Castelo de Montalvão
| IPA.00027855 |
Portugal, Portalegre, Nisa, Montalvão |
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Castelo terrestre da época medieval, construído no séc. 12 / 13, pela Ordem do Templo, para defesa da fronteira leste de Portugal, articulando-se com outros castelos da Beira e do Alto Alentejo, interligados por várias atalaias, recebendo pequenas reformas no séc. 17, durante a Guerra da Restauração. Edificado num sítio privilegiado e dominante, apresenta planta ovalada de recorte côncavo a sudoeste, composta por muralhas e dois cubelos quadrangulares, bastante salientes, dispostos a norte e a sul, com paramentos aprumados, em alvenaria de xisto, com alguns troços em espinha, correspondendo aos vestígios mais antigos, de silhares ciclópicos nos cunhais e sem remate. Ao longo de todos os muros exteriores verifica-se o uso de possante alambor, formando rampa pétrea, só interrompida na face da porta, à semelhança do construído no Castelo de Tomar, casa mãe da Ordem do Templo, ainda que aí numa escala mais extensa. Apesar da importância estratégica na época Medieval, visto Montalvão permitir a ligação entre o norte e o sul através da barca que ali atravessava o Tejo, é possível que o castelo nunca tenha sido concluído. Isto porque o Tombo da Visitação da Ordem de Cristo, de 1506, refere apenas o circuito de muralhas no topo da vila e concentra-se na descrição das casas que a Ordem tinha junto ao castelo, mas extramuros, e o desenho de Duarte de Armas, no final dessa década, representa-o sem o habitual remate de parapeito ameado ou liso, mas com as muralhas inacabadas no remate e com a legenda "este castelo esta asy começado antigamente". As Memórias Paroquiais, de 1758, descrevem as muralhas, "demolidas em muitas partes", com 30 palmos de altura, sobre alambor ou "pé do castelo" com "vinte e tantos palmos de altura" e feito em escarpa, tendo no interior armazém, "campo da guarda" e cisterna, ainda que as duas últimas estivessem muito demolidas. Durante a guerra da Restauração, Montalvão integrava-se na primeira linha de fortificações, constituindo um dos castelos que barrava e controlava os itinerários a norte da penetrante do Caia, ou seja, a cavaleiro da estrada que ligava Elvas a Lisboa. Não recebeu obras à moderna, tendo-se limitado, ao que parece, a reformar a porta do castelo, que passa a ser de verga reta, de estilo maneirista. Apesar de atualmente só existir esta porta a poente, o castelo tinha anteriormente duas, dadas as referências documentais à porta de baixo e à de cima. Aliás, a continuidade do alambor a sul, protegendo o depósito de água, indicia a continuidade da estrutura fortificada para oeste, onde se devia rasgar a outra porta, tendo sido mutiladas pela construção do depósito. Entre os castelos de Montalvão e o de Nisa, também da Ordem do Templo, e Póvoa de São Martinho havia quatro atalaias, com quem mantinha contacto visual: uma no outeiro da Atalaia, a 0,7 km a nordeste da margem direita da Ribeira de Nisa, a atalaia do Fidalgo, no cabeço do mesmo nome, entre o rio Sever e a Ribeira de São João, a de São Miguel, na serra de São Miguel, e a Torre da Atalaia, no cabeço da Atalaia, a 2 km da margem esquerda da Ribeira de São João. |
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Número IPA Antigo: PT041212050043 |
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Edifício e estrutura Edifício Militar Castelo
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Descrição
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Planta ovalada de recorte irregular a sudoeste, composta por muralhas e dois cubelos quadrangulares, bastante salientes, um disposto a norte e outro a sul. As estruturas apresentam exteriormente, ao longo de todo o seu perímetro e só interrompido na face poente, alambor bastante pronunciado, formado por rampa pétrea, de xisto, mais ou menos elevada, atualmente coberta de vegetação rasteira, com alguns troços derruídos e prolongando-se um pouco para oeste, enquadrando o depósito de água. O castelo apresenta os paramentos aprumados em alvenaria de xisto irregular, todos sensivelmente da mesma altura, incompletos no topo e sem remate, integrando alguns silhares de cantaria de granito e com alguns troços em espinha, correspondendo aos vestígios mais antigos, com cunhais em silhares ciclópicos. Frente virada a poente de três panos, o central retilíneo e parcialmente rebocado e pintado de branco, onde se rasga o portal, de verga reta, almofadada, sobre pilastras, também almofadadas, e encimada por alto friso e cornija. O pano esquerdo é oblíquo e o direito forma recorte côncavo. Todos os outros paramentos são cegos. INTERIOR do recinto despojado. |
