Monumentos 22: Sé de Viana do Castelo
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Dossiê: Sé de Viana do Castelo
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Março 2005, 24x32cm, 240 pp. (<2Kg.)
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Evolução do centro histórico de Viana do Castelo
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Mário Gonçalves Fernandes
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Viana do Castelo, como a maioria das aglomerações urbanas, apresenta especificidades decorrentes da sua localização, da sua envolvente e das suas gentes. Contudo, também acompanha e regista, no plano e na morfologia urbana, formas decorrentes dos aspetos políticos, socioeconómicos, técnicos e culturais que caracterizaram os vários tempos do país e da Europa. A primordial cerca medieval, a expansão renascentista e o urbanismo oitocentista, com prolongamentos pelas primeiras décadas do século XX, marcaram de forma clara o centro histórico vianense, o qual, conjugando as condicionantes do rio, do monte e do mar, adquiriu uma coerência suficientemente rica para justificar cuidados acrescidos.
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Um “tríptico” para Viana
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Jorge Figueira
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Viana do Castelo faz parte do domínio cada vez mais raro das cidades que são passíveis de serem pensadas como um todo. A estabilidade temporal e o caráter sedimentado do seu núcleo histórico põem em evidência as áreas que, por acaso ou fulgor do “progresso”, não encontraram ainda tradução em termos de regra urbana. Neste contexto, as três intervenções, de Távora, de Siza e de Souto Moura, surgiram como “pavilhões” de predominante horizontalidade, permitindo manter a vista da frente urbana integrada e íntegra. Deixam a “cidade histórica” respirar, de alguma forma assumindo assim a sua superioridade temporal; que é, também por isso, “moral”. A cércea baixa e o espaçamento que Távora propõe para os edifícios significa que estes não se devem opor nem impor. A sua diferença não é entendida como algo para ser ostentado. Pelo contrário, percebe-se que aspiram a ganhar “patine”; aspiram a pertencer. Dir-se-ia que Távora trata do que a cidade foi; Siza do que a cidade podia ter sido; e Souto Moura do que a cidade é.
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Viana, a Sé
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Marta Oliveira
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À data de fundação da vila (1258), a matriz de Viana é acolhida na paroquial que congregava três pequenos lugares da foz do rio. A nova matriz começa a ser construída por volta de 1400, inscrevendo-se no interior da cerca, próximo do lugar onde se erguia o torreão principal da muralha, num espaço que permanecera sempre como clareira aberta. A nova edificação corporiza uma imagem de centralidade e de domínio da povoação urbana sobre o mundo rural. A sua configuração em planta e a sua espacialidade interior desenham um conjunto de ligações cruzadas com as igrejas românicas da Galiza, o que se justifica pelo englobamento de Viana na diocese de Tui. Em síntese, pode afirmar-se que a matriz de Viana mostra a continuidade de um modelo de igreja que é compatível, na escala da edificação, com obras de cronologia muito diversa.
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Renovação urbana e arquitetónica entre os séculos XVII e XVIII: as reformas da igreja matriz
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Miguel Soromenho
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A obra de remodelação da matriz de Viana coloca problemas importantes respeitantes à lógica da administração urbana na segunda metade do século XVII. O paradigma da atualização estilística através da imposição superior de um gosto esclarecido e uniformemente aplicado sobre alguns dos espaços religiosos portugueses não encontra justificação no caso da antiga matriz de Viana do Lima, numa época especial de remodelações que viria a marcar a sua configuração, de forma decisiva, até ao grande incêndio de 1806. Não se descobre, de facto, mais do que uma sucessão descoordenada de adaptações funcionais, confiadas à arte limitada de campanhas de pedreiros, só ocasionalmente entregues a uma direção mais exigente, como poderá ter sido a de Manuel Pinto Vilalobos (ca. 1660-1734). E o que não deixa de constituir matéria de reflexão para a história da cidade é o desacerto evidente entre a história da matriz e a profunda e coerente reforma urbana e arquitetónica por que ela passou em idêntico período.
