Núcleo urbano da vila de Marialva / Vila intramuros, Arrabalde e Devesa de Marialva

IPA.00001328
Portugal, Guarda, Mêda, Marialva
 
Núcleo urbano sede de freguesia. Vila medieval com castelo e cerca urbana. Aglomerado com origem em antiga vila murada associada a arrabalde, localizado em esporão à cota alta e a meia encosta, sobranceiros a aldeia localizada no sopé da encosta, a Devesa, estruturada à medida do abandono do pólo alto e fortificado. Distinta estrutura urbana na área intra-muros, arrabalde e aldeia do sopé da encosta. Praça do Pelourinho e Largo da igreja de Santiago, organizando ou bipolarizando a formação urbana intra-muros. Rua da Corredoura estruturando um traçado de crescimento linear no arrabalde. Largo do Terreiro polarizando, numa fase inicial, a formação urbana da aldeia do sopé da encosta, enquanto os Largo do Toural e Largo do Negrilho desempenham essa função numa fase posterior da expansão urbana e crescimento linear recente sobre os eixos de acesso ao núcelo foritificado original, este com forma perimetral irregular alongada, adaptando-se ao terreno. Núcleo original da aldeia do sopé da encosta (Devesa) com forma circular decorrente de provável preeexistência. Eixo matricial comum aos três núcleos, implantando-se segundo uma direcção N. / S., formado pela Rua da Corredoura, entrando no espaço intra-muros pela Porta do Anjo, dirigindo-se à Porta de Santa Maria, a partir de onde inicia a descida da encosta, atravessando depois o núcleo inicial, continuando já no exterior da área urbana para a ponte que atravessa a Ribeira de Marialva. Esse eixo matricial N. / S. cruza os principais largos ou praças estruturantes: a Praça do Pelourinho no espaço intra-muros; o largo da igreja de São Pedro no percurso do arrabalde; os Largos do Toural e do Terreiro na aldeia do sopé da encosta. Principais eixos secundários do arrabalde perpendiculares ao eixo N. / S., dando origem a formações lineares mais tardias. Principais eixos secundários intra-muros dirigindo-se para a Porta do Monte e para o Postigo, este último cruzando primeiro o Largo da igreja de Santiago, de onde irradiam outros eixos secundários. Principais eixos secundários da aldeia do sopé da encosta com origem em derivações do eixo N. / S. Espaço construído diversificado, com predomínio do tipo casa de dois pisos, erguida sobre os eixos e áreas principais, contrastando com casas de um só piso nos eixos e áreas secundários. Casas exibindo cantarias decoradas com motivos quinhentistas, ou apenas biseladas, nas áreas mais antigas de expansão do arrabalde. Casas de dois e três pisos, de frente mais larga, com empena voltada à rua e varanda saliente no segundo piso com larga expressão nas áreas de expansão ou transformação oitocentista do aglomerado.
Número IPA Antigo: PT020909080019
 