Acessos
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Montalvão, EN 359; Rua do Adro. WGS84 (graus decimais) lat.: 39,595932; long.: -7,526344 |
Protecção
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Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 643/2012, DR, 2.ª série, n.º 212 de 02 novembro 2012 |
Enquadramento
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Urbano, isolado, no nordeste Alentejano, na proximidade da confluência dos rios Tejo e Sever, na margem esquerda deste último, confrontando com a Beira Baixa e com a Estremadura espanhola. O castelo implanta-se no cimo de um outeiro, junto ao qual se ergue a Igreja Paroquial de Montalvão (v. IPA.00001856) e, em frente desta, a Igreja e Hospital da Misericórdia de Montalvão (v. IPA.00021077). A partir do castelo e da igreja desenvolve-se, para nascente, a vila, inicialmente estruturada pela Rua da Barca, em direção ao Tejo, onde operava uma barca, que ligava as duas margens, e a a Rua Direita, a atual Rua do Outeiro, que acabava na denominada Porta de Cima. O portal do castelo é precedido por escada de vários degraus. No recorte exterior da muralha, a sudoeste, foi construído, na segunda metade do séc. 20, um alto depósito de água que descaracteriza a envolvente. Do castelo possui-se amplo panorama e ligação visual com várias vilas fortificadas do Alentejo e da Beira. |
Descrição Complementar
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No recinto do castelo existe arco tumular em cantaria, tendo frontalmente almofada retangular decorada com elementos vegetalistas relevados, sobrepostos por cruz da Ordem de Cristo, e, numa das faces laterais, mais baixas, vestígios de brasão de família. |
Utilização Inicial
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Militar: castelo |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: marco histórico-cultural |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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Sem afetação |
Época Construção
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Séc. 12 / 13 / 17 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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EMPREITEIRO: Odiltom Martins Garcia (1967). |
Cronologia
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Séc. 10 - na Crónica do mouro Rasis refere-se que "neste território há fortes castelos onde o clima é mui são; tal como o de Monsanto, que é muito sólido; o de Arronches; o de Montalvão, que se encontra no cimo de um monte muito elevado (...)"; 1165, 30 novembro - D. Afonso Henriques doa à Ordem do Templo a região de Idanha-a-Velha e Monsanto e seu termo, com um amplo território delimitado pelos rios Tejo, Erges e Zêzere, em reconhecimento dos serviços prestados pela mesma; 1169, setembro - estando em Lafões, D. Afonso Henriques doa à Ordem do Templo a terça parte de todas as terras que os freires viessem a conquistar na região além do rio Tejo, com a condição dos seus rendimentos serem utilizados em serviço de Deus e do rei; 1197, 23 janeiro - D. Sancho I confirma a doação de Idanha-a-Velha ao 7º mestre Templário, D. Lopo Fernandes; 1199, 05 julho - D. Sancho I doa à Ordem do Templo a Herdade da Açafa (Ródão), constituindo um território muito extenso que ia ao longo da margem direita do Tejo, desde o distrito da Idanha, e que se estendia para ocidente até aos limites do castelo de Belver, da Ordem do Hospital; apesar da dificuldade em identificar com precisão os limites da Açafa a sul do Tejo, a mesma devia incluir o ribeiro de Figueiró, a ribeira de Vide, o rio Sever, Alpalhão, e o castelo de Terron, que, alguns autores, pensam ser Nisa; séc. 12 - durante a