Escola Primária de Alcântara / Grupo Escolar da Calçada da Tapada / Escola Básica do 1.º Ciclo Raul Lino e Jardim de Infância da Calçada da Tapada
| IPA.00035275 |
Portugal, Lisboa, Lisboa, Alcântara |
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Escola primária, projetada e construída no primeiro quartel do século 20 pelo arquiteto Raúl Lino, obedece às características pedagógicas higienistas exigidas para a escola da I República. Muito embora já se encontrasse em funcionamento aquando da publicação do Decreto n.º 6:137, de 1919, que reorganiza o ensino infantil e primário normal, fixando as condições físicas a que um edifício destinado ao ensino deve obedecer, nomeadamente no que respeita à sua localização (em local central, salubre e de fácil acesso, longe de vizinhanças incómodas e perigosas), às condições requeridas para a sala de aula - superfície nunca inferior a 1 m2 por aluno, altura mínima de 3 metros, 2,80 metros do sobrado ao teto, uma porta e, pelo menos, duas janelas (com bandeiras móveis ou ventiladores, colocadas preferencialmente do lado esquerdo, ou em ambos, numa superfície envidraçada nunca inferior a um décimo da superfície total da sala), chão com caixa-de-ar e soalho que facilite a limpeza, tetos forrados de madeira e pintados a branco, ou estucados, paredes pintadas a dois tons (o mais escuro até 2 metros do solo), a parte inferior deve facilitar a limpeza -, à existência de vestiários, sanitários, espaços de circulação, locais específicos para recreios ao ar livre (jardim ou pátio) e cobertos (alpendre), a escola da Calçada da Tapada preenche todos os requisitos aí dispostos. De referir ainda a importância dada no projeto à cantina (primeiro piso) / sala de leitura (segundo piso), espaço destacado, amplo e muito bem iluminado, ao espaço dedicado ao corpo docente (num alpendre fechado a ladear a entrada), logo à entrada, facilitando a vigilância das entradas e saídas, bem como a ligação ao exterior (escola / família), e ao museu, espaço por excelência dedicado ao ensino empírico. Da mesma forma, a aprendizagem pela arte é também ela considerada a partir da profusão de pintura mural existente (átrio e espaços de circulação com ciclo dedicado aos ofícios de Alcântara, salas e cantina com cenas campestres e animais domésticos). A este imóvel foi acrescido um segundo edifício na década de 1950, projetado e construído por Alberto Aires braga de Sousa, ao abrigo da segunda fase do Plano dos Centenários, programa de construção em larga escala levado a cabo pelo Estado Novo a partir de 1941, em sucessivas fases, com o objetivo de constituir uma rede escolar de abrangência nacional. Nesta segunda fase do plano dos Centenários em Lisboa processa-se uma decisiva viragem para uma arquitetura moderna. Apesar de se tratar de um projeto do mesmo autor de três das cinco escolas construídas pela autarquia lisboeta ao abrigo da primeira fase do Plano dos Centenários (Alto de Santo Amaro, Rua Actor Vale e Praça do Ultramar / Novas Nações), o projeto para o segundo edifício da Calçada da Tapada apresenta-se livre do historicismo representativo da primeira fase, e não se apresentando também condicionado pela preexistência (como acontece com o projeto de Dário Vieira da Silva para o Arco do Cego), revela uma visão humanizada e funcional do edifício. Interiormente, o seu programa funcional segue as orientações iniciais do plano dos Centenários. A unidade de construção continua a ser a sala de aula, com uma capacidade máxima de 40 crianças (medindo 8 x 6 metros, com 3,5 metros de pé-direito, servidas por grandes janelas). Os grupos escolares deveriam desenvolver-se em número par, constituindo dois blocos idênticos, um destinado a alunas e outro a alunos. Neste caso foi construída apenas uma das secções, no prolongamento do recreio coberto, para ocidente, por forma a dividir a área destinada ao recreio externo. |
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Registo visualizado 2144 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Educativo Escola Escola primária Tipo República
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Descrição
