Monumentos 18: Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, Coimbra
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Dossiê: Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, Coimbra
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Março 2003, 24x32 cm, 168 pp. (<2Kg.)
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Coimbra: caracterização da margem esquerda
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Vasco Rodrigues
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O novo Mosteiro de Santa Clara ocupa um lugar singular na imagem e na estrutura urbana da cidade de Coimbra. O facto de acolher o túmulo da Rainha Santa, padroeira da cidade, confere-lhe, por si só, um caráter de exceção, constituindo um forte polo de atração religiosa e turística. A monumentalidade e o impacto urbano do conjunto de edifícios que constituem o mosteiro contribuem para que este se imponha como uma referência, não só ao nível iconográfico, como também da sua dimensão paisagística. Este artigo tem como ponto de partida a caracterização do Mosteiro de Santa Clara, a partir da qual se estabelece a relação urbanística entre as duas margens do rio.
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O mosteiro velho de Santa Clara
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Francisco Pato de Macedo
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O mosteiro velho de Santa Clara, de valores histórico-simbólicos inestimáveis, foi fundado por Isabel de Aragão, a Rainha-Santa, tendo albergado as irmãs clarissas durante mais de três séculos e meio. Em luta constante contra as cheias do Mondego, que a fustigaram desde a sua fundação, em 1330, a igreja resistiu ao esquecimento e ao abandono por mais três séculos, após a saída da comunidade monástica. Depois de ter sido desocupado, o primitivo mosteiro, entretanto designado por Santa Clara-a-Velha, foi-se enterrando nas areias do rio, tendo sobrevivido, a partir do século XVIII apenas a igreja.
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Esboço sobre a vida e obra da rainha Santa Isabel
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Maria Helena da Cruz Coelho
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Isabel foi uma rainha e uma santa carismática, descendente de estirpes reais e de santos, de uma família que, por laços de matrimónio, entretece alianças com os mais notáveis governantes daquele tempo. Isabel nasceu em Saragoça, a 11 de Fevereiro de 1270. Casou-se em 1281 com com D. Dinis, de Portugal. Os relatos memorialísticos de Isabel, que as provas da sua vida não desmentem, apresentam-na como um modelo de perfeita rainha e de piedosa mulher.
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A construção do novo mosteiro
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Luísa Silva
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A primeira pedra foi lançada a 3 de julho de 1649, a obra respeitou o desenho de Frei João Turriano, autor da primeira planta do novo mosteiro de Santa Clara. Este artigo pretende esclarecer os aspetos relacionados com a construção do novo mosteiro, incluindo a identificação dos seus arquitetos, mestres-de-obra e de todos aqueles que contribuíram para a edificação da mais imponente construção monástica do período da Restauração.
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[Não] "São rosas, Senhor": sobre as obras do claustro (1704-1760)
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Leonor Ferrão
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Quando lhe perguntaram o que tinha escondido por debaixo do seu regaço, Isabel de Aragão respondeu, na sua humildade: São rosas, senhor... Com o tempo esta expressão ganhou o sentido de “algo fácil de resolver”. Este artigo conta-nos a história da construção do claustro do novo mosteiro, que, pelo contrário, não foi nada fácil de edificar. A sua construção prolongou-se por três reinados, teve a participação de três arquitetos reais, entretanto, duas abas colapsaram e novas paredes foram erigidas de acordo com novo projeto. O resultado final, no entanto, culmina numa sábia combinação de três expressões arquitetónicas distintas. O artigo acaba com a alusão ao Milagre das Rosas.
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As inscrições funerárias do coro-baixo (1629-1744)
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Filipa Gomes do Avellar
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Este artigo foca-se em nove das dezanove inscrições funerárias do Mosteiro de Santa Isabel (Mosteiro de Santa Clara-a-Nova). As epígrafes apresentadas estão gravadas em tampas de sepulturas localizadas no coro-baixo da igreja e fazem parte de um conjunto de dezasseis campas dispostas aos pares, integradas no pavimento da nave lateral, do lado do Evangelho, ladeando, portanto, a arca tumular de D. Isabel. Este estudo integra-se num trabalho conduzido pela DGEMN e que tem por objetivo rever todas as inscrições funerárias existentes no Inventário do Património Arquitectónico e dar continuidade à inventariação das epígrafes portuguesas, segundo os novos métodos, como forma de contribuir para a conservação do património epigráfico português. Neste artigo, a autora descreve e analisa detalhadamente cada um dos objetos escolhidos, retirando do estudo as respetivas conclusões.
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A talha
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Nelson Correia Borges
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O mosteiro novo de Santa Clara alberga um invulgar conjunto de obras de talha dourada, que inclui excelentes exemplares estilisticamente inseridos entre a época maneirista e a rococó. Compõem este quase museu da talha: um núcleo muito homogéneo, a preencher o interior da igreja, perfeitamente harmonizado com o espaço envolvente; um segundo, composto por retábulos reutilizados, trazidos do velho mosteiro; e, ainda, um terceiro grupo, que se destinou a preencher os espaços vagos nos coros alto e baixo, com retábulo executados ao longo de Setecentos.
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Os painéis da capela-mor da igreja: uma atribuição a Vincenzo Bacherelli (1672-1745)
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Magno Mello
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Este artigo versa particularmente sobre as seis pinturas que se encontram nas paredes laterais da capela-mor da Igreja de Santa Clara-a-Nova, revestida com rica talha dourada, desde o período de D. Pedro II até ao joanino. As telas barrocas são do século XVIII, mas quanto às autorias, não há certezas, apesar de haver indícios que apontam para a influência de Vicenzo Bacherelli, ativo na corte portuguesa entre 1701 e 1721. Ainda que haja semelhanças entre as seis pinturas, parecem feitas por diferentes artistas, o que pode indicar que terão sido pintadas não diretamente por Bacherelli, mas sob a sua supervisão.
