Castelo de Penas Róias

IPA.00001073
Portugal, Bragança, Mogadouro, Penas Roias
 
Castelo construído no séc. 12, pela Ordem do Templo, a norte do rio Douro, possivelmente sobre uma fortificação mais antiga, talvez muçulmana, para defesa da fronteira leste de Portugal com o reino de Leão e Castela, formando linha com os castelos de Algoso, da Ordem do Hospital, Outeiro, da Coroa, e com o de Mogadouro e Longroiva, também dos Templários. Apesar da ruína em que se encontra, constitui um bom exemplo de castelo roqueiro românico, construído num esporão rochoso com condições naturais de defesa, de planta subtrapezoidal, de que conserva pequenos troços de muralha, e parte de duas torres semicirculares a nascente que, segundo Mário Barroca, apesar de sugerirem uma anterioridade em relação à obra templária (BARROCA, 2000, CD-ROM), não estão ligados à arquitetura leonesa, conforme defendido por outros autores, mas antes a uma superior qualidade construtiva. Isolado a meio do pátio e sobre o afloramento mais inacessível, dispõe-se a torre de menagem, a quarta torre de menagem mais antiga e datada associada aos Templários. Tem planta quadrangular, mas adaptada ao afloramento, o que confere certa inclinação aos paramentos, que são aprumados e de três pisos, o inferior sobrelevado com porta de verga reta, com inscrição alusiva à construção em 1172, acessível por meio de escada móvel, e interiormente iluminada por seteiras, rasgadas em cada uma das faces e, no último piso e certamente resultante de reforma posterior, por janelas com balcão. Segundo o desenho de Duarte de Armas, o castelo tinha duas portas, a principal, a oeste, e a porta falsa ou da traição, a nascente, na encosta mais íngreme, uma barbacã da porta, que culminava no que parece ser uma torre albarrã, com passadiço em ângulo reto e onde se apoiava a cerca da vila, então já abandonada, e ainda uma segunda linha de muralha, desenvolvida no sopé do monte, junto à povoação. A letra da inscrição na porta da torre de menagem é de má qualidade gráfica e tem características similares às da inscrição do castelo de Longroiva (v. IPA.00006489). Apesar da Ordem ter tomado posse dos castelos de Penas Róias, Mogadouro e Longroiva em 1145, parece que só depois de ter concluído o castelo de Tomar, que a absorveu completamente durante uma década (1160-1169), é que investiu na sua reformulação arquitetónica.
Número IPA Antigo: PT010408120006
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Castelo    

Descrição

Do castelo subsistem pequenos troços da antiga muralha, um deles reduzido a simples talude de contenção de terras, integrando a nascente restos das duas torres de planta semicircular, o disposto a nordeste mais significativo e com paramento formando ligeiro talude. A meio do que seria o antigo pátio, ergue-se a torre de menagem, de planta quadrangular, adaptada à penedia mais destacada, e sem cobertura. Apresenta paramentos aprumados, em alvenaria de xisto argamassado, incompletos no topo e sem remate, com 18 m de altura, 3,85 m de lado e 1,5 m de espessura de muro. A torre possui a marcação de três pisos, o inferior sobrelevado e acedido por porta, rasgada a ocidente, a cerca de 3 m de altura do solo, de verga reta, com moldura em cantaria contendo inscrição. O primeiro e o segundo piso são rasgados em cada uma das faces por seteiras retilíneas, centrais, e o terceiro piso é rasgado por janela, atualmente sem o remate superior que identifique o seu perfil. Interiormente não existem quaisquer elementos de separação ou de interligação entre os pisos. Existem ainda vestígios da antiga cerca da vila.

Acessos

Penas Róias. WGS84 (graus décimais): lat.: 41,392294; long.: -6,654261

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto nº 34 452, DG, 1.ª série, n.º 59 de 20 março 1945

Enquadramento

Urbano, destacado e isolado, a norte do rio Douro, implantado num esporão rochoso granítico, com 742 m de altitude, sobranceiro à povoação de Penas Róias *1 e a norte da mesma. Ergue-se adaptado ao declive acentuado do afloramento, tendo acesso por caminho sinuoso e pedregoso a nascente. A meio do declive do morro rochoso do castelo, do lado sudoeste, surge um abrigo rupestre com pinturas (v. IPA.00002349). A menos de 100 m ergue-se no interior da povoação a Igreja Paroquial de Penas Róias (v. IPA.00031038), a Capela da Misericórdia (v. IPA.00019235) e implantava-se também o Pelourinho de Penas Róias, demolido no séc. 19 (v. IPA.00000777). Da fortificação avistava-se o Castelo de Mogadouro (v. IPA.00001075) e o Castelo de Algoso, situado a c. 12 Km (v. IPA.00001078).