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Registo

 
Conjunto urbano  Aglomerado urbano  Vila  Vila medieval  Vila fortificada  

Descrição

Aglomerado bipolar composto por pólo fortificado de origem medieval localizado em esporão à cota alta, onde se distinguem a antiga vila intra-muros desertificada e a respectiva área de expansão extra-muros ou arrabalde, e um pólo não fortificado, localizado no sopé da encosta, apenas com desenvolvimento a partir do século 18, mas que veio reocupar em parte a área onde se supõe ter existido a Civitas dos Aravi referenciada na epigrafia do século 2. A vila intra-muros é delimitada por uma muralha de forma alongada no sentido SO. / NE., que une a extremidade SO. do esporão com um alto granítico que domina do lado NE., onde foi construída uma torre (Torre do Monte). Distinguem-se na muralha troços de traçado mais rectilíneo, que compõem a metade SO., de outros cuja irregularidade decorre da adaptação ao modelado do terreno granítico e que predominam na metade NE. O espaço intra-muros é dominado pelo castelo implantado sobre o morro rochoso, que ocupa parte significativa da área central situada a O.. O castelo é constituído por uma cerca de planta poligonal com entrada do lado O., a qual envolve a torre de menagem quadrangular e as ruínas de uma antiga cisterna (v. PT020909080011). A NE. do castelo estrutura-se a praça, delimitada a NO. pelas ruínas da Casa da Câmara e Cadeia (v. PT020909080017), na qual se localizam o pelourinho (v. PT020909080005) e um poço. Apresenta plano irregular, sendo pavimentada com calçada à portuguesa preenchendo rectângulos e triângulos definidos por guias graníticas. Para esta praça convergem os principais percursos que organizam o espaço intra-muros, com destaque para os que procedem das três portas da cerca da vila: a Porta do Anjo, a NO., a Porta de Santa Maria, a S., e a Porta do Monte, a E. Na zona S. do castelo surge uma larga plataforma de configuração quadrangular que serve de adro à Igreja de Santiago (v. PT020909080016) e à Igreja da Misericórdia ou do Senhor dos Passos (v. PT020909080014), limitado a SO. pelos muros do cemitério construído no século 19. Para o espaço aberto do adro convergem vários arruamentos, um dos quais proveniente do postigo que se abre na muralha da cerca a O. O arrabalde desenvolve-se a N. a partir da principal porta da cerca da vila, a Porta do Anjo, apresentando uma formação urbana linear estruturada pela Rua da Corredoura, que corre a meia encosta procurando manter sensivelmente a mesma cota. Esta rua constituía o troço inicial do caminho que ligava às antigas vilas vizinhas pelo lado N., nomeadamente Meda e Longroiva. Atravessada a porta, após um acesso rampeado em cotovelo, resguardado por muros que sobreviveram à ruína da antiga barbacã e onde também se preserva uma cisterna, abre-se o Largo das Casas dos Judeus ou do Cruzeiro, de plano irregular, com um cruzeiro do lado O. (v. PT020909080080), junto do qual se inicia a Rua da Corredoura. Do lado oposto, domina a Igreja de Nossa Senhora de Lourdes ou Capela de São João Baptista (v. PT020909080015), assente em plataforma elevada, que sucedeu à desaparecida sede da antiga paróquia deste último orago, sobrevivendo da fábrica medieval a torre sineira integrada na cerca da vila. A partir da Corredoura, a estrutura urbana desenvolve-se segundo dois eixos principais, perpendiculares ao da Corredoura, que descem a encosta tomando a direcção O., a Rua do Tanque / Carreira e a Rua do Seixo. Do lado oposto, subindo a encosta a E. da Corredoura, identifica-se uma estrutura muito distinta. Na área lateral à antiga sede paroquial de São João formou-se um amplo largo (Largo do Coro) onde se nota alguma indefinição de limites, pela dispersão das construções que o enquadram, a partir do qual se inicia um percurso secundário, paralelo e alternativo ao da Corredoura. Próximo da extremidade N. do percurso urbano da Rua da Corredoura, esta alarga-se do lado O. em terreiro quadrangular no meio do qual se situa a igreja de São Pedro (v. PT020909080022) envolvida por adro em plataforma, contrariando o pendor da encosta. Este largo formou-se a partir da antiga sede paroquial, erguida sobre a confluência do caminho que toma a direcção O. e cujo troço inicial deu origem à Rua da Carreira, perpendicular à Rua da Corredoura. O percurso final desta rua, após inflectir para N., alarga-se num terreiro que envolve a Capela da Senhora da Guia (v. PT020909080101), cuja implantação é já periférica em relação ao aglomerado. O segundo eixo estruturante, ortogonal ao da Rua da Corredoura, é constituído pela Rua do Seixo. Inicia-se no troço inicial da Corredoura, diante de uma fonte quinhentista, tomando a direcção O. e ligando ao conjunto de casas do Seixo, organizado sobre uma plataforma natural em esporão rochoso pela concentração de construções de utilização predominantemente agrícola. No entanto, o itinerário dos Passos da Via Sacra, construídos muito provavelmente no século 17 e que ainda hoje se preservam em grande parte (v. PT020909080109), mostra a importância das ruas da Corredoura e da Carreira enquanto eixos estruturantes da formação do arrabalde, secundarizando o eixo de ligação ao núcleo do Seixo A ligação tradicional entre o pólo alto e fortificado, constituído pela vila e pelo seu arrabalde, e o pólo baixo da Devesa estabelecia-se através da Porta de Santa Maria, localizada no pano da muralha da cerca orientado a S., descendo a encosta por caminho lançado primeiro de NO. para SE. e em seguida de NE. para SO., por forma a compensar o pendor acentuado da descida naquele local. Com a decadência e desertificação do pólo fortificado e a concomitante preponderância do pólo situado à cota baixa, posteriormente reforçada pela sua ligação directa à EN 102 e pelo relevo adquirido pelos transportes motorizados, aquela ligação passou a fazer-se através de um novo percurso que a abertura da Rua ou Estrada do Castelo possibilitou. Adquiriram então nova importância o Largo da Figueira Bugalhota, como término original deste percurso, bem como a Rua da Pocinha que, ligando aquele largo ao troço inicial da Rua do Seixo, junto da confluência com a da Corredoura, constitui o itinerário mais curto quer para a área habitada do antigo arrabalde quer para a zona amuralhada, valorizada a partir da década de 1940 nas suas valências patrimoniais e turísticas. Mais recentemente, o prolongamento da Rua ou Estrada do Castelo num percurso que cruza ortogonalmente as ruas do Seixo e da Carreira, para confluir no extremo N. da Rua da Corredoura, deu continuidade à estrada de ligação à EM 324, em direcção à sede do Concelho, quase definindo uma circular externa ao aglomerado. Alguns dos equipamentos colectivos construídos em meados do século 20, como a escola primária ou o novo cemitério, ficaram situados a meio do percurso definido pela Rua ou Estrada do Castelo de modo a facilitar o acesso equidistante às duas comunidades. O pólo localizado no sopé da encosta, a Devesa, parece ter-se desenvolvido só a partir do século 18. O núcleo original identifica-se no traçado urbano como uma formação radioconcêntrica, cujos limites circulares surgem definidos a S., E. e N. pelo alinhamento da Rua da Ribeira, pelo lado O. do Largo do Negrilho e pelo percurso que liga este largo à Rua do Castelo. A O., os limites são mais irregulares, materializando-se no encadeamento de vários muros de propriedade. O círculo assim definido e que mostra um diâmetro aproximado de 210 m, encontraria explicação em possível delimitação realizada na altura do incremento urbano da Devesa, que terá ocorrido na 2ª metade do século 18, ou, com mais probabilidade, em alguma preexistência tardo-romana ainda não identificada. A ordenação urbana mostra uma estrutura original, polarizada num largo central (Largo do Terreiro) a partir do qual se desenvolvem eixos radiais em direcção aos limites do círculo. Várias outras estruturas parecem ter condicionado esta forma geométrica da formação inicial. Em primeiro lugar os percursos que talvez preexistissem, derivados do eixo de ligação tradicional que descia do pólo da vila fortificada e que tomam as direcções S., SO. e SE. O primeiro atravessaria o núcleo original da Devesa, entrando a NE., entre os largos do Toural e do Negrilho, cruzando depois o Largo do Terreiro no centro e continuando em direcção à ponte sobre a ribeira de Marialva a SSO., através da Rua do Forno ou, em alternativa, através das ruas da Formiga ou da Figueira. Constituiria o eixo principal da aldeia da Devesa. O segundo, atravessando o núcleo original numa secante ao lado NO., terá dado origem a um eixo que, sobrepondo-se às ruas da Caldeira, do Castelo (parte) e à Rua Nova, interrompe os eixos radiais desse lado e provoca uma certa indefinição no traçado dos limites do círculo. O terceiro, desenvolvendo-se na totalidade pelo exterior do núcleo original da Devesa, traça diagonais estruturantes aos largos do Toural e do Negrilho, antes de continuar pela Rua do Nobre, já numa zona periférica. Aqueles largos, definindo sucessivas plataformas que contrariam o pendor da encosta, exteriores ao núcleo inicial da Devesa, terão constituído os principais pólos ordenadores da fase subsequente de expansão urbana. As primeiras construções concentraram-se em torno dos respectivos terreiros, para se estenderem depois para NE., acumuladas sobre um cabeço rochoso limitado pela Rua do Cabeço, ou crescendo linearmente ao longo da Rua da Moira. Estas formações mais recentes suscitaram novas alterações aos traçados originais do núcleo da Devesa, cujo centro parece deslocar-se para NE., na confluência dos três principais largos (Toural, Negrilho e Terreiro). Será aí o local escolhido para a construção dos alpendres do mercado, entretanto já demolidos. A importância de todos estes largos e terreiros relaciona-se com a realização da feira de Marialva, nas duas versões mensal e anual que, a partir do século 18, passaram a ter lugar na Devesa. Os três largos tenderam a redefinir-se como um espaço único, redesenhando o traçado urbano dos quarteirões entre os dois últimos (onde se localiza a nova capela de Nossa Senhora dos Remédios, construída em 1947) e do ângulo SO. do Largo do Terreiro, ao mesmo tempo que se regulariza um novo eixo estruturante, hoje designado por Avenida 25 de Abril, no prolongamento do novo principal acesso, a ligação à EN 102. Outra área de crescimento urbano, ainda que de menor expressão, desenvolve-se do lado oposto, numa formação linear estruturada no prolongamento SE. da Rua Nova, facto que deverá estar na origem do topónimo. Depois de meados do século 20, principalmente a partir do final da década de 1970, as áreas disponíveis para crescimento urbano condicionam novas formações lineares que seguiram os tradicionais eixos de saída da Devesa. No que se refere ao espaço construído, verifica-se que na antiga vila intra-muros os quarteirões são irregulares, encontrando-se na sua maior parte alterados pela adaptação do interior das estruturas arruinadas a espaços de utilização agrícola. As construções melhor preservadas situam-se apenas a N. da praça do pelourinho, nalguns casos ainda com as paredes erectas até à cimalha do segundo pavimento, identificando-se os planos originais. Observam-se casas estreitas de dois pisos, com a escada no interior, mostrando alçados com duas portas no piso térreo, uma mais larga do que a outra, a que correspondem janelas de peito no piso superior. No arrabalde, o espaço construído apresenta uma razoável diversidade. No eixo principal da Corredoura predominam as casas de dois pisos em alvenaria de granito, com ou sem as paredes rebocadas e guarnição em cantaria dos vãos e dos cunhais. São comuns as escadas exteriores com patamar alto, por vezes com alpendre. Algumas das casas no troço mais a S. da Corredoura exibem vãos e outras cantarias decoradas com motivos quinhentistas ou então biseladas, entre as quais se destaca a Casa do Leão. Outras construções excepcionais são o edifício da antiga Tulha do Convento de Nossa Senhora da Ribeira de Sernancelhe e o Solar dos Marqueses de Marialva. Em áreas secundárias, como a Rua do Seixo, o núcleo do mesmo nome, as ruas travessas à Corredoura ou no eixo paralelo a esta, predominam as casas de um só piso integralmente construídas em alvenaria e com escassos vãos. No principal eixo perpendicular à Corredoura, constituído pela Rua do Tanque / Carreira, predominam o tipo de casa mais larga, de dois pisos e empena voltada à rua, com maior número de vãos e varanda saliente no segundo piso. Na aldeia da Devesa, apesar das adulterações recentemente introduzidas num elevado número de construções, surgem claramente distintas as áreas a SE. e o núcleo do Cabeço, com grande densidade construtiva em extensão mas com predomínio de tipos arquitectónicos simples, como as casas de apenas um piso. Nas restantes áreas predominam os tipos de dois pisos, sendo também frequentes os de três, mostrando-se em razoável número as construções de empena voltada à rua com varanda saliente no segundo piso.

