Farol da Ponta dos Capelinhos / Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos
| IPA.00026312 |
Portugal, Ilha do Faial (Açores), Horta, Capelo |
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Farol costeiro de 3ª ordem, construído em finais do séc. 19 / início do 20, e desativado após a erupção do vulcão dos Capelinhos, de 1957 / 1958, que o deixou em ruína e parcialmente soterrado. Apresenta planta retangular composta por três corpos, o central integrando torre octogonal, com fachadas de dois pisos, tendo atualmente apenas um visível, de alheta nos cunhais, remate em dupla cornija e rasgadas regularmente por vãos abatidos. A torre do farol, o único dos Açores que tinha sinal sonoro, avança na fachada posterior por onde se fazia o acesso direto, e tem dois registos, rasgados por pequenos vãos retilíneos, terminando em varandim com guarda em ferro, de acesso à cúpula envidraçada. Entre 2006 e 2008 foi construído em frente do farol um centro interpretativo, concebido pelo arquiteto Nuno Ribeiro Lopes de modo a preservar a paisagem existente na área afetada pela erupção vulcânica, ou seja, o edifício foi implantado à cota do terreno antes da erupção, encontrando-se enterrado nas areias vulcânicas. Do edifício composto por vários corpos assimétricos, destaca-se o denominado "foyer", de planta circular, com imponente pilar tronco-cónico central, sustentando a cobertura, de perfil curvo, e exteriormente plana e demarcada no terreno, a partir do qual se acede aos outros corpos e ao farol, que passou a funcionar como miradouro. |
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Número IPA Antigo: PT072002020034 |
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Registo visualizado 6554 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Comunicações Farol
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Descrição
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FAROL: planta retangular composta por três corpos, o central mais pequeno mas avançado e facetado na fachada posterior, onde integra torre octogonal. Volumes escalonados atualmente sem coberturas e em cúpula envidraçada na torre. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, de dois pisos, o primeiro soterrado pelas areias, com cunhais em alhetas, terminadas em dupla cornija, sobreposta por platibanda plena, rematada em cornija de betão, e rasgadas por vãos de verga abatida com molduras simples. Fachada principal virada a este., de três panos definidos por frisos verticais e rasgadas, ao nível do segundo piso, por sete janelas de peitoril. Fachadas laterais semelhantes rasgadas por uma janela de peitoril; a posterior forma três panos, sendo o esquerdo rasgado por três janelas de peitoril e o direito atualmente interrompido para integrar, de ângulo, amplo cubo, com estrutura em ferro, que protege as escadas de acesso ao edifício a partir do centro interpretativo. O pano central, facetado, corresponde ao arranque da torre, que tem 25 metros e dois registos, marcados por cornija, cunhais em alheta e é rasgado frontal e posteriormente por pequenas janelas retilíneas; no topo, termina em cornija, assente em mísulas, formando balcão corrido, sobreposto por guarda em ferro, protegendo terraço onde se dispõe a cúpula envidraçada sobre soco. No INTERIOR, do segundo piso, que funciona como miradouro, as paredes são revestidas a placas de betão e o pavimento a madeira. CENTRO DE INTERPRETAÇÃO DO VULCÃO DOS CAPELINHOS de planta irregular, composta por vários corpos, que, subterraneamente, se articulam entre si e comunicam com o edifício do farol. O corpo principal é denominado de "foyer" e apresenta planta circular, com cobertura exterior plana, pouco acima do atual nível do terreno, com vão jacente percorrendo todo o seu perímetro, circundado por caixa técnica, protegida por guarda em ferro. Um caminho pedonal a partir do parque de estacionamento direciona o visitante ao acesso, com portal de verga reta, precedido por rampa de betão, flanqueada por placas de betão, vencendo o declive, as quais são ladeadas por guardas em ferro, interligadas às que delimitam a cobertura. No INTERIOR, a maioria dos corpos possuem as paredes em betão descofrado. A partir do portal de acesso, desenvolvem-se as escadas e uma rampa de acesso ao "foyer", com pavimento rebaixado, as paredes terminadas por vão jacente circundante e tendo ao centro grande pilar tronco-cónico sustentando a cobertura, de perfil curvo. O "foyer" comunica com os vários núcleos de exposição, auditório, com as paredes revestidas por módulos gradeados, loja e outros. |