Descrição Complementar

No lintel e na pedra que remata a ombreira esquerda da porta da torre de menagem existe inscrição comemorativa da construção do castelo (CEMP n.º 142), com letra do tipo capitular carolino-gótica de má qualidade gráfica e características similares às da inscrição do castelo de Longroiva (v. IPA.00006489); a sua leitura modernizada e reconstituída é: InCIPIUnT FUnDAMenTO . CASTE / LLO . DE PENA ROIAS . [...] MENSE (?) Era . Mª . CCª . Xª [...](=ano de 1172) TEmPoRE . REGE [Alfonso] [...].

Utilização Inicial

Militar: castelo

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

DRCNorte, Portaria n.º 829/2009, DR, 2.ª série, n.º 163 de 24 agosto 2009

Época Construção

Séc. 12

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUEÓLOGO: Dr. Domingos Mancos (1984). EMPREITEIROS: Afonso Ferreira de Oliveira (1978), Manuel Domingos Chaves (1977).

Cronologia

1145, cerca - o tenens D. Fernão Mendes de Bragança, casado com D. Sancha Henriques, irmã de D. Afonso Henriques, doa à Ordem do Templo o castelo de Penas Róias, juntamente com o de Mogadouro, estando ambos ligados à defesa da fronteira leste de território nacional, confinante com o reino de Leão e Castela; 1172 - data apontada por Mário J. Barroca como a mais provável para o início da construção do castelo de Penas Róias, por iniciativa de D. Gualdim Pais, mestre da Ordem do Templo, segundo interpretação da inscrição gravada no lintel e ombreira da porta da torre de menagem (BARROCA, 2000, p. 378); 1187, maio - junho - D. Sancho I (1185-1211) concede foral a Penas Róias; 1197, 23 janeiro - D. Sancho I doa Idanha-a-Velha e seu termo aos Templários, sendo Mestre da Ordem D. Lopo Fernandes, recebendo em troca os castelos de Penas Róias e de Mogadouro, que voltam à posse do monarca; 1199, 05 julho - D. Sancho I doa a herdade de Açafa com seu amplo termo, junto à margem norte do Tejo, correspondendo hoje a Vila Velha de Ródão, em troca das Igrejas de Penas Róias e Mogadouro; séc. 13 - é possível que durante este período Penas Róias tenha regressado à posse da Ordem; 1254, 01 agosto - constituição da comenda de Penas Róias, da Ordem do Templo; 1258 - nas Inquirições de D. Afonso III, faz-se alusão a Penas Róias e ao senhor terra-tenente de Bragança D. Fernando Mendes de Bragança que ocupa a tenência entre 1128 e 1145; 1272 - concessão de foral por D. Afonso III a Penas Róias e Mogadouro, não se fazendo qualquer alusão aos Templários; 1273, 09 junho - atribuição de novo foral a Penas Róias por D. Afonso III; 1307, 12 agosto - o papa Clemente V, pela bula "Regnans in ecclesis triumphans", dirigida a D. Dinis, convida o rei a acompanhar os prelados de Portugal ao Concílio de Viena, onde se procuraria determinar o que fazer da Ordem do Templo e dos seus bens, por causa dos erros e excessos que os seus cavaleiros e comendadores haviam cometido; 1312, 22 março - extinção da Ordem do Tempo, pela bula "Vox clamantis"; 1319, 14 março - bula "Ad ea ex quibus" de João XXII institui a Ordem de Cavalaria de Jesus Cristo, ou a Ordem de Cristo, para quem passam todos os bens e pertenças da Ordem do Templo; 1399 - D. João I doa Bemposta e Penas Róias a Rui Gonçalves Alcoforado; 