Acessos

EM324, Rua Nova

Protecção

Em vias de classificação / Inclui Castelo de Marialva, recinto urbano muralhado de Marialva (v. PT020909080011) / Pelourinho de Marialva (v. PT020909080005) / Igreja de São Pedro de Marialva (v. PT020909080022)

Enquadramento

Rural. Aglomerado bipolar desenvolvendo-se em duas plataformas às cotas altimétricas médias de 590 e 500 metros que se implantam sobre um eixo N. / S., respectivamente, em esporão sobre monte granítico estendendo-se pela meia encosta e em sopé de encosta do mesmo monte. Situa-se sobre a linha de transição entre a zona de planaltos graníticos de perfil recortado que se estende para O. a cotas superiores a 600 metros e a zona de planaltos de perfil ondulante que se estende para E. a cotas inferiores aos 500 metros. O pólo alto, constituído pela antiga vila amuralhada e arrabalde, é enquadrado a N. e a E. por paisagem onde predominam os olivais entre penedos graníticos; a O. abre-se uma depressão com olivais e vinhedos drenada por linhas de água que correm de N. para S. em direcção ao curso maior da Ribeira de Marialva, de sentido perpendicular àquelas; o sopé de encosta, onde se situa o pólo à cota baixa, mostra pendor ligeiro orientado a S., em direcção àquela Ribeira junto da qual os terrenos são mais divididos e predominam as hortas e os lameiros. Na encosta daquela Ribeira, c. 2500 m a montante do aglomerado, localizam-se as ruínas do Convento de Nossa Senhora dos Remédios, fundação quatrocentista da Ordem Terceira de São Francisco. A c. de 1000 m para E., no planalto, corre a EN 102 (IP2) que assegura as principais ligações N. / S. passando por Vila Nova de Foz Côa, 21 km a N., e Trancoso, 21 km a S..

