Castelo de Tomar
| IPA.00003390 |
Portugal, Santarém, Tomar, União das freguesias de Tomar (São João Baptista) e Santa Maria dos Olivais |
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Fortificação românica construída no séc. 12, pela Ordem do Templo, em local estratégico para a defesa do território de fronteira e suporte no avanço da conquista além Tejo, sobre estruturas urbanas muçulmanas fortificadas, tendo recebido algumas adaptações à pirobalística e uma barbacã no séc. 15, podendo ser considerada a ex-libris das fortificações Templárias em Portugal, não só pela grande dimensão, como pelas soluções arquitetónicas adotadas. Segundo Mário Barroca, a sua estrutura, denotando particular cuidado, visto ter sido concebida para albergar a sede da Ordem, segue o modelo das fortificações típicas do sul, composto por Almedina, pátio e alcáçova, esta disposta na zona mais alta da colina, e desenvolvida entre dois polos: o militar, com o castelo, que constitui o último reduto, e o religioso, com a charola, que servia simultaneamente de torre de defesa. Para o mesmo autor, as obras decorreram entre 1160 e 1169 e absorveram todo o esforço construtivo da Ordem durante uma década, o que explica a rapidez da construção e a inexistência de obras noutros castelos, até 1171. As estruturas da alcáçova, do castelo e da Almedina, com planta poligonal irregular, implantam-se magistralmente aos contornos irregulares do terreno, formando esporão, e apresentam, ao longo de todo o seu perímetro exterior, possante e volumoso alambor pétreo, de modo a manter afastado os engenhos de assalto e os assaltantes, sendo apenas interrompido nas portas. São compostas por muralhas reforçadas por torres ou cubelos, quadrangulares e semicirculares, estes abertos na gola, de paramentos aprumados, em alvenaria de pedra, revelando sucessivas reformas ao longo do tempo, rematados em parapeito com ameias de corpo largo, rasgadas por troneiras cruzetadas que, apenas numa pequena parte do castelo devem corresponder à reforma do séc. 15, e sendo as restantes fruto das obras de restauro da DGEMN, e seteiras retilíneas, em alguns cubelos em dois níveis, interiormente percorridos por adarve. Segundo Mário Barroca, a inovadora solução arquitetónica do alambor inspira-se na arquitetura militar dos Cruzados, no Próximo Oriente, com a qual o mestre Gualdim Pais tomou contacto durante os cinco anos que ali permaneceu, nomeadamente dos castelos de Soane, no Principado de Antioquia, e no de Crac dos Cavaleiros, na fronteira norte do Condado de Tripoli, ambos com alambor nos núcleos centrais dos castelos. O alambor será utilizado noutras fortificações, especialmente pela Ordem, a envolvê-las parcial ou completamente, como no caso do castelo de Montalvão (v. IPA.00027855), contudo, em nenhum dos casos atingirá extensão, dimensão e volume semelhante ao empregue em Tomar. O castelo, acedido a partir da alcáçova, possui planta poligonal, de pequenas dimensões, e é composto por duas torres mais altas que as muralhas, uma quadrangular e outra pentagonal, que permitiam cobrir as portas do pátio e do castelo, respetivamente, uma prismática, mais baixa, a meio da frente exterior, e ampla torre de menagem retangular, no interior do reduto, perto da entrada, possivelmente isolada e posteriormente interligada à muralha, comandando todo o sistema defensivo e controlando o acesso. Possuía alambor a contornar não só toda a muralha virada ao exterior, mas também na face virada ao pátio e à alcáçova, onde foi desbastada nos restauros do séc. 20. O único portal de acesso é seiscentista, de verga reta, com decoração já impercetível. A torre de menagem, a mais antiga que se conhece em Portugal e datada por inscrição, não tem alambor, como noutros castelos da Ordem, possivelmente devido à exiguidade do pátio. Os paramentos reaproveitam silhares de construções romanas, visigóticas e moçárabes, refletindo o ritmo acelerado da construção, e a zona superior resulta de um alteamento ou reconstrução do séc. 15, data em que se abrem as troneiras cruzetadas. Interiormente tem quatro pisos, o térreo fechado, acedido por alçapão, e os superiores com pavimento cerâmico antigo e coberturas em abóbadas, renascentistas, sendo o seu acesso sobrelevado. O pátio possui pequenas dimensões, sobretudo devido aos edifícios aí construídos, que determinaram a abertura de janelas conversadeiras retilíneas na muralha nascente, e outros vãos na torre de menagem, no séc. 15 / 16. Contém ainda cisterna de planta em V, de duas naves, seccionadas por arcos. A alcáçova desenvolvia-se a partir do castelo até à charola, e foi parcialmente ocupada com as construções do convento. Mais próximo do castelo subsistem os restos dos Paços Mestrais ou henriquinos, da 1.ª metade do séc. 15, com paramentos do piso térreo de bastante espessura, integrando junto à muralha norte escada de caracol, e tendo a poente dependências separadas por amplos arcos apontados, e o piso superior com janelas conversadeiras, rasgadas na muralha norte e na fachada a sul, e virada ao pátio. A charola, que integrava a frente noroeste da muralha e cuja construção talvez seja ligeiramente posterior à fortificação, substituindo possivelmente uma outra torre mais simples, deveria ter a dupla função de templo privativo da Ordem e de defesa. A sua tipologia procura evocar dois dos mais relevantes monumentos sagrados do cristianismo: o Santo Sepulcro e o Templo de Salomão. No séc. 16, foi transformada na capela-mor de um templo longitudinal maior, a partir do qual se construirão várias outras dependências conventuais, que truncaram a fortificação na frente poente. Segundo Lacerda Machado, a alcáçova devia ter uma pequena porta da traição, aberta na muralha nascente, nas imediações da charola. O pátio, bastante amplo, desenvolve-se entre a alcáçova e a Almedina, separando-se de ambos por muralha ameada com porta. Pelo menos a partir do início do séc. 16, permanece desimpedido, tendo sido, talvez nas obras de embelezamento para receção do rei D. Filipe I, em finais da centúria, reestruturado e alteado em cerca de 2 m, conduzindo ao entaipamento da porta que ligava à Almedina, atualmente apenas visível na face sul. No ângulo sudeste do