Castelo de Castelo Mendo / Castelo e cerca urbana de Castelo Mendo

IPA.00001381
Portugal, Guarda, Almeida, União das freguesias de Castelo Mendo, Ade, Monteperobolso e Mesquitela
 
Castelo medieval composto por duas cinturas muralhadas de traçado ovalado e irregular, com demarcação da zona da cidadela no primeiro recinto defensivo. Torre de menagem de planta rectangular adossada pelo exterior. Portas em arco pleno ou em arco quebrado, flanqueadas por torres. Cintura muralhada protegida por várias torres de planta quadrada.
Número IPA Antigo: PT020902080005
 
Registo visualizado 1918 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Castelo e cerca urbana    

Descrição

Inclui dois núcleos muralhados, apenas com alguns panos parcialmente ruídos e integrando diversas construções adossadas ao lado interno. O primeiro recinto muralhado apresenta traçado ovalado e integra no ângulo E. o castelo ou cidadela, com traçado de tendência triangular, e cujo acesso é feito através da Porta do Castelinho, virada a O. e em arco pleno, coberta com abóbada de berço. No lado oposto abre-se a Porta Falsa, da qual apenas subsiste o pé-direito*1. No ângulo SO., adossada ao exterior da muralha, conserva-se parte da torre de menagem, de planta rectangular. No seu alinhamento, mas já no lado interno, observa-se a cisterna, de planta quadrada e com cobertura plana. Junto à Porta Falsa, no lado exterior, descobrem-se as fundações de um baluarte em alvenaria, que protegia o flanco orientado para o rio. A comunicação entre o primeiro e o segundo núcleos urbanos muralhados faz-se através da Porta do Castelo, que conserva somente o pé-direito e o arranque do arco no lado O. *2. A segunda cintura muralhada apresenta um traçado irregular, abraçando quase metade do primeiro recinto. Integra quatro portas. No eixo da referida Porta do Castelo, e virada a N., abre-se a Porta da Vila em arco quebrado e coberta com abóbada de berço quebrado, sendo flanqueada por duas torres de planta quadrada e por dois berrões, decapitados. A Porta da Guarda ou da Guarita encontra-se virada a O., mostrando arco quebrado e abóbada de berço quebrado. É ladeada por uma torre e conserva numerosas siglas, bem como os gonzos em cantaria. No lado oposto da muralha rasga-se a Porta do Sol, em arco de volta inteira e coberta com abóbada de berço. Apresenta também pedras sigladas e é flanqueada por uma torre muito arruinada. No lado O. regista-se ainda uma outra porta, igualmente denominada Porta Falsa, em arco pleno e hoje entaipada. Além das torres que protegem as portas deste segundo recinto muralhado, contam-se mais quatro torres, também de planta quadrada e desprovidas de vãos: uma no lado O., entre a Porta da Vila e a Porta da Guarda; uma segunda no mesmo pano muralhado, entre a Porta da Guarda e a denominada Porta Falsa, constituindo o prolongamento de uma casa; a terceira torre no ângulo NO. do recinto, já muito perto da mencionada Porta Falsa; e, uma quarta torre situada entre a Porta da Vila e a Porta do Sol.

Acessos

EN 16, cruzamento de Castelo Mendo

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto, n.º 35 443, DG, 1ª série, n.º 1 de 02 janeiro 1946 / ZEP, Portaria n.º 575/2022, DR, 2.ª série, n.º 130 de 07 julho 2022

Enquadramento

Urbano e rural. Ocupa um cabeço situado a cerca de 762 m de altitude, sobranceiro ao Ribeiro de Cadelos e ao Rio Côa, situado a cerca de 1 Km.. Integra dois núcleos urbanos muralhados (v. PT020902080007), destacando-se o recinto do Castelo na zona mais elevada. É rodeado por vertentes escarpadas com numerosos afloramentos rochosos e sem edificações, à excepção da zona adjacente ao caminho de acesso à Porta da Vila. Relativa proximidade a Castelo Bom (v. PT020902070006). A S., está protegido pela Ribeira dos Cadelos, a 200 m..