Reconquista já deve existir no local uma construção defensiva, integrada na Linha do Tejo; 1279 - 1325 - data provável de construção ou reconstrução do castelo de Montalvão, durante o reinado de D. Dinis; o rei doa a comenda de Montalvão a um Afonso Rodrigues; 1295 - composição entre o bispo da Guarda e o Mestre da Ordem do Templo, D. João Fernandes, sobre os direitos episcopais das vilas de Nisa, Alpalhão e Montalvão, estabelecendo-se que: a posse das vilas e seus termos é outorgada ao Mestre da Ordem, enquanto o bispo e seus sucessores passam a ter o direito ao quinto de todos os dízimos, mortuárias e falhas recolhidas nas três vilas; cabe aos comendadores a recolha dos impostos e apresentar anualmente capelães idóneos para as igrejas das vilas; 1305 - confirmação do acordo anteriormente feito entre o bispo da Guarda e a Ordem do Templo; 1307, 12 agosto - o papa Clemente V, pela bula "Regnans in ecclesis triumphans", dirigida a D. Dinis, convida o rei a acompanhar os prelados de Portugal ao Concílio de Viena, onde se procuraria determinar o que fazer da Ordem do Templo e dos seus bens, por causa dos erros e excessos que os seus cavaleiros e comendadores haviam cometido; pouco depois, pelas letras "Deus ultiorum dominus", dirigidas ao arcebispo de Braga e bispo do Porto, nomeia-os como administradores dos bens templários em Portugal; D. Dinis empreende uma série de medidas, internas e externas, para evitar que os bens dos Templários em Portugal integrassem o património da Ordem do Hospital; assim, ordena que seja tirada inquirição sobre o património da Ordem e, pela via judicial, incorpora-o na Coroa, alegando que as doações haviam sido da responsabilidade régia e que obrigavam à prestação de serviços ao rei e ao reino; 1312, 22 março - extinção da Ordem do Tempo, pela bula "Vox clamantis"; 02 maio - bula "Ad Provirem" concede aos soberanos a posse interina dos bens da Ordem do Templo, até o conselho decidir o que fazer com eles; 1319, 14 março - bula "Ad ea ex quibus" de João XXII institui a Ordem de Cavalaria de Jesus Cristo, ou a Ordem de Cristo, para quem passam todos os bens e pertenças da Ordem do Templo: "outorgamos e doamos e ajuntamos e encorporamos e anexamos para todo o sempre, à dita Ordem de Jesus Cristo (...), Castelo Branco, Longroiva, Tomar, Almourol e todos os outros castelos, fortalezas e todos os outros bens, móveis e de raiz"; 1321, 11 junho - divisão em 38 comendas da Ordem de Cristo dos antigos bens pertencentes aos Templários e respetiva integração na Ordem de Cristo; na sua primeira Ordenação, o primeiro mestre da Ordem de Cristo, Fr. Gil Martins, manda reter para moradia do mestre da Ordem, Castelo Branco "(...) com todola cousas que a ordem hy há e en seus termos e o que há en Nisa e no Rodão e en Alpalhan e en Montalvan e en Ares (...)"; esta deliberação mostra que todo o Alto Alentejo, como seguimento da região da Beira Baixa, tem grande interesse para os dirigentes da Ordem de Cristo; ao que parece o Mestre doa Montalvão a D. Martim Mendes; 1323 - data da morte de D. Vasco Fernandes, o último mestre da Ordem do Templo e antigo comendador de Montalvão, que ali continuou a residir sob a proteção do rei, mesmo após a extinção da Ordem; 1326, 16 agosto - o mestre D. João Lourenço, na sua primeira Ordenação, reafirma as mesmas disposições de Fr. Gil Martins; 1365 - quando o mestre D. João Lourenço é afastado do cargo, recorre ao seu sucessor D. Martim Gonçalves, alegando que o anterior mestre lhe retirara indevidamente a posse de Montalvão; 1367 - D. Martim Gonçalves condena D. João Lourenço a devolver Montalvão com as suas rendas e bens e ainda ao pagamento das custas do processo; pouco depois, o mestre da Ordem, alegando que o comendador não cumpria as suas obrigações, retira-lhe a posse de Montalvão, que volta a recorrer da decisão; D. Afonso IV resolve a questão por estipular que Montalvão passa para a posse da Ordem, mas, em contrapartida, esta fica obrigada a pagar a Martim Mendes 150 libras por ano, enquanto este fosse vivo, com os bens que possuía em Lisboa e ainda a pagar mais 467 libras, caso se provasse que D. João Fernandes o não tinha feito, conforme fora condenado na primeira