Jardim da Casa da Gandarela

IPA.00022891
Portugal, Braga, Celorico de Basto, Basto (São Clemente)
 
Espaço verde de recreio / Espaço verde de produção agrícola. Quinta de recreio revivalista. Jardim formal neobarroco, de planta quadrangular, formado por topiárias de camélias, ciprestes, azáleas e buxos, que segundo Ilídio de Araújo, é típico dos Jardins de Basto, com lago circular central, rodeado por topiárias de animais fantásticos, formando bestiário. A particularidade do jardim advém do seu carácter intimista, conferido pela conjugação das dimensões reduzidas do espaço com a riqueza de volumes e texturas das várias espécies topiadas. A originalidade, diversidade e surpresa das formas obtidas nas diferentes espécies e a variedade cromática resultante do seu conjunto alude à fantasia e transporta para um mundo de encantamento muito bem conseguido pela imaginação do artista. O desenho dos jardins foi concebido por um jardineiro da escola de Fermil, fundada pelas irmãs Pinto Basto *3. Actualmente, os jardins ainda são tratados por um jardineiro, da geração dos jardineiros de Fermil. Fora do comum é ainda a fonte com os dois tanques, um de cada lado do espaldar, existente no terreiro junto à capela. A manutenção do jardim reflecte um cuidado e atenção permanente da proprietária e a perícia dos jardineiros.
Número IPA Antigo: PT010305200154
 
Registo visualizado 6424 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Espaço verde  Jardim  Jardim  Barroco    

Descrição

Quinta delimitada por muro de alvenaria de pedra, constituída por largo arborizado, jardim formal, casa (v. IPA.00000075), capela separada, e anexos agrícolas, tudo disposto em eixo, e campos agrícolas, em socalco, lateralmente a S. Possui dois acessos, o principal, voltado à EN, e um secundário, a O., virado à auto-estrada, rasgado no muro junto à fachada posterior da casa. Este é formado por portal de verga recta, rematado por cornija encimada por frontão triangular, com pedra de armas no tímpano, sobrepujado por cruz sofre esfera, e ladeado por pináculos piramidais. Através do portal principal acede-se a largo arborizado com plátanos, tílias e áceres de grande porte. A ladear o portal, a E., pequeno mirante ritmado por merlões, e a O., desenvolve-se jardim de planta quadrangular delimitado por sebes de buxo e camélias topiadas formando paredes vegetais, abertas por arcos e pequenas janelas. Eixo principal do jardim alinhado com o portal principal da casa, com início em grande arco formado pelas camélias talhadas, ladeado por outros menores, definindo caminhos naturalizados, que se interceptam formando recantos com bancos e mesas de pedra toscos, para estadia. O eixo principal conduz a chafariz central, de tanque circular com base cilíndrica, encimada por putto, em cujos braços encontra-se peixe que jorra água pela boca. Um dos caminhos conduz ao oratório de Nossa Senhora da Conceição, em pedra, revestido a hera, encimado por uma cruz sobre esfera. É fechado por portão de ferro, possuindo interiormente espaldar recortado, com nicho. Por detrás do oratório, muro revestido com vegetação suporta quatro bustos de pedra representando as quatro estações do ano. O jardim é pontuado por diferentes espécies topiadas, tais como, camélias, buxos e ciprestes, que assumem formas de animais fantásticos, espirais, chapéus-de-sol, colunas, elementos geométricos e irregulares. Adossada ao muro posterior da quinta, por detrás da capela, situa-se fonte com espaldar rematado por cinco merlões piramidais, com duas bicas, uma delas carranca, sobre concha, caindo água para dois tanques rectangulares. Junto à fachada posterior da casa desenvolve-se terreiro que se prolonga para a fachada lateral S. desta, ornamentada com buganvílias. A S., encontra-se latada de vinha suportada por pilaretes de granito, e pelo muro de suporte de patamar superior. Sob esta, fiada de hortências, precedida por bancos de pedra. No patamar superior, com acesso por escadaria, localiza-se piscina rectangular, ladeada por campo de jogos. Para S. desta da área de lazer surgem os campos agrícolas, com produção de horta, pomar, milho e latadas de vinha.

