Ponte de D. Luís
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Portugal, Porto, Porto, União das freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória |
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Arquitetura de transportes e comunicações, do séc. 19. Ponte de ferro, de circulação rodoviária, ferroviária e pedonal, composta por dois tabuleiros metálicos, sustentados por um grande arco de ferro e cinco pilares. Os tabuleiros localizados em diferentes cotas, e como diferentes dimensões, em adaptação às margens do rio, possibilitam o acesso a diferentes pontos das cidades do Porto e Vila Nova de Gaia. Toda a estrutura é composta por vigas retas e parabólicas, preenchidas por outras verticais solidarizadas por outras ainda cruzadas ou perpendiculares. A construção da ponte jogou com o vale profundo em que se insere, através de dois tabuleiros, colocados a diferentes alturas e comprimentos. O concurso para a sua construção foi à data, no parecer da Junta Consultiva de Obras Públicas e Minas considerado "um dos mais notáveis entre os que ultimamente tem tido lugar no país, tanto pela grandeza da obra como pelo número e importância das casas construtoras que a ele concorreram". Destaca-se a semelhança desta com a Ponte de Maria Pia e com a Ponte Ferroviária de Garabit (Cantal) em França, pela estrutura de arco sustentando tabuleiro e pelo jogo de vigas. |
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Número IPA Antigo: PT011312140057 |
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Registo visualizado 13961 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Estrutura Transportes Ponte / Viaduto Ponte mista Tipo arco
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Descrição
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Ponte em ferro de dois tabuleiros planos, a diferentes alturas e comprimentos, entre os quais se desenvolve grande arco central de suporte do tabuleiro superior e de sustentação do inferior. A amarração dos tabuleiros às margens é feita através de pegões-encontro em aparelho isódomo de cantaria. Os do tabuleiro superior, cegos, são rectangulares com remate em cornija moldurada, de dois registos escalonados separados por cornija. Os do tabuleiro inferior são tronco-piramidais com grande embasamento, remate em cornija moldurada e cunhais com perpianho. São vazados ao centro por arco abatido emoldurado por perpianho, apresentado no intradorso portal de metal, também em arco abatido. Sobre os arcos, nas faces voltadas às margens, placa de mármore com inscrição, e nas faces a jusante e a montante pedras de armas reais, com escudo emoldurado por grinaldas. Sobre os pegões-encontro do tabuleiro inferior elevam-se pilares de rótulo de ferro, tronco-piramidais, seccionados em três, que se ligam ao tabuleiro superior. Tabuleiro inferior de cinco tramos, os dos extremos delimitados pelos pegões-encontro, e os centrais definidos por quatro alças de ferro que partem do tabuleiro superior, atravessam o arco e terminam na parte inferior das vigas do tabuleiro inferior, sustentando-o. Os tramo do tabuleiro são constituídos por uma armação de duas vigas principais contínuas rectas, interligadas por vigas mestras dispostas verticalmente e solidarizadas por outras em X, e que constituem a própria guarda do tabuleiro. Este tem pavimento em asfalto separado por guardas de ferro vazadas, de passeios pedonais, com pavimento em chapa, que se desenvolvem lateralmente. Arco central com arranques a nascerem nos pegões-encontro de amarração do tabuleiro inferior e de espessura decrescente para o centro. Apresenta vão retangular definido por quatro curvas parabólicas paralelas, intercaladas por vigas mestras, formando quadricula. As laterais são atravessadas por uma outra parabólica articulada com vigas dispostas na diagonal e a superior e inferior são solidarizadas por outras em X. Tabuleiro superior de dez tramos, os cinco centrais coincidentes com os do tabuleiro inferior, os dos extremos, igualmente, delimitados pelos pegões-encontro de amarração do tabuleiro à margem e os restantes por dois pilares retangulares em aparelho isódomo de cantaria terminados em cornijas molduradas no lado do Porto e um pilar de rótulo de ferro tronco-piramidal, seccionado em três, com base de pedra no lado de Vila Nova de Gaia. Cada tramo do tabuleiro é constituído por uma armação de duas vigas principais contínuas retas, de vão retangular, interligadas por vigas mestras dispostas verticalmente e solidarizadas por outras em X. Tabuleiro com pavimento em asfalto e ladeado por passeios pedonais em cantaria, protegidos com guarda de ferro vazada, semelhante à do tabuleiro inferior, de onde partem os candeeiros de iluminação do tabuleiro, confrontantes e ligados superiormente, formando círculos decorativos nos ângulos. Sob a guarda desenvolve-se lambrequim recortado decorado com elementos fitomórficos. |
Acessos