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Planta poligonal, composta, resultante da articulação de dois edifícios justapostos, de um, dois e três pisos. EDIFÍCIO RAUL LINO: planta em forma de U, resultante da junção de quatro módulos, maioritariamente de dois pisos, em torno de um pátio interno, semifechado. A perna esquerda do U, composta por dois módulos, apresenta, no final do primeiro uma saliência semicircular, após o que se completa em apenas um piso. Existe ainda um terceiro piso, uma cave, praticamente invisível do exterior, detendo apenas algumas frestas de iluminação. As suas coberturas são em telhado, de duas, três e cinco águas. As fachadas são rebocadas e pintadas de branco, rasgadas por janelas retilíneas com moldura de verga reta, de quatro batentes sob bandeira de caixilho envidraçado. O acesso ao edifício é feito a sul, para onde se encontra orientada a sua fachada principal, de quatro panos. O primeiro dos quais é centralizado por uma janela de sacada com moldura de verga reta, antecedida por pequeno alpendre murado, ao nível do primeiro piso. No segundo piso, rasga-se uma janela de sacada emoldurada por arco de volta perfeita com impostas e pedra de fecho salientes. O segundo pano é rasgado em ambos os pisos por três janelas retilíneas separadas por cunhal de alvenaria. O terceiro pano apresenta, ao nível do primeiro piso um alpendre fechado com cobertura telhada de duas águas, que antecede a entrada, precedido por três degraus, é centralizado por um arco de volta perfeita com pedra de fecho saliente, ladeado por duas janelas retilíneas que encimam dois silhares de azulejo enxaquetado. No segundo piso uma janela retilínea ladeada por duas pequenas seteiras. O quarto pano apresenta um avanço do primeiro piso, com cobertura telhada a três águas, e rasgado por três janelas retilíneas separadas por cunhais de alvenaria simples. Encima-o uma parede cega. A fachada esquerda, virada a ocidente, é composta por cinco panos, sendo os três primeiros de um só piso e os dois segundos de dois pisos. Os dois primeiros correspondem às fachadas lateral e frontal da estrutura alpendrada que serve de recreio coberto, apresentam uma cobertura telhada a duas águas assente em parede murária de tijolo e, entre cada duas, coluna simples. O segundo pano apresenta três janelas retilíneas. O terceiro pano, já de dois pisos, corresponde ao semicilindro da planta e é rasgado por cinco janelas de sacada, girantes, em ambos os pisos. Segue-se o quarto pano, também de dois pisos é rasgado, em cada piso, por três janelas retilíneas, de peitoril, separadas por cunhais de cantaria simples. A fachada norte, fachada posterior, de dois pisos, apresenta quatro panos. Os dois primeiros (topo da perna direita do U) são rasgados, em ambos os pisos, por três janelas retilíneas separadas por cunhais simples (o primeiro) e uma janela isolada (o segundo), fazem ângulo com a face interna dessa perna do U, rasgada por cinco janelas retilíneas em cada piso. Faz ângulo com o pano seguinte, rasgado em cada um dos seus dois pisos por uma janela retilínea. Faz novamente ângulo com a face interna da perna esquerda do U, esta, de dois pisos apenas na primeira metade, rasgada por uma janela em cada piso, e correspondendo ao acesso ao recreio coberto na outra metade, apresentando um vão a meia altura. INTERIOR: acede-se ao interior do edifício a partir do corpo avançado da sua fachada sul, aí se encontra o átrio de distribuição e, do seu lado direito, a sala do corpo docente, segue-se o vestiário e o acesso às cinco salas de aula do primeiro piso (duas do seu lado esquerdo, orientadas a sul e a poente, e três do seu lado direito, orientadas a nascente e norte). O átrio permite, igualmente, aceder às escadas e, assim, ao segundo piso, onde se distribuem, seguindo as mesmas orientações, mais cinco salas de aula. Sobre o átrio encontra-se o museu. A poente, no primeiro piso, o bloco saliente semicircular é ocupado pela cantina (a "casa querida dos pequenos", segundo o arquiteto), seguida por cozinha e recreio coberto. Sobre a cantina encontra-se uma sala de leitura intercomunicante com a sala de aula que lhe fica contigua. EDIFÍCIO DE ALBERTO BRAGA DE SOUSA: planta longitudinal, simples, surge a norte do edifício anterior, desenvolvendo-se, em dois e três pisos, no sentido