Descrição Complementar

A implantação em esporão a meia encosta do núcleo fortificado precocemente abandonado, associada à estrutura linear do arrabalde, cujo tecido urbano tende a destacar-se do primeiro núcleo, permitem uma elevada visibilidade e identificação das estruturas defensivas que delimitavam a antiga vila. Tecido urbano intra-muros reconhecível, sobretudo na área a NE., com praça cuidadosamente pavimentada e integrando construções notáveis preservadas. Castelo implantado em morro granítico no interior do núcleo fortificado, mas sem solução de continuidade com a cerca da vila. Arrabalde de estrutura acentuadamente linear com diminuto preenchimento das áreas entre os eixos estruturantes. A Devesa, aldeia localizada no sopé da encosta, forma-se a partir do século 18 reocupando em parte a área onde se supõe ter existido uma civitas romana. O núcleo original desta aldeia exibe perímetro circular decorrente de provável preexistência. A capela da Devesa situava-se primitivamente num promontório granítico, onde subsistem as suas ruínas, dominando o núcleo urbano do lado NO. Sequência de ocupação milenar: a primeira fase de estruturação do povoado corresponde à época romana, ainda que seja possível a existência, ainda não provada, de uma implantação fortificada de altura, datada da Idade do Ferro ou mesmo anterior. Sabe-se que, pelo menos no início do século 2 d.C., aqui se localizava a sede da Civitas dos Aravi. O povoado desenvolveu-se no sopé da encosta, na zona da aldeia da Devesa, tendo adquirido, muito provavelmente, uma feição urbana acentuada e ocupando uma extensa área cujo plano e características aguardam ainda o esclarecimento de uma investigação arqueológica. Entre as infraestruturas deste povoado destaca-se, pelo carácter excepcional, a presença de vestígios significativos de uma barragem para aproveitamento e abastecimento de água, localizada na periferia. A Alta Idade Média (séculos VIII - XI) terá correspondido a uma fase, também ainda escassamente esclarecida, de abandono e desestruturação do povoado romano. Em meados do século 12, esta comunidade reaparece na documentação escrita, correspondendo a um momento de reenquadramento por poderes exteriores supra-regionais, com destaque para o rei de Portugal que lhe concede carta de foral. Nesta fase, o povoado deveria implantar-se à cota alta, vindo a estruturar-se em torno de três núcleos originais: em primeiro lugar na envolvente do morro granítico onde foi construído o actual castelo, junto do qual terá sido implantada a igreja mais antiga (Santiago), configurando um tipo de implantação semelhante ao da vila da Meda; um segundo núcleo estruturar-se-ia, de seguida, em torno da desaparecida igreja de São João (actual Capela de Nossa Senhora de Lourdes), na área natural de acesso ao primeiro; o terceiro núcleo, em torno da igreja de São Pedro, constitui o também natural prolongamento do segundo num provável momento mais tardio. O final do século 13 e o século 14 terão assistido a um novo momento de reestruturação e crescimento com a construção das fortificações góticas (cerca e castelo), implicando uma redefinição do tecido urbano intra-muros. No exterior, a Rua da Corredoura estrutura um arrabalde de formação linear ligando os dois núcleos formados em torno das igrejas de São João e de São Pedro. O século 15 deverá ter correspondido a um momento de paragem no crescimento, denunciada pela extinção da paróquia de São João e pelas queixas do concelho ao rei. É durante esta época que se verifica o crescente ascendente local da família de Gonçalo Vasques Coutinho, alcaide do castelo, sendo posteriormente na mesma família que surge o título de conde de Marialva. O século 16 e a primeira metade do século 17 corresponde a uma nova fase de crescimento com o apoio da Casa Real, na posse da qual aquele título entraria posteriormente. Registam-se nesta fase diversas obras nas fortificações da vila e na igreja de Santiago. Na 2ª metade do século 17 e 1ª metade do século 18 assiste-se a um decréscimo populacional devido ao esvaziamento da área intra-muros, ao mesmo tempo que, em 1732, o sítio da Devesa é referido pela primeira vez como local do mercado e da feira mensal, ainda que nele residisse um número reduzido de moradores. Será depois, na 2ª metade do século 18, no século 19 e primeira metade do século 20, que se acentuou o desenvolvimento da aldeia da Devesa, com a paralela decadência quer da vila intra-muros quer do arrabalde.