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Sé, Cais da Ribeira e Avenida Vímara Peres (Porto), Avenida Diogo Leite e Avenida da República (V. N. de Gaia) |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 28/82, DR, 1ª série, n.º 47 de 26 fevereiro 1982 / Património Mundial - UNESCO, 1996 / incluído no Centro Histórico da Cidade do Porto (v. PT011312140163) e parcialmente incluído na Zona Histórica da Cidade do Porto (v. PT011312070086) |
Enquadramento
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Urbano, isolado, lançada sobre o rio Douro, entre o morro granítico onde se situa a Sé Catedral do Porto (v. PT011312140001) e a escarpa fronteira da Serra do Pilar, formando vale encaixado. Do lado do Porto, o tabuleiro inferior liga-se ao Cais da Ribeira e o superior à Av. Vímara Peres, e do lado de Vila Nova de Gaia à Av. Diogo Leite e à Av. da República, respectivamente. Junto ao acesso, do lado do Porto, ao tabuleiro inferior, localizam-se os Pilares da Ponte Pênsil (v. PT011312140056). Na proximidade, do Elevador dos Guindais, da Igreja e Recolhimento do Ferro (v. PT011312140216), das Muralhas de D. Fernando (v. PT011312080013) e do Mosteiro da Serra do Pilar (v. PT011317160001). A cerca de 1km a montante da Ponte D. Maria Pia (v. PT011312020052 e PT011317160011), e a jusante, mais distanciada a Ponte da Arrábida (v. PT011312060105). |
Descrição Complementar
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Tabuleiro inferior com 172m de comprimento e o superior com 395,25m de comprimento. Os tabuleiros apresentam 8m de largura entre guardas, correspondendo 6m à faixa de rodagem e 1m a cada um dos passeios. Grande arco central com 172,50m de diâmetro e 52m de flecha. INSCRIÇÕES: Inscrição grava em placa de mármore, leitura: PONTE LUIS I. |
Utilização Inicial
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Transportes: ponte |
Utilização Actual
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Transportes: ponte |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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Câmara Municipal do Porto (tabuleiro inferior); Metro do Porto, S.A. (tabuleiro superior) |
Época Construção
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Séc. 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ENGENHEIROS: Théophile Seyrig, Joaquim de Matos (autor do anteprojecto *1), Artur Maury (direcção das obras), José de Macedo de Araújo Júnior (director da obra e fiscalização por parte do Estado), Edgar Cardoso. |
Cronologia
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1879 - Gustave Eiffel apresenta um projecto de construção de uma nova ponte sobre o Douro, apenas com um tabuleiro levadiço para facilitar a navegação; este projecto é recusado devido ao crescente desenvolvimento urbano, que tornava necessária a concepção de uma ponte de dois tabuleiros; 1880, novembro - são apresentados a concurso, para a construção de uma ponte metálica com dois tabuleiros, os projectos das Compagnie de Fives-Lille, Cail & C., Schneider & C., Gustave Eiffel, Lecoq e C., Société de Braine-le-Comte, Société dês Batognolles (dois projectos), Andrew Handyside & C., Société de Construction de Willebroek (dois projectos), e John Dixon; 1881, janeiro - é deliberado que um dos projectos propostos pela Société de Willebroek, no valor de 369 000$000, é o que oferece melhores condições; 1881, 21 novembro - a obra é adjudicada à sociedade belga Société Willebreck, de Bruxelas, pela quantia de 402 contos, de que era administrador Théophile Seyrig, discípulo de Gustave Eiffel, e autor do projecto da nova ponte, o que poderá explicar a sua semelhança com a ponte D. Maria; após - início da construção da Ponte D. Luís I, encostada aos torreões da Ponte Pênsil entretanto desmontada; 1886, 26 maio - experimentou-se a ponte, com a carga de 2 mil kg por metro linear de viga; 30 Outubro - conclusão dos trabalhos de construção do arco e do tabuleiro superior; 31 outubro - inauguração do tabuleiro superior da ponte; 01 novembro - entra em vigor o sistema de portagens a favor da empresa adjudicatária (cinco reis para a passagem de peões); 1887 - inauguração do tabuleiro inferior, com o que ficam objectivamente concluídas as obras de construção da ponte; a obra é benzida pelo bispo D. Américo; 1908, cerca de - colocação de carris dos eléctricos; 1944, 01 janeiro - extinção do sistema de portagens, já a favor da Câmara Municipal do Porto (CMP); 1954 - obras de reparação, com projecto do Engenheiro Edgar Cardoso, em que se procedeu ao aligeiramento dos dois pavimentos e à remoção dos elétricos; 2003, 27 junho - encerramento ao transito do tabuleiro supeior, para adaptação da estrutura ao metro; 2005, 18 setembro - inauguração da linha de metro e da passagem de peões no tabuleiro superior; 2016, março - apresentação pública de anteprojeto para alargamento do tabuleiro inferior da ponte, elaborado pelo arquiteto Virgínio Moutinho e dos engenheiros António e José António Campos e Matos; agosto - a Câmara Municipal do Porto solicita à Direção-Geral do Património Cultural para não emitir parecer sobre o projeto, visto o mesmo estar a ser repensado; 2018, 12 setembro - comunicado da Direção Geral do Património Cultural indicando a necessidade de ajustamentos do projeto; 07 dezembro - data de entrada do projeto de intervenção, com os necessários ajustamentos, na Direção Regional de Cultura do Norte *2; 20 dezembro - alteração da designação do Centro Histórico do Porto, inscrito na Lista do Património Mundial da UNESCO, para Centro Histórico do Porto, Ponte Luiz I e Mosteiro da Serra do Pilar, mantendo-se a área do bem inscrito e a da sua zona tampão, em Aviso n.