Acessos

EN 206; Vila da Gandarela de Basto

Protecção

Inexistente

Enquadramento

A quinta situa-se na pequena povoação da Gandarela de Basto, rodeada por casas de habitação e alguns campos de cultivo, em terreno de acentuado declive, com entrada principal virada para a EN que liga a Arco de Baúlhe. Junto à fachada posterior da casa, a poucos metros, passa a auto-estrada A7, que se encontra em quota em mais baixa, passando por esta através de um túnel. Uma estrada local está igualmente adjacente ao muro de outra entrada. A quinta encontra-se, deste modo, invadida física, visual e sonoramente pelas construções referidas. Tem vista para os montes da Goela, Viso e Senhora da Graça.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Recreativa: jardim

Utilização Actual

Recreativa: jardim

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 17 - Construção da casa e capela; Séc 18 - reedificação da fachada nobre e construção da torre; é senhor da casa Francisco Alves de Araújo, Capitão-mor de Celorico de Basto, sucedendo-lhe o seu filho, Manuel Alves de Magalhães Araújo Pimentel, ambos mestres-de-campo dos Auxiliares de Basto e fidalgos-cavaleiros da Casa Real; séc. 19 - é Senhor da Casa da Gandarela, Francisco de Magalhães Araújo Pimentel, fidalgo-cavaleiro da Casa Real; o seu filho, Manuel Magalhães de Araújo Pimentel, casa com D. Maria Cristina Pereira Gayo de Noronha, sua prima direita; após o fim do seu casamento, endivida-se a ponto de os seus herdeiros necessitarem de vender a propriedade que é adquirida por Jerónimo Pacheco de Campos Pereira Leite, deputado e Chefe do Partido Regenerador do Distrito; remodelação da torre e construção da torre sineira da capela; 1886 - a via romana que ladeava a casa, a N., é substituída, pela EN actual sendo desmontada a capela e reconstruída no sítio onde se encontra; séc. 20, início - execução do jardim por iniciativa de Paulo da Cunha Mourão Carvalho Sotto Mayor; 2000, 4 Setembro - Despacho de abertura de classificação, desencadeado pela possível destruição do jardim devido à construção da auto-estrada A7; 2004 - a quinta foi cortada na sua área, devido à construção da auto-estrada A7 *2; 2010 - procedimento de classificação prorrogado pelo Despacho n.º 19338/2010, DR, 2.ª série, n.º 252, de 30 de Dezembro; 2011 - procedimento prorrogado até 31 de Dezembro de 2012 pelo Decreto-Lei n.º 115/2011, DR, 1.ª série, n.º 232, de 5-12-2011; 2012 - procedimento caducado nos termos do artigo 78.º do Decreto-Lei n.º 309/2009, DR, 1.ª série, N.º 206, de 23-10-2009, alterado pelo Decreto-Lei n.º 265/2012, DR, 1.ª série, N.º 251, de 28-12-2012.

Dados Técnicos

O terreno agrícola é estruturado em socalcos nas zonas de maior declive. O sistema hidráulico utilizada para consumo, rega e ornamentação é alimentado por cerca de 5 minas.

Materiais

INERTES: muros de suporte e de delimitação da quinta, oratório, mesas, bancos, pilaretes de suporte de latadas, chafariz e fonte, em granito. VEGETAL: árvores -ácer (Acer pseudoplatanus), camélia (Camelia japónica), magnólia (Magnolia grandiflora), plátano (Platanus hybrida), tília (Tilia cordata); arbustos - azálea (Azalea sp), buxo (Buxus semperviriens); herbáceas - agapanto (Agapanthus africanus albus); trepadeiras - buganvília (Bouganvilea glabra), hera (Hedera helix).

Bibliografia

AZEVEDO, Carlos de, Solares Portugueses. Introdução ao Estudo da Casa Nobre, Lisboa, 1988, p. 143; Vv. Aa., Guia de Portugal, vol. 4, Lisboa, 1996, pp. 1301,1302.; STOOP, Anne de, Palácios e Casas Senhoriais do Minho, Porto, 2000; CASTEL-BRANCO, Cristina, Jardins com História, INAPA, Lisboa 2002.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN / DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Proprietário: 2004 - Construção da piscina; recuo e deslocação do muro e portal, no limite O. da quinta.

Observações

*1 - O Despacho de classificação refere-se à Casa da Gandarela, incluíndo Capela de Santo António e Jardim; *2 - o traçado inicial da auto-estrada previa a sua passagem junto ao jardim, cortando-o ao meio, pelo que devido ao processo de classificação, o traçado foi desviado para os terrenos existentes junto à fachada posterior da casa. Toda a envolvente foi significativamente alterada, nomeadamente com a construção de um viaduto rodoviário, que passa por cima de parte dos terrenos agrícolas da quinta; *3 - os Jardins de Basto foram iniciados pelas irmãs Pinto Basto, D. Justina Praxedes, da Casa de Pielas (v. IPA.00008731), em Cabeceiras de Basto e D. Emília Ermelinda, da Casa da Igreja (v. IPA.00000450), em Celorico de Basto, influênciadas por modelos ingleses.

Autor e Data

Pereira de Lima 2004

Actualização

 
 
 
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