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Edifício e estrutura Edifício Religioso Convento / Mosteiro Convento masculino Ordem de São Francisco - Franciscanos Terceiros
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Descrição
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Planta longitudinal composta por um octógono irregular - resultante do chanframento dos ângulos de um quadrado - e por um rectângulo (capela-mor), sendo o conjunto coberto por telhado de estrutura piramidal a várias águas. Na fachada principal a E. da igreja, integralmente de cantaria, podem reconhecer-se 3 corpos, separados por pilastras salientes, constituindo-se os laterais como bases do lançamento de 2 torres que não chegaram porém a elevar-se para além do limite superior do corpo central. Em altura reconhecem-se claramente 2 níveis separados por um friso saliente. No piso térreo observam-se, em cada um dos corpos laterais, após a marcação de um embasamento, 2 janelas quadradas sobrepostas, com emolduramento de cantaria ostentando motivos decorativos curvilíneos relevados. No corpo central acede-se ao portal principal, que se abre a eixo, por uma escadaria de 2 lanços que se desenvolvem paralelamente ao plano da fachada e convergem diante da porta. O portal principal apresenta-se ladeado por dupla coluna de ordem coríntia e encimado por 2 volutas que efectuam a articulação com um janelão rectangular, por sua vez sobrepujado de um óculo que interrompe o friso separador de níveis. No 2º andar deste alçado principal podem observar-se, em cada um dos corpos laterais, uma janela quadrada idêntica às anteriormente referidas. No corpo central abrem-se 3 nichos, sem estatuária, 2 deles apresentam-se coroados por frontões curvos ladeando o central encimado por frontão triangular. Superiormente o edifício é rematado por cornija de cantaria. INTERIOR: 8 capelas em arco de volta inteira, encimadas por tribunas com vãos iluminantes, abrem-se nas paredes animadas pela alternância de mármores polícromos e separadas por pilastras quebradas, com caneluras e possuem retábulos de talha e obras de pintura atribuídas a André Gonçalves (1692 - 1762) - a partir de desenhos de Vieira Lusitano (1699 - 1783), Inácio de Oliveira Bernardes (1695 - 1781) e André Rubira. No corpo da igreja distinguem-se ainda 2 púlpitos de madeira. O tecto apresenta uma pintura executada por João Nunes de Abreu (m. 1738) e Jerónimo Silva, segundo desenho de Vitorino Serra (m. 1747), em "trompe l'oeil", com quadraturas, formando arcos, cornijas, modilhões, reunidos por festões e que convergem para um painel central, onde se desenvolve a Glorificação de São Francisco", junto à Corte Celeste. Nos ângulos, a Temperança, Justiça, Força e Prudência. Na capela-mor, coberta por abóbada de aresta, destacam-se: o retábulo de cantaria de concepção arquitectónica e albergando um trono de talha dourada no vão central; as duas estátuas de mármore representando São Domingos (lado do Evangelho) e São Francisco (lado da Epístola), atribuídas a João António Bellini de Pádua; e ainda, nos muros laterais, telas de Vieira Lusitano e de André Rubira representando " São Francisco despojado dos hábitos seculares" e " O trânsito de São Francisco ". A sacristia, de planta quadrada, apresenta um lavabo de brecha da Arrábida e lioz, e é coroada por um zimbório alto, no centro da cúpula semicircular. |
Acessos
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Largo do Menino Deus |
Protecção
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Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 5 046, DG, 1.ª Série, n.º 268 de 11 dezembro 1918 / Incluído na Zona de Proteção do Castelo de São Jorge e restos das cercas de Lisboa (v. IPA.00003128) |
Enquadramento
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Urbano, adossado, destacado pela posição de remate e de domínio altimétrico do Largo do Menino Deus |
Descrição Complementar
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As capelas têm as seguintes invocações: São Miguel, São José, Santa Ana e São Francisco (do lado da Epístola); Santa Clara, Santa Isabel, Santo António e Nossa Senhora da Assunção (Evangelho). |
Utilização Inicial
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Religiosa: convento masculino |
Utilização Actual
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Religiosa: igreja |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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Patriarcado de Lisboa, auto de entrega de 28 Setembro 1942 |
Época Construção