1457 - Álvaro Pires de Távora compra a vila e o castelo de Penas Róias com todas as suas terras e termos e com "todolos" foros rendas e tributos e direitos que de qualquer guisa pertençam à dita vila e à terra e termo" a Rui Gonçalves Alcoforada, Senhor de Bemposta e de Penas Róias, desde 1440, as quais herdara de seu pai e avô, Rui Gonçalves Alcoforada; o castelo passa assim a integrar a Comenda da Ordem de Cristo sediada em Mogadouro; 1507, 20 novembro - visitação à Comenda de Mogadouro por Fr. D. João Pereira e Fr. Diogo do Rego *2; 1509 - 1510 - incumbido por D. Manuel de vistoriar toda a primeira linha de fortificações do reino e inteirar-se do seu estado de conservação, Duarte de Armas, escudeiro da Casa Real, visita e desenha o castelo de Penas Róias *3; nesta data, o castelo já não tem valor estratégico e militar significativo, como comprova a degradação dos seus paramentos e a ausência de estruturas preparadas para receber artilharia, e o núcleo habitacional já havia sido transferido para fora da antiga cerca da vila medieval; 1512 - D. Manuel dá foral novo a Penas Róias; 1755, 01 novembro - o castelo não padece ruína no terramoto, ainda que tenha havido grandes tremuras, tendo a torre dado os seus "verejos", mas não caiu pela sua boa segurança; 1758 - segundo o pároco Francisco Martins nas Memórias Paroquiais, a vila situa-se num cabeço, tendo para sul o cabeço mais alto e para norte o castelo arruinado, também alguma coisa mais alto que a vila, ficando esta arrumada debaixo dos muros dele; não é terra murada nem praça de armas; tem castelo, que e antiquíssimo, cujos muros estão arruinados, que eram de pedra debaixo bruto, pedra que não pode ser lavrada e tem uma torre antiquíssima, que ainda está bem segura e fabricada do mesmo seixo bruto; esta tem quatro esquinas e não pode ser "bombeada" de parte alguma, sem que a bomba vá "esboçando"; porém não tem asseio algum, mais que as paredes, estas bem altas; sobre a porta (que também fica levantada mais de trinta palmos), está um letreiro que, por sua antiguidade, não se lê, e a parte direita, no peito, está uma comenda bem feita; segundo o pároco, um dos homens singulares que viveu na vila, de cognome Alcaforados, teve fazendas de raiz e deixara-as ao castelo, cujas rendas recolhe o Marques de Távora; 1759 - na sequência do processo dos Távoras, a povoação passa para a Coroa; 1836 - extinção do concelho e consequente declínio da povoação levando a população a reaproveitar os materiais de construção do castelo; séc. 20, início - ainda são visíveis algumas dos cubelos que integravam o castelo e a antiga cerca da vila, bem como de uma porta que ligava o castelo à povoação; séc. 20, meados - a cisterna encontra-se obstruída pela pedra lançada no seu interior, não se aconselhando a sua remoção por motivos de perigo; 1979, 06 agosto - carta do Presidente da Câmara a solicitar uma visita dos técnicos da DGEMN devido a ter-se encontrado vestígios muito antigos com colunas, cerâmica e vestígios de mosaico junto à povoação; 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em xisto quartzítico argamassado com barro; moldura da porta da torre de menagem em cantaria de granito.