sentença; esta polémica mostra a importância de Montalvão; 1449, 06 agosto - D. Afonso V, a pedido do Infante D. Henrique, administrador da Ordem de Cristo, isenta os moradores de Montalvão, Nisa e Arez de terem cavalos e armas e de comparecerem em alardos, por esta terra estar despovoada; 1459 - nas Cortes de Lisboa, os procuradores de Nisa pedem que lhes seja concedido os mesmos privilégios que já gozavam os de Alpalhão e Montalvão, ou seja, a isenção de contribuir com besteiros, com armas e cavalos; 1475 - 1478 - durante a guerra entre Portugal e Castela, devido a D. Afonso V ter tentado unir os dois reinos através do seu casamento com a sua sobrinha, D. Joana, os castelhanos invadem Portugal e atacam violentamente Montalvão, Castelo de Vide, Marvão, Portalegre, Alegrete, Assumar, Arronches, Monforte, Campo Maior, Ouguela e Elvas; 1480 - Carta Régia a conceder vários privilégios às vilas alentejanas, nomeadamente Montalvão e Monsaraz, afetadas pela guerra, para que pudessem recuperar dos estragos sofridos; 1503 - a comenda de Montalvão, a Perceptoria da Redinha e 100.000 reis anuais dos rendimentos da Casa da Nisa são incorporados em conjunto na Mesa Mestral da Ordem de Cristo; 1506, 07 janeiro - data do Tombo da Comenda de Montalvão, elaborado por frei Francisco, capelão do rei, notário e escrivão da visitação, no qual se procede à referência ao castelo e à descrição das casas da Ordem junto ao mesmo *1; 1509, cerca - desenho de Duarte de Armas representa o castelo com as muralhas inacabadas e sem remate, e com dois cubelos, sobre possante alambor de pedra, tendo um troço derruído; 1512, 22 novembro - D. Manuel I outorga foral a Montalvão; por esta data é comendador Alves de Sousa; 1527 - segundo o cadastro da população do Reino, a "ujlla he do mestrado de Christie e esta comenda e rendas e Jurdycaom por ell rey nosso senhor e tem hum castello começado antigo junto da ujlla pera parte do castello e tem o bispo da guarda o qujnto dos dyzimos que tem Symaom de Sousa dosem tem huma freguesia e do quanto dos dyzimos tem o cabido o terço Turando os regemgos tem moradores 153"; 1549, 12 setembro - data da bula "Pro excellenti Apostolico saedis", do papa Paulo III, criando o bispado de Portalegre, a que passam a pertencer as igrejas das vilas de Alpalhão, Nisa, Montalvão e outras; 1558 - D. Sebastião, então administrador da Ordem de Cristo, pede ao papa Pio IV para proceder à sua separação, tendo em mente poder usá-las para doações a cavaleiros que o servissem na campanha contra os mouros no norte de África, que tinha em preparação; o papa acede, mas apenas permite que o rei possa dispor de Redinha para a doar por inteiro, ou dela fazer tantas comendas quantas quisesse, mantendo Montalvão na posse da Ordem; 1618 - é comendador D. Álvaro da Silveira; 1640 - na sequência da Guerra da Independência, Montalvão torna-se um castelo de primeira linha, sendo então remodelado, nomeadamente na porta de acesso ao castelo; 1641, agosto - os castelhanos atacam toda a zona entre Marvão e Montalvão; 1643 - a comenda está na posse da família Mascarenhas, nesta data na pessoa de D. Fernando de Mascarenhas; 1646 - os combates entre os portugueses e castelhanos atingem toda a zona entre Castelo de Vide e Montalvão, sofrendo os castelhanos uma derrota e perdendo o saque que levaram do termo de Portalegre; a situação é tal que as populações da região enviam uma petição às Cortes para ser criada no termo de Nisa uma esquadra de cavalos que patrulhasse as zonas do Castelo de Vide, Póvoa e Meadas e Montalvão, de modo a evitar os constantes roubos aí praticados pelos castelhanos; 1681 - a comenda está na posse de Gil Vaz Lobo, que neste ano falece, sendo sucedido por um membro da Casa de Povolide, onde se mantém até 1833; 1704 - durante os conflitos entre Portugal e Espanha, no âmbito da guerra de sucessão Espanhola, as regiões fronteiriças sofrem muitos estragos; 30 maio - Nisa e Alpalhão rendem-se aos espanhóis; 1709, 06 janeiro - D. João V concede o título de Conde de Povolide ao mestre de Campo Tristão da Cunha de Ataíde e Melo, o qual não explora diretamente a comenda, mas a arrenda; 1755, 01 novembro - Montalvão não padece ruína no terramoto, exceto