Farol da Ilha da Berlenga / Farol Duque de Bragança
| IPA.00016895 |
Portugal, Leiria, Peniche, Peniche |
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Arquitectura de comunicação. Edifício para equipamento de assistência à navegação marítima e habitação de função. Farol de torre prismática quadrangular branca de 29 m. de altura. Sistema iluminante de pedestal rotativo com ópticas seladas, de luz branca, de alcance luminoso de 27 milhas e altitude de 121 m. "A ilha é um possante bloco granítico ancorado a poucas milhas da costa, a noroeste do Cabo Carvoeiro. O tempo infligiu-lhe visível corrosão. Os carreiros do Mosteiro e dos Cações estrangulam-na de forma evidente sugerindo a existência de duas ilhas". A ilha da Berlenga é um espaço de uso público, sujeito às normas legais da Reserva Natural. Existe uma área de servidão militar, localizada em volta do farol da Berlenga. "Revista da Armada". O farol, ponto de referência na ilha, não só para a navegação mas também para quem a visita, começou por constar do alvará pombalino de 1 de Fevereiro de 1758, que o mandava edificar, tendo sido dado inicio à sua construção somente em 1839. |
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Número IPA Antigo: PT031014040028 |
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Registo visualizado 6828 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Estrutura Comunicações Farol
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Descrição
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Farol constituído por uma torre prismática, de 29 m de altura, quadrangular, de alvenaria e cunhais de cantaria, com varanda na parte superior. Acabado de construir em 1841, o farol era constituído por uma torre quadrangular de alvenaria e cunhais de cantaria, com varanda na parte superior. Quanto ás residências anexas, foram sendo sucessivamente edificadas em datas posteriores, de 1851 a 1860. O equipamento era constituído por um aparelho catóptrico, composto de dezasseis candeeiros de Argand, funcionando a azeite e com reflectores parabólicos, dando luz branca, eclipses de 3 em 3 minutos e relâmpagos de 10 segundos. Já tinha movimento de rotação activado por um mecanismo de relojoaria. Através de documentos da época, constata-se que a luz deste farol de pouco ou nada servia a navegação... "pois só de 3 em 3 minutos se mostra um clarão que não vai além dos 8 segundos, confundindo-se com qualquer outra luz de terra ou do mar". |
Acessos
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No ponto mais elevado da ilha da Berlenga, possante bloco granítico ancorado a poucas milhas da costa, a noroeste do Cabo Carvoeiro. |
Protecção
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Incluído na Reserva Natural das Berlengas |
Enquadramento
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O Arquipélago das Berlengas situa-se a 5.7 milhas do Cabo Carvoeiro, é composto por três grupos de ilhéus: Berlenga Grande e recifes adjacentes, as Estelas e os Farilhões. A Berlenga Grande tem uma área total de 78.8 ha e os ilhéus e recifes em volta, cerca de 3.6 ha. Com 4 km de perímetro, a ilha maior tem a forma de um oito, recortado por numerosas reentrâncias. Dois terços da superfície total da ilha - a que se chama Berlenga - situam-se a oeste, quase separados do outro terço - a Ilha Velha - por um estrangulamento resultante da erosão marítima sobre uma importante falha geológica. O manto vegetal é dominado por plantas herbáceas e o isolamento antigo justifica a presença de dois endemismos botânicos, a Armeria berlengensis e a Herniaria berlengiana, bem como de duas populações, igualmente endémicas, de répteis, a Lagartixa-de-Bocage e o Lagarto-comum, diversas dos seus parentes continentais. (site Revista da Armada). O mar envolvente, sempre celebrado pela sua transparência, é habitado por variados peixes, alberga moluscos e crustáceos bem como numerosas espécies de algas. A Gaivota-argêntea, a espécie mais comum de quantas nidificam na nossa costa, aí se instalou constituindo uma das maiores colónias da Península Ibérica. Dentre várias dezenas de espécies avifaunísticas observáveis, muitas delas migradoras de passagem, sobressaem o Airo, no limite sul da sua área de nidificação; a Pardela, no seu único local de nidificação confirmado na Península; e a população de Corvo-marinho.A ilha principal tem cerca de 1500 metros de comprimento por 800 metros de largura. Nela ergue-se, a uma altitude de 121m, o Farol. |
Descrição Complementar