poente / nascente. A sua cobertura é plana. As suas fachadas são rebocadas e pintadas a branco e sangue de boi, rasgadas por janelas retilíneas com peitoril e verga corridos, retos, de alvenaria simples. A sua fachada principal encontra-se orientada a sul, correspondendo à fachada principal do corpo letivo, apresenta dois panos, de três pisos, sendo o primeiro correspondente ao recreio coberto, uma galeria aberta sobre pilotis, no fim da qual se encontra, no segundo pano, a porta de acesso ao interior. Os segundo e terceiro pisos são rasgados, cada, por quatro grupos de oito janelas retilíneas separados por cunhais de alvenaria, ladeados, à direita por um pano rasgado por grelha vertical de iluminação, o que deixa antever uma caixa de escadas. Entre cunhais a parede é pintada a sangue de boi. As fachadas esquerda e direita apresentam paredes cegas. A fachada norte, encostada ao talude que separa a escola do terreno do Instituto Superior de Agronomia, é de apenas dois pisos, sendo rasgada, junto ao teto de cada piso, por pequenas janelas basculantes retilíneas. INTERIOR: acede-se ao interior por um átrio de onde partem os espaços de circulação, corredor do rés-do-chão, escadaria e corredor do primeiro andar (ambos os corredores com iluminação unilateral orientada a norte), que dão acesso a oito salas de aula semelhantes entre si (com 8 x 6 metros e 3,50 metros de pé-direito), com iluminação unilateral a sul. Pelo átrio acede-se igualmente à estrutura alpendrada que serve o recreio coberto. O recreio descoberto encontra-se hoje servido por um campo de jogos e equipamentos lúdicos. Todo o recinto é vedado por cerca de arame. |
Acessos
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Calçada da Tapada |
Protecção
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Categoria: Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público, Portaria n.º 548/2023, DR, 2.ª série, n.º 201 de 17 outubro 2023; IIM - Imóvel de Interesse Municipal, Edital n.º 21/2015, Boletim Municipal n.º 1108, de 14 maio 2015 / Incluído na Zona Especial de Protecção do conjunto intramuros da Tapada da Ajuda (v. IPA.00006105) |
Enquadramento
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Urbano. Localizado a meia encosta na Calçada da Tapada, forma um lote irregular, confinando a norte, a ocidente e a este com a propriedade rural do Instituto Superior de Agronomia (v. IPA.00006105), e, a sul, confrontando com a malha urbana. Nas suas imediações encontram-se as atuais instalações da Junta de Freguesia de Alcântara e do Mercado de Alcântara (v. IPA.00034164). |
Descrição Complementar
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No edifício antigo o átrio de entrada e os restantes espaço de circulação apresentam-se profusamente decorados, junto à sanca, com um ciclo de pintura mural alusiva aos "Ofícios de Alcântara" da autoria de António Soares, as paredes das salas de aula são igualmente decoradas com murais de Alice Rey Colaço, Fred Abecassis e Conceição Silva, representando cenas bucólicas, com o mesmo teor a cantina é decorada com pintura mural da autoria de Raul Lino, assim como a entrada é ladeada a enxaquetados de azulejo da autoria do arquiteto; o edifício novo tem um baixo-relevo alusivo ao fabrico do vidro da autoria de Inácio Vitorino Perdigão. |
Utilização Inicial
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Educativa: escola primária |
Utilização Actual
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Educativa: escola básica / Educativa: jardim de infância / creche |
Propriedade
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Municipal |
Afectação
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Ministério da Educação |
Época Construção
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Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITETO: Raul Lino (1915 - 1916), Alberto Aires Braga de Sousa (1953 - 1957); ENGENHEIRO: Vasco Bom de Sousa Marques Leite (1953 - 1957); PINTOR: António Soares (1915 - 1916), Alice Rey Colaço (1915 - 1916), Fred Abecassis (1915 - 1916), Conceição Silva (1915 - 1916), Raul Lino; ESCULTOR: Inácio Vitorino Perdigão (1956 - 1957). |
Cronologia