Bibliografia

ALVES, Francisco Manuel - Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança. Bragança: 1948, vol. XI; ALVES, Francisco Manuel - «Castelo de Penas Róias, fundado pelos Templários nos inícios da Nacionalidade Portuguesa». In Anais da Academia Portuguesa de História, Ciclo da Restauração de Portugal. Lisboa: 1940, vol. III, pp. 55-61; ALMEIDA, João de - Reprodução anotada do Livro das Fortalezas de Duarte de Armas. Lisboa: Editorial Império, 1943; BARROCA, Mário Jorge - «A Ordem do Templo e a Arquitectura Militar Portuguesa do século XII». In Portvgália. Porto: 1997, nova série, vol. XVII-XVIII, pp. 171-209; BARROCA, Mário Jorge - Castelo de Penas Róias, Do Douro Internacional ao Côa. As raízes de uma fronteira. CD-ROM. Porto: 2000; BARROCA, Mário Jorge - «Da Reconquista a D. Dinis». In Nova História Militar de Portugal. Lisboa: 2003, vol. I, pp. 21-161; BARROCA, Mário Jorge - «De Miranda do Douro ao Sabugal - Arquitectura Militar e Testemunhos Arqueológicos Medievais num Espaço de Fronteira». In Portvgália. Nova Série. Porto: Universidade do Porto; Faculdade de Letras; Departamento de Ciências e Técnicas do Património, 2008 - 2009, vol. XXIX - XXX, pp. 193-252; BARROCA, Mário Jorge - «Os Castelos dos Templários em Portugal e a organização da defesa do Reino no sec XII». (file:///C:/Users/apnoe/Downloads/188818-254786-1-PB%20(2).pdf), pp. 213-227; BARROCA, Mário Jorge - Epigrafia Medieval Portuguesa (862-1422). Porto: F.C.G., 2000, vol. II, pp. 376-379; CAPELA, José Viriato, BORRALHEIRO, Rogério, MATOS, Henrique - As Freguesias do Distrito de Bragança nas Memórias Paroquiais de 1758. Memórias, História e Património, Braga: 2007; Castelo de Penas Róias (http://www.amigosdoscastelos.org.pt/tabid/72/ctl/Details/mid/473/monumentID/52/default.aspx), [consultado em 29 março 2016]; CONDE, Manuel Sílvio Alves, VIEIRA, Mariana Afonso - «A Comenda da Ordem de Cristo do Mogadouro, nos alvores de Quinhentos. Subsídios para o estudo da paisagem e do povoamento do Leste de Trás-os-Montes, entre a Idade Média e os Tempos Modernos». In As Ordens Militares e as Ordens de Cavalaria na Construção do Mundo Ocidental. Lisboa: Edições Colibri; Câmara Municipal de Palmela, 2005, pp. 555-588; GOMES, Rita Costa - Castelos da Raia. Lisboa: Ministério da Cultura; Instituto Português do Património Arquitectónico, 2003, vol. II: Trás-os-Montes; GONÇALVES, Iria (organização) - Tombos da Ordem de Cristo. Comendas de Trás-os-Montes e Alto Douro. Lisboa: Centro de Estudos Históricos; Universidade Nova de Lisboa, 2004; LEMOS, Francisco Sande. Povoamento Romano de Trás-os-Montes Oriental, 6 vols., Dissertação de Doutoramento apresentada à Universidade do Minho, Braga, 1993; LOBO, Francisco Sousa - Frágil Memória numa Forte Identidade, Arquitectura e Vida. Novembro 2002, n.º 32; LOPO, Albino dos Santos Pereira - Apontamentos Arqueológicos. Braga: 1987; MARCOS, Domingos dos Santos - «Catálogo dos monumentos e sítios arqueológicos do Planalto Mirandês (Pré-História)». In Brigantia. Bragança: 1993, vol. 13, n.º 3/4, pp. 193-233; MONTEIRO, João Gouveia, PONTES, Maria Leonor - Castelos Portugueses. Lisboa: 2002; NETO, Joaquim Maria - O Leste do Território Bracarense. Torres Vedras: 1975; SANCHES, Maria de Jesus - Pré-História recente no Planalto Mirandês (Leste de Trás-os-Montes). Porto: 1992; OLIVEIRA, Nuno Villamariz - Os Castelos Templários em Portugal. Lisboa: Ésquilo, 2010; SOUSA, J. M. Cordeiro de - «Inscrições dos Séculos VIII a XII Existentes em Portugal». In Etnos. Lisboa: 1948, vol. III, pp. 113-133; VERDELHO, Pedro - Roteiro dos Castelos de Trás-os-Montes. Chaves: 2000.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DREMNorte/DM

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMNorte

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DSARH

Intervenção Realizada

DGEMN: 1977 - consolidação das ruínas das muralhas pelo empreiteiro Manuel Domingos Chaves, por 99.900$00; 1978 - consolidação das ruínas das muralhas pelo empreiteiro Afonso Ferreira de Oliveira, por 150.000$00: consolidação da base da torre do lado norte com alvenaria de xisto da região, assente em argamassa de cimento e areia, abertura das juntas, limpeza e refechamento com argamassa de cimento; 1983, 19 abril - após a visita da equipa formada pelo arquiteto João Rosado Correia, do Serviço Regional de Monumentos do Norte, Dr. Francisco Sande Lemes e Dr. Domingos Cruz, do Serviço Regional de Arqueologia da Zona Norte, arquiteta Luísa Ambrósio, da Direção do Planeamento Urbanístico do Norte, propõem-se os seguintes trabalhos para o ano de 1984: restauro da torre de menagem, consolidação de panos de muralha que ameaçam ruína, realização de sondagens para determinar a eventual sobrevivência de outras estruturas assinaladas por Duarte de Armas, trabalhos de escavação que ficariam sob a direção do Dr. Domingos Mancos; aproveitamento, a partir de 1985, da torre para a exposição do espólio arqueológico na área da freguesia que já é significativo, criando um núcleo museológico, e contratação de guarda para vigilância do castelo e segurança do abrigo com pinturas rupestres na vertente sul do monte do castelo; 1984, setembro - relatório do engenheiro Joaquim Coimbra Soares da Silva relativo às obras no castelo de Penas Róias para reutilização da torre; trabalhos profundos de consolidação das paredes, levantamento de superfícies de alvenaria no coroamento e respaldo, construção de escada exterior para acesso ao piso superior, reconstrução de dois pisos intermédios com acessos, piso térreo, e cobertura, e trabalhos complementares, como o tratamento de todos os paramentos exteriores e interiores, instalação elétrica, vedação dos vãos e arranjos exteriores; as obras orçariam em 5000$00; 1986 - levantamento fotogramétrico do castelo.