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Alguns historiadores defendem a hipótese de que já os Fenícios e os Lusitanos conheciam o arquipélago e o utilizavam como porto de abrigo, mas os vestígios mais antigos remontam à ocupação romana, constituindo na sua maioria restos de ânforas, datadas do séc. I ao Séc. V. As ruínas do Mosteiro da Misericórdia e a Fortaleza de São João Baptista são de tempos mais recentes, séc. XVI. No terraço do Forte ainda se pode ver uma peça de artilharia, o que leva a crer ter sido este um ponto estratégico de defesa. Através de documentos da época, constata-se que a luz deste farol de pouco ou nada servia a navegação... "pois só de 3 em 3 minutos se mostra um clarão que não vai além dos 8 segundos, confundindo-se com qualquer outra luz de terra ou do mar". (Revista da Armada). INSCRICÕES: " No reinado / de suas Magestades Fidelissi=/=mas a Senhora D. Maria II e do / Senhor D. Fernando II, se construio este / Pharol denominado Duque de Bragança / Por Portaria de oito de Agosto de 1835, e De=/=creto de doze de Dezembro de 1836 foi orde=/=nado se construisse, debaixo da fiscalização do Director Geral das Alfandegas em / sub. do Reino, o Exmº Snr. José Maria Lopes Carneiro, do Concelho de S.M.F., o qual muito comcorreu para esta obra de geral utilidade bem co=/=mo para o estabelecimento da construção dos Pharoes do Reino. O [-] Sr. António Joaquim Carvalho Oliveira Escrivão da Mesa Grande da / Alfandega de Lisboa, com elle tratou da contabilidade desta obra./ Fontana/ natural do Porto / Director dos Pharoes fez / em 1842."; "D.E.P. E PHAROES / ANNO 1896 / PHAROL DA BERLENGA / RECONSTRUIDO POR ORDEM DE S. EXª. O MINISTRO DAS OBRAS PUBLICAS / CONSELHEIRO ARTHUR ALBERTO CAMPOS HENRIQUES / DIRECTOR PEDRO ROMANO FOLQUE / ENGENHEIRO ANDRÉ DE PROENÇA VIEIRA."; "BARBIER & BENARD / CONSTRUTEUR / PARIS - 1897". |
Utilização Inicial
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Comunicações: farol |
Utilização Actual
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Comunicações: farol |
Propriedade
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Pública: Estatal |
Afectação
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MDN - Direcção de Faróis |
Época Construção
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Séc. 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ENGENHEIRO: Gaudêncio Fontana |
Cronologia
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1758 - É determinada a construção do farol da berlenga, por alvará pombalino; 1836 - por portaria do Ministério da Fazenda é novamente determinada a construção do farol, sendo nomeado o Engenheiro Gaudêncio Fontana para dirigir a obra; 1839 - após cedência dos terrenos por um particular , dá-se início à construção do farol; 1841 - conclusão do farol sob a direcção do Eng. Gaudêncio Fontana, sendo "constituído por uma torre quadrangular de alvenaria e cunhais de cantaria, com varanda de cantaria na parte superior."; dirigiu também o fabrico das ópticas, maquinismo de relojoaria e lanternas *1; 1842 - instalado numa torre com 29 metros de altura, o equipamento era constituído por um aparelho catóptrico, composto de dezasseis candeeiros de Argand, funcionando a azeite e com reflectores parabólicos, dando luz branca, eclipses de 3 em 3 minutos e relâmpagos de 10 segundos. Já tinha movimento de rotação activado por um mecanismo de relojoaria; 1851 / 1860 - construção das residências anexas; 1865 - visita à Berlenga do inspector Pereira da Silva (**);1883 - com a aprovação do Plano Geral de Alumiamento e Balizagem das Costas de Portugal e Ilhas Adjacentes, foi proposto para este farol a substituição do aparelho catóptrico; 1896 - reconstrução do farol da Berlenga da responsabilidade do Engenheiro André de Proença Vieira; 1897 - substituição do aparelho antigo, adoptando-se um dos maiores existentes, à data, em Portugal , dos construtores parisienses Barbier & Bernard. *2; 10 Outubro - o aparelho entra em funcionamento experimental; 6 Novembro - o novo aparelho entra em funcionamento definitivo, adoptando-se um aparelho hiper-radiante (1330 mm de distância focal), efectuando uma rotação completa em 30 segundos, apresentando neste espaço de tempo um grupo de três relâmpagos. A fonte luminosa passou entretanto a ser a incandescência pelo vapor de petróleo, produzindo-se a rotação da óptica através de uma máquina de relojoaria; 1924 - foi instalada uma sereia de ar comprimido, accionada por motores a petróleo; 1926 - electrificação do farol, com a montagem de grupos electrogéneos, substituindo a primitiva fonte luminosa a vapor de petróleo por uma lâmpada de incandescência eléctrica com uma intensidade luminosa de cerca de 20.000 velas, garantindo um alcance de 36 milhas; 1936 - O sinal sonoro foi substituído por