Acessos
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EN 3-2, ramal para o Porto do Comprido |
Protecção
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Incluído na Reserva Florestal Natural, Decreto Legislativo Regional n.º 27/88/A, de 22 julho 1988 |
Enquadramento
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Marítimo, isolado, na Ponta dos Capelinhos, a ponta oeste da ilha do Faial, a mais ocidental do grupo central do arquipélago dos Açores. Integra-se numa paisagem vulcânica inóspita, resultante de uma das mais recentes grandes erupções do arquipélago, que cobriu de areias e elevou o terreno à cota do segundo piso do edifício do farol. O edifício do Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos desenvolve-se subterraneamente, entre o antigo piso térreo do farol e as respetivas casas de apoio, a norte, sendo demarcado no terreno apenas o corpo do "foyer". Entre o "foyer" e o parque de estacionamento, mais a este, existem dois caminhos pedestres, um em linha reta, formado por lajes de betão, e outro formando ângulo, em paralelepípedos. |
Descrição Complementar
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O edifício do Centro de Interpretação dispõe de vários núcleos de exposição, subdivididos em três fases distintas: antes, durante e depois da erupção vulcânica de 1957 / 1958. |
Utilização Inicial
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Comunicações: farol |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: centro interpretativo |
Propriedade
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Pública: regional |
Afectação
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Época Construção
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Séc. 19 / 20 / 21 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITETO: Nuno Ribeiro Lopes (2003-2005). CONSTRUTORES: Consórcio Mota-Engil, engenharia, S.A. (2006-2008); Somague-Ediçor, engenharia, S.A. (2006-2008); Marques, S.A. (2006-2008). ENGENHEIROS: Henrique Leal (2003-2005); Luís Andrade (2003-2005); Mário Veloso (2003-2005). FIRMA: Tecnovia - Açores, S.A. (2006-2008). |
Cronologia
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1894, 01 abril - início da construção do edifício do farol (www.inventario.iacultura.pt); 1901 - visitam as obras o Rei D- Carlos e a Rainha D. Amélia; 1903, julho - o edifício encontra-se concluído (www.inventario.iacultura.pt); 01 agosto - inauguração oficial do farol; 1926, 31 agosto - violento sismo na ilha do Faial causa estragos no farol, que fica com algumas limitações operacionais e alcance reduzido; 1927 - o farol retoma o normal funcionamento; 1957, 10 outubro - o diretor das Obras Públicas do distrito da Horta informa por telégrafo o diretor-geral sobre a suspensão momentânea dos trabalhos em virtude da erupção do vulcão dos Capelinhos (PT DGEMN:DSARH-005-4448/10); 29 outubro - apaga-se a luz do farol por estar em perigo de desmoronamento devido à erupção vulcânica; 07 novembro - data do primeiro relatório elaborado pelo engenheiro diretor de Obras Públicas no Distrito da Horta, o engenheiro Frederico de Menezes Avelino Machado, dirigido ao diretor-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, sobre o impacto da erupção dos Capelinhos no edifício do farol *1; 1958, janeiro -voltam a cair cinzas, concedendo-se, a pedido da Direção de Obras Públicas, uma verba de 20 contos para manter os telhados limpos, verba