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O restauro da matriz no século XIX
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Lúcia Rosas
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As obras de restauro da matriz de Viana do Castelo, no século XIX, motivadas pelo incêndio que, em 1806, a destruiu parcialmente, foram realizadas em duas fases. A primeira fase corresponde realmente a uma reconstrução, e não propriamente a um restauro, no sentido moderno do termo. As motivações da câmara, das confrarias e do clero, instituições empenhadas nas obras da igreja, eram de ordem devocional e cultual. A aplicação do conceito de restauro, que pensamos estar patente na segunda fase, nomeadamente nas obras da fachada e da torre sul — tratadas como forma de enfatizar a ansienidade e vetutez do templo — deve ser enquadrada no mais amplo fenómeno do restauro no Portugal Oitocentista.
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As capelas da Sé através da documentação das suas irmandades: abordagem cripto-histórica
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Ana Paula Figueiredo
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A documentação relativa à antiga Igreja Matriz de Santa Maria Maior é bastante rica, permitindo enumerar as irmandades e as confrarias de maior importância, que nela se instalaram, como a dos Mareantes, do Santíssimo Sacramento, do Espírito Santo, de São Pedro e São Paulo, das Almas e de São Nicolau, as responsáveis, a par da Câmara Municipal de Viana de Foz do Lima e da colegiada, dependente do arcebispado de Braga, pela decoração que o imóvel teve ao longo do tempo e de que subsistem inúmeros vestígios. A partir desta documentação é possível reconstituir alguns dos primitivos espaços de culto e o respetivo recheio artístico existente antes do fatídico incêndio de 1805, que correspondeu ao início da decadência do imóvel, ainda hoje visível em alguns dos seus espaços.
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André de Padilha e a pintura do Renascimento em Viana da Foz do Lima, 1517-1561
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Vítor Serrão
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O ambiente de grande independência e desenvolvimento de Viana da Foz do Lima no tempo de D. Manuel I e de D. João III possibilitou que, a par da arquitetura, da escultura e de outras manifestações artísticas, também a pintura vivesse uma fase de certo esplendor, que afirma as qualidades de uma “escola” local. Sob a direção de um bom artista de formação renascentista, André de Padilha (ativo de 1516 a 1561), que revela grande atualidade de modelos e certos pessoalismos de estilo, o mercado vianense de então pôde crescer e afirmar uma linguagem que, nas modalidades de óleo e de fresco, terá forte expressão regional durante a segunda metade do século XVI, através de pintores como Francisco de Padilha, Bento de Padilha, Manuel Arnao Leitão e António Maciel, entre outros, que se situam na sequência daquele mestre e caracterizam, já sob influência de modelos maneiristas, as linhas epigonais do declinar da centúria, com atividade que se estende por vezes a terras da Galiza.
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Escultura devocional em Viana da Foz do Lima no século XVI: a "Lamentação de Cristo" da Confraria dos Mareantes
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Fernando Jorge Grilo
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O grupo escultórico representando a Lamentação de Cristo, que se pode encontrar na Capela dos Mareantes, constitui não só um eco de um outro tempo, como, enquanto peça de devoção, continua presente no sentir das gentes que frequentam a dita capela. É constituído por oito esculturas de vulto, sendo a imagem de Cristo esculpida por inteiro e as restantes em apenas dois terços da sua altura. Pela qualidade da escultura e pela sua expressão iconográfica consideramos que este grupo constituiria a peça central, ou, pelo menos, a predela monumental de um retábulo atualmente inexistente, certamente de feitura flamenga, e seguramente datável da segunda década do século XVI. A existência destas obras de arte em Viana é a prova evidente que nem só ao nível do mecenatismo régio, senhorial ou eclesiástico se fazia sentir o gosto pelas obras flamengas. Pelo contrário, sempre que as vontades devocionais, políticas e económicas se conjugavam era usual a encomenda de obras de grande aparato para as igrejas ou capelas, aos mercados da Flandres.