Utilização Inicial

Não aplicável

Utilização Actual

Não aplicável

Propriedade

Não aplicável

Afectação

Não aplicável

Época Construção

Séc. 14 / 16 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Não aplicável

Cronologia

Época romana: 31 a. C. - cunhagem de um denário de prata de Marco António encontrado em Marialva (RODRIGUES 1983: 88); 119 - inscrição dedicada ao imperador Adriano pela comunidade dos Aravi a qual se lia numa lápide referenciada em Marialva desde 1587. Idade Média - origens: 1145 - Fernão Mendes II, cunhado do rei D. Afonso Henriques, doa à Ordem do Templo o castelo de Longroiva que diz ter povoado na "Extrematura", entre os castelos de Numão e Marialva e o rio Côa (doc. in VITERBO 1965-6: II, 587, nota 1); entre 1157 e 1169 - D. Afonso Henriques concede carta de foral às vilas de Trancoso, Marialva, Aguiar da Beira, Celorico da Beira e Moreira de Rei. Idade Média - expansão: 1286 - D. Dinis autorizou a realização de uma feira mensal de três dias (RAU 1982: 112); 1297 - doação da igreja de São João à Ordem do Hospital; séc. 14 (em data indeterminada) - construção da cerca urbana; 1320-1321 - o Catálogo das Igrejas regista três igrejas paroquiais em Marialva a que correspondiam distintos rendimentos: Santiago com 80 libras, São João com 150 libras e São Pedro com 160 libras (ALMEIDA 1967: IV, 117-8). Baixa Idade Média - crise e influência da nobreza local: séc. 15 (em data indeterminada) - a diminuição da população condicionou uma reorganização paroquial, tendo a paróquia de São João sido anexada à de São Pedro (GOMES 1995 e COSTA 1977-1984); 1404 - o Concelho contesta a compra de bens por Gonçalo Vasques Coutinho, na altura alcaide do castelo de Marialva, cabeça da família que assumirá lugar de relevo na vila sendo a um seu descendente, Vasco Fernandes Coutinho, que o rei D. Afonso V concederá em 1440 o título de Conde de Marialva, título que entraria posteriormente na Casa Real por via do casamento do infante D. Fernando, filho do rei D. Manuel, com a filha e herdeira do 4ª Conde de Marialva (cf. GOMES 1995); 1406, 25 de Março - confirmação régia de uma reserva ou couto constituído por um perímetro que, partindo da igreja, passava pelo Outeiro da Porta, Portela do Poço, Outeiro dos Ramos, Eira das Velhas, Pedras dos Cordiais, Forca da Devesa até à igreja de Santa Maria, envolvendo a colina e o sítio da Devesa, no interior do qual era proibido, sob pena de multa, a passagem ou alimentação de gados transumantes a fim de proteger hortas e campos cultivados junto às muralhas (COSTA 1977-1984: II, 266; GOMES 1995); 1422 - no Rol dos Besteiros, existe a referência a 2982 habitantes; 1437 - o Concelho da vila pedia a intervenção do rei D.Duarte porque havia doze anos que a feira tinha deixado de se realizar e a vila se despovoava (RAU 1982: 112); 1447 - fundação do Convento de São Francisco de Villares da Ordem Terceira de São Francisco dedicado a Nossa Senhora dos Remédios (ALMEIDA 1967: I, 331 e II, 155); 1468 - o Concelho pediu ao rei a diminuição dos besteiros do conto, no que foi atendido, face à diminuição da população a qual havia caído dos 800 moradores para 150; 1496 - viviam na vila e termo 270 vizinhos; séc. 15 (final) - numerosas famílias de judeus fixam-se em Marialva (TAVARES 1984: II, 264); séc. 15 (final) - o rendimento da judiaria de Marialva foi avaliado em 30.000 réis (TAVARES 1984: II, 756). Idade Moderna (séc. 16 e 1ª metade séc. 17) - reorganização e nova expansão: 1512, 14 de Setembro - D. Manuel concede foral novo a Marialva; 1527-32 - no Numeramento não é mencionado o lugar da Devesa e a vila tinha mais moradores no arrabalde (73) do que intra-muros (68), existindo entre os 7 lugares e 5 quintas do seu termo a aldeia de Vale de Ladrões (depois chamada Vale Flor), que era mais povoada do que a vila somada ao arrabalde: 171 moradores para 141 (COLLAÇO 1934: 116); 1527 - no Numeramento, é referida a existência de 548 habitantes; 1537 - o Prior do Convento de São Francisco de Vilares dava a conhecer a pobreza em que vivia aquela comunidade religiosa; 1559 - conclusão de obras, iniciadas cerca de 1530, nas fortificações da vila pelo ainda infante D. Sebastião durante a regência de D. Catarina; 1585 - data inscrita junto da porta travessa da igreja de São Tiago indiciando a realização de obras; 1587-1588 - o visitador dos conventos franciscanos do país, Frei Guilherme da Paixão, delegado do cardeal Alberto de Áustria, refere a existência de 12 religiosos no Convento de Vilares que passavam numerosas dificuldades (ALMEIDA 1967: II, 154). 2ª metade do séc. 17 e 1ª metade do séc. 18- pauperização e decréscimo populacional: 1700 (data média) - a paróquia de São Pedro tinha 60 vizinhos enquanto na de São Tiago moravam 40, realizando-se uma feira todos os segundos domingos de cada mês junto da capela de Nossa Senhora dos Mileus, a actual igreja da Misericórdia (COSTA, 1706-1712); o total de 100 vizinhos indicia a tendência para o decréscimo populacional desde um máximo de 140 vizinhos em 1527-32; 1732 - segundo o Tombo da Comenda de São Pedro, "havia na vila de Marialva hum sitio que se chama a daveza onde asistem alguns moradores (...) o qual sitio esta donde chamão o mercado" indiciando o início do desenvolvimento da aldeia da Devesa para onde já se deveria ter transferido a feira mensal; 1736 - a paróquia de São Pedro tinha 76 moradores enquanto na de São Tiago moravam 34 (LIMA, 1736), mostrando um ligeiro acréscimo da população total (110), sobretudo devido ao crescimento do arrabalde de São Pedro, ao mesmo tempo que continuava o esvaziamento da área intra-muros. Idade Moderna (2ª metade do séc. 18 e séc. 19) - desenvolvimento da aldeia da Devesa: 1758 - segundo as Memórias Paroquiais, moravam em São Tiago 40 vizinhos, sendo apenas 8 intra-muros, enquanto os restantes 32 moravam no sítio da Deveza onde se realizava a feira mensal; a paróquia de São Pedro mostrava também um decréscimo populacional, com 70 vizinhos, indiciando que o futuro crescimento demográfico centrar-se-ia a partir de agora não no arrabalde mas na aldeia da Devesa (RODRIGUES 1983: 208-215). 1759 - a partir desta data a feira anual passa a efectuar-se a 25 de Julho, em honra de São Tiago, realizando-se intra-muros, junto da capela de Nossa Senhora de Mileus, mas também teria passado a realizar-se na Devesa, onde desde o início do século já tinha lugar a feira mensal; séc. 18 (finais) - já não havia habitantes intra-muros, tendo o orago de Nossa Senhora de Mileus sido transferido para a capela da Devesa, "aonde se faz feira todas as segundas feiras do segundo domingo do mez" (AZEVEDO, Porto, 1877). 1836 (depois de) - com a extinção do convento de Vilares, o respectivo orago de Nossa Senhora dos Remédios teria passado para a capela da Devesa, que deixaria de ser designada por Nossa Senhora de Mileu; 1855 - extinção do concelho de Marialva e sua integração no de Vila Nova de Foz Côa; 1862 - inauguração do cemitério localizado na área intra-muros; 1872 - Marialva passa a integrar o concelho da Meda; 1898 - levantamento da Fortificação de Marialva realizado por Gaspar Pereira de Castro, tenente de engenharia do Quartel de Aveiro, visando um programa de obras no castelo e muralhas que não chegaria a concretizar-se; 1947 - construção da actual Capela de Nossa Senhora dos Remédios na Devesa, substituindo a anterior que se havia arruinado, a qual dominava o núcleo original da Devesa sobre um promontório granítico localizado junto do actual cemitério; 2002, 18 Fevereiro - inauguração do Centro de Acolhimento e Interpretação pelo Ministro da Cultura, Augusto Santos Silva, e o Secretário de Estado Adjunto da Ministra do Planeamento, Ricardo Magalhães; 2005 - um grupo de investigadores, empresários e cidadãos criou a Associação para a Promoção e Preservação do Património de Marialva, com o objectico de preservar o património arqueológico do local e criar um museu; 2021, 28 março - Despacho do subdiretor-geral da DGPC a determinar a abertura de procedimento de classificação da Zona Histórica da Vila de Marialva de âmbito nacional; 29 junho - publicação da abertura de procedimento de classificação da Zona Histórica da Vila de Marialva, em Anúncio n.º 141/2021, DR, 2.ª série, n.º 124.

