Dossiê: Vila Real de Santo António, “cidade ideal”
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Dezembro 2009, 24x32cm, 184 pp. (<2Kg.)
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A paisagem de Vila Real de Santo António. Dos areais da orla às vertentes da serra
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Miguel Reimão Costa
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Implantada junto à foz do rio Guadiana, Vila Real de Santo António marca, em posição excêntrica, uma paisagem diversificada, em alguns momentos agreste, sujeita às cheias e ao regime das marés, aos ventos sobre as dunas e aos trajetos dos esteiros. A caracterização desta paisagem passa pela consideração integrada daquelas que constituem as suas diferentes subunidades desde a orla costeira do pinhal de Monte Gordo e do sítio das Hortas, passando pela planície dos sapais, dos esteiros e das salinas, até às vertentes da serra do Caldeirão que conformam o seu limite a norte.
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“Cidades da razão”: Vila Real de Santo António e arredores
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Walter Rossa
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Conjugando uma série de genealogias ideológicas, formais e metodológicas, Vila Real de Santo António foi a concretização de uma cidade ideal, utópica. Tem assim excecional valor e vasta inserção cultural, que potenciam o acionamento de redes vocacionadas para a salvaguarda, divulgação e desenvolvimento integrados e racionais dos seus património e comunidades. Neste texto pretendo estimular e contribuir para a reflexão sobre essas potencialidades.
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Vila Real de Santo António: reabilitação do edificado e do espaço público
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Teresa Valente e Vítor Ribeiro
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Face à realidade de Vila Real de Santo António, onde a identidade, ao contrário de outros núcleos históricos, se firma num conjunto áulico e intempore e não no resultado da sobreposição e sedimentação históricas, pretendeu-se refletir sobre a articulação possível entre os processos de planeamento e gestão urbanística existentes — e/ou, muitas vezes, os únicos possíveis — e a valorização e salvaguarda do património cultural edificado. Analisaram-se, assim, alguns procedimentos verificados até ao presente e deixaram-se no ar algumas reflexões que se consideram fundamentais na aferição do último modelo de gestão apresentado para esta vila.
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Vila Real de Santo António. Planeamento de pormenor e salvaguarda em desenvolvimento
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Adelino Gonçalves
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O Plano de Pormenor de Salvaguarda de Vila Real de Santo António foi elaborado com a convicção de que a necessária reabilitação urbana da área de intervenção deve ser continuadamente acompanhada pela promoção e gestão de ações que visem a identificação do lugar que Vila Real de Santo António pode ocupar entre o território da cultura e a cultura do território. Com a metodologia adotada, tirou-se partido da associação de atividades de consultadoria, formação e divulgação e de gestão urbanística aos procedimentos comuns da elaboração de instrumentos de gestão territorial, procurando desse modo fundamentar a sua implementação num princípio de desenvolvimento urbano.
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Casa da Câmara de Vila Real de Santo António. Levantamento arqueológico
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André Oliveira
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Marcado por dois momentos muito distintos da história da vila, o quarteirão da Casa da Câmara apresenta-se como um elemento fundamental para a perceção da história evolutiva da cidade ideal. Tendo por base os resultados da investigação arqueológica produzidos aquando da reabilitação deste quarteirão, pretende-se reescrever a história das suas edificações devolvendo-as ao imaginário da população.
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“Restaurar o urbano” através da reabilitação da câmara pombalina. À procura da “partícula de Deus”
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Victor Mestre
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A vila no seu cerne, ou seja, na sua identidade, está agora reconfigurada, impondo que se reabilitem edifícios indispensáveis para a reposição integral da sua unidade, desde logo os edifícios de gaveto da praça, intervencionados no tempo da reconstrução do edifício da câmara, da alfândega e do cais. A alfândega, na sua histórica relação com o mercado, entretanto redescoberto e reintegrado no tardoz da câmara, terá de cumprir o seu natural desígnio de edifício e de espaço de rememorização da identidade pombalina, indispensáveis para trazer o sentido do “plano de água” à praça.
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O novo edifício da Câmara Municipal. Problemas, questões, engulhos
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Alexandre Alves Costa e José Manuel Fernandes
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O novo edifício da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, inaugurado em 2008, resultou quanto a nós, do ponto de vista da sua qualidade arquitetónica, controverso. Tal constatação decorre tanto da sua observação e conhecimento directo, como da análise dos elementos documentais do projecto e da obra. Sem qualquer intuito polemizante — antes com toda a serenidade — este artigo analisa a questão, que envolve uma elevada importância, quer pela extensa e aprofundada fundamentação teórica, urbanística e arquitectónica, envolvendo uma importante universidade, que esteve na sua base, quer pela qualidade dos estudos de carácter histórico, que durante décadas, de algum modo, nos foram encaminhando para a concretização de uma obra global de valorização do notável legado setecentista da cidade do extremo sudeste algarvio.
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O “cementerio” de Vila Real de Santo António e o debate setecentista sobre a inumação extramuros
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Maria Manuel Oliveira
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O cemitério extramuros de Vila Real de Santo António inscreve-se no universo reformista europeu de Setecentos. Projetado e edificado no curto período de tempo em que ocorreu a execução da villa, coloca o exercício urbanístico do marquês de Pombal na vanguarda do absolutismo esclarecido que à época tentava promover ações análogas.