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1911, 29 março - o recém-instituído governo republicano publica o Decreto n.º 9:223, da Direção Geral da Instrução Pública, no qual estabelece as bases para uma reforma do ensino, que divide em infantil (a funcionar facultativamente entre os 4 e os 7 anos de idade) e primário, subdividido em elementar (três anos, a partir dos 7 anos, de caracter obrigatório para ambos os sexos), complementar (dois anos, tendo por idade mínima para início os 10 anos e o resultado positivo no exame do grau elementar) e superior (três anos, a partir dos 12 anos e com aprovação no exame do grau complementar); esta reforma exige a dotação de novas condições de higiene e de salubridade aos edifícios afetos ao ensino, tornando-se, assim, necessário promover a construção de novos imóveis e a reparação dos existentes; as despesas a ter com o ensino da instrução primária são, de acordo com o mesmo diploma legal, divididas entre o Estado (aquelas que reportam às gestão e fiscalização do ensino) e as autarquias (a quem cabem todas as despesas a ter com a construção, adaptação e aluguer de edifícios destinados ao ensino, mobiliário e material escolar e ordenados do pessoal docente e discente); 1911 - é inaugurado, em Coimbra, o primeiro edifício escolar projetado por Raul Lino (1879 - 1974), de promoção privada, o Jardim-Escola João de Deus (v. IPA.00016394), fruto de uma profícua parceria criada entre o arquiteto e o pedagogo João de Deus Ramos (1878 - 1953); 1912, 13 junho - é nomeada uma comissão para fixar as normas técnicas, higiénicas e pedagógicas a que os novos edifícios escolares devem obedecer; integram a referida comissão o arquiteto Adães Bermudes (1864 - 1948), o médico inspetor-geral de Sanidade Escolar, Sebastião da Costa Sacadura (1877 - 1966) e o professor Arlindo Varela (1865 - 1934); 1913, 7 julho - a Lei n.º 12 cria o Ministério da Instrução Pública com atribuições no domínio da construção escolar, sendo reservada a quantia de duzentos mil escudos para a sua execução; 1914, 6 a 9 abril - decorre, no Porto, o primeiro Congresso Pedagógico organizado pelo Sindicato dos Professores Primários de Portugal, no qual os professores se assumem como "agentes comunitários" que devem conhecer bem os meios onde se inserem e ensinar a criança na sua integração no meio, neste sentido tomam agora maior importância o lugar do museu na escola (até então inexistente) e da arte aplicada à arquitetura, pois "é preciso impregnar de arte e bom gosto tudo o que rodeia a criança, desde a decoração mural até ao pequeno caderno que a criança manuseia" (Teses do Congresso Pedagógico, in MANIQUE; 2011, p. 36); 1915 - no mesmo ano em que é inaugurado o Museu-escola São João de Deus (v. IPA.00005072), em Lisboa, com risco de Raul Lino, o arquiteto elabora o projeto, de promoção estatal, para a construção, em Alcântara, de uma escola primária para 800 crianças de ambos os sexos; o projeto, considerado pelo arquiteto como sendo "o menos incompleto" da sua produção (LINO, 1916, p. 335), definia um edifício de dois pisos, com dez salas de aula distribuídas pelos dois pisos, contemplando, ainda, no primeiro piso, a existência de átrio, sala de professores, vestiários, instalações sanitárias, cantina e cozinha, e, no segundo piso, sala de leitura intercomunicante com uma das salas de aula, e museu; a entrada é marcada por uma simples decoração em enxaquetado de azulejos, da autoria do próprio arquiteto; a escola é amplamente decorada com pintura mural da autoria de António Soares (1894 - 1978), Alice Rey Colaço (1893 - 1978), Fred Abecassis (1878 - 1952) e Conceição Silva (1869 - 1958); 1916, 1 setembro - inauguração da Escola Primária de Alcântara; neste mesmo ano são aprovadas as condições técnicas, higiénicas e pedagógicas propostas pela comissão, as quais já podiam ser observadas na escola de Alcântara, para o que muito provavelmente terá contribuído a experiência que o arquiteto já detinha na projeção de edifícios escolares; 1919, 5 abril - são reorganizados os serviços de construções escolares, agora a cargo da Repartição das Construções Escolares, a funcionar junto da Direção Geral da Instrução Pública (Decreto n.º 5373); 1919, 29 outubro - é publicado o Decreto n.º 6:137 (DG, 1.ª série, n.