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A pintura mural da igreja
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Joaquim Inácio Caetano
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A pintura mural da Igreja de Santa Clara-a-Nova corresponde a várias campanhas pictóricas executadas em diferentes períodos com diversas técnicas, estendendo-se pela capela-mor, pela nave e pelos dois coros. O autor descreve cada uma das pinturas decorativas, as respetivas técnicas, o estado de conservação em que se encontravam e a consequente intervenção.
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Os legados da Rainha Santa: notas para um percurso museológico
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Adília Alarcão e Helena Pereira
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A Confraria da Rainha Santa Isabel propôs-se criar condições para a salvaguarda dos espólios que tem à sua guarda e para a definição de um programa museológico que oriente e justifique o projeto de reabilitação das áreas do edifício que lhe pertencem. Após a verificação de registos e a limpeza sumária de todos objetos, seguida de desinfestação dos materiais orgânicos, e inventariação em ficha individual e analítica, seguiu-se a elaboração do projeto museológico.
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Santa Clara-a-Nova: reabilitação e diagnóstico
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José Fernando Canas e J. Delgado Rodrigues
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As intervenções da DGEMN no Mosteiro de Santa Clara-a-Nova foram relativamente escassas, tendo em conta a relevância arquitetónica e urbana deste conjunto patrimonial. As razões para esta escassa intervenção, para além da financeira, residem na excelente qualidade da construção do convento e no facto deste conjunto ser tutelado por três entidades diferentes: a paróquia, o Exército e a Confraria da Rainha Santa, o que foi garantindo uma constante utilização e consequente conservação do imóvel. Em 2003 fizeram-se pequenas intervenções pontuais de consolidação e conservação, ao nível do claustro. Fez-se, ainda, um estudo preliminar sobre a conservação da pedra utilizada na construção do claustro, cuja manutenção tem sido particularmente difícil ao longo destes anos.
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O emergente pólo de Santa Clara
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Jorge Figueira
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Na margem esquerda do Mondego, no núcleo de Santa Clara, existem quatro novos projetos arquitetónicos em curso que irão mudar a configuração urbana de Coimbra: o Parque Verde do Mondego, da autoria de Camilo Cortesão; o Projeto de Valorização do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha e terrenos envolventes, de Alexandre Alves Costa e Sérgio Fernandez; o Projeto de Recuperação do Convento de São Francisco, de João Carrilho da Graça e o Plano de Pormenor do Eixo Portagem-Avenida João das Regras, cuja autoria é de Gonçalo Byrne.
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A Academia das Ciências de Lisboa: plano diretor
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Ana Patrícia Carvalho
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Sentiu-se a necessidade de elaborar um plano diretor para este edifício setecentista de caráter religioso, construído entre 1615 e 1707, o qual, ao longo dos tempos foi sujeito a algumas modificações significativas por imposição de vários acontecimentos históricos e funcionais. O plano não se restringe apenas a áreas limitadas de intervenção, mas a um todo, no qual estão representadas as várias contribuições determinantes para a compreensão dos períodos históricos e arquitetónicos que devem ser preservados.
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Mosteiro de Santa Maria de Semide: reabilitação e requalificação
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Fernando-António Almeida, António José Marques da Silva, João Appleton e Victor Mestre.
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A primeira referência a uma casa conventual existente na localidade de Semide está consignada num documento datado de 1154, numa carta de D. Afonso Henriques, em que este estabelece um couto em favor do Mosteiro de Santa Maria de Semide. Algumas áreas do mosteiro foram-se degradando ao longo do tempo, incluindo o claustro do século XVI. O projeto de reabilitação proposto inclui um estudo geral da área, uma intervenção arqueológica preventiva e uma reconstituição arquitetónica ao nível das estruturas.
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Torre de menagem, Castelo de Pombal: um olhar (in)discreto
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Luís Miguel Correia
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Indiferente à inquietude urbana, o Castelo de Pombal emerge no território. A torre de menagem destaca-se pela sua forma, quer no interior, posicionada a eixo com a entrada, quer no exterior, ressaltando do recinto muralhado, qual vigia sobre o sítio. A situação encontrada em 2000 revelou-se paradoxal. Se, por um lado, havia matéria interessante — a torre —, por outro, esta encontrava-se inacessível. Na ausência de um programa definido a priori, a possibilidade de poder aceder fisicamente ao seu interior constituiu-se no objetivo programático. O leitmotiv da proposta deixou der ser uma hipotética exposição, para se tornar num fator da própria praticabilidade da torre: esta em função de si mesma.
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Pinturas de fundais e falsos interiores: decorações pictóricas integrais de Pasquale Parente
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Giuseppina Raggi
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Na região de Viseu, algumas capelas e pequenas igrejas apresentam no seu interior decorações pictóricas integrais, isto é, que se estendem não só aos tetos, como também às paredes. Atualmente, sabemos que a região norte do país se apresenta como alvo preferencial desta tipologia decorativa, talvez pelas presenças de Nasoni, Azzolini e Pasquale Parente entre o Porto e Coimbra. Este género de pintura deriva da decoração barroca, virada para os efeitos cenográficos, o ilusionismo espacial obtido através da aplicação das regras da perspetiva.
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