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Da “casa portuguesa” ao “Português Suave” ou algumas variações sobre o tema dos telhados pombalinos
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José Manuel Fernandes
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Procura-se relacionar as coberturas de tipo “telhado pombalino” da segunda metade do século XVIII em Portugal, de influência centro-europeia, com a arquitetura revivalista e neotradicional, dita da “casa portuguesa” e do Estado Novo, da primeira metade e dos meados do século XX no mesmo país. Dá-se especial relevo ao tema do "torreão de duas águas de desigual inclinação”, em exemplos em Lisboa e na cidade setecentista de Vila Real de Santo António, em comparação com temas análogos do século XX na mesma cidade (Alfândega e “casa dos Folque”).
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Hotel Guadiana: da memória à refundição
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Raquel Henriques da Silva
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A ocupar uma parcela do quarteirão 39 da planta de fundação de Vila Real de Santo António, interrompendo o ritmo repetido do urbanismo pombalino, encontra-se o Hotel Guadiana, uma notável realização de Ernesto Korrodi, um dos mais importantes arquitetos de 1900 a trabalhar em Portugal. Trata-se de uma construção eclética, de qualidade, mas que se encontra em avançado estado de degradação, carecendo, assim, para regressar à vida, de ser infraestruturado, segundo os padrões em vigor. Não tendo sido possível visitar o interior do hotel, neste artigo é feita a sua leitura a partir da sua imagem exterior, uma importante componente discursiva dos ecletismos arquitetónicos.
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A indústria conserveira vila-realense. Um caso peculiar de urbanização industrial e de património
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Jorge Custódio
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Com a fundação pombalina de Vila Real de Santo António (1773-1776), na sequência das políticas iluministas de restauração do Algarve, ficou definido o caráter manufatureiro da nova urbe algarvia, assente na pesca e na produção de conservas. A vocação manufatureira inicial traduziu-se em soluções urbanísticas e arquitetónicas singulares para a indústria da salga. Em meados do século XIX, com a introdução de unidades conserveiras modernas de atum e de sardinha, verificou-se uma expansão territorial da indústria na frente ribeirinha, que moldou a estrutura urbana e o património industrial da cidade até à crise dos fins do século XX. As novidades arquitetónicas introduzidas põem em relevo a matriz conserveira da cidade, embora se reproduzam soluções construtivas e modelos formais usados nas salgas pombalinas.
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O edifício de passageiros da estação ferroviária de Vila Real de Santo António. Cottinelli Telmo e os novos edifícios públicos
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João Paulo Martins
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O edifício de passageiros da estação de Vila Real de Santo António constitui uma obra de grande maturidade e coerência no panorama da arquitectura modernista portuguesa. De um modo exemplar, materializa as ideias de Cottinelli Telmo quanto à “arquitectura dos nossos dias” e faz a síntese entre os projectos e obras anteriores do autor e as mais recentes experiências internacionais.
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As metamorfoses de Psique na Casa da Rua de Alcolena: em busca da “obra de arte total”
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Barbara Aniello
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A Casa da Rua de Alcolena é um dos mais raros e belos exemplos de diálogo inter-artes em Portugal no século XX. Projetada por António Varela em 1951-1955 para a família do poeta José Manuel, a residência integrava vários azulejos e um vitral da autoria de José de Almada Negreiros e esculturas de António Amaral Paiva. A íntima correspondência entre arquitetura e decoração, fruto duma extraordinária colaboração entre artistas e proprietários, resulta numa obra de arte que constitui um unicum, não só pela sua vocação inter-artística, mas também pelo programa unitário e pela linguagem comum nela revelados. Da leitura integrada das suas componentes artísticas, emerge que a casa é uma metáfora do mito de Psique, contendo um conto coeso e coerente, quase um Tema com Variações, das suas metamorfoses.
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Vila Real de Santo António: “uma única e grande casa”
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Entrevista a José Eduardo Horta Correia conduzida por Raquel Henriques da Silva
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O território e os transportes em Vila Real de Santo António. Notas acerca das infraestruturas de transporte no século XX
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Gilberto Gomes
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Num país como Portugal, sistematicamente relegado para os últimos lugares do desenvolvimento económico da média europeia, a aposta na política de infraestruturas de transporte tem constituído o paradigma político do período contemporâneo português. Daí a sua importância para o entendimento da relação entre o território, os transportes e o desenvolvimento. Abordam-se os sistemas de transportes pela navegabilidade do Guadiana até ao Pomarão, seguidos da inserção do caminho-de-ferro na cidade e, posteriormente, faz-se o estudo das redes viárias e o seu impacto no tecido urbano da cidade. A “revolução da estrada” e a consequente motorização viabilizaram um modelo disperso de ocupação de território e um tipo de mobilidade que, desde o início dos anos de 1960, o desenvolvimento do turismo requereu como adequado.
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Mapeando o invisível. Os espólios de arquitetura no arquivo do SIPA
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Rute Figueiredo
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O Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana é atualmente detentor do maior arquivo de documentação sobre Arquitetura, Arquitetura Paisagística, Artes associadas e Urbanismo do país. Nele acomodam-se, para além da documentação de caráter institucional, espólios pessoais de alguns dos criadores e agentes que protagonizaram a cultura arquitetónica e artística do século XX em Portugal. Este artigo procura apresentar este conjunto de acervos singulares e refletir brevemente sobre as possibilidades que a conservação, o estudo e a divulgação dos mesmos abrem no campo da investigação historiográfica e científica da arquitetura.
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