num cunhal da torre que dá vista a Castelo de Vide, Marvão, Nisa, Póvoa e Meadas, mas a ruína fora sobretudo provocada por uma tempestade que tinha havido há anos; 1758, 24 abril - descrição do castelo de Montalvão pelo vigário frei António Nunes... de Mendonça, nas Memórias Paroquiais da freguesia, que então tem 300 fogos, 751 pessoas de confissão e 260 menores *2; nesta data ainda não se havia re-edificado o cunhal da torre que se arruinara com o terramoto; 1801, 03 junho - durante a denominada "Guerra das Laranjas", o castelo de Montalvão resiste ao ataque espanhol *3; 1803 - segundo o relatório de José Maria das Neves Costa, capitão da Infantaria ao serviço do Estado Maior da Inspeção das Fronteiras, as muralhas de Montalvão quase tinham desaparecido por completo, devido à destruição de 1704; o castelo mantém-se de pé, ainda que fosse usado como pomar e não para a defesa, e da sua artilharia restam uns canhões de fabrico muito antigo, desmontados e atacados pela ferrugem; contudo ainda tem governador, na altura, com patente de sargento-mor; 1804 - o comendador Luiz José da Cunha obtém carta do Príncipe D. João pela qual este o considerava livre e quite do pagamento de ¾ do rendimento de um ano da comenda de Montalvão, para que assim pudesse dispor em vida ou por testamento dos seus bens; 1833 - data da morte do comendador Luiz José da Cunha Grãa de Ataíde e Mello; 1834 - data da extinção do concelho de Montalvão; 1837 - extinção das Comendas, passando as terras da comenda de Montalvão a ser vendidas a alguns particulares; 1835, cerca - adaptação do antigo castelo a cemitério da vila; 1875, cerca - segundo Pinho Leal, o castelo e as muralhas ainda existem, mas em estado de ruína; 1951, 28 outubro - data do último sepultamento no cemitério intramuros; 01 novembro - bênção do novo cemitério pelo padre Jose António dos Santos; posteriormente, procede-se à transladação dos restos mortais do antigo cemitério para o novo e procede-se à construção de um depósito de água para abastecimento da vila junto à porta do castelo, descaracterizando-o; 1966, 13 agosto - ofício da Câmara de Nisa a referir o mau estado de parte das muralhas e da porta do castelo, tendo já derruído uma parte da muralha do lado nascente, com cerca de 7m x 3m x 1,50m; 1978 - durante o inverno, dá-se a queda de um terço das muralhas do castelo, então em ruínas; 1994, 06 maio - proposta de classificação do castelo pela Câmara Municipal de Nisa; 16 maio - proposta de abertura do processo de classificação da Direção Regional de Évora; 09 agosto - parecer favorável do Conselho Consultivo do IPPAR; 20 outubro - despacho de abertura do procedimento de classificação do Presidente do IPPAR; 2010, 24 novembro - proposta de classificação do castelo como Monumento de Interesse Público e definição da respetiva Zona Especial de Proteção, da Direção Regional da Cultura do Alentejo; 30 dezembro - procedimento de eventual classificação prorrogado pelo Despacho n.º 19338/2010, DR, 2.ª série, n.º 252; 2011, 23 novembro - parecer favorável da SPAA do Conselho Nacional de Cultura; 05 dezembro - procedimento de eventual classificação prorrogado até 31 de dezembro de 2012 pelo Decreto-Lei n.º 115/2011, DR, 1.ª série, n.º 232, de 05 dezembro 2011; 2012, 01 junho - publicação do projeto de decisão relativo á classificação do imóvel como Monumento de Interesse Público e fixação da respetiva Zona Especial de Proteção, em Anúncio n.º 12 203/2012, DR, 2.ª série, n.º 107. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura em alvenaria de xisto; silhares em alvenaria de granito; moldura do portal em cantaria de granito. |
Bibliografia