da qual foram despendidos 11.109$00; fevereiro e março - a erupção tem um desenvolvimento inesperado, pois a cratera (que estava a cerca de 1200 m do farol) desloca-se para um ponto 500 m mais próximo e em consequência as pedras, com peso de 10 a 300 kg, caíram em tanta abundância que teve de se suspender os trabalhos de limpeza dos telhados; muitas pedras atingem os edifícios furando o fibrocimento do telhado e a cinza cai em grande abundância; 23 / 24 março - durante a noite cai uma camada de 1,9 m de cinza, correspondendo a uma carga de 2000 kg/m2; "Os telhados das habitações abateram em grande parte e a própria laje de betão armado da casa dos motores ficou arruinada. Há actualmente no recinto do farol cinza com a espessura de 7 m aproximadamente e este número talvez continue a aumentar. Foi possível com a verba concedida franquear a entrada dos edifícios de forma a retirarem móveis e motores (trabalho que foi feito pelo pessoal do farol). (...)"; 30 abril - novo relatório do mesmo responsável dirigido à DGEMN, acompanhado de 7 registos fotográficos, no qual são descritos os acontecimentos desde o anterior relatório e as medidas tomadas; decide-se que, em face dos últimos acontecimentos, não se deve despender mais verbas com o farol sem que termine a erupção; a "torre ainda se mantém em condições razoáveis ma s o cone vulcânico (altura atual 150 m) está a aumentar tanto, que talvez se tenha de rever no futuro a localização do farol." (PT DGEMN:DSARH-005-4448/10); 2003 - 2005 - elaboração do projeto do Centro de Interpretação do Vulcão, com projeto do arquiteto Nuno Ribeiro Lopes, de estruturas e redes de água do engenheiro Mário Veloso, de instalações elétricas, telecomunicações e segurança do engenheiro Henrique Leal e de aquecimento e ventilação do engenheiro Luís Andrade; 2003, 31 julho / 01 agosto - apresentação pública do estudo prévio durante o centenário da inauguração do farol dos Capelinhos; 2006, meados - início da construção do centro de interpretação, enterrado até à cota do terreno antes da erupção de 1957 / 1958, estando envolto nas areias vulcânicas; a construção é da responsabilidade do Consórcio Mota-Engil, engenheiros, S.A., Somague-Ediçor, engenharia, S.A., e Marques, S.A.; as infraestruturas são de Tecnovia - Açores, S.A.; 2008, agosto - inauguração do Centro de Interpretação do Vulcão *2. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes e de paredes autónomas. |
Materiais
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Estrutura de betão armado; betão descofrado; placas de betão; molduras dos vãos, cunhais e cornijas em cantaria basáltica; vidros simples; guardas em ferro. |
Bibliografia
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LOPES, Nuno Ribeiro - Capelinhos Centro de Interpretação do Vulcão. S.l.: Governo dos Açores / Secretaria Regional do Ambiente e do Mar, 2008; Lista de Faróis, Bóias Luminosas, Radiofaróis, Sinais de Nevoeiro e Sinais Horários e de Mau Tempo, Estações Radiotelegráficas e de Socorro a Náufragos Existentes na Costa de Portugal, nos Arquipélagos dos Açores e Madeira e Colónias. Lisboa: Direcção de Faróis, 1955; VILHENA, João Francisco, LOURO, Maria Regina - Faróis de Portugal. Lisboa: Gradiva, 1995; Vulcão dos Capelinhos - Retrospectiva , Victor Hugo Forjaz, vol. I, 1.ª edição, Ponta Delgada, Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores, 1997; Andrea Porteiro, Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos (http://siaram.azores.gov.pt/centros-interpretacao/ci-capelinhos/_texto.html), [consultado em 14-11-2014]; Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos (http://parquesnaturais.azores.gov.pt/pt/faial/oquevisitar/centrosinterpretacao/centro-de-interpretacao-do-vulcao-dos-capelinhos), [consultado em 14-11-2014]. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSARH, DGEMN/DSID, SIPA |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSARH-005-4448/10 |
Intervenção Realizada