pátio, onde se faz a inflexão da muralha, a torre da Rainha, com planta quadrada, foi reformada por D. Catarina, em 1533, tendo recebido janelas maineladas nas faces viradas à cidade. Em frente desta, três anos depois, foi construída ampla cisterna retangular, com portal contendo cartela inscrita e interior abobadado, ambos de decoração renascentista. Perto da porta do sol subsistem vestígios tardo medievais da igreja de Santa Maria que, desde o séc. 12, servia a população intramuros. A Almedina desenvolve-se no limite sul da fortificação, na zona mais baixa e acompanhando o declive da colina, tendo sido abandonada pela população, no início do séc. 16, por determinação de D. Manuel, de modo a reservar toda a zona intramuros ao convento. A denominada torre da Condessa, no limite sudoeste, tem planta circular e foi reformada no séc. 20. A partir desta, a muralha infletia para norte, até à charola, subsistindo apenas um pequeno troço de muralha e outro de alambor, este sob a fachada poente da inacabada casa do capítulo dos cavaleiros. As portas de acesso ao recinto fortificado, quer a do pátio (porta do sol), a nascente, quer a da Almedina (porta do sangue), a sul, rasgam-se em panos de muralha bastante reentrantes, e protegidas pelo próprio alambor e por torres, sendo a do pátio coberta por um cubelo semicircular e pela torre poligonal do castelo, e a da Almedina flanqueada por torres quadrangulares, que permitiam tiro flanqueado. A do sol tem arco apontado, de feitura mais tardia, e a do sangue arco de volta perfeita, encimada, na face interior, por cruz lanceolada. A zona entre a torre da Rainha e a porta do sangue tem cubelos com seteiras rasgadas em função do alambor, permitindo não só tiro flanqueado sobre a muralha, mas também tiro direito sobre a base do alambor. A barbacã da porta, construída no séc. 15 para reforço da porta do sol, não possui alambor e as muralhas são aprumadas e rematadas em parapeito de ameias de corpo largo, com troneiras cruzetadas. |
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Número IPA Antigo: PT031418120006 |
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Registo visualizado 9493 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Militar Castelo
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Descrição
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Fortificação de planta poligonal, composta por três grandes núcleos iniciais, autónomos, divididos por muralhas, e truncados a noroeste, pelas dependências do convento: a alcáçova, a norte, reservada ao uso exclusivo da Ordem, de planta irregular, que incluía, como último reduto, a nordeste, o castelo; o pátio, a sul, e que, em caso de ameaça ou cerco, podia receber as populações de territórios circundantes; e a Almedina, a sul do pátio, destinada ao estabelecimento da população civil; a que se acrescentou posteriormente, a barbacã, a nordeste, cobrindo parte do castelo e a porta de acesso ao pátio. As estruturas da alcáçova, do castelo e da Almedina apresentam, ao longo de todo o seu perímetro exterior, alambor ou talude bastante pronunciado, formado por enorme e potente rampa pétrea na base da fortificação, em alguns troços até a uma cota relativamente elevada, apenas interrompido nas portas. Os paramentos, em alvenaria de pedra, são aprumados, rematados em parapeito ameado, com ameias de corpo largo, rasgadas por troneiras cruzetadas, interiormente percorridos por adarves pavimentados. O acesso ao recinto fortificado faz-se pela BARBACÃ, com perfil curvo, contornando a frente nascente do castelo e o seu alambor, até entroncar com o pano de muralha avançada que cobre a porta do sol. Apresenta paramentos aprumados, sem alambor, rematados em parapeito ameado, com ameias de corpo largo rasgadas por troneiras cruzetadas e, no pano virado a norte, perpendicular ao alambor do castelo, por parapeito simples igualmente com troneiras cruzetadas, algumas num nível mais baixo. É rasgada pela porta de Santiago, com arco em asa de cesto, biselado, e porta de madeira, chapeada a ferro. A liça é pavimentada a paralelos e conduz à porta do sol, que dava acesso ao pátio central. O CASTELO propriamente dito, acedido a partir da alcáçova, possui planta poligonal de pequenas dimensões, e é composto por três torres, duas mais altas que a muralha, sendo a do norte quadrangular, a bater a porta, e a do sul pentagonal, a bater a porta de acesso ao pátio, e a terceira prismática, mais baixa, que a muralha da face nascente, e ampla torre de menagem retangular, no interior do reduto, a noroeste e interligada à muralha. Apresenta paramentos aprumados, sem alambor a partir da porta do sol até à muralha da alcáçova, em cantaria ou alvenaria mista com cunhais em cantaria, rematados em parapeitos com ameias de corpo largo, rasgadas por troneiras cruzetadas, percorridos no interior por adarve, com pavimento cerâmico e com guarda plena na face interna. O acesso ao interior processa-se sensivelmente a norte, por portal de verga reta, sobre impostas, rasgado num estreito pano de muralha reentrante entre a torre norte e uma esquina da muralha, que se desenvolve a partir da torre de menagem, permitindo defender o portal, precedido por escada com vários patamares; é encimado por portal de verga reta, com escadas atualmente sem função, e seteira retilínea. Nas faces norte e nascente os paramentos são rasgados, sob o remate, por janelas retilíneas, molduradas, e porta de acesso ao terraço da torre prismática, o qual tem lateralmente pequenos vãos. No INTERIOR possui pátio de reduzidas dimensões, visto que grande parte do recinto é ocupado pelos alicerces das construções, que ali se desenvolviam, e pela torre de menagem. Esta tem os paramentos com cerca de 20 m de altura, nos últimos 5 m em alvenaria de pedra miúda e irregular, bastante distinto do utilizado inferiormente, onde se reaproveitam silhares de construções romanas, visigóticas ou moçárabes, rematados em parapeito ameado, com ameias de corpo largo, com troneiras cruzetadas e algumas seteiras retilíneas. É coberta em terraço, com pavimento cerâmico, ao nível do qual existem gárgulas para escoamento da água, acedido por vão, coberto por proteção de alvenaria, de perfil curvo. A