um grupo de duas trompas electrodinâmicas; 1941 - foi montado um radiofarol; 1975 - os familiares do pessoal faroleiro que até esta data habitavam na ilha, deixaram de o fazer, passando a ficar instalados em casas junto ao farol do Cabo Carvoeiro; 1983 - As actividades ligadas ao turismo com os excessos daí decorrentes, começaram a pôr em causa a beleza natural da ilha, daí a necessidade de solicitar o Estatuto de Reserva Natural, que tem ajudado a preservar todo o ecossistema insular da Ilha da Berlenga, e tendo sido classificada de Reserva Natural; 1985 - O sinal sonoro foi substituído por um nautofone. O farol é integralmente automatizado; desmontagem do aparelho óptico e instalação de um pedestal rotativo, de secção hexagonal, PRB21, garantindo um alcance luminoso de 27 milhas e a entrada automática em acção de sistemas alternativos, sendo que a sua característica luminosa se compunha de três relâmpagos, com um período de 20 segundos; 2000, 26 Junho - instalação de um novo sistema de óptica T.R.B. - 400, alimentado através de energia foto-voltaica, sendo a sua característica Fl W 10s (Lt 0,2; Oc 9,8s); 2001 - o radiofarol foi desactivado por ter deixado de ter interesse para a navegação. O Prémio Defesa Nacional e Ambiente, que tem como objectivo incentivar as boas práticas ambientais nas Forças Armadas Portuguesas, foi atribuído à Direcção de Faróis, pela candidatura apresentada pela Marinha portuguesa, "Energia Solar no Farol das Berlengas"; por ter deixado de ter interesse para a navegação foi desactivado o radiofarol . |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes |
Materiais
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Bibliografia
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Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1956, Lisboa, 1957.; VILHENA, João Francisco, LOURO, Maria Regina, Faróis de Portugal, Lisboa, 1995; www.marinha.pt/extra/revista/ra_mar2004/pag_35.html, 09 de Julho 2007; http://portal.icn.pt/ICNPortal/vPT/Areas+Protegidas/ReservaNatural/Berlengas/, 09 de Julho 2007; http://olhares.aeiou.pt/o_farol_da_berlenga/foto1324887.html); http://www.editonweb.com/Noticias/Noticias.aspx?editoria=14&n=681) |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DREMCentro/DE, DGEMN/DRELisboa/DIE, DGEMN/DRELisboa/DRC |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID, SIPA |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN |
Intervenção Realizada
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DGEMN: 1956 - Obras de conservação periódica, pelos Serviços de Construção e Conservação. |
Observações
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*1 - "O sistema inicial montado era uma aparelho catóptrico de luz branca, de rotação completa, com eclipses de três em três minutos e relâmpagos de 10 segundos. Constava de dezasseis candeeiros de Argand, com reflectores parabólicos, dispostos todos na árvore num mesmo plano, e em quatro ordens horizontais de quatro candeeiros cada uma, proporcionando um alcance luminoso teórico de 20 milhas."; *2 - "Este aparelho era hiper-radiante de luz branca, de 2,66m de diâmetro interior, efectuava uma rotação em 30 segundos, dando neste espaço de tempo um grupo de 3 clarões de 0,45 segundos de duração cada um, separados por eclipses de 4,55 segundos. Cada grupo de clarões é separado do seguinte por um eclipse de 19,55 segundos." A fonte luminosa passou entretanto a ser a incandescência pelo vapor de petróleo, produzindo-se a rotação da óptica através de uma máquina de relojoaria. ** - Quando da sua visita ao farol o inspector Pereira da Silva faz o seguinte relato sobre a Berlenga: "O serviço deste farol é feito por 2 faroleiros (...) que vivem com as suas famílias dentro do edifício do farol (...)". Em Setembro fecham as carreiras marítimas que levam às Berlengas os visitantes, votando a ilha à inevitável solidão. E é nessa altura que os faroleiros se tornam os únicos habitantes humanos numa extensão de 78 hectares de granitos esbranquiçados apenas espantados pela antiga fortaleza do Duque de Bragança, na qual, nos anos 30, um velho soldado reformado ainda içava a bandeira de Portugal. Em 1975 os familiares do pessoal faroleiro que até esta data habitavam na ilha, deixaram de o fazer, passando a ficar instalados em casas junto ao farol do Cabo Carvoeiro. Durante o Inverno, os pescadores, os faroleiros e os vigilantes da natureza são as únicas pessoas que permanecem na ilha. |
Autor e Data
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Cecília Matias 2003 / Patrícia Costa 2007 / Cecília Matias 2010 |
Actualização
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