Dados Técnicos

Não aplicável

Materiais

Não aplicável

Bibliografia

COSTA, António Carvalho da, Corographia Portugueza, Lisboa, 1706-1712; LIMA, Luís Caetano de, Geographia Historica., Lisboa, 1736; AZEVEDO, Joaquim de, História Eclesiástica da Cidade e Bispado de Lamego., Porto, 1877; AZEVEDO, Pedro de, Apontamentos de viagem de Herculano pelo País em 1853 e 1854, Archivo Historico Português, vol. IX, Lisboa, 1911, p. 418; RODRIGUES, Adriano Vasco, Necrópole Romana de Marialva, 1961; VITERBO, Joaquim de Santa Rosa de, Elucidário das Palavras, Termos e Frases, Porto, 1965-66; ALMEIDA, Fortunato de, História da Igreja em Portugal, vol. IV, Lisboa, 1971; RODRIGUES, Adriano Vasco, Retrospectiva Histórica do Concelho da Meda, Longroiva e Marialva, 1976; COSTA, Manuel Gonçalves da, História do Bispado e Cidade de Lamego, vols. I-IV, Lamego, 1977-1984; DIAS, J. J.Alves, A Beira Interior em 1496 (Sociedade, Administração e Demografia), sep. De Arquipélago, vol. IV, Ponta Delgada, 1982; RODRIGUES, Adriano Vasco, Terras da Meda, Natureza e Cultura (Monografia), Meda, 1983; RAU, Virgínia, Feiras Medievais Portuguesas, Lisboa, 1983, p. 112-113; BARROCA, Mário Jorge, Medidas-Padrão Medievais Portuguesas, Revista da Faculdade de Letras - História, Porto, II Série, vol. IX, 1992, p. 72; SIÃO, Francisco José Moreira, Por Terras de Meda, Meda, 1993; GONÇALVES, Luís Jorge Rodrigues, Os castelos da Beira interior na defesa de Portugal (séc. XII - XVI), [dissertação de mestrado], Lisboa, Faculdade de Letras de Lisboa, 1995; GOMES, Rita Costa, Marialva - Estudo Histórico sobre a Vila, trabalho dactilografado, Lisboa, 1995; AMARAL, Maria Antónia Athayde, Um Sistema Hidráulico Romano na Capital da Civitas Aravorum - Seminário de Tecnologia do Mestrado de Arqueologia Romana, Combra, s/d; AMARAL, Maria Antónia Athayde, Relatório Técnico sobre Sondagens Arqueológicas feitas em Marialva: na Vila (Limpeza de arruamentos; Antiga Casa da Câmara e Largo do Pelourinho) e Arrabalde (Adro da Igreja de São Pedro), Instituto de Arqueologia de Coimbra - F.L.U.C., Coimbra, 1996; GOMES, Rita Costa, Castelos da Raia, vol. I Beira, Lisboa, 1996; SIÃO, Francisco José Moreira, Vila de Meda e seu Concelho, Meda, 1996; DORDIO, Paulo, Centros de Povoamento: um Percurso pelas Vilas Medievais, in Terras do Côa da Malcata ao Reboredo, Guarda, 1998, p. 15-73; SARAIVA, Jorge António Lima, O Concelho de Meda: 1838 - 1999, Meda, 1999; Carta do Lazer das Aldeias Históricas, Roteiro de Marialva, Lisboa, 2000; AMARAL, Maria Antónia Athayde, A Necrópole de São Pedro de Marialva. Estudo arqueológico, Património / Estudos, Lisboa, 2001, n.º 1, p. 129-138; AMARAL, Maria Antónia Athayde, Relatório técnico sobre a estação arqueológica denominada CIVITAS ARAVORUM, um lugar da Devesa, Freguesia de Marialva, Concelho da Meda, Coimbra, 2001; CUNHA, Eugénia, UMBELINO, Cláudia e TAVARES, Teresa, A Necrópole de São Pedro de Marialva. Dados antropológicos, Património/Estudos, Lisboa, 2001, n.º 1, p. 139-144; FARIA, Ana Maria da Fonseca Caldeira Cabral, Marialva, Subsídios para o Estudo da Ocupação Territorial, s.l., 2001; FRAZÃO, Irene, Intervenção na pintura a fresco da Igreja de São Pedro de Marialva, Património/Estudos, Lisboa, 2001, n.º 1, p. 151-152; Fundação Ricardo Espírito Santo Silva, Conservação e restauro das pinturas do tecto da capela-mor da Igreja de São Pedro de Marialva (século XVIII), Património/Estudos, Lisboa, 2001, n.º 1, p. 156-158; MARQUES, Fernando e AMARAL, Maria Antónia Athayde, Igreja de São Pedro de Marialva: intervenção de conservação e restauro 1995-2001, o ressurgir de um novo templo, Património/Estudos, Lisboa, 2001, n.º 1, p. 145-150; VOUGA, Rosa, Restauro do retábulo da capela-mor, do tecto e dos retábulos da nave da Igreja de São Pedro de Marialva, Património/Estudos, Lisboa, 2001, n.º 1, p. 153-155; www.min-cultura.pt/Noticias/ArquivoComunicado, Fevereiro 2002; FERREIRA, Paula, Património de Marialva com Associação para a Preservação, in Nova Guarda, 19 Outubro 2005; Objectivo da associação para a promoção e preservação do património, in Terras da Beira, 20 Outubro 2005; Todos em defesa do património, in Pinhel Falcão, 08 Junho 2006; Terra de encantos, in O Interior,09 Novembro 2006.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMM; IPPAR; GEAEM: Planta da Fortificação de Marialva, 1898, Gaspar Pereira de Castro (GEAEM - 7114)