face virada a poente é rasgada por três vãos retilíneos e duas seteiras, em diferentes níveis; nas faces noroeste e sudeste abre-se vão central, sobrelevado, também de verga reta, a da última inscrita. A nordeste possui sobrelevado dois portais, quase sobrepostos, acedidos pelas escadas de cantaria com vários lances, dispostas a norte, que integravam os edifícios do pátio, e várias seteiras retilíneas; no pano das escadas virado ao pátio existe, sobre o portal do castelo, de verga reta sobre impostas, mísula com arranque de estrutura desaparecida e dois outros vãos. No interior, a torre de menagem possui quatro pisos, o térreo fechado e apenas acedido por alçapão, e os superiores com pavimento cerâmico e cobertura em abóbada, a do terceiro piso com nervuras sobre mísulas vegetalistas, comunicando com o terraço por escadas de madeira. A torre sul é ladeada, na face interna, por pano retilíneo (esquerda) e um convexo (direita), que, por meio de escadas, estabelecem a comunicação entre o terraço da cobertura e o adarve da muralha; na face norte abre-se portal sobrelevado de verga reta, que tinha acesso pelas dependências que se desenvolviam entre esta torre e a virada a norte, adossadas ao longo da muralha nascente. Estas dependências, rebaixadas relativamente ao pátio, tinham fachadas de dois pisos, conservando-se do primeiro quatro largos arcos em tijolo sobre pilares quadrangulares, seccionando o espaço, nalgumas zonas conservando pavimento cerâmico ou em pedra, de diferentes tipos, e o segundo rasgado na muralha por janelas conversadeiras e, ao centro, por porta para o terraço da torre prismática, precedida de escadas; num plano intermédio, existe ainda porta de verga abatida, em tijolo, para o interior desta torre. Adossado à muralha poente, subsistem os alicerces de três outras dependências. Sensivelmente a meio do pátio existe a boca circular da cisterna, que recolhia as águas pluviais, com capacidade para cerca de 300 m3, a qual tem planta em V e duas naves seccionadas e interligadas por arcos, com cobertura em abóbada de berço, desenvolvendo-se a da esquerda sob a ala poente do recinto. Junto ao portal do castelo conserva-se pavimento cerâmico em cunha. A ALCÁÇOVA, acedida pelo pátio central, ocupa a zona norte do monte, com cota mais elevada, onde se ergueram os paços mestrais, adossados a poente ao claustro da lavagem e à botica e o respetivo pátio. A fachada virada a sul tem dois panos, rebocados, o da direita, rematado em parapeito ameado, com ameias de chanfro, onde se abre o portal de acesso ao interior, em arco abatido, biselado, com porta de madeira, chapeada a ferro; é ladeado por janela de arco abatido, biselado, com pano de peito em cantaria, seteira retilínea, e pequeno vão jacente. O pano da esquerda, correspondente aos paços mestrais, remata em friso e cornija de massa, sobreposto por beirada simples, e é rasgado ao nível do segundo piso por janelas retilíneas de moldura biselada. A fachada virada a norte, desenvolvida entre a torre norte do castelo e o convento, é formado por vários panos de disposição assimétrica, revelando dois pisos, em alguns troços separados por cabo, rasgado, no primeiro, por portal de verga reta entaipado e janelas jacentes, e, no segundo, por janelas retilíneas, de peitoril, com pano de peito de cantaria, uma de varandim, com guarda de cantaria, ou jacentes. Alguns panos conservam remate em cornija integrando gárgulas de canhão. No interior, o recinto encontra-se secionado por muro e existem alicerces de várias construções. O paramento da construção adossada a norte tem o piso inferior de maior espessura, rasgado por vãos de verga abatida, atualmente entaipados, e um de verga reta para as escadas de caracol, em cantaria, desenvolvidas na espessura do muro; tem ainda mísulas decoradas de onde arrancavam arcos, conservando-se um a noroeste assente em pilar de cantaria. O segundo piso tem janelas conversadeiras ou quadrangulares, mais pequenas. Para poente desenvolve-se edifício adossado ao claustro da lavagem; o paramento virado a sul e ao terreiro tem dois pisos, o inferior de maior espessura, e o segundo com janelas conversadeiras. No ângulo sudoeste existem dependências separadas por amplos arcos apontados e biselados, sobre pilares de cantaria, e a noroeste, num plano mais alto, outras estruturas, com arcos de volta perfeita, em tijolo sobre pilares do mesmo material. O PÁTIO CENTRAL constitui uma área ampla, de planta poligonal, desenvolvido entre a alcáçova e o castelo, a norte, e a Almedina, a sul, com a muralha nascente desde o castelo até à torre do relógio, de D. Catarina ou da Rainha e, a oeste, ia da charola até à primeira torre disposta a sul desta, atualmente inexistente. A frente nascente é composta por muralhas rematadas em parapeito ameado, com ameias de corpo largo, rasgadas por troneiras cruzetadas e seteiras retilíneas, interiormente percorrido por adarve, com guarda tubular em ferro, reforçadas por três cubelos semicirculares e duas torres quadrangulares, a da Rainha no ângulo sudeste e de maiores dimensões. Num pano de muralha reentrante e de maior espessura na face interna, encaixado entre o alambor do castelo (a norte) e a muralha do pátio (a sul), rematado em parapeito com duas ameias de corpo largo, contendo troneiras cruzetadas, e as restantes de corpo estreito, abre-se a porta do sol, com arco apontado, de aduelas biseladas e porta gradeada. O primeiro cubelo a nordeste, que permitia cobrir a porta, é sobrepujado por sineira, assente em soco, acedido por escadas, com ventana em arco de volta perfeita, rematada em empena coroada por catavento. A torre da Rainha, numa zona de inflexão da muralha, possui acesso ao interior a noroeste, por portal de verga reta com moldura percorrida por vários frisos, e nas faces viradas à cidade é rasgada por janela retilínea, mainelada, com pano de peito em cantaria. Em frente do portal desenvolve-se ampla cisterna retangular irregular, formando terraço, delimitado por muro de alvenaria rebocado e pintado, com duas bocas retangulares gradeadas e, tendo numa cota mais baixa, outra boca circular. É acedida por portal de verga reta, sobreposta por cartela decorada e inscrita. No interior possui