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Militar: castelo e cerca urbana

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Câmara Municipal de Almeida, auto de cessão de 20 Outubro 1942

Época Construção

Séc. 13 / 14 (conjectural) / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Época do Bronze - hipotética existência de um castro, depois romanizado; séc. 12, fins - hipotética edificação do castelo no reinado de D. Sancho I; 1229 - concessão de carta de foral por D. Sancho II, onde é mencionado o castelo e o alcaide Mendo Mendes *3; na sequência desta intervenção régia pode-se apontar a provável edificação do primeiro recinto muralhado, incluindo talvez anteriores preexistências, este rei concedeu Carta de Feira à povoação, sendo considerada a primeira feira oficial do reino; acontecia três vezes do ano, pela Páscoa, São João Baptista e São Miguel; 1281 - confirmação do foral por D. Dinis, a quem a tradição historiográfica atribui a renovação das estruturas defensivas, talvez a edificação da torre de menagem e, em particular, a construção da segunda cintura muralhada; 1297 - assinatura do Tratado de Alcanices e consequente afastamento da linha fronteiriça; 1387 - instituição de couto de homiziados; séc. 14, fins - eventual reparação do castelo e alargamento da segunda cintura muralhada durante o reinado de D. Fernando; séc. 15 - D. Afonso V manifesta o desejo de reconstruir as muralhas; 1496 - na Inquirição, existe a referência a 346 habitantes; 1510, 1 Junho - D. Manuel dá foral à povoação; 1519, cerca de - representação das estruturas defensivas nos desenhos de Duarte de Armas, observando-se a cidadela, as duas cinturas muralhadas e a barbacã *4, da qual aparentemente não se conservam vestígios. Alguns panos da muralha ainda possuem merlões e as torres encontram-se já muito arruinadas. A perspectiva E. mostra a Porta da Falsa do Castelo, a Porta do Sol e as torres do segundo recinto muralhado até à Porta da Vila. Uma dessas torres não é actualmente identificável. Na perspectiva N. foi representada a Torre de Menagem, a denominada Porta Falsa do segundo recinto, bem como a Porta da Guarda e as restantes torres; 1527 - vila e termo com 777 moradores, 73 na vila; séc. 17 - D. Filipe IV nomeou como primeiro Conde de Castelo Mendo, D. Jerónimo de Noronha; 1640 - campanha de renovação pontual das estruturas defensivas, na sequência das Guerras da Restauração, e da qual subsiste o baluarte situado junto à Porta Falsa do Castelo; 1687 - feitura do sino para o campanário; 1708 - Carvalho da Costa diz que a povoação tinha 98 habitantes; 1758 - as denominadas Memórias Paroquiais referem a existência de muros fortes e de oito torres arruinadas, na sequência do terramoto de 1755; 1855, 24 Outubro - extinção do Concelho, passando a integrar o Concelho do Sabugal; 1870 - foi transferida para o Concelho de Almeida; séc. 19 - conheceu o impacto das Invasões Francesas e das Lutas Liberais; aceleração do estado de ruína das muralhas e torres; transformação do recinto do castelo em cemitério; 1898 - numa planta do Castelo, vêm marcadas as cinco portas - da Vila, da Guarda, da Traição, do Castelo ou de D. Sancho e do Sol; 1949 (?) - ruína do arco da Porta do Castelo; 1979 - elaboração de estudo de recuperação urbana e arquitectónica.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Granito, cantaria, aparelho isódomo, revestimento inexistente.

Bibliografia

PINA, Rui de, Crónica d'el Rei D. Dinis Lisboa, 1912; ARMAS, Duarte de, Livro das Fortalezas, Lisboa, 1990; COSTA, António Carvalho da, Corographia Portugueza, Lisboa, 1708; Dicionário Geographico de Portugal, (Memórias Paroquiais), 1758; LEAL, Pinho, Portugal Antigo e Moderno, Lisboa, 1973; DIONÍSIO, Sant'Ana, Guia de Portugal, Lisboa, 1924; ALMEIDA, João de, Reprodução Anotada do Livro das Fortalezas de Duarte d' Armas, Lisboa, 1943 e Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses, Lisboa, 1945; SILVA, José Antunes e FERNANDES, José Manuel, Castelo Mendo, Estudo de Recuperação Urbana e Arquitectónica, Lisboa, 1979; GIL, Júlio, Os Mais Belos Castelos de Portugal, Lisboa, 1986; PEREIRA, Mário, dir., Castelos da Raia da Beira, Guarda, 1988; NEVES, Vítor Manuel Leal Pereira, Três Jóias Esquecidas, Marialva, Linhares e Castelo Mendo, Castelo Branco, 1993; CARVALHO, Amorim de, Castelo Mendo, um Conjunto Histórico a Preservar, Braga, 1995; GONÇALVES, Luís Jorge Rodrigues, Os castelos da Beira interior na defesa de Portugal (séc. XII - XVI), [dissertação de mestrado], Lisboa, Faculdade de Letras de Lisboa, 1995; GOMES, Rita Costa, Castelos da Raia. Beira, vol. I, Lisboa, 1997; Carta do Lazer das Aldeias Históricas, Roteiro de Almeida e Castelo Mendo, Janeiro 2000.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; GEAEM, Plantas - Doc. nº 4082 e nº 7191

