatro clarões, uma máquina de relojoaria para a rotação e um aparelho iluminante utilizando a incandescência pelo vapor de petróleo. Foi também dotado de um sinal sonoro, junto à falésia, que seria substituído por uma sereia a ar comprimido em 1925; 1892 - separação definitiva dos Faróis da Direcção Geral dos Correios, Telégrafos e Faróis, tendo sido atribuída à Marinha a responsabilidade pela manutenção de uma rede de faróis na costa portuguesa; 1900, c. de - o corpo do edifício anexo à torre foi aumentado para ambos os lados; 1892 / 1906 - são criados 39 novos faróis e reformados 3; 1902 - criação de uma comissão para modernização do equipamento dos faróis; 1899, 01 janeiro - portaria determina a realização de obras no farol; 1924 - foi criada a Direcção de Faróis; 1926 - foram montados os geradores para a electrificação do farol; 1941 - instalação do nvo sistema de luzes pela firma Barbier Bénard & Turenne - Paris - France, segundo placa fixa à estrutura da base óptica; 1943 - no exterior da torre uma placa com a inscrição: "OFERECIDO PELO SR. MARTIN SAIN, INAUGURADA EM 30-09"; 1947 - foi instalado, em substituição do anterior, o actual aparelho óptico, aparelho aeromarítimo com 300 mm de distância focal, que desde 1940 estava instalado no farol do Cabo da Roca e construído pela empresa francesa Barbier Bénard & Turenne; 1948 - foi instalado um transmissor de MF constituindo um radiofarol; 1950 - construção de duas habitações para faroleiros, pela Direcção de Farois; 1953 - modernização do radiofarol; 1962 - substituição da lâmpada de 2400 Watts, alimentada a 100 Volts, por uma de 3000 e alimentada a 100; 1977 - a Direcção de Faróis iniciou o programa de automatização de faróis; 1980 - ligação à rede pública de energia eléctrica, passando a funcionar com uma lâmpada de 1000 Watts, alimentada a 120 Volts; 1981 - substituição do radiofarol por um equipamento moderno de produção nacional; 1989 - o farol foi automatizado com sistema modelo DF e instalado um novo sinal sonoro; 2001 - extintos todos os radiofaróis por deixarem de ter interesse para a navegação. |
Dados Técnicos
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Paredes portantes |
Materiais
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Alvenaria de pedra e tijolo na estrutura; coberturas exteriores em telha cerâmica e placas de fibrocimento nos telhados; ferro nas guardas e na estrutura que encima o farol; molduras dos vãos, cunhais, cornijas, embasamento, escadas e varanda do farol em cantaria; pavimentos em cantaria, corticite, cimento e madeira; portadas, caixilhos e bandeiras de madeira e vidro; lavadouros em cantaria. |
Bibliografia
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SILVA, Francisco Maria Pereira da, Pharoes, Marcas Maritimas, Estações Semaphoricas e Postos Meteorologicos em Portugal, Imprensa Nacional, Lisboa, 1872; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1950, Lisboa, 1951; Lista de Faróis, Bóias Luminosas, Radiofarois, (...), Direcção de Faróis, Lisboa, 1955; Direcção de Faróis, Faróis de Portugal, Lisboa, 1987; VILHENA, João Francisco, LOURO, Maria Regina, Faróis de Portugal, Lisboa, 1995; AGUILAR, J. Teixeira, NASCIMENTO, José Carlos, SANTANDREU, Roberto, Onde a Terra Acaba, História dos Faróis Portugueses, Lisboa, 1998; Farol do Cabo Espichel (6): Os Faróis de Portugal na Revista da Armada, in Revista da Armada, s.l., 2006. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN / DSARH, DGEMN / DRELisboa/DRC, DGEMN / DRELisboa/DEM, DGEMN / DRELisboa/DIE; Direcção de Faróis |
Documentação Fotográfica
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IHRU: SIPA, DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DESA, DGEMN/DSARH, DGEMN/DSREL; Direcção de Faróis; DGLAB: Ministério das Obras Públicas, Caixa 443, Processo n.º 1 |
Intervenção Realizada