º 19137/2018, DR, 2.ª série, n.º 245/2018; 2019, 30 janeiro - data da aprovação do projeto pela Direção Geral do Património Cultural; 09 maio - publicação da Portaria n.º 329/2019, DR, 2.ª série, n.º 89/2019, a autorizar a Infraestruturas de Portugal, S. A., a proceder à repartição de encargos relativos ao contrato da Empreitada "Ponte Luiz I sobre o Rio Douro - Reparação do tabuleiro inferior", com execução financeira plurianual; tendo o procedimento o preço base de 2.000.000,00 euros, os encargos orçamentais serão repartidos da seguinte forma: em 2019 o dispêndio de 800.000,00 euros e em 2020 de 1.200.000,00 euros; 26 julho - abertura de concurso público pelas Infraestruturas de Portugal, para realização de obras de reparação do tabuleiro inferior da ponte, orçadas em cerca de dois milhões de euros, terminando o prazo para apresentação de propostas até finais de agosto; as obras preveem a substituição integral da laje do tabuleiro e dos passeios, introdução de sistema de travamento longitudinal e o reforço dos banzos superiores das vigas, diagonais e montantes por adição de chapas de aço, manutenção dos aparelhos de apoio, substituição das juntas de dilatação, reparação das portas de acesso aos encontros e reabilitação dos serviços afetados; 2021, outubro - encerramento do tabuleiro inferior da ponte; 2023, 14 abril - reabertura do tabuleiro inferior após a conclusão das obras de reforço estrutural, mas apenas para circulação dos transportes públicos, bicicletas e peões. |
Dados Técnicos
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Estrutura em ferro. |
Materiais
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Estrutura em ferro na estrutura, pilares de suporte de tabuleiro, passeios e candeeiros; granito em pilares e pegões-encontro; mármore em placa com incrição; asfalto em faixas de rodagens. |
Bibliografia
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ALMEIDA, Pedro Vieira da, FERNANDES, José Manuel - «Episódio Arte Nova e a Arquitectura do ferro». In História da Arte em Portugal. Lisboa: 1986, vol. 14, pp. 91-103; COENTRÃO, Abel - «Projeto de alargamento da Ponte Luís I está a ser repensado». In Público. 06 agosto 2016, p. 22; DIONÍSIO, Santana - Guia de Portugal. Coimbra: 1985, vol. 4, Tomo I; MARTINS, Maria do Rosário França, TORRES, Maria Teresa Pinheiro, FREIRE, Paula Cristina Martins - Pontes Metálicas Rodoviárias. Lisboa: 1998; Ministério das Obras Públicas - Relatório da Actividade do Ministério no Ano de 1962. Lisboa: 1963, 2º vol.; QUARESMA, Maria Clementina de Carvalho - Inventário Artístico de Portugal - Cidade do Porto. Lisboa: 1995, vol. 13; PACHECO, Helder, Porto - Novos Guias de Portugal, Lisboa, 1984; Porto a Património Mundial. Processo de Candidatura. Porto: 1993; PRADE, Marcel - Pontes et viaducs au XIXe S., techniques nouvelles et grandes realisations, collection Art & Patrimoine Sélection. Paris: 1988; VASCONCELOS, António, José Manuel Lopes Cordeiro. (Novembro 2011). "Ex-libris do Porto faz 125 anos". O Tripeiro. 7ª série, Ano XXX (11): 328-329. |
Documentação Gráfica
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DGPC: DGEMN:DREMN - 2632 |
Documentação Fotográfica
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DGPC: DGEMN:DSID, SIPA |
Documentação Administrativa
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DGPC: DGEMN:DREMN - 2632, 2633, DGEMN/DREMN - 0357/13, 0357/14, 0514/09, 0750/70, 1084/02, 1084/03, 1084/04, 1678/23, DGEMN/DSARH - 010/209-006/01, 012/209-0014/12, 012/209-0014/09, 001/288-0230/11, 001/209-0199/19, 0012/209-0014/10, 012/209-0014/11; DGEMN/DSID-001/013-018-1983/6 |
Intervenção Realizada
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DGEMN: 1932 / 1933 - reparações diversas no Posto de Despacho Aduaneiro da Ponte, em Vila Nova de Gaia; LNEC: 1962 - trabalhos de observação e ensaio da ponte; JAE: obras periódicas de manutenção da estrutura e pavimentos; 2004 / 2005 - em obras tendo em vista o reforço estrutural e a instalação do metro no tabuleiro superior. |
Observações
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Toda a estrutura é metálica e nela foram empregues cerca de três milhões e quarenta e cinco mil quilos de aço. *1 - Este anteprojecto serviu de base ao concurso e já previa os dois tabuleiros. *2 - O projeto de reabilitação da ponte prevê a substituição total da laje do tabuleiro, incluindo passeios, introdução de um sistema de travamento, reforço das vias, retificação de chapas deformadas e substituição das juntas de dilatação |
Autor e Data
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Isabel Sereno e Miguel Leão 1994 / Patrícia Costa 2005 |
Actualização
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