Observações

*1 - O topónimo deriva de penha (penedo ou rochedo), sendo possível que Róia tenha derivado de "roja" ou seja vermelha. *2 - Na visitação aos bens que a Ordem tinha em Penas Róias, não é feita qualquer referência ao antigo castelo da vila ou à sua torre de menagem, a estrutura que, por esta data, estava em melhor estado de conservação. As casas da Ordem são referidas como implantadas junto à igreja de São João. Constituíam um assento, em que se diz ser noutro tempo casas do prior e que está tinha uma casa, com as paredes de pedra e barro, coberta de colmo, tendo de "longo" 9 varas e de largo 5 varas. Tinha junto, contra "ábrego", um chão em pardieiro, com 5,5 varas de longo e 6 de largo, e ao levante um outro chão com 10 varas de largo ao longo do adro e 11 de longo, onde partia ou confrontava com a casa de Pero Gonçalves, almocreve. "O que todo juntamente parte ao aguiam com o adro" da dita igreja e dos outros lados com ruas e chão do concelho e com a casa de Álvaro Pires de Távora. *3 - Segundo os desenhos de Duarte de Armas, o castelo de Penas Róias era composto pelo castelo propriamente dito, por uma barbacã, pela cerca da vila, desenvolvida a poente, e por uma primeira linha de defesa avançada, no sopé do afloramento rochoso, estabelecendo a separação entre a fortificação e a vila, a sul. Esta primeira linha de defesa do castelo era formada por um muro de pedra, com acesso por vão em arco de volta perfeita, apresentando um rombo à direita do mesmo. O castelo, no topo da colina, tinha planta sensivelmente trapezoidal, irregular, composta por muralhas reforçadas por uma torre quadrangular a sul, com 2 varas e 4 passos por 2 varas, e duas torres semicirculares a nascente, com cerca de 2 varas cada. As muralhas e as torres estavam superiormente arruinadas, sem possibilidade de identificar o tipo de remate. A partir da torre quadrangular sul desenvolvia-se para poente uma barbacã, acedida por vão em arco de volta perfeita. Esta terminava numa torre albarrã quadrangular, tendo numa das faces 3 varas e com 8 varas e meia de altura, formando o passadiço de ligação à muralha ângulo reto e tendo inferiormente porta em arco para comunicar com a antiga vila muralhada e desta ao interior do castelo, por porta aberta a poente de igual modinatura. Entre as torres semicirculares, abria-se, a nascente, a porta falsa, também em arco de volta perfeita. No interior do recinto possuía, adossadas e sobrepostas à muralha norte, as casas do castelo, denominadas "aposentamentos", de planta retangular irregular, formada por quatro casas, com coberturas em telhados de quatro águas, tendo a norte duas janelas, uma retangular e outra em arco. Sobre os grandes penedos ou afloramentos rochosos, erguia-se a torre de menagem, quadrangular, "toda vaãa e sem sobrados", com 3 varas e meia de largura, 17 varas de altura e 1 vara e meia de grossura do muro. Os paramentos terminavam em parapeito ameado, abrindo-se a noroeste a porta e, no topo de cada face, uma janela em arco de volta perfeita, sob a qual surgem os apoios de balcões então já inexistentes. A noroeste, adossado ao castelo, desenvolve-se o "muro da vila" medieval, entretanto abandonada, de planta curva irregular, meio arruinada, com, pelo menos, dois cubelos curvos. No ângulo do muro noroeste com o castelo possuía ainda a cisterna, seca, com 6 varas de vão. Extramuros e a sudeste do castelo estendia-se a nova vila, de casario térreo com coberturas de colmo e de telha de meia-cana, sobressaindo a igreja paroquial e o pelourinho de gaiola. No lado oposto existia um vale onde corria uma ribeira e, do lado norte, no sopé do penhasco, existia um pomar semi-cercado por muro baixo.

Autor e Data

Paula Noé 2016

Actualização

 
 
 
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