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DF: 1886 - substituição do sistema de iluminação por um aparelho iluminante de primeira ordem rotativo com quatro clarões, uma máquina de relojoaria para a rotação e um aparelho iluminante utilizando a incandescência pelo vapor do petróleo; colocação de um sino actuado por um mecanismo de relojoaria, como sinal sonoro junto à falésia; 1899, 20 setembro - informação de Arnaout de Meneses de que está concluída a obra de reparação do farol do Cabo de Espichel, na qual se despendeu 1:300$445; 1900 - obras de alargamento dos corpos dos edifícios adossados à torre; 1926 - obras para electrificação do farol; 1925 - substituição do sino por uma sereia a ar comprimido; 1926 - montados geradores para a electrificação do farol; DGEMN: 1947 - construção de uma moradia geminada para dois faroleiros do Cabo Espichel; instalação eléctrica e colocação do actual aparelho óptico; 1950 - construção de residências para os faroleiros; 1951, 15 de Fevereiro - levantamento gráfico do farol e dependências; DF: 1981 - reparação de coberturas e trabalhos diversos; reparação da instalação eléctrica do farol e das residências; 1982 - intervenção na habitação do Chefe; 1984 - reparação da instalação eléctrica com instalação do quadro geral de baixa tensão; trabalhos diversos; 2008 - obras gerais de manutenção e reparações diversas; pinturas interiores e exteriores. |
Observações
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Segundo alguns registos, antes do actual farol, existiria uma espécie de farolim, edificado pela irmandade de Nossa Senhora do Cabo. O seu alcance luminoso é de 26 milhas e a respectiva Característica compõe-se de relâmpagos brancos simples, com um período de quatro segundos. *1 - Os autores João Vilhena e Regina Louro, citando Mariano Miguel Franzini, autor do "Roteiro das Costas de Portugal ou Instruções Náuticas para Intelligencia e Uso da Carta Reduzida da Mesma Costa e dos Planos Particulares dos seus Principais Portos", 1812, onde refer, entre outros, o farol do Cabo Espichel, e nos diz que "a antiga construção dos mesmos os torna quase inúteis e em algumas circunstâncias mesmo prejudiciais, não se avistando às vezes a mais de 2 milhas de distância, confundindo-se sempre com outra qualquer luz da terra ou do mar".; *2 - "A Luz d'este pharol é fixa e branca produzida por dezassete candieiros de Argant com reflectores parabolicos, distribuidos na respectiva árvore em tres ordens horisontaes, formando um sector iluminado de 260º, com seis candieiros na primeira ordem, cinco na segunda e seis na terceira tendo um alcance de 13 milhas. A lanterna que abriga o apparelho tem 6m,80 de altura com seis faces de 1m,30 cada uma de largo. A cúpula tem uma chaminé no vértice que se dá suficiente tiragem ao fumo; mas faltam-lhe em roda tubos para ventilação, e não tem pára-raios. O edifício em que assenta a lanterna é uma torre hexagonal formada de três corpos construídos de grossas paredes de alvenaria, que apresentam talude no primeiro corpo inferior; sendo verticais as dos dois que lhe succedem, e arrematando com cimalha e varanda de cantaria, elevando-se dentro desta um sócco que sustenta a dita lanterna. Os cunhaes também são de cantaria. A altura de todo o edifício desde a base da torre até ao vértice da lanterna é de 30m,70. (...). Em roda e ligado ao primeiro corpo d'este pharol há um edifício com telhado e que tem por base um rectangulo de 22m,80 por 10m,72 com quatro casas para residencia do pharoleiro e deposito de azeite com tres tanques de pedra, que podem receber 100 almudes ou 1695 litros de azeite. Todo este edifício é circundado de um muro de vedação com uma cancella de ferro para o lado do nascente. N'este pharol há relógio para regular o serviço. (...). Para o serviço deste pharol ha só um pharoleiro, que tem um homem a quem paga para o coadjuvar, o que bem mostra a necessidade de haver ali mais outro pharoleiro para se alternarem n'aquele serviço, principalmente de noite." |
Autor e Data
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Cecília Matias 2008 |
Actualização
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