várias secções, uma com abóbada de berço abatida, com nervuras assentes em mísulas decoradas e bocetes também decorados. Segue-se pequeno tanque, a partir do qual existe caleira a céu aberto. O pátio central separa-se da Almedina por muro assente sobre a antiga muralha, rasgada por pequeno portal que, no lado norte, está enterrado sob os aterros que elevaram e aplanaram o pátio e, no lado sul, entaipado. A ALMEDINA desenvolve-se a sul do pátio, em cotas mais baixas, sendo defendida por muralha adaptada às curvas de nível, arrancando da denominada torre do relógio, de D. Catarina ou da Rainha, e desenvolvendo-se para oeste, reforçada por cinco cubelos semicirculares, abertos na gola, os três mais a oeste com dois níveis de seteiras retilíneas, dois quadrangulares flanqueando a porta do sangue, um outro poligonal, numa zona curva da muralha, até à torre da Condessa, no ângulo poente, a partir da qual infletia para norte, até à charola. Deste setor, que subia o monte, subsiste apenas um pequeno troço de muralha, parte do antigo alambor sob a base oeste da sala do capítulo dos frades e cavaleiros, e, um pouco mais a norte um outro troço de muralha e a base de uma torre. A porta da Almedina ou porta do sangue abre-se num pano de muralha bastante reentrante, numa cota muito rebaixada relativamente ao recinto interior, com portal em arco de volta perfeita, parcialmente fechado, criando porta de verga reta, com portão gradeado. Na face interna a porta é encimada por silhar com cruz lanceolada. A torre que ladeia a oeste a porta é aberta na gola e têm dois níveis de seteiras. A torre da Condessa, no ângulo oeste, tem planta circular e cobertura em telhado de várias águas, rematada em beirada simples. Possui os paramentos rebocados e terminados em cornija sobre mísulas, sendo rasgada a norte por porta de verga reta moldurada e, na face oposta, por janela de peitoril retilínea. Das estruturas ou arruamentos da Almedina nada subsiste, sendo atualmente ocupada por dois laranjais, o de cima e o de baixo, este de planta em L. |
Acessos
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Tomar (São João Baptista), Terreiro D. Gualdim Pais. WGS84 (graus decimais) lat.: 39.603495, long.: -8.417550 |
Protecção
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Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG, 1.ª série, n.º 136 de 23 junho 1910 / ZEP / Zona "non aedificandi", Portaria, DG, 2.ª série, n.º 265 de 14 novembro 1946 *1 |
Enquadramento
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Peri-urbano, isolado ou adossado, destacando-se na paisagem. A fortificação implanta-se numa colina, a cerca de 126 metros de altitude, sobranceira à cidade de Tomar, que se desenvolve para nascente, no sopé da colina, e ao rio Nabão, a cerca de 15 km a norte do rio Tejo. As estruturas fortificadas implantam-se adaptadas à morfologia do terreno da encosta e interligam-se com as do Convento de Cristo (v. IPA.00004718), classificado pela Unesco como Património Mundial, que parcialmente as truncam a noroeste. No interior do antigo pátio, desenvolve-se o terreiro com o principal acesso ao convento, definido lateralmente por jardim formal, e no recinto da Almedina e na envolvente os laranjais e mata dos Sete Montes (v. IPA.00002067). |
Descrição Complementar
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Na escada de acesso ao Convento de Cristo, do lado norte, existe uma inscrição embutida, deslocada do local de origem, com a seguinte inscrição: "E(ra) : M : C : LX' : VIII : REGNANTE : ALFONSO : ILLUSTRISSIMO REGE PORTUGALIS : / MAGISTER GALDINUS : PORTUGALENSI : UM [Sic] : MILITUM : TEMPLI : CUM FRATRIBUS / SUIS PRIMO : DIE : MARCII : CEPIT : EDIFICARE : HOC : CASTELLUm : NomiNE : THOMAR : / QuOD : PREFATUS : REX : OBTULIT : DEO : ET : MiLITIBUS : TEMPLI : E(ra) : M : CC : XX : / VIII : III : NoNas : IULII : VENIT : REX : DE : MAR(R)OQ(u)IS : DUCENS : CCCC : MILIA : / EQ(U)ITUM : ET : Q(u)INGENTA : MILIA : PEDITUM : ET OBSEDIT : CASTRUM ISTUD : PER : / SEX : DIES : ET : DELEVIT : QUANTUM : EXTRA ; MURUM : INVENIT : CASTELLUm : ET / PREFATUS : MAGISTER : CUm FRATRIBUS : SUIS : LIBERAVIT : DEUS : DE : MANIBUS : SUIS : IPse : REX REMEAVIT : IN PATRIA : SUA : CUm : INNUMERABILI DETRIMENTO : / HOMINUm : ET : BESTIARUM :" (BARROCA, 1995, pp. 399-405). À direita desta lápide, existe uma outra, do período filipino, com a seguinte inscrição, em carateres romanos: "ERA DE 1168 REINANDO ELREI DÕ AFONSO GALDIM PAES MESTRE DOS SOLDADOS PORTVGUESES DO TEMPLO CÕ SEVS SOLDADOS EM O PRIMEIRO DIA / DE MARÇO COMEÇOV A EDIFICAR ESTE CASTELO POR NOME TOMAR O QUAL CASTELO P DITO REI OFERECEO A DEVS E AOS SOLDADOS DO TEMPLO - ERA DE 1228 AOS / 13 DIAS DE IULHO : VEO EL REI DE MARROCOS TRAZENDO 400u. DE CAVALO / E 500U. DE PÉ : E CERCOV ESTE CASTELO POR 6 DIAS E DESTRVIV QVANTO ACH / OV FORA DOS MVROS : E AO CASTELO E AO DITO MESTRE CÕ SEVS SOLDADOS / LIVROV DEVS DE SVAS MAOS : E O MESMO REI TORNOVPA SVA PATRIA CO INVME / RAVEL DETRYMENTO DOS HOMES E DAS BESTAS - HESTE HE O LITREIRO Q / ESTAVA SOBRE O PORTAL QUE VAI PA OS PAÇOS DA RAINHA E É O TRESLADO DO DITRO ABAIXO". O vão da face sul da torre de menagem reaproveita como verga uma lápide funerária romana, em mármore, onde surge a seguinte inscrição: "IN : EM : C : LX : VIII : REGNANTE : ALFONSO : / ILLVSTRISSIMO : REGE : PORTUGALIS : DOMNVS : / CALDINVS : MAGISTER : PORTVGALENSIVM : MILITVM : TEMPLI : / CVM : FRATEIBVS : SVS : PRIMO : DIE : MARCIL : CEPIT : HEDIFICARE : / HOC CASTELVM : NOMINE : THOMAR : QVOD : / (...) OBTULIT : D(... )". A sua tradução é "Na era de 1198 [1160 da era de Cristo], reinando Afonso, ilustríssimo rei de Portugal, D. Gualdim, mestre dos cavaleiros do Templo, com os seus freires, começou no primeiro dia do mês de março a edificar este castelo, chamado de Tomar, que, acabado, o rei ofereceu a Deus e aos cavaleiros do Templo". Na face interna desta lápide existe inscrição onde se consegue ler, segundo F. de Lacerda Machado, "(...) VADINVER (...) VXOR / SIBI". Uma outra verga da torre de menagem tem a inscrição: "GATTIO / ATTIA / NO RV / FINO / SABIN / VLA / MATER / P". Na base da torre, no cunhal sul / poente, insere-se deitada, uma ara romana votiva, contendo a inscrição "GENIO / MVNICIPI". No interior do castelo existem outras lápides inscritas: "ESTA LÁPIDE TESTE- / MVNHA AS SOLENES / COMEMORAÇÕES DO / VII CENTENÁRIO DA / FVNDAÇÃO DE TOMAR / É DE MARÇO DE 1960"; "A HISTÓRIA / DESTE CASTELO / FOI RECORDADA / COM GRATIDÃO / PELOS / PORTVGUVESES / DE 1940". |