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AA.VV - Montalvão. Elementos para uma monografia desta freguesia do concelho de Nisa. Aveiro: Comissão Conservadora das Obras da Ermida de Nossa Senhora dos Remédios de Montalvão, 1980; ARMAS, Duarte de - Livro das Fortalezas. Fac-simile do MS. 159 da Casa Forte do Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Lisboa: Patrocínio da Academia Portuguesa de História; edições Inapa, 1997; «Castelo de Montalvão». In Monumentos. Lisboa: Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 2004, n.º 21, p. 279; «Centro de Interpretação de Arte Rupestre de São Simão, Castelo de Montalvão». In Monumentos. Lisboa: Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 2005, n.º 23, p. 189; COELHO, P. M. Laranjo - «As Ordens de Cavalaria no Alto Alentejo: I - Comendas da Ordem de Cristo». In Archeologo Português. Lisboa: Imprensa Nacional, 1924, vol. XXVI, pp. 186-248; CORREIA, Fernando Branco - «Egitânia / Antaniya e o domínio islâmico algumas hipóteses para o estudo de um território de fronteira». In Muçulmanos e cristãos entre o Tejo e o Douro (sécs. VIII a XIII). Palmela: Câmara Municipal de Palmela; Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2005, pp. 77-83; GONÇALVES, Iria (organização) - Tombos da Ordem de Cristo. Comendas Sul do Tejo. Lisboa: Centro de Estudos Históricos da Universidade Nova de Lisboa, 2002, vol. 1; KEIL, Luís - Inventário Artístico de Portalegre. Lisboa: Academia Nacional de Belas Artes, 1943, Portalegre, vol. 1; LEAL, Augusto Soares d'Azevedo Barbosa de Pinho - Portugal Antigo e Moderno. Lisboa: Livraria Editora de Mattos Moreira & Companhia, 1875, vol. 5; LOBO, Francisco Sousa - «A defesa militar do Alentejo». In Monumentos. Lisboa: Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, dezembro 2008, n.º 28, pp. 22-33; MURTA, José Dinis - «O castelo de Montalvão. Proposta de classificação». In: Ibn Maruán. Portalegre: Câmara Municipal de Marvão, 1993, n.º 3; PAF - Castelo de Montalvão (http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/155804), [consultado em 13 julho 2016]; ROSA, Jorge - Montalvão. Ecos de uma história milenar. Lisboa: Colibri, Câmara Municipal de Nisa, 2001. |
Documentação Gráfica
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DGPC: DGEMN:DREMS; BN: LANGRES, Nicolau - Desenhos e plantas de todas as Praças do Reyno de Portugal pelo tenente genaral Nicolao de Langres francês que serviu na guerra da Acclamação. Manuscrito, 1665, desenho 13 (cod-7445) (http://purl.pt/15387/1/index.html#/6/html) |
Documentação Fotográfica
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DGPC: DGEMN:DREMSul/DM |
Documentação Administrativa
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DGPC: DGEMN:DSID (DGEMN:DSID-001/012-1771/2, DGEMN:DSID-001/012-1771/3), DGEMN:DSARH (DGEMN:DSARH-010/071-0018) |
Intervenção Realizada
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DGEMN: 1967 - obras de consolidação do castelo, com apeamento de pequenas parcelas de alvenaria desligada dos panos de muralha, e construção de alvenaria hidráulica, em tapamento do rombo existente nas muralhas, empregando pedra rija da região e argamassa de cimento, de acordo com a muralha existente; a obra é adjudicada a Odiltom Martins Garcia, por 9.500$00; CMNisa / DREMS: 2004 - obras de conservação da fortificação, arranjos exteriores na zona extramuros, nomeadamente com a definição de percursos e tratamento do adro da Igreja Paroquial; construção de um percurso de ronda e de um centro de acolhimento no recinto muralhado; 2005 - elaboração de projeto de um centro de interpretação temática das pinturas rupestres existentes no Tejo, nas imediações do castelo. |
Observações
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*1 - No Tombo da Visitação à Comenda de Montalvão, datada de 1506, faz-se a seguinte descrição do castelo e das casas da Ordem que junto dele ficavam: atrás da Igreja de Nossa Senhora e "contra ho leuante em huu outeiro nom mujto alto tem ha hordem huu çircuito de muro com sua mota que se chama ho castello. ho qual castello se diz que ho ifante dom henrrique que deus aja começou de mandar fazer. junto do dicto casstello tem ha hordem huu assento de casas. que juntamente partem ao ponente com ho adro da egreia sobredita e das outras bandas com chãao e seruintia da hordem que uay pera ho dicto castello. e som no dicto assento has casas seguintes. primeiramente. huua casa térrea que estaa contra ho abrego e leua cinquo uaras e meya de longo e quatro e meya de largo. e tem dentro huua estrebaria três uaras e meya de longo. e duas e meya de largo. e tem huua camera sobradada que leua quatro uaras de longo. e duas e meya de largo. e uay debaixo da dita camara huua casa