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; IPPAR; IGE: coberturas aerofotográficas, ano 1938/48, escala 1/18000, ano 1958/60, escala 1/26000

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, Castelo de Marialva, recinto urbano muralhado de Marialva, Zona de Protecção, Obras e Processo Administrativo, cota 1020, Fortaleza de Marialva, Processo Administrativo, cota 1054, Igreja de São Pedro de Marialva, Processo Administrativo, cota 1059, Igreja Matriz de Santiago de Marialva, Processo Administrativo, cota 1064; CMM, Divisão de Obras Municipais. IPPAR; Arquivo Distrital da Guarda, Câmara Municipal de Marialva, 1812-1832, Fundo Notarial de Marialva, 1801-1875, Registos Paroquiais de São Pedro de Marialva, 1724- 1860, Registos Paroquiais de Santiago de Marialva, 1773-1896. ANTT, Ordem de Cristo, Tombos das Comendas, Tombo da Comenda de São Pedro,1732, Registos Paroquiais de São Pedro de Marialva, 1724-1843, Registos Paroquiais de Santiago de Marialva, 1778-1841. CELMG (Câmara Eclesiástica de Lamego), Registos Paroquiais de São Pedro de Marialva, 1591 - 1770, Registos Paroquiais de Santiago de Marialva, 1811 - 1885