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Os órgãos da Sé
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Ana Paula Figueiredo
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A antiga Igreja Matriz de Viana da Foz do Lima, situada entre dois polos importantes, os arcebispados de Tui e de Braga, a que sucessivamente pertenceu, tiraria o melhor proveito do desenvolvimento musical de cada um dos centros, havendo notícias da existência de um órgão logo desde as suas origens, a partir do século XVI. Reminiscência deste antigo apogeu, a Sé de Viana do Castelo, desde 1977 elevada a Catedral, possui três órgãos, todos eles desativados, correspondendo a um órgão positivo de armário, no coro-alto, no lado do Evangelho, e a dois grandes órgãos, situados em cada um dos braços do transepto, em posições opostas, nos lados da Epístola de cada uma das capelas; esta opulência, rara em igrejas matrizes, onde normalmente surgia um órgão, podendo existir um segundo, mudo, confirma a importância que esta paróquia assumiu ao longo do tempo.
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Mobiliário monumental da igreja matriz
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Cátia Marques
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Do espólio artístico da Igreja Matriz de Viana do Castelo, destacam-se dois notáveis conjuntos de mobiliário monumental da maior importância para a história das artes decorativas em Portugal. Modelos exemplares das tipologias que representam, o arcaz e o armário da sacristia principal, bem como os confessionários (hoje no Museu da Matriz) e a teia da capela da Irmandade dos Clérigos assumem-se como verdadeiros símbolos da conceção e da vivência do interior dos templos cristãos sob o signo da Contra-Reforma, assim como da produção de mobiliário que interpretou as suas normas e seus desígnios no período do Estilo Nacional (1675-1725).
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O tesouro da igreja
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Manuela Pinto da Costa
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O acervo de património móvel da Igreja Matriz de Viana do Castelo é notável, distribuído por diversos núcleos com relevância para a paramentaria, a ourivesaria, a imaginária, a bibliografia manuscrita e impressa, a talha e os elementos de cerâmica manifestações artísticas de elevado valor memorial, cultural e identificativo de uma sociedade autóctone heterogénea, onde sempre esteve presente a proteção régia, patenteada em benefícios foraleiros, ofertas e títulos.
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O modelo do navio da Capela dos Mareantes
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Francisco Contente Domingues
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A Capela dos Mareantes da Sé de Viana está repleta de motivos de interesse, mas o visitante, qualquer que seja a expectativa ou a razão que o leva ao local, não pode deixar de se sentir surpreendido pelo modelo de navio que encontra, logo ao seu lado direito, encerrado numa vitrina. Um modelo de navio inesperado na capela de uma igreja, e de dimensão bem acima do que é normal encontrar. Pode afirmar-se que se trata de um ex-voto de grande aparato, com significativo valor decorativo e evocativo, desconhecendo-se, no entanto, respostas mais concretas sobre as circunstâncias da sua fábrica.
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“Casas nobres” de Viana
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João Vieira Caldas
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Viana do Castelo é uma das cidades portuguesas que conserva do passado maior número de casas de habitação de qualidade. Enquanto repositório de arquitetura doméstica urbana do século XVI ao século XIX, goza ainda de atributos peculiares: um marcado sentido urbanístico que envolveu, de modo coerente, um conjunto de obras muito afastadas no tempo, ou diferentes no estilo; a capacidade de, complementarmente, induzir alguns autores que nela trabalharam a procurarem relações e a estabelecerem pontes com arquiteturas preexistentes. O incremento da atividade marítima e o florescimento do comércio foram os principais motores do grande desenvolvimento e crescimento de Viana nos séculos XV e XVI e da consequente construção de residências que espelhavam a prosperidade dos seus proprietários. O desafogo económico aliado ao cosmopolitismo, presente nalguns setores da sociedade vianense, estimulariam a permanência de artistas que aqui tinham campo fértil para experimentar novos caminhos na sua arte.
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O alpendre da Irmandade do Santíssimo Sacramento da matriz de Viana
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Miguel Soromenho
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A exploração comercial da zona ribeirinha do Lima, em Viana, ajudou a caracterizar este espaço urbano através da construção de estruturas porticadas de vocação mercantil. O presente artigo pretende evocar um destes pequenos edifícios desaparecidos, propriedade da Irmandade do Santíssimo Sacramento, ereta na igreja matriz, e, ao mesmo tempo, recuperar a memória do engenheiro militar Manuel Pinto Vilalobos Sanches, ativo até ao terceiro quartel do século XVIII, a quem, pelas suas funções na Vedoria do Minho, coube apreciar o projeto proposto ao governador das Armas da Província.