d adega do seu tamanho. Estam igualmente madeira das e cubertas de telha. E has traz huua leonor pires veuua per titollo de compra. parede em meyos das ditas casas estam outras em que haa huua casa dianteira sobradada no andar da Rua e leua debaixo huu sotam. e he cinquo uaras e meya de longo e quatro de largo. e dentro uay outra casa. seis uaras de longo e duas e meya de largo. e mais dentro vay outra tres varas de longo e duas e meya de largo. estam igualmente madeiradas e cubertas de telha e tem ante ha porta huu alpendre telhado. E has trazem hos herdeiros da dita veuua per partilha. a huu canto das ditas casas e alpendere. estaa huua casinha pequena. duas varas e meya de longo e duas de largo. bem madeirada e cuberta de telha. E ha traz huu aluaro nunez. parede em neyos das sobreditas casas. vam logo outras em que haa huua casa dianteira quatro uaras e meya de longo e outro tanto de largo. e mais dentro uay outra casa que leua cinquo uaras de longo e duas de largo. estam igualmente madeiradas e cobertas de telha. E has traz huu diego annes hi morador per titollo de compra. parede em meyos das sobreditas casas vam logo outras. asi terreas em que haa huua casa dianteira que leua tres varas de longo e duas e meya de largo. E tem huua camera do tamanho da dita casa. estam igualmente madeiradas e cubertas de telha e has trazem nos herdeiros d aluaro uaaz. Todas has sobreditas casas tem has paredes de pedra e barro e taipas. E andauam enalheadas e por nos ditos visitadores acharem per jnquiriçom que disso filharom que as ditas casas estam feitas em terra própria da hordem. e acharem que no dito chãao honde ora has ditas casas estam. jaa esteueram casas d adega da hordem. mandarom tomar posse delas pera ha dita hordem e has mandaram poer neste tombo". *2 - Segundo o vigário frei António Nunes... de Mendonça nas Memórias Paroquiais da freguesia, Montalvão pertence ao bispado e comarca de Portalegre, sendo comendador o conde de Povolide, a quem se pagam alguns dízimos e foros, cuja comenda traz arrendada. O castelo fica num outeiro não muito elevado e dele se avista a vila de Marvão, Castelo de Vide, Nisa, Póvoa e Meadas e, para a zona das Beiras, a vila de Castelo Branco, Vila Velha de Ródão e o lugar de Sernadas. A vila é praça de armas, não capital, mas regular, estando murada em redondo, cujas muralhas estão demolidas em muitas partes; tem um castelo muito bom, espaçoso, "o pe do castelo tem vinte e tantos palmos de altura E está feyto a escarpia, de sorte, que se lhe quiserem arrumar escadas para o conquistar, não assentam nem asseguram"; todo o castelo é murado, em redondo e as suas muralhas têm mais de 30 palmos de altura; é fechado com portas. Tem duas peças de artilharia de ferro, uma de calibre onze outra de calibre sete, três roqueiros de ferro, que servem para as bocas das suas ruas, quando há invasão de inimigos; tem armazém, campo da guarda e cisterna, mas estas duas estão muito demolidas. Tem "seu fosso muito bom" e o castelo está dentro da muralha próximo da Igreja Matriz da vila. A vila tem governador pago, capitão-mor, sargento-mor das ordenanças, duas companhias das ordenanças com seus capitães, alferes e ajudante: a companhia do capitão António Vaz Afonso tem 110 praças, e a do capitão Gregório Dias Artur tem, entre sargentos, cabos e soldados, 96 praças. *3 - Segundo Luís Rancaño no Diário das Operaciones contra Portugal da Divisão de Vanguarda do exército espanhol, "Alamanezer se presentò delante del Castillo de Montalvanhà el Comandante Orell com las Tropas de su mando y dos piezas de Artilleria que havia llevado à Castel de Vide; su intimación no fue inesperada ni feliz como la anterior; el Comandante o Gobernador de aquella fortaleza, animado por su bentajosa situación, y sobre todo por su próprio honor, respondiò com entereza, haziendo después por espácio de 14 horas un vivo fuego de cañon el sitiador que tuvo la audácia de escopetear los parapetos de la Plaza viendose finalmente obrigado a retirarse no obstante los refuerzos que havia recebido". |
Autor e Data
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Paula Noé 2016 |
Actualização
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