Utilização Inicial
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Militar: castelo e cerca urbana |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: marco histórico-cultural |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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Época Construção
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Séc. 12 / 15 / 16 / 17 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUEÓLOGA: Salete da Ponte (1985-1987). CARPINTEIRO: Gonçalo Rodrigues (séc. 16). EMPREITEIROS: Anselmo Costa (1965, 1973), Raul Marques da Graça (1939-1944). |
Cronologia
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1135 - a região de Tomar já se encontra na posse das forças cristãs, quando D. Afonso manda construir o castelo de Leiria, entre Santarém e Coimbra; 1159, fevereiro - D. Afonso Henriques doa o castelo de Ceras (antiga freguesia de Alviobeira, do concelho de Tomar), e seu território à Ordem do Templo, como contrapartida pela cedência destes na questão do Eclesiástico das Igrejas de Santarém *2; 1160, 01 março - início da construção do castelo de Tomar, segundo inscrição existente na torre de menagem, para sede da Ordem, tendo o mestre D. Gualdim Pais e os freires abandonando definitivamente a ideia de reconstruir o castelo de Ceras, visto Tomar ter melhores características geomorfológicas, ter uma povoação já fortificada *3, abundância de água e dominar as terras férteis envolventes; 1162, novembro - D. Gualdim Pais outorga foral a Tomar, incentivando o povoamento da almedina, ficando reservada a alcáçova aos membros da Ordem; este diploma estabelece que, durante metade do ano, as atalaias fossem da responsabilidade dos freires Templários e, na outra metade do ano, fossem asseguradas pelos habitantes civis de Tomar; 1169, outubro - D. Afonso Henriques confirma a posse de Tomar aos Templários, doando-lhes ainda os castelos de Zêzere (Vila Nova da Barquinha), que confinava com o território de Ceras / Tomar, e o da Cardiga (Golegã); 1172 - já há casas construídas no interior da almedina; 1178 - regista-se a existência do arrabalde da Corredoura; 1187 - documentado a existência do arrabalde de São Martinho; 1190 - contra ofensiva almóada, sob o comando do califa Abu Yaqub Al-Mansur; 05 julho - início do cerco almóada de Yaqub Al-Mansur, que dura seis dias, causando grande destruição na zona extramuros e uma grave crise económica na região; os muçulmanos forçando a porta sul da almedina conseguem penetrar na cerca exterior, passando a porta a ser conhecida como "Porta do Sangue"; 11 julho - Abu Yaqub Al-Mansur e as suas forças levanta o cerco e retira-se; séc. 12 - desde esta época que está documenta a Igreja de Santa Maria, erguida no pátio central, nas imediações da porta do sol; 1214 - segundo José Manuel Câpelo, a sede da Ordem do Templo é transferida para Castelo Branco, onde permanece até 1314; 1307, 12 agosto - o papa Clemente V, pela bula "Regnans in ecclesis triumphans", dirigida a D. Dinis, convida o rei a acompanhar os prelados de Portugal ao Concílio de Viena, onde se procuraria determinar o que fazer da Ordem do Templo e dos seus bens, por causa dos erros e excessos que os seus cavaleiros e comendadores haviam cometido; D. Dinis empreende uma série de medidas, internas e externas, para evitar que os bens dos Templários em Portugal integrassem o património da Ordem do Hospital; assim, ordena que seja tirada inquirição sobre o património da Ordem e, pela via judicial, incorpora-o na Coroa, alegando que as doações haviam sido da responsabilidade régia e que obrigavam à prestação de serviços ao rei e ao reino; 1309, 27 novembro - emissão de sentença real decidindo que os bens da Ordem do Templo sejam reintegrados na Coroa; 1311 - realização do Concilio de Viena, onde se tenta decidir o destino da Ordem do Templo; 1312, 22 março - extinção da Ordem do Tempo, pela bula "Vox clamantis"; 02 maio - bula "Ad Provirem" concede aos soberanos a posse interina dos bens da Ordem do Templo, até o conselho decidir o que fazer com eles; 1317, 15 julho - o papa João XXII, pelas letras "Dudum felicis recordationis", dirigidas a D. Bertrando, Cardeal do título diaconal de Santa Maria de Aquino, concede-lhe a Igreja de Tomar, alegando que os bens da extinta Ordem do Templo em Portugal estão dependentes da disposição apostólica; 27 dezembro - D. Dinis manda fazer inquirição pela qual se mostrava que, quem primeiro mandara edificar e povoar o castelo de Tomar, fora a Ordem do Templo; 1319, 14 março - bula "Ad ea Exquibus" de João XXII institui a Ordem de Cavalaria de Jesus Cristo, ou a Ordem de Cristo, para quem passam todos os bens e pertenças da Ordem do Templo: "outorgamos e doamos e ajuntamos e encorporamos e anexamos para todo o sempre, à dita Ordem de Jesus Cristo (...), Castelo Branco, Longroiva, Tomar, Almourol e todos os outros castelos, fortalezas e todos os outros bens, móveis e de raiz"; Castro Marim, do bispado de Silves, é doada à nova Ordem, que aí estabelece a sua primeira sede por ter "castello muy forte a que a desposiçom do lugar da seer defeso, que he na fronteyra dos dictos enmijgos e parte con eles" (Mon. Henr., doc. 62, p. 112); poucos meses depois, inicia-se o processo de entrega à Ordem de Cristo das terras que haviam pertencido aos Templários; 1321, 11 junho - divisão em 38 comendas da Ordem de Cristo dos antigos bens pertencentes aos Templários; 1335 - 1344 - requerimento de D. Estêvão Gonçalves Leitão, mestre da Ordem de Cristo, pedindo a D. Afonso IV que os freires se estabelecessem no castelo de Tomar, o que é indeferido; 1357, cerca - transferência da sede da Ordem de Cristo do castelo de Castro Marim para o de Tomar *4; 1417 - após a morte do mestre D. Lopo Dias de Sousa, D. João I obtém da Santa Sé a nomeação do seu filho, o Infante D. Henrique, como governador e regedor da Ordem de Cristo; séc. 15, 1.