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Os mestres da Sé revisitados no Mosteiro de Santa Ana
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Paula Noé
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O Mosteiro de Santa Ana foi construído na primeira década do século XVI, sob a iniciativa da câmara, tendo alcançado o seu apogeu económico, social e artístico no século XVII e, sobretudo, no XVIII, já sob os auspícios do Arcebispado de Braga. O seu processo evolutivo transparece na documentação do mosteiro, existente no Arquivo Distrital de Braga, bastante pormenorizada e rica, trazendo à luz dezenas de nomes de mestres, oriundos da cidade de Viana, arredores, ou das cidades mais próximas, contribuindo para o enriquecimento do levantamento dos artistas nortenhos e, especificamente, do Minho. A sua leitura comparada com a documentação da antiga matriz vianense revelou-se um poderoso instrumento, capaz de estabelecer uma ponte entre os dois imóveis e abrir novas pistas de investigação para outros. Assim, revisitando os mestres da Sé naquele antigo cenóbio, conseguimos conhecer melhor a antiga matriz e até vislumbrar alguns dos seus espaços com o anterior programa decorativo e toda a sua riqueza, entretanto perdida.
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A atividade artística das confrarias no vale do Lima
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Paula Cardona
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Este artigo aborda a atividade artística das confrarias no vale do Lima, em particular as de perfil cristológico, que, instituindo-se nas matrizes dos concelhos de Viana do Castelo, Ponte de Lima, Ponte da Barca e Arcos de Valdevez, foram direta ou indiretamente responsáveis pela encomenda de obras e pela implementação de programas decorativos nas capelas-mor dessas mesmas unidades paroquiais.
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A Sé de Viana do Castelo: intervenções e acompanhamento arqueológico
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Miguel Malheiro, Francisco Sande Lemos, Liliana Sampaio, Sandra Nogueira, Beatriz Albuquerque e Adélia Gomes
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A Igreja Matriz de Viana do Castelo/Sé de Viana do Castelo corresponde a um alargado corpo de pequenos edifícios dos quais sobressai, com exceção, a igreja, com a sua materialidade robusta. A evolução no tempo, deste complexo, permite identificar vários extratos temporais de construção, desde o gótico até ao neogótico. As intervenções da DGEMN no imóvel incidiram, até 2002, na revisão e manutenção dos materiais de revestimento. Nesse ano, foi executado um plano de intervenções para o futuro, subdividido em três áreas de atuação: espaço cultual, espaços de apoio e museu de arte sacra. Realizaram-se os primeiros trabalhos da primeira fase em 2003, com a execução do presbitério e a conservação da Capela dos Alvins. Estes trabalhos foram acompanhados pela equipa de arqueólogos da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho, e os trabalhos de conservação e restauro executados por uma firma da especialidade.
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Igreja do Mosteiro de Landim: reconhecimento, reflexão e recuperação
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Artur Jaime, Hugo Martins e Sílvia Teles
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O presente texto aborda a intervenção recentemente ocorrida na Igreja do Mosteiro de Landim. Este mosteiro foi fundado na primeira metade do século XII, tendo conhecido uma afirmação gradual durante o período medieval, justificável pelo vínculo aos cónegos regrantes de Santo Agostinho e à família Palmeira. Em 1562 foi definitivamente unido à congregação de Santa Cruz de Coimbra. Mais tarde foi doado em comenda ao cardeal D. Miguel da Silva, recém-regressado a Portugal, depois de uma temporada em Itália. A este prelado se ficou a dever uma importante campanha de obras, que lhe conferiu uma feição maneirista. A partir de meados do século XVIII entrou em processo de decadência. Ao longo do século XX, foi alvo de vários trabalhos de recuperação e restauro, que nem sempre mostraram um total respeito pela sua história. A intervenção de que agora se dá notícia baseou-se num estudo histórico prévio, acompanhado por uma seleção de soluções técnicas de desenho adequado à resolução das patologias encontradas, natural envelhecimento e deterioração dos materiais, manutenção do edifício e introdução de novos elementos necessários ao culto atual.