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Séc. 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTOS: Custódio Vieira (séc. 18); João Antunes (atr., 1711); João Frederico Ludovice (1711). ESCULTOR: João António Bellini (1745-1748). PINTORES: André Gonçalves (1692 - 1762); André Rovira (1711); Francisco Vieira de Matos (1711); Inácio de Oliveira Bernades; João Nunes de Abreu (1730); Jerónimo Silva (1730); Vitorino Manuel da Serra (1711, 1730). RESTAURADORES: Junqueira 220 (1998). |
Cronologia
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1710 - aquisição de um terreno em São Tomé do Castelo, para a construção da igreja; 1711, 04 julho - lançamento da primeira pedra da igreja, para instalação da Ordem Terceira de São Francisco, então muito distante, situada em São Francisco de Xabregas, tendo-se edificado paralelamente as dependências conventuais e um hospital em terrenos adquiridos a João António de Alcáçovas; atribuição da planta a João Antunes; as obras foram dirigidas por João Frederico Ludovice (1670 - 1752) e Custódio Vieira (c. 1690 - 1744); oferta da imagem do Menino Deus pela abadessa da Madre de Deus, Cecília de Jesus; pintura de telas por André Rovira; pintura de telas por Francisco Vieira de Matos, vulgo Vieira Lusitano, pintura do teto perspetivado por Vitorino Manuel da Serra; 1719 - a comunidade religiosa já se encontrava no local, ainda que o edifício não se encontrasse pronto; 1730 - pintura da zona central do teto da igreja por Jerónimo da Silva, em parceria possível com João Nunes de Abreu, concebido por Vitorino Manuel da Serra; 1736 - inauguração do templo, com a presença da Família Real; 1738 - início da construção de um hospital em terreno contíguo; 1745 - 1748 - feitura da escultura de São Francisco por João António Bellini, de Pádua (SALDANHA, 2012, p. 27); 1751 - conclusão da obra do hospital; séc. 18, meados - pintura da Virgem da sacristia; 1755, 1 novembro - o terramoto causa poucos danos na igreja, pelo que a mesma funcionou como sede de várias paróquias cujos templos haviam sido destruídos (Santo André, São Tomé e a Sé); 1758, 18 abril - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco José Caldeira, é referido que o prior de São Tomé tem a chave do sacrário e celebra os rituais pelos defuntos da Irmandade, pelo que recebe, anualmente, 70$000; 1836 - a demolição da igreja de São Tomé, implica a passagem da sede da paróquia para a igreja do Menino Deus; 1837 - a igreja passa também a ser sede da paróquia do Salvador; 1847 - um incêndio danifica muito o edifício, mas não atingindo a igreja de forma significativa, tendo a recuperação sido efetuada com base na atribuição de um subsídio estatal, dada a escassez de recursos económicos da comunidade religiosa que ainda subsistia; os irmãos recolhem-se no Convento de Xabregas; séc. 20, início - o templo pertence à Confraria dos Escravos do Menino Deus e à do Senhor do Penedo; 1910, 05 outubro - na sequência da República, a igreja é encerrada; parte do património móvel foi saqueado e disperso; 1942 - a igreja permanece fechada aguardando-se a sua reabertura para breve; 1945 - instalação de uma comunidade de religiosas de São José de Cluny nas dependências conventuais, que zelam pelo templo; 1969, fevereiro - estragos provocados pelo sismo; 2006, 22 agosto - parecer da DRCLisboa para definição de Zona Especial de Proteção conjunta do castelo de São Jorge e restos das cercas de Lisboa, Baixa Pombalina e imóveis classificados na sua área envolvente; 2011, 10 outubro - o Conselho Nacional de Cultura propõe o arquivamento de definição de Zona Especial de Proteção; 18 outubro - Despacho do diretor do IGESPAR a concordar com o parecer e a pedir novas definições de Zona Especial de Proteção. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes |
Materiais
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Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário e de mármore, madeira pintada e dourada |
Bibliografia
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ALMADA, Carmen Olazabal e FIGUEIRA, Luís Tovar, Igreja do Menino Deus - conservação e restauro das pinturas do tecto, paredes e esculturas, in Monumentos, n.º 10, Lisboa, DGEMN, 1999, pp. 80-85; ALMEIDA, D. Fernando de, (coord. de), Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Lisboa - Tomo 1, Lisboa, 1973; ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, Vol. I, Livro 2, Lisboa, s.d.; BERGER, Francisco José Gentil, Lisboa e os Arquitectos de D. João V, Lisboa, 1994; CAEIRO, Baltasar Matos, Os Conventos de Lisboa, Lisboa, 1989; CASTRO, João Baptista de, Mappa de Portugal, Tomo III, Lisboa, 1763; BIRG, Manuela, (org. de), João Antunes Arquitecto 1643-1712, Lisboa, 1988; BONIFÁCIO, Horácio M. P., Menino Deus, Igreja do, in PEREIRA, José Fernandes, (dir. de), Dicionário de Arte Barroca em Portugal, Lisboa, 1989; CARVALHO, A. Ayres de, D. João V e a Arte do Seu Tempo, Vol. II, Lisboa, 1962; CERQUEIRA, Cruz, As Pinturas do Menino Deus, Os Temas