ª metade - durante o mestrado do Infante D. Henrique, constrói-se na alcáçova os Paços Mestrais ou do Infante, o claustro do Cemitério, com traçado de Fernão Gonçalves, o claustro da Lavagem, a torre e a Capela de São Jorge, atual sacristia velha, eliminando as estruturas que pudessem existir dos Templários na alcáçova, com exceção da linha de muralha interior que serve de fachada sul às novas construções; 1434, 01 abril - Infante D. Henrique envia súplica ao papa Eugénio IV a pedir a confirmação da bula "Ad ea ex quibus", que fundara a Ordem de Cristo e concedera todos os bens Templários, referindo explicitamente os castelos de "Castrum Album, Longroivam, Thomarium et Almoyrol"; 1438, 09 setembro - D. Duarte morre nos Paços Mestrais da alcáçova, indicando que eles já deviam estar construídos; posteriormente, ali é coroado como rei D. Afonso V; 1454 - D. Afonso V doa à Ordem de Cristo a "espiritualidade das terras conquistadas e por conquistar, como se Tomar fosse"; 1460 - data da morte do Infante D. Henrique, sucedendo-lhe no governo da Ordem seu sobrinho e herdeiro, D. Fernando, filho de D. Duarte; ao designar como seu herdeiro universal o segundo filho do rei D. Duarte, o Infante vai consagrar o exercício da governação da Ordem à família real; 1498 - os representantes da vila de Tomar protestam nas Cortes que o alcaide do castelo é opressor e abusa da sua jurisdição; 1499 - D. Manuel determina que a Ordem de Cristo adquira todos os bens privados existentes na vila intramuros e os seus moradores recebem ordem de saída; esta ordem é repetida em anos seguidos pelo rei; séc. 15 - construção da barbacã da porta, para reforço da porta do Sol, e onde se rasga a denominada porta de Santiago; reconstrução da zona superior da torre de menagem, com adaptação das seteiras do adarve a pirobalística e abertura de uma segunda porta, a nascente, permitindo a comunicação com as construções entretanto erguidas no pátio do castelo; provável reforma das muralhas e torres da fortificação, com feitura das ameias de corpo largo, rasgadas por troneiras cruzetadas; séc. 16, início - transferência da população que vivia intramuros, no arrabalde de São Martinho da almedina, para o arrabalde da Corredoura, no sopé do monte, de modo a reservar todo o espaço intramuros para o convento *5; D. Manuel manda entaipar a porta de almedina e fazer sacristia "pegada com a serventia e a escada do coro (…) e hua casa forte no cubelo e torre pegada com ela da banda do norte pera guarita da prata e cousas de preço que depois serviu de cartório"; 1509 - iluminura do frontispício de um dos livros da Leitura Nova, de António d'Holanda, representa o pátio desimpedido e separado da almedina por uma muralha ameada e com portas em arco, o casario da vila intramuros, no lado esquerdo, e, à direita, os paços henriquinos, a charola e o arrabalde de São Martinho; 1510, 20 janeiro - data do tombo dos bens e propriedades da Vigairaria de Tomar, mandado fazer por frei Diogo do Rego, do desembargo de El Rei *6; a visitação descreve a Igreja de Santa Maria do pátio com uma nave, alpendre e campanário; 1521 - 1557 - durante o reinado de D. João III, Gonçalo Rodrigues toma de empreitada o assoalhamento do castelo e uma varanda para a torre de menagem; 1523 - Gil Vicente representa nos Paços Mestrais, pela primeira vez, a Farsa de Inês Pereira, perante D. João III; 1533, cerca - D. Catarina faz obras de adaptação no interior da torre da Rainha, até então conhecida como "torre do relógio"; 1535 - início da construção da sala do capítulo sobre a muralha, subsistindo apenas vestígios de um troço na base oeste da mesma; 1536 - data inscrita na verga da porta da cisterna existente junto à torre da Rainha; 1551, 30 dezembro - só nesta data é reconhecida pelo papa a anexação dos mestrados das ordens militares à Coroa; 1557, 11 junho - após a morte de D. João III, a viúva D. Catarina vive nos Paços Mestrais, os quais passam a ser também conhecidos por Paços da Rainha; 1581, março - D. Filipe I (II de Espanha) (21-05-1527 - 13-09-1598) vem a Portugal, sendo coroado rei nas Cortes de Tomar; entre as obras de embelezamento para receção do rei, é possível ter-se procedido à restruturação do terreiro do pátio central, com um aterro que levantou a cota original em cerca de 2 m, e ao entaipamento da porta que ligava a almedina ao pátio; 1618 - para se construir a portaria filipina é destruída a torre do ângulo noroeste da cortina; 1620, cerca - feitura dos ornamentos da entrada da porta principal do castelo; 1808, junho - durante a Guerra Peninsular, Tomar é ocupado por tropas francesas; 1834 - extinção das Ordens Religiosas; 1810 - 1811 - parte do exército de Massena aloja-se, durante seis meses, no convento; 1837 - extinção das comendas, passando os seus bens para os Próprios Nacionais e depois vendidos em hasta pública; 1843, 24 maio - António Bernardo da Costa Cabral, conde de Tomar, compra ao Estado a cerca do convento e uma pequena parte deste; o conde de Tomar irá empenhar-se para impedir o abandono e ruína do convento e estruturas fortificadas; na cerca manda plantar laranjeiras; 01 setembro - ordena a proteção e conservação do conjunto ao Governo Civil de Santarém; 05 setembro - portaria cria um lugar de guardaria pública no convento, paga pelo Ministério do Reino; 1844, 13 fevereiro - alvará de D. Maria II eleva a vila de Tomar a cidade; 1895 - após o desabamento de um troço da muralha, o 2.º conde de Tomar manda levantar a atual muralha com ameias, tendo desaparecido o talude exterior desse troço, absorvendo a pedra na construção; 1933 - a residência privada do conde e marquês de Tomar é readquirida pelo Estado à família; 1934 - desaterro e terraplanagem para o jardim, põem a descoberto os alicerces do muro, sobre piçarra, que seccionava o pátio, junto à porta do sol; 1935 - data da planta da fortificação elaborada por Lacerda Machado com a reconstrução da mesma, assinalando a existência de alambor em toda a sua extensão; 1935 - 1936 - os trabalhos de regularização do terreno da mata, executados pela Brigada Agrícola, afetam a muralha do castelo e provocam a derrocada de uma parte da sapata empedrada, o alambor onde assenta a muralha; 1947 - cedência da torre da Rainha para arrecadação das alfaias agrícolas e instalação de residência de um guarda na torre da Condessa; 1955 - ofício com recomendações e estimativas de custos sobre a iluminação do Castelo de Tomar (DGEMN, DSMN, 5ª.Secção, Repartição Técnica); 1960, década - transformação da antiga cerca conventual em Mata dos Sete Montes; 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126; 2006, 01 março - assinatura de protocolo entre o IPPAR e a Associação Portuguesa dos Amigos dos Castelos (APAC), no âmbito do qual são previstas resgatar e valorizar a porta da almedina, valorizar a torre de menagem, e visitas de estudo especiais; março - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura em alvenaria ou cantaria calcaria; cunhais, molduras dos vãos, arcos, pilares, nervuras das abóbadas em cantaria nos cunhais; pavimento cerâmico e em cantaria; portas de madeira com ferragens; grades em ferro; cobertura e beiradas em telha. |