º 198) que reorganiza o ensino infantil e primário normal; neste diploma são fixadas as condições físicas a que um edifício destinado ao ensino deve obedecer, o material didático que deve estar presente, as habilitações e o recrutamento do pessoal docente; encontram-se aqui espelhadas as novas preocupações técnicas, higiénicas e pedagógicas propostas pela comissão; 1940, 17 dezembro - é promulgada a Lei n.º 1985, lei do Orçamento Geral do Estado para 1941, que, no seu artigo 7.º, prevê a execução de um plano geral da rede escolar, que denomina como sendo dos "Centenários" (muito embora as comemorações oficiais do Duplo Centenário da Fundação e da Restauração de Portugal, tivessem encerrado oficialmente a 3 de dezembro desse mesmo ano); 1941, 29 julho - é publicado um Despacho do presidente do Conselho de Ministros, António de Oliveira Salazar (1889 - 1970), datado de 15 desse mês, no qual são indicados os principais critérios de definição do plano (a necessária separação de sexos, a fixação do número de crianças por sala, do número máximo de salas por edifício, da área de influência pedagógica e da distância máxima a percorrer por uma criança para frequentar a escola) e se aconselha o retomar dos projetos-tipo regionais criados entre 1935 - 1938, agora revistos à luz dos critérios atrás enunciados; o mesmo documento indica a comissão a trabalhar no desenvolvimento da rede escolar e a forma de financiamento do programa, que deveria assentar numa repartição equitativa de esforços entre o poder local e central; 1941, 05 setembro - é nomeada, por Portaria do Ministério da Educação Nacional, a comissão a trabalhar no desenvolvimento da rede escolar, composta pelo diretor-geral do Ensino Primário, Manuel Cristiano de Sousa, que a preside, e, como vogais, o diretor-geral da Assistência, Vítor Manuel Paixão, e o engenheiro chefe da Repartição de Obras Públicas da DGEMN, Fernando Galvão Jácome de Castro; 1943, 5 abril - é publicado o mapa definitivo indicando o número de salas de aula a construir por distrito, concelho e freguesia (DG, 2.ª série); paralelamente, as repartições técnicas da DGEMN procedem ao estudo de um questionário enviado às Câmaras Municipais com o objetivo de avaliar as condições locais para o lançamento dos programas anuais de construção; 1944 - inicia-se, assim, a Fase I do Plano dos Centenários, contemplando apenas os concelhos cujas câmaras tenham respondido ao inquérito (cerca de um terço); ao abrigo desta primeira, a autarquia lisboeta constrói cinco grupos escolares, quatro com dezasseis salas de aula - Alto de Santo Amaro (v. IPA.00035363), Actor Vale (v. IPA.00035382), Célula 1 do Bairro de Alvalade (v. IPA.00035378) e Célula 2 do mesmo bairro (v. IPA.00035255) - e um com doze - Praça do Ultramar (v. IPA.00035583) -, num total de 76 salas de aula, com capacidade de receber 3.040 alunos; 1948 - tem lugar, em Lisboa, o I Congresso Nacional de Arquitetura, organizado pelo Sindicato Nacional dos Arquitetos e, muito embora tenha o patrocínio estatal, as comunicações apresentadas ao encontro mostram uma clara demarcação da arquitetura do regime e uma reivindicação das ideias da Carta de Atenas, nomeadamente na criação de uma arquitetura mais depurada e funcional; 1952, 27 outubro - é publicado o Decreto-Lei n.º 38.968, do Ministério da Educação Nacional (DG, Suplemento), que estabelece o Plano da Educação Nacional que, entre outras medidas estabelece o princípio da obrigatoriedade do ensino primário elementar e reorganiza a assistência escolar; de acordo com os mapas apresentados pelo diploma legal até 31 de julho haviam já sido construídos 1.390 edifícios escolares, o que equivaleria a 2.883 salas de aula, encontrando-se em construção mais 292 edifícios, 520 salas de aula, tendo sido até então gastos c. 300.000.000$00; 1953, 08 julho - por ofício do engenheiro adjunto do diretor de Serviços de Urbanização e Obras da CML, Alexandre de Vasconcelos e Sá, é dado conhecimento ao engenheiro delegado para as Obras de Construção de Escolas Primárias (Plano dos Centenários) da intenção camarária em prosseguir com as obras de construção, remodelação e ampliação de edifícios destinados ao ensino primário na cidade de Lisboa, então em pleno desenvolvimento, são