e os seus Autores, in Olisipo, nº 4, Lisboa, 1938; COSTA, António Carvalho da (Padre), Chorografia Portugueza, Lisboa, 1712; COUTO, António do, A Igreja do Menino de Deus, Lisboa, 1941; CRISTINO, Ribeiro, Estética Citadina, Lisboa, 1923; DINIZ, F. Blanc, A Igreja do Menino Deus. Algumas Especulações à Volta do seu Modelo Geométrico, in Vértice, nº 3, Lisboa, 1988; Intervenção de conservação e restauro Igreja do Menino Deus, Reabilitação Urbana 01, Câmara Municipal de Lisboa, Lisboa, Junho 2005; MACEDO, Luís Pastor de, Lisboa de Lés-a-Lés, Vol. IV, Lisboa, 1968; MACHADO, José Alberto Gomes, André Gonçalves - pintura do Barroco português, Lisboa, Editorial Estampa, 1995; MATOS, Alfredo, PORTUGAL, Fernando, Lisboa em 1758. Memórias Paroquiais de Lisboa, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 1974; Monumentos, n.º 9 e n.º 12, n.º 15-16, Lisboa, DGEMN, 1998 e 2000-2002; MOURA, Carlos, (dir. de), O Limiar do Barroco, in AAVV, História da Arte em Portugal, Vol. 8, Lisboa, 1986; PEREIRA, Gabriel, A Igreja do Menino Deus, in Boletim da Real Associação dos Arquitectos e Arqueólogos Portugueses, Tomo IX, 4ª série, nº 6, Lisboa, 1901; PEREIRA, Luis Gonzaga, Monumentos Sacros de Lisboa em 1833, Lisboa, 1927; PEREIRA, José Fernandes, Arquitectura Barroca em Portugal, Lisboa, 1986; SALDANHA, Sandra - «Estatuária Barroca - o longo ciclo de Setecentos». in Invenire - Revista dos Bens Culturais da Igreja. Lisboa: Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja, julho-dezembro 2012, n.º 5, pp. 24-30; SANTOS, Reynaldo dos, Oito Séculos de Arte Portuguesa, Vol. II, Lisboa, s.d.; SEQUEIRA, Gustavo Matos, A Igreja do Menino Deus, in Belas-Artes, 2ª série, nº 3, Lisboa, 1951; SERRÃO, Vítor, História da Arte em Portugal - o Barroco, Barcarena, Editorial Presença, 2003; SILVA, J.H. Pais da, Páginas de História da Arte, Vol. II, Lisboa, 1986; SILVEIRA, Ângelo Costa, Igreja do Menino Deus, in Monumentos, n.º 10, Lisboa, DGEMN, 1999, pp. 76-79; VITERBO, Sousa, Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portuguezes ou a serviço de Portugal, Lisboa, Imprensa Nacional, 1904, vol. II. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRMLisboa |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRMLisboa |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRMLisboa, DGEMN/DSARH |
Intervenção Realizada
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DGEMN: 1933 / 1934 - Obras de conservação, designadamente reparação de paredes, limpeza de telhado e restauro de cantarias; 1934 / 1935 - Obras de beneficiação de paredes no interior, sacristia e portaria, reparação do telhado; 1942 - obras de beneficiação; 1943 - obras de restauro; 1946 - obras de restauro; 1948 - obras de ampliação; 1956 - limpeza de fachadas e diversas obras de reparação; 1969 - trabalhos de consolidação; 1970 / 1971 / 1973 / 1976 - obras de conservação; 1978 - obras de beneficiação no interior; 1981 - obras de conservação e reparação; 1988 - reparação das coberturas; 1996 - conservação, beneficiação e reparação das fachadas N. e O., paredes do coro-alto, entrada e sacristia; impermeabilização do terraço da Igreja; limpeza e desobstrução do dreno na fachada N.; renovação da instalação eléctrica na Igreja e sacristia; 1997 / 1998 / 1999 - recuperação da cobertura da igreja; desobstrução, impermeabilização, drenagem e acessibilidade a um canal de escoamento das águas pluviais; impermeabilização da fachada posterior; limpeza das cantarias da fachada principal; refechamento de juntas; impermeabilização das cornijas e terraço; reparação dos vãos e colocação de redes, para impedir a entrada de pombos; feitura de novo pavimento de madeira do coro; reboco e pintura das paredes exteriores e interiores; impermeabilização da cúpula da sacristia e reparação da escadaria de acesso; restauro do guarda-vento, limpeza de pedras e dos armários da sacristia; renovação da instalação eléctrica; restauro das pinturas do tecto da igreja, com limpeza das telas, consolidação e fixação; consolidação da estrutura de madeira; a obra foi levada a cabo pela firma Junqueira 220; 1999 / 2000 - restauro das telas da capela-mor; World Monuments Found Portugal / DGEMN: 2001 - "restauro de dois painéis da Capela - Mor: o de "São Francisco despojado dos hábitos seculares" e o de "São José e da morte de São Francisco", financiado pelo World Monuments Fund; CML: 2004 - restauro e conservação dos retábulos e pinturas da igreja. |
Observações
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Autor e Data
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Eva Antunes e Paula Noé 1987 / Teresa Vale e Carlos Gomes 1995 |
Actualização
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Ângelo Silveira 2002 |
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