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Posto de Turismo de Conímbriga
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José Carlos Cruz e Pedro Alarcão
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O edifício do Museu Monográfico de Conimbriga é hoje resultado de várias fases de ampliação e de remodelação. Inaugurado em 1962 foi ampliado dez anos mais tarde e remodelado, em 1984. Por esta altura, o parque de estacionamento original foi deslocado e deu lugar a um pátio de receção, de inspiração mediterrânica. No Posto de Turismo, localizado na face noroeste do pátio, duas paredes cegas definem o volume, na sua relação com o exterior. No interior, um balcão, um sanitário e um pequeno arrumo garantem o serviço prestado.
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Convento do Varatojo: os novos corredores da comunidade
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Júlio Teles Grilo
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Fundado por D. Afonso V, em 1470, em devoção a São Francisco, foi concluído passados quatro anos, data da entrada dos primeiros catorze religiosos. Sofre obras de vulto após o terramoto de 1531, que lhe imprimem um cunho maneirista a que vêm somar-se as campanhas barrocas e novecentistas. Sobrevivente ao período da extinção das ordens e congregações religiosas de 1834, com o arrolamento do seu recheio e venda em hasta pública em 1845, e ao período da Primeira República (foi classificado como Monumento Nacional em 23 de Junho de 1910) que o converteu em Asilo Latino Coelho. Alberga hoje uma comunidade dividida entre residentes, noviços e hóspedes. A intervenção, que abrangeu as alas dos dormitórios situados nos pisos superiores e respetivas coberturas, dotou o imóvel de novas infraestruturas e aumentou significativamente o número de instalações sanitárias a partir das celas existentes. Imersão, leveza e reversibilidade foram os fatores que orientaram o projeto e determinaram a escolha dos materiais.
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Contributos para o estudo da arquitetura algarvia: a Quinta de Estói
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Francisco Lameira
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A recente publicação de Miguel Maria Telles Moniz Côrte-Real, Fidalgos de Cota de armas do Algarve, veio trazer novas achegas para o estudo do Palácio de Estói. Durante décadas o entendimento que se fez deste edifício e dos jardins envolventes assentava num pressuposto fundamental — no essencial era uma obra realizada entre 1893 e 1909, apesar de haver alguns elementos com origens nos finais do século XVIII. No entanto, à luz dos novos conhecimentos pode recuar-se o seu projeto ao último quartel do século XVIII (c. 1782-1783), e a sua atribuição a uma provável autoria do arquiteto régio Mateus Vicente de Oliveira. Por sua vez, a campanha de obras efetuada entre 1893 e 1909 por José Francisco da Silva respeita no essencial os valores preexistentes. Como tal, a referida Quinta de Estói pode ser integrada no conjunto dos melhores testemunhos da arquitetura civil da segunda metade do século XVIII em Portugal, apesar de apresentar algumas remodelações de finais de Oitocentos.
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Caracterização urbanística de Rabo de Peixe: Programa "Old Ghettos – New Centralities"
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Manuel C. Teixeira
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A convite da DGEMN, o Centro de Estudos de Urbanismo e de Arquitetura CEUA do ISCTE realizou um estudo de caracterização urbanística, perspetivando linhas para o desenvolvimento futuro do núcleo urbano de Rabo de Peixe, na ilha de São Miguel, Açores, enquadrado no projecto Old Ghettos — New Centralities, em articulação com o inventário deste conjunto urbano realizado pela DGEMN. O projeto visa contrariar o processo de degradação sócio-urbanística deste território periférico e insular, incidindo sobre um conjunto de problemas de deterioração ambiental, de desqualificação urbana, de falta de infraestruturas básicas e de exclusão social. O trabalho consistiu no levantamento e no estudo das condições atuais, tendo em vista a definição de um conjunto de princípios orientadores para a sua requalificação arquitetónica, urbana e ambiental da povoação, no qual se incluiu a proposta de localização de novos equipamentos urbanos.
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