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID

Intervenção Realizada

DGEMN: 1949 - reconstrução da parte superior da Porta do Castelo e da Porta da Vila; consolidação das cantarias das bases das torres da Porta da Vila; reconstrução de pano de muralha junto às Portas da Vila e do Castelo, limpeza e enchimento de juntas nas torres e muralha; 1950 - reconstrução da Porta da Vila: apeamento e reconstrução do arco e muralha sobreposta, reconstrução da abóbada, limpeza e enchimento das juntas, apeamento e reconstrução dos paramentos da muralha, reconstrução parcial da abóbada e do arco exterior, limpeza e refechamento das juntas; 1951 - reconstrução de pano de muralha, consolidação de cantarias da porta lateral, incluindo a construção do cimbre, consolidação e restauro na Porta do Castelo, apeamento parcial das paredes da porta, reconstrução parcial da porta; 1974 - limpeza das muralhas e das portas, incluindo arranque de ervas e enchimento de juntas, consolidação de silhares, prospecção de troços de muralha mal identificada; 1983 - beneficiação e consolidação da torre situada à junto à Porta da Guarita e do pano de muralha adjacente, reconstrução dos paramentos da muralha em falta, lajeamento do adarve, limpeza e tomada refundada das juntas do paramento exterior da muralha numa extensão de 12 m e respectivo recalçamento, remoção do aterro junto à base da torre; 1983 - consolidação da torre situada junto à Porta da Guarita e do pano de muralha adjacente, demolição de paramentos de muralha desalinhados e posterior reconstrução, reconstrução dos paramentos de muralha em falta, lajeamento do adarve com tomada das juntas; 1984 - consolidação da primeira torre situada a S. da Porta da Vila e do pano de muralha adjacente, reconstrução dos paramentos em falta, incluindo o desmonte e a recolocação das cantarias, assentamento de degraus e tomada de juntas, lajeamento do adarve com enchimento de juntas na torre e pano de muralha, tapamento de pequenas fendas existentes na parte superior da muralha; 1985 - consolidação e reconstrução do pano de muralha a S. da Porta da Vila, consolidação e reconstrução parcial de parte da cintura muralhada, assentamento de cantaria para guarda de protecção ao patamar da torre consolidada, reconstrução parcial dos paramentos da muralha situada junto à torre, incluindo o desmonte e a recolocação das cantarias, assentamento de degraus para vencer os desníveis existentes, lajeamento do adarve com refechamento de juntas; Câmara Municipal de Almeida: 1998 - Castelo Mendo tem vindo a sofrer acções integradas no " Programa de Recuperação das Aldeias Históricas de Portugal ", que visa a recuperação desta aldeia medieval. assim, todas as fachadas e telhados das habitações da aldeia têm sido recuperados numa acção conjugada da autarquia e dos proprietários dos edifícios. Junta de Freguesia de Castelo Mendo: 1999 - recuperação e transformação do edifício do antigo Tribunal e Cadeia, para museu.

Observações

*1: as casas encostadas à muralha distribuem-se ao longo da R. Direita (principal eixo da aldeia). *2: no primeiro recinto muralhado observa-se uma pedra tumular pertencente a Miguel Augusto de Sousa Mendonça Corte Real, Fidalgo da Casa Real e Tenente - Coronel, assassinado pelos seus próprios soldados em 12 de Setembro de 1840, conforme consta do epifácio. *3: o alcaide Mendo Mendes terá originado o topónimo da povoação. *4 - nas representações que Duarte d' Armas fez deste castelo podemos observar que o recinto fortificado já tinha muitas partes em ruina completa, bem como algumas torres. A ruína poderá ser um sinal de perda de importância militar. A cerca da vila aparece guarnecida com uma barbacã, também, em mau estado de conservação. Esta muralha era desprovida de torres e guarnecia sómente o troço norte da muralha da vila. A cerca urbana tinha três portas: Norte, Nascente e Poente. a porta principal da cerca era guarnecida por duas torres gémeas, que chegaram aos nossos dias. Este tipo de torres, que se generalizou na Baixa Idade Média, permitia o tiro mergulhante sob a entrada, protegendo aquele ponto crítico do sistema defensivo. Uma prospecção arqueológica poderá identificar a implantação e as fundações da barbacã, talvez coincidente com o muro que delimita o caminho que contorna nas muralhas.

Autor e Data

Margarida Conceição 1991 / 1997

Actualização

Marta Airoso 2001
 
 
 
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