Dossiê: Mértola
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Novembro 2018, 24x32 cm, 192 pp.
Disponível aqui.
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Myrtilis, Mãrtulah, Mértola
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Alexandre Alves Costa
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Não sei se o Cláudio merece a maldade bem-intencionada desta espécie de homenagem que lhe quer prestar a revista Monumentos! Quando digo isto, com esta desvergonha, não significa menor respeito pela personagem e pela sua obra, muito pelo contrário. Significa, sim, que ele foi e é um cidadão e um intelectual de corpo inteiro e que isto tem sido assumido sem dor, nem sofrimento, sem sacrifício, mas com a alegria e a saúde de quem cumpre o seu dever.
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A cidade e o campus — 350.400 horas mais tarde...
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Santiago Macias
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Como começou e porque começou? O projeto de Mértola é fruto de uma determinada época, de um conjunto de circunstâncias, hoje irrepetíveis, e de um certo estilo de fazer Academia, hoje totalmente impossível. Mértola é um modelo? Não é tal. Não é um modelo na medida em que não pode ser replicado nem repetido. É algo que não se pode repetir em parte nenhuma. Nem em Mértola nossos dias.
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Sobre um esporão entre duas águas. Continuidade e mudança das casas de Mértola no desenho da vila
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Miguel Reimão Costa
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O conjunto urbano de Mértola combina a natureza de um sítio particularmente preponderante com a história de diferentes modelos de organização do espaço. A interpretação deste conjunto é considerada aqui a partir da descrição de alguns dos temas fundamentais de mudança da arquitetura doméstica (tipologia, escala e construção) que serão enquadrados no contexto do processo de evolução urbana.
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Mértola: caminhos antigos entre a terra e o mar
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Francisco Bilou
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Aqui se analisa a rede viário-fluvial de Mértola na sua funcionalidade e interdependência desde a Antiguidade. Por este eixo de comunicação e transporte se escoou, durante séculos, a produção mineira e cerealífera do interior alentejano e, em sentido inverso através do rio, foram chegando bens, produtos, saberes e novidades, com destaque para o uso da «pedra lioz de Tavira», em particular na arquitetura religiosa de Mértola e da região.
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Recentes descobertas arqueológicas em Mértola: a intervenção na Casa Cor-de-Rosa
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Virgílio Lopes
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No âmbito da empreitada para a recuperação da designada Casa Cor-de-Rosa, a Câmara Municipal de Mértola requisitou ao Campo Arqueológico de Mértola (CAM) os serviços de acompanhamento arqueológico, que se iniciaram em 5 de maio de 2017, tendo a escavação sido iniciada no final desse mês, e decorrido até 1 de junho de 2018. Esta intervenção de arqueologia urbana revelou-se uma excelente oportunidade para desenvolver a escavação nesta área e obter uma leitura espacial dos múltiplos contextos ocupacionais.
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O Castelo de Mértola, séculos XIII-XXI. O lugar, a fortificação gótica, os ensaios da modernidade, a longevidade funcional e o monumento
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Joaquim Manuel Ferreira Boiça
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A silhueta do notável casco urbano de Mértola é dominada pelo castelo, edifício de matriz gótica que ficou associado à autonomização da ordem portuguesa de Santiago e à história militar da vila até aos anos trinta do século XIX. Nesse percurso de séculos, é um exemplo paradigmático da inscrição dos castelos na beligerância portuguesa da medievalidade à época contemporânea, da arquitetura “dionisina”, dos ensaios de adaptação às soluções modernas da arte da guerra e da fortificação e, nos nossos dias, de valorização patrimonial da sua memória.
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O complexo religioso de Mértola
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Virgílio Lopes
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Nas duas ultimas décadas os trabalhos arqueológicos desenvolvidos pelo Campo Arqueológico de Mértola, na plataforma situada a norte do castelo de Mértola, puseram a descoberto um importante conjunto de vestígios que se integram num complexo religioso, cuja cronologia se situa entre os séculos V – VIII da nossa era.
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A Mesquita/Igreja Matriz de Mértola
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Santiago Macias, Maria de Fátima Rombouts de Barros, Susana Gomez Martinez
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Igreja que foy mjsqujta — esta anotação, com que Duarte de Armas identifica a Igreja Matriz de Mértola, traduz um dos traços dominantes deste edifício, cuja leitura e interpretação histórica se procura fazer no presente artigo, que começa pela análise da mesquita erguida na fase de afirmação do poder almóada, para depois percorrer as intervenções posteriores à sua sagração a Santa Maria, e, por fim, apresentar os resultados da recente intervenção arqueológica, que revelou os fundamentos de uma construção anterior ao templo almóada que urge descodificar.
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Pintura quinhentista em Mértola e seu entorno
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Vitor Serrão
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A decoração interior das igrejas e capelas do território abrangido pelo atual concelho de Mértola era dominada, até à reorganização das paróquias e comendas, ocorrida por volta de 1565, pelo recurso à pintura a fresco. Substituída, a partir de então, grosso modo, por retábulos pintados a óleo sobre madeira, constituindo um acervo pictórico quantitativamente rico, muito embora lhe falte todo um trabalho de conservação e restauro que resgate os seus diferenciados méritos. É sobre este acervo de tábuas, na maioria dos casos de produção de bitola regionalista, que se detém o presente artigo, terminando com a referência ao teto da capela-mor da igreja matriz de São Sebastião dos Carros, pintado, com toda a certeza, nos anos vinte ou trinta de Setecentos, apresentando uma soberba composição barroca italianizante.