Bibliografia
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Documentação Gráfica
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DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DRMLisboa, Carta de Risco |
Documentação Fotográfica
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DGPC: DGEMN:DSID, Carta de Risco, DGEMN:DRMLisboa |
Documentação Administrativa
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DGPC: DGEMN: DSARH (DGEMN: DSARH-010/264-0117, DGEMN: DSARH-010/264-0118, DGEMN: DSARH-001/014-2062/3, DGEMN: DSARH-010/264-0116, DGEMN: DSARH-010/264-0073, DGEMN: DSARH-010-0161, DGEMN: DSARH-010/264-0155, DGEMN: DSARH-010/264-0156; DGLAB/TT: Livro dos Mestrados, da Chancelaria de D. Manuel |
Intervenção Realizada
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1844 / 1845 / 1846 / 1847 / 1848 / 1849 / 1849 / 1850 / 1851 - obras de conservação e restauro do conjunto edificado por iniciativa pública, promovidas pelo Conde de Tomar; 1852 - 1899, entre - obras de conservação e restauro do conjunto edificado; DGEMN: 1934 - restauro do muro e ameias entre as portas do sol e de Santiago; redução do talude da alcáçova em 15 x 12 m., a fim de facilitar o acesso; demolição da bandeira existente sobre o portão da porta do sol; 1936 - reconstrução da sapata da torre da Condessa, que desmoronou pela remoção de terras junto às suas fundações; 1939 / 1940 / 1942 / 1943 / 1944 - obras de restauro no castelo pelo empreiteiro Raul Marques da Graça, com reconstrução completa de muralhas de alvenaria argamassada iguais às existentes, reconstituição completa dos arcos de tijolo das construções da praça de armas, pavimentação com tijolo rebatido; demolição de paredes de alvenaria argamassada; alvenaria argamassada em merlões, incluindo seteiras; alvenaria argamassada em cortinas e merlões; 1947 - projeto de adaptação da cisterna da fortificação, na zona da antiga almedina, para abastecimento de água à zona ajardinada; 1954 - colocação de uma guarda em ferro na escada de acesso ao mirante do castelo; 1955 - Câmara solicita a iluminação do castelo; 1956 - elaboração do projeto de iluminação do castelo; 1959 - restauro e recuperação do pavimento, incluindo assentamento de tijoleiras velhas; limpeza do recinto; construção de uma porta em madeira de carvalho; 1960 - construção de escadas na torre de menagem e da respetiva guarda; reparação de alvenaria na entrada da torre e de paramentos na torre pequena; 1961 - iluminação exterior do castelo (1.ª fase); 1962 - reparação dos paramentos do lado sul, gateando a alvenaria; 1963 / 1964 - obras na torre da Rainha, com recuperação da cobertura, arranjo e caiação de paramentos, reparação do extradorso da abóbada, assentamento de grades de ferro em duas aberturas; 1965 - conclusão do arranjo urbanístico do Cerrado dos Cães, com execução de parque de estacionamento e instalações sanitárias, pelo empreiteiro Anselmo Costa; 1966 / 1967 - iluminação exterior do castelo (2ª. fase); 1973 - limpeza e fixação de pedras no adarve da muralha, no troço entre a porta de acesso ao pátio e a torre da Rainha, pelo empreiteiro Anselmo Costa; 1986 - consolidação das muralhas junto à porta do sangue; 1989 - recuperação da sapata; IPPAR: 1985 / 1986 / 1987 - realização de escavações arqueológicas por Salete da Ponte na alcáçova, mais precisamente nos paços henriquinos, e respetivo laranjal, apontando vestígios com cronologias romanas, suevas, moçárabes, medievais e modernas; 1993 / 1994 / 1995 / 1996 / 1997 - escavações pontuais a oriente dos antigos paços mestrais, uma área com cerca de 992 m2, que fornece ocupação humana sucessiva, pelo menos desde o período tardo-romano até ao assento islâmico; 1996 / 1998 - realização de trabalhos arqueológicos na alcáçova e paços mestrais (1.ª fase); 2003 / 2006 - recuperação da alcáçova e paços mestrais (2.ª fase). |
Observações
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*1 - Zona Especial de Proteção Conjunta com o Convento de Cristo e o Aqueduto do Convento (v. IPA.00003364). *2 - Após a conquista de Santarém, em março de 1147, D. Afonso Henriques para cumprimento de um voto e agradecimento pelo auxílio prestado pela Ordem do Templo, doa, em abril, todo o direito Eclesiástico de Santarém. Porém, depois da tomada de Lisboa, em outubro do mesmo ano, e da restauração da sua diocese, os direitos eclesiásticos de Santarém são reclamados pelo primeiro bispo de Lisboa, D. Gilberto de Hastinsgs. Esta disputa entre a Ordem do Templo e o bispo olisiponense prolongou-se por mais de uma década, só sendo resolvida em fevereiro de 1159, quando o rei compensa os Templários com a doação do castelo de Ceras, em vez das igrejas de Santarém que cedem, com exceção da Igreja de São Tiago, que continuou no poder da Ordem. *3 - As escavações arqueológicas realizadas nos Paços Henriquinos por Salete da Ponte indicam que a zona da alcáçova pode ter sido um recinto fortificado desde a Antiguidade tardia, tendo, posteriormente, sido reutilizado e reformado durante a ocupação muçulmana, época em que a colina seria defendida por uma cintura de muralhas envolvendo cerca de 5 hectares. Salete da Ponte refere ainda a existência, em vários pontos das muralhas, de técnicas construtivas muçulmanas, nomeadamente o recurso a fiadas paralelas de pedras