anexados ao ofício elementos relativos à edificação de onze novos grupos escolares -Células 7 (v. IPA.00035377), 4 (v. IPA.00035581) e 6 (v. IPA.00035375) de Alvalade, Cruz da Pedra (v. IPA.000355851), Areeiro (v. IPA.00035584), Picheleira (v. IPA.00035602), Vale Escuro (v. IPA.00035388), Bairro Santos (v. IPA.00035601), Campolide (v. IPA.00035600) e Alto dos Moinhos (v. IPA.00035603) -, num total de 176 novas salas de aula, e à amplificação de mais três grupos escolares - Arco do Cego (v. IPA.00025592), Calçada da Tapada e Bela Vista à Lapa -, como forma de ganhar mais 26 salas de aula, estes edifícios são todos encomendados a arquitetos externos ao município; 1953, 30 julho - a Câmara Municipal de Lisboa celebra contrato para a elaboração do projeto definitivo e de fiscalização da construção do Grupo Escolar da Calçada da Tapada, com o arquiteto Alberto Aires Braga de Sousa (1935 - 1983), adjudicado por 1.242.500$00, trata-se da construção de um novo edifício, de oito salas de aula, de modo a ampliar o imóvel existente; 1953, 20 - 28 setembro - ocorre, em Lisboa, o III Congresso da UIA - União Internacional dos Arquitetos, constituindo uma verdadeira lufada de cosmopolitismo no panorama português, traz a debate o que de novo se faz na Europa e na América, e permite aos novos arquitetos portugueses manifestarem o seu repúdio por uma arquitetura monumental e historicista, e uma nova filiação numa arquitetura mais racional e funcional, produzida à escala humana; a realização do congresso é acompanhada por diversas exposições, de que se destacam a sua mostra itinerante e a da nova arquitetura brasileira; 1953 - inicia-se a segunda fase das obras do Plano dos Centenários, para a qual o MOP concede um subsídio de 85.000$00 por sala de aula (a ser reembolsado em 50% em vinte anuidades pelas autarquias) com a contrapartida de as obras se iniciarem dentro de um ano; 1954, 20 março - despacho do presidente da Câmara Municipal de Lisboa (AML processo n.º 5446/954) deferindo a petição que lhe havia sido remetida no ano transato por setenta e dois artistas mediante algumas condições, a saber: controlo camarário sobre as encomendas a dirigir aos artistas; encomendas de projeto de arquitetura e de motivos artísticos a serem feitas em momentos separados; criação da Comissão Municipal de Arte e Arqueologia, entidade a ficar responsável pelo licenciamento das obras de arte a aplicar à arquitetura; a Comissão Municipal de Arte e Arqueologia, chefiada pelo arquiteto Raul Lino, define os princípios a que devem obedecer os motivos artísticos a incluir nos grupos escolares, e que se podem resumir ao "amor compreensivo pela natureza", ao ensino do processo de transformação dos produtos tradicionais (como sejam o vinho, o pão ou o azeite), ao culto pelo trabalho, pelo artesanato, e ao regionalismo, dando privilégio à arte figurativa sobre o abstracionismo apenas aceite na decoração de alguns espaços internos como nas paredes de refeitórios; não obstante, a arte aplicada aos grupos escolares versou, essencialmente, o universo lúdico infantil (de notar que o edifício da escola da Calçada da Tapada, construída ainda na I República, com projeto do próprio Lino, era já proficuamente decorada, respeitando escrupulosamente os princípios agora definidos); 1956, 16 outubro - contrato estabelecido com o escultor Inácio Vitorino Perdigão para a execução de um baixo-relevo alusivo ao fabrico do vidro para o grupo escolar (Livro de notas n.º 193 A, fls. 37); ainda nesse ano são enviados à Comissão Municipal de Arte e Arqueologia os esbocetos do baixo-relevo, em gesso, para apreciação; 1957, 10 julho - 21 setembro - é efetuada uma apreciação das pinturas de António Soares, Alice Rey Colaço, Fred Abecassis e Conceição Silva no edifício antigo, tendo em vista aferir do seu estado de conservação; 1957 - é feita reportagem fotográfica à obra terminada, pronta a funcionar; 1959, 30 junho - é celebrado contrato para o restauro das pinturas murais da autoria de António Soares (Livro de notas n.º 221 A, fls. 19); 1972, 28 novembro - o Decreto-Lei n.