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Direcção das Obras Públicas no Distrito da Horta: 1957 - obras de reparação do farol, sob a supervisão da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais / Direcção dos Serviços de Conservação; novembro / dezembro - devido à diminuição da actividade vulcânica, procede-se à reparação das avarias causadas pela erupção vulcânica, em parte pela Direcção de Faróis e em parte pela Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, que executou trabalhos de emergência no valor de 49.611$50 para "pôr os edifícios em estado de resistirem às intempéries caso a erupção ainda durasse muitos meses"; Governo Regional dos Açores: 2006 / 2007 / 2008 - obras de consolidação da ruína e requalificação do farol, com reforço estrutural no seu interior e colocação de cúpula transparente no topo da torre; a requalificação do farol orçou em 4.113.788,23€, tendo como contribuição comunitária 3.496.720,00€; a obra do Centro de Interpretação orçou em cerca de 2.366.693,65€, tendo como contribuição comunitária 2.011.689,60€. |
Observações
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*1 - No relatório refere-se que "a erupção dos Capelinhos começou a 27 de Setembro com um ligeiro fervilhar da água do mar cerca de 1 km a Oeste do farol. A 29 de Setembro a intensidade aumentou e tornou-se altamente explosiva. Os jactos de cinza (areia e pó) atingiam frequentemente os 800 metros e uma vez ou outra subiram a mais de 1200. A coluna de vapor de água ia a 3 ou 4 km de altura e excecionalmente ainda mais. A violência da erupção manteve-se durante um mês. A quantidade de cinza emitida foi tanta que formou uma ilhota com 800 metros de diâmetro e 100 de altura (acima do nível do mar) num ponto onde anteriormente a profundidade era de 70 metros. Caíram também junto ao farol dos Capelinhos e Porto do Comprido, algumas pedras que chegavam a pesar 30 kg. A nuvem era arrastada pelo vento e por isso chegou a cair cinza a 20 km de distância da chaminé vulcânica. Este foi o aspeto mais nocivo da erupção. A quantidade de cinza caída em terra tem dependido da direção do vento. Quando este soprou forte de Oeste, a 6 e 7 de outubro, houve pânico nas povoações do Canto e Norte Pequeno (freguesia do Capelo) que ficam a cerca de 3 km do vulcão. As populações foram então evacuadas. Em virtude da poeira espalhada no ar (que aumentava muito a condensação das gotas de água) a pluviosidade da região aumentou mais de dez vezes, passando de 70 mm para mais de 700 por mês. A chuva torrencial que caiu foi outro factor desastroso na região. A 29 de outubro a ilhota submergiu-se e a atividade parecia ter terminado. Contudo nos últimos dias renovou, não se prevendo por agora se poderá voltar a atingir a violência anterior. (...) As pedras arremessadas pelo vulcão caíram sobre os edifícios do farol dos Capelinhos, furando os telhados e pavimentos e partindo vidros, loiças sanitárias e alguns móveis. O farol teve de ficar apagado durante a erupção e o pessoal foi evacuado. A obra de reparação que estava em curso teve de ser também suspensa. A cinza e a água da chuva entraram pelos buracos dos telhados e das janelas e acumularam-se em quase todos os compartimentos, avariando os pavimentos e as pinturas interiores. O recinto exterior ficou também entulhado com mais de 1 m de areia." (PT DGEMN:DSARH-005-4448/10). Esta descrição é acompanhada com uma reportagem fotográfica com 6 registos, legendados e datados, ilustrando os momentos mais importantes do processo entre setembro e novembro de 1957. *2 - O Centro de interpretação tem o horário, de 16 de setembro a 14 de junho, terça a sexta, das 09:30 - 16:30, e aos sábados, domingos e feriados, das 14:00 - 17:30, encerrando à segunda-feira, 1 de janeiro, terça de Carnaval, domingo de Páscoa, 24, 25 e 31 de dezembro. De 15 de junho a 15 de setembro, está aberto todos os dias, das 10:00 às 18:00. |
Autor e Data
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Paula Noé 2014 |
Actualização
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