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A lenda dos “sete irmãos” de Mértola
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Joaquim Manuel Ferreira Boiça
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No imaginário religioso do Baixo Alentejo, a lenda dos sete irmãos é uma das mais vincadas representações populares da sacralização do seu território. A que nasceu em Mértola cruza-se com o culto a três santos que a tradição faz crer serem naturais desta velha cidade e cuja história se entrelaça com o processo de cristianização do seu termo, entre a romanidade e a medievalidade.
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Mértola e a navegação tradicional no Guadiana na segunda metade do século XIX
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João Carlos Garcia
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A ocupação humana do alcandorado sítio de Mértola deve a sua existência, importância e prosperidade ao Guadiana, que desempenhou, desde a Antiguidade, um papel determinante. Atendendo ao regime hidrográfico em que o rio se enquadra, pode afirmar-se que não é graças ao seu caudal extremamente variável que ocorre a navegação, mas sim à entrada das marés a partir da foz, como, aliás, acontece com a maioria dos cursos de água navegáveis em Portugal. Foi pela presença destas características físicas que o encaixado vale do Baixo Guadiana se converteu, durante muitos séculos, até à revolução dos transportes, do terceiro quartel do século XIX às primeiras décadas do século XX, num corredor de ligação entre o Atlântico (e o Mediterrâneo) e o interior do Sudoeste da Península Ibérica.
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A mina de São Domingos e o Pomarão
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Jorge Custódio
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A Mina de São Domingos e o Pomarão têm uma ligação umbilical comum que está na génese dos dois povoados, o mineiro e industrial da serra de São Domingos e o portuário fluvial da margem esquerda do Guadiana. Depois de uma curta história da descoberta e do estabelecimento mineiro no concelho de Mértola, o estudo desenvolve-se em duas partes distintas. Uma destinada a identificar os bens resultantes da extração, expedição e transformação do minério e sua dinâmica histórica. A segunda, pondo em evidência os valores culturais que determinaram a sua classificação como conjunto de interesse público e os desafios que se colocam à sua regeneração patrimonial, enquanto mina histórica do território português da Faixa Piritosa Ibérica.
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Mértola no Baixo Guadiana – espaço construído e identidade no meio rural
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Fernando Varanda
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Descrevem-se as manifestações da ‘arte de construir’ no ambiente rural do concelho de Mértola, encontradas entre o ano de 1979 e o ano de 2000, desde as mais elementares, simples empilhamentos de pedra, às mais complexas, os locais de atividade e de habitação. Apresentam-se as formas que resultam das necessidades e as técnicas aí utilizadas.
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Mértola — Uma Experiência de Recuperação Arquitectónica e Urbana. Reflexões
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José Manuel Fernandes
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Consideramos muito importante analisar aqui o texto “fundador” do arquiteto Manuel Tainha (publicado na revista Arquitectura n.º 153, de 1984) — professor que orientou na área de projeto todo o trabalho realizado pelos alunos do Departamento de Arquitetura da Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, em 1981-1982, na chamada Experiência de Mértola.
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Algumas observações sobre os planos de urbanização de Mértola no século XX
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José Manuel Fernandes
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Apresentam-se aqui alguns dados e comentários sobre os vários estudos de urbanismo e de planeamento que se conhecem sobre Mértola, desenvolvidos ao longo da segunda metade do século XX, no âmbito oficial dos serviços de urbanização.
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Mértola como didática de interpretação e intervenção patrimonial
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Paulo Providência
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A inclusão de um ateliê de projeto no quinto ano do mestrado integrado do Departamento de Arquitetura da Universidade de Coimbra dedicado à reflexão e projetação em áreas históricas do Sul de Portugal, tem permitido aos alunos uma aprendizagem sobre diálogo e participação com as comunidades e técnicos assim como a exploração de novos programas e valorização do património arquitetónico e urbano desses sítios. A abordagem aproxima-se da recomendação “Historic Urban Landscapes” da UNESCO, procurando construir uma linguagem comum entre arquitetura e arqueologia.
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O primitivo sistema hidráulico do “convento novo”: contributo dos trabalhos de arqueologia no Convento de Cristo, Tomar
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Ana Carvalho Dias e Renata Faria Barbosa
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Os trabalhos de arqueologia no Convento de Cristo permitiram conhecer o sistema hidráulico de abastecimento de água e de drenagem de águas residuais do séc. XVI. Castilho foi influenciado pelas leituras da época sobre a arquitetura clássica, o que se refletiu especificamente no sistema hidráulico. A sua conceção e execução denotam uma preocupação nas questões de higiene e saúde da comunidade que iria servir.
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João Gonçalves, la pintura florentina “postmasacciana” y el influjo flamenco-portugués: El ciclo mural del Chiostro degli Aranci
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Eloi de Tera
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This article presents the research results of our investigation on the mural cycle of the Chiostro degli Aranci at the Badia Fiorentina in Florence. A deep analysis of the frescoes and their relation with the florentine art after Masaccio and the pictorial innovations that occur during the first quarter of the fifteenth century in the Flemish and Portuguese world will form the basis from which conclusions can be drawn about the cycle’s authorship and his pictorial formation. Furthermore the study of the various stylistic influences of the mural cycle allows us to suggest a hypothetical participation of the painter in the European travel of the Infante D. Pedro of Portugal.
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