º 482/72, do Ministério da Educação Nacional, revoga o regime de separação de sexos, determinando que, a partir do ano letivo de 1973 - 1974, seja adotada a coeducação nos ensinos primário, preparatório e secundário, como forma de promover uma sã convivência entre rapazes e raparigas; a norma só se generaliza após a revolução de Abril de 1974; 2004 - 2005 - é criado o Agrupamento de Escolas Francisco de Arruda, do qual passa a ser parte integrante, juntamente com as escolas básicas Alexandre Herculano (v. IPA.00010476), Alexandre Rodrigues Ferreira (v. IPA.00027500), escolas básicas do 1.º ciclo e jardim de infância Santo Amaro (v. IPA.00035363) e Homero Serpa (IPA.00035368) e a Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos Francisco de Arruda (v. IPA.00030800), escola sede de agrupamento; 2012 - 2013 - recebe obras de requalificação promovidas pela autarquia, estando a recuperação da pintura mural existente a cargo das empresas Atelier Santiago - Conservação e Restauro e a JPN, SA.; 2018, 03 janeiro - é aberto processo de classificação, conforme Anúncio n.º 1/2018, publicado no DR n.º 2/2018, 2.ª série; 02 março - é publicado a Declaração de Retificação n.º 164/2018, relativa ao anúncio n.º 1/2018, alargando a definição do objeto de classificação para "procedimento de classificação da Escola EB1 Raul Lino, incluindo o património móvel integrado" (DR n.º 44/2018, 2.ª série). |
Dados Técnicos
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Estrutura mista |
Materiais
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Estrutura em alvenaria de tijolo (edifício Raul Lino) e em betão armado (edifício Alberto Aires braga de Sousa), rebocada e pintada; socos, revestimentos, degraus e pavimentos em cantaria de calcário; caixilharias em madeira, vidro e metal; azulejo. |
Bibliografia
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Anais do Município. Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa, 1954, 1955, 1956, 1957; BEJA, Filomena; SERRA, Júlia; MACHÁS, Estella; SALDANHA, Isabel - Muitos Anos de Escolas. Edifícios para o Ensino Infantil e Primário até 1941. Lisboa: DGEE, 1985, 1.ª parte, vol. 1; LINO, Raul - “Edifícios Escolares de Raul Lino”. In BARROS, João de (ed.) - Atlântida, 1916, n.º 4, pp. 332-336; MARQUES, Inês Maria Andrade - Arte e Habitação em Lisboa 1945-1961: Cruzamentos entre Desenho Urbano, Arquitetura e Arte Pública. Barcelona: a.n., 2012, dissertação de doutoramento apresentada à Universitat de Barcelona; “As novas escolas primárias da cidade”. Revista Municipal. Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa, jun. - set. 1955, A. 16, n.º 66, pp. 63 - 66; Revista Municipal. Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa, abr. - jun. 1956, A. 17, n.º 69. SILVA, Carlos Manique da - "Raul Lino, protagonista de uma mudança na arquitetura escolar durante a I República Portuguesa". Educar em Revista. Curitiba: Editora UFPR, jul.-set. 2013, n.º 49, pp. 83-102, jul./set. 2013; SILVA, Carlos Manique da - “Projetos de escolas primárias do arquitecto Raul Lino durante a I República Portuguesa”. Revista Linhas. Santa Catarina: Programa de pós-Graduação, jan. 2011, n.º 12, pp. 33-50; SILVA, Carlos Manique da - Escolas, higiene e pedagogia: Espaços desenhados para o ensino em Portugal (1860-1920). In MOGARRO M. J. (coord.) - Educação e património cultural: Escolas, objetos e práticas. Lisboa: Edições Colibri, Instituto de Educação, 2013, pp. 93-117. www.fundacaogulbenkian.pt [acedido em março 2016]; www.mestreantoniosoares.blogspot.pt [acedido em março 2016]
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Documentação Gráfica
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FCG: Arquivo da Fundação Calouste Gulbenkian; CML: Arquivo Municipal de Lisboa |
Documentação Fotográfica
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CML: Arquivo Municipal de Lisboa |
Documentação Administrativa
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CML: Arquivo Municipal de Lisboa |
Intervenção Realizada
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CML: 1959 - recuperação da pintura mural; 2012 -2013 - intervenção geral no imóvel. |
Observações
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Autor e Data
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Paula Tereno 2016 |
Actualização
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