Intervenção Realizada

DGEMN: 1937 - início do processo de classificação do castelo como MN; 1942 - plano geral das obras de reparação e beneficiação do Castelo de Marialva: reconstituição total da torre de menagem segundo os elementos existentes, incluindo reconstrução dos respectivos pavimentos, comunicações e vedação; apeamento e reconstrução dos troços de muralha que ameaçavam ruir; assentamento de cantaria segundo o existente para melhor definir a estrutura do castelo; regularização dos adarves e parapeitos; limpeza da cisterna; assentamento de portas; escavações em terra compacta; limpeza de cantarias; 1943 / 1944 - diversas obras no castelo: consolidação das muralhas com cintagem de betão armado; apeamento e reconstrução de muralhas; construção e assentamento de ameias; 1945 - restauro do castelo e obras na igreja de Santiago: escavação em terra compacta para regularização de piso; remoção de pedra das muralhas derrocadas; limpeza da cantaria e tomada das juntas nas muralhas; construção da armação da cobertura e telhado; consolidação com cintagem de betão armado de soalho; 1946 - estudo da possibilidade de construção de uma pousada em Marialva; 1949 - obras na igreja de Santiago: reconstrução da cobertura incluindo a armação do telhado, demolição e reconstrução das paredes laterais, reconstrução dos tectos em pinho incluindo a respectiva cama. 1973 - obras de limpeza e sondagem no castelo, no contexto do plano de consolidação e beneficiação geral; escavações para sondagem; limpeza e arranque de vegetação parasitária; consolidação de troço de muralha. 1974 - obras de consolidação no castelo: continuação do trabalho de consolidação de troços de muralha (junto à Torre do Monte); outras consolidações em edifícios intra-muros; arranque de silvados no recinto intra-muros. 1976 - obras diversas de consolidação no interior do castelo: obras nas construções centrais da praça principal intra-muros; prospecção geral no perímetro muralhado; consolidação do pelourinho: ajustamento da cantaria e recalçamento; consolidação do poço junto ao pelourinho; consolidação de paredes na antiga casa da câmara, incluindo escoramento, tomada de juntas, reposição de alvenaria e silharia na posição original, preenchimento dos vãos com argamassa, reconstrução de cunhal derruído e colocação do escudo; outras consolidações de paredes para evitar derrocadas de edifícios e muralha; limpeza e consolidação de adarves e muralhas nos sectores mais carenciados. 1979 - obras na igreja de Santiago: arranjo das coberturas com substituição integral da telha marselha por telha dupla regional, pintura dos tectos da nave, colocação de guarda-vento, instalação eléctrica, picagem e reconstrução de rebocos e limpeza de cantarias. 1985 - obras de recuperação no castelo: colocação de iluminação. 1986 - obras de conservação nas capelas do castelo: reconstrução da cobertura da capela do Senhor dos Passos; limpeza da cal existente nas cantarias dos alçados exteriores e refechamento de juntas na capela de Santa Bárbara. 1987 - obras de recuperação e beneficiação no castelo: colocação de elementos de ferro em falta na grimpa do pelourinho; consolidação de dois paramentos de parede da ruína de uma casa de judeu, existente junto do edifício da antiga câmara; reconstrução da cobertura da capela do Senhor dos Passos; reconstrução de uma parte da muralha (junto à Porta do Anjo da Guarda). 1988 e 1989 - obras de recuperação no castelo: remontagem de silhares numa das torres do castelo numa extensão de 9 m e altura de 6 m; 1990 - obras de recuperação no castelo: intervenção na Torre do Monte com colocação de silhares em falta. Projecto de renovação da área intramuros elaborado pelo GTL, através de protocolo entre o IPPC e a CMM: 1986 - obras de recuperação e beneficiação; CMM: 1992 - Plano de Salvaguarda de Marialva elaborado pelo GTL; 1993 - candidatura ao Programa de Recuperação de Aldeias Históricas inserido no PPDR (Programa de Potencial de Desenvolvimento Regional); 1995 - projecto de recuperação de fachadas e coberturas da autoria dos Arquitectos António F. de Sousa Pinheiro e Paula Pinheiro no âmbito do Programa de Recuperação de Aldeias Históricas; 1996 - execução da empreitada da 1ª fase correspondente à Rua da Corredoura, lado O.; 1996, Abril - projecto de pavimentação e outros melhoramentos no Largo do Negrilho da autoria do Arquitecto João Paulo Pena Lopes; 1996, Julho - adjudicação da obra de infra-estruturas eléctricas e telefónicas do Largo do Negrilho; 1996, Julho a 1999 - execução da empreitada da 2ª fase correspondente à Rua da Corredoura, lado E.; 1996, Agosto a 1999, Outubro - execução da empreitada da 3ª fase correspondente à Rua da Corredoura, lado E., lotes 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 12, 14/15, 16, 18, 19, 21; 1996, Setembro - adjudicação da obra de pavimentação e outros melhoramentos no Largo do Negrilho; 1997, Julho - execução da empreitada da 4ª fase correspondente à Rua da Corredoura, lados O., E. e N., lotes 17, 25, 25A, 26, 26R, A, Q, R, S, T, U, X; 1997, Novembro - projecto de recuperação do espaço público Drama/Teatro da autoria do Arquitecto João Paulo Pena Lopes; 1998, Julho - adjudicação da obra de recuperação do Drama / Teatro; 1998, Junho - adjudicação da obra das infra-estruturas subterrâneas da aldeia histórica de Marialva, 1ª fase; 1998, Julho - adjudicação da obra das infra-estruturas subterrâneas, 2ª fase; 1998, Julho - adjudicação da obra de pavimentação de arruamentos- Devesa; 1999, Junho - adjudicação da obra de pavimentação de arruamentos (vila); 1999, Julho - adjudicação da obra de reposição de pavimentos (vila); 2001 - execução da empreitada da 5ª fase correspondente às Ruas da Portela e do Seixo; IPPAR: 1995 e 1996 - intervenções arqueológicas no adro da Igreja de São Pedro, na antiga Casa da Câmara intra-muros e nas Casas dos Judeus no Largo do Cruzeiro; 1995 a 2001 - intervenção de recuperação e restauro na igreja de São Pedro; 1996 a 2002 - criação de circuito de visita com sinalização na vila intramuros e no arrabalde e construção de centro de acolhimento e interpretação nas Casas dos Judeus no Largo do Cruzeiro.

Observações

O topónimo Marialva relaciona-se com a Lenda da Dama dos Pés de Cabra, de que existem várias versões e variantes, localizando-a igualmente em outras regiões da Beira Interior e Trás-os-Montes. Uma das variantes refere-se a uma moura de nome Marialva que vivia numa alta torre nesta povoação e por quem um cavaleiro cristão se apaixonou secretamente até que, um dia, este descobriu que aquela possuía pés de cabra. Assombrado pela descoberta revela a todos o seu amor ilícito gritando assustado "Marialva tem cara de rosa e chancas de cabra". A moura, perseguida como ser demoníaco, atira-se do alto da torre em que vivia. Actualmente, as principais festividades são a feira anual de Santiago, que se realiza a 25 de Julho, e a romaria em honra de Nossa Senhora dos Remédios que se realiza em Agosto.

Autor e Data

Paulo Dordio 2002

Actualização

 
 
 
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