intervaladas com fiadas de tijolo. Na zona dos Paços Henriquinos, a arqueóloga detetou vestígios de ocupação humana contínua muçulmana, entre os séc. 8 e 12, designadamente uma calçada com marca de rodados, e várias estruturas habitacionais e de saneamento. Contudo, as opiniões não são concordantes, e para os arqueólogos Ana Carvalho Dias e Carlos Batata, esses vestígios documentam já a presença cristã. As escavações realizadas por Carlos Batata, junto à muralha meridional da almedina, confirmam, no entanto, a presença de algumas estruturas e materiais muçulmanos, datados sobretudo dos séc. 9 e 11, nomeadamente uma calçada que se dirigia atá à porta do sangue, alguns silos e materiais avulsos. *4 - Os autores não são concordantes relativamente à data da transferência da sede da Ordem de Cristo para o castelo de Tomar. Alguns apontam as datas de 1334 ou 1356, durante o reinado de D. Afonso IV, outros autores acreditam que a transferência ocorreu no reinado de D. Pedro I, sendo mestre D. Nuno Rodrigues (1356 - 1372) e outros ainda no tempo do mesmo mestre, mas já durante o reinado de D. Fernando. Esta transferência explica-se sobretudo pelo afastamento de Castro Marim relativamente aos bens da Ordem, ao facto de Tomar ter sido convento e cabeça da Ordem do Templo, a capacidade do edifício, e situar-se no coração do reino. A própria residência oficial do mestre localizava-se em Castelo Branco e não em Castro Marim. *5 - Possivelmente a vila intramuros tinha os espaços funcionais organizados a partir de dois eixos viários principais, um orientado sensivelmente no sentido sul-norte, que ligava a porta da almedina ao castelo, e outro orientado sensivelmente no sentido este-oeste, ligando a porta do sol à entrada da igreja templária. Estes dois eixos definiam possivelmente ruas e ruelas laterais com as mesmas orientações adaptadas às curvas de nível. Cada um dos eixos do recinto fortificado prolongava-se pela encosta até à vila de baixo: a partir da porta da almedina desenvolvia-se o caminho da Riba Fria e da porta do sol a Calçada de Santiago, que terminava na Praça de São João. *6 - Segundo o Tombo dos bens da Vigairaria de Tomar, de 1509, "Tem a Vigairaria huu apousentamento de casas dentro na cerca da dicta villa de thomar e he nesta maneira: aa entrada tem huu portal grande ameado com suas portas bõoas e logo huum patio ou recebimento que leua xxbj uaras de comprido e de largo aa entrada leua quatro. e mais adiante leua cinquo e onde estaa a laranjeira leua xiiij. Do dito recibimento vam per huua escalada de pedra a huua sala sobradada que leua ix varas e meya de longo de parede a parede e seis menos quarta de largo e estaa nella huua chaminee e duas janellas .a saber. huua de duas serras e outra rasa. e estaa hi huu repartimento de tauoado que série de câmara. e outro repartimento asi de tauoado que série de despensa que leua três uaras e meya de longo e outro tanto de largo. Da dita salla vam huua torre que tem dous sobrados. o primeiro que he no andar da dita sala. he ladrilhado e oliuellado de castanho e leua cinquo uaras e quarta de longo e outro tanto de largo e tem duas janelas de ser huua ao leuante e outra ao sul. Sobre esta câmara vay outra tal camara nouamente feita olliuellada de pinho em quatro aguas e tem outras duas janellas de ser com suas portas quebradiças e huua chamjnee. Da dita salla decem a huua casa de cozinha sobradada feita em três quinas e leua de longo cinquo uaras e cinquo de largo e tem huum portal pera o muro e huu lanço de serujntia per elle que leua xiiij varas de longo. Da dita salla vay huu corredor pera outra parte do muro contra o Relógio. honde tem logo huua torre maciça atee o andar do dito muro que leua três haras de longo em vaao e três de largo escadas e tem huua janella de duas sedas com suas portas e huu sobrado sem escaada. e tem huu lanço pelo dito muro que chega ao cubelo em que estaa o relógio e estam nele outros dous cubellos. Debaixo da sobredita despenssa vay outra casa sobradada do tamanho della e outro tal sobrado debaixo da dita salla que leua quatro uaras e meya de longo e quatro de largo. E debaixo destes dous sobrados vam duas logeas. e outra debaixo da torre que sohia seer aljube dos clérigos. Diante destas logeas vay outro patio carrado sobre sy que leua .viiij. uaras de longo. E de largo leua per huu cabo seis e meya e per outro leua duas. e estaa hi huua casa térrea que sohia seer adega e leua. viiijo. Varas de longo. e seis e meia de largo per huu cabo e quatro e quarta per outra. e estamos ora hi três potes .a saber. dous quebrados e huu são. e tem huu este o no meyo .e logo outra casa dentro della que leua seis varas de longo e três de largo per huu cabo e quatro per outro. No patio que estaa a larangeira estas huua casa que serue de estrebaria com suas manjadoiras e leua seis haras e meya de longo e quatro e meia de largo e outra casa junto della que leua ix varas de longo e cinquo de largo e tem huuas manjadoiras danificadas. Junto da primeira entrada tem huuas casas sobradadas e som suas casa per baixo e duas per cima a primeira leua de longo três varas e meya e três de largo e a de dentro leua três varas de longo e outras três de largo. E estamos hi quatro potes grandes. três quebrados e huu saao e dous pequenos. os sobrados destas casas. som do tamanho delas. E estamos ora mal Repairadas. Tem hi mais huu quintal que leua de longo do muro. xiiijo varas de medir. E contra o ponente leua .xxiiijo. E ao norte leua xxij e per onde he mais comprido leua xxxiiij. e estamos melle sete pereiros .e quatro limoeiros e seis cidreiras e seis laranjeiras e huu aciprets e sete Romeiras e huua parreira e xiij ameixieiras e marmeleiros. E huu poco. e no patio aa entrada estamos duas parreiras: O que todo juntamente parte ao leuante e sul com o muro. ao norte com Rua e ao ponente com casas da hordem que foram da molher de pero López e com quintal que foy da dita veuva e com outro quintal que foy de fernam Gil. Estas casa som do convento e pera aposentamento dos vigários foram compradas outras na vila". |
Autor e Data
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Paula Noé 2016 |
Actualização
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