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Edifício e estrutura Edifício Militar Castelo e cerca urbana
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Descrição
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Barbacã de planta triangular irregular, percorrida por adarve desprovido de merlões exceptuando o vértice S., com uma plataforma, e nos dois torreões baixos rectangulares que se salientam nos vértices E. e O., ambos cobertos por terraços e providos de portas em arco pleno, a última encimada por pedra de armas de Portugal Antigo e inscrição epigráfica. O pano N. da muralha integra cortina do castelejo (denominado "castelo velho"), de planta trapezoidal aproximada ao quadrado, percorrido por adarve desprovido de merlões e com 4 cubelos cilíndricos nos vértices. A N. e S. abrem-se portas em arco, uma das quais com pedra de armas picada e inscrição epigráfica. No interior do castelejo edifícios de dois pisos adossados aos muros O. e N., com portas e janelas rectangulares, e do lado E. as ruínas da antiga alcáçova e dependências anexas. No exterior, adossado à muralha S. corpo estreito saliente, com esbarro, e vestígios da torre de menagem e do denominadop baluarte que a ladeava. No terreiro são visíveis algumas estruturas arruinadas como alguns troços de caixas-murárias e um vão em arco pleno. |
Acessos
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Monte do Castelo (acesso por estrada alcatroada que circunda o outeiro). |
Protecção
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Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DGn.º 136 de 23 junho 1910 / ZEP, Portaria, DG, 2.ª série, n.º 236 de 06 outubro 1956 / Incluído na Reserva Natural Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António |
Enquadramento
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Urbano. Isolado; implantado harmonicamente no topo de um outeiro, em redor do qual se estende o casarío da vila, com salinas a E. na margem do rio Guadiana. Dentro do perímetro muralhado localiza-se a Igreja de Santiago. Ligado à praça forte por uma cortina de muralhas está o Forte de São Sebastião (v. PT050804020003). Integrado na Reserva Natural do Sapal de Castro Marim. |
Descrição Complementar
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INSCRIÇÕES: 1. (CEMP nº 385) Inscrição comemorativa do povoamento de Castro Marim por D. Afonso III gravada numa lápide a encimar um escudo esculpido em relevo e picado, onde são perceptiveis 5 castelos e 2 escudetes em pé e dois deitados formando cruz, colocada sobre a porta que dá acesso ao castelejo; superficie epigráfica erodida impede leitura integral da última linha; a altura a que se encontra impossibilita a obtenção de medidas; calcário;Tipo de letra: Inicial capitular carolino-gótica; Leitura: ERA M CCC XII (=ano de 1274 ) POPULAVIT CASTRUM MARINUS REX ALFONSUS PORTUGAL ET ALGARBI ET STI[...]; 2. (CEMP nº393) Inscrição comemorativa da encomenda ou do inicio da construção da porta do castelo gravada numa lápide, em campo epigráfico enquadrado por moldura simples filetada, encimada por um escudo, composto por três escudetes pendentes postos em pala entre dois escudetes deitados, formando cruz acantonada de quatro castelos, bordadura carregada com oito castelos(?), rematado por pequena cornija, colocada sobre a porta da barbacã; a altura a que se encontra impossibilita a obtenção de medidas; superficie epigráfica picada especialmente na metade direita dificulta a leitura; calcário; Tipo de letra: Inicial capitular carolino-gótica; Leitura: ERA Mª CCCª XVII(=1279) SABADO PRIMO DIA DE JULHO FOI ESTA PORTA E[...] MADA EM T[EM]PO DE REY D[OM] DINIS ERA COM[...] REINAR XVII DIA[S DE FEVEREIRO]. |
Utilização Inicial
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Militar: castelo e cerca urbana |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: marco histórico-cultural / Cultural e recreativa: museu |
Propriedade
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Pública: Estatal |
Afectação
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Câmara Municipal de Castro Marim: Auto de cedência 23 Ag. 1941 |
Época Construção
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Séc. 13 / 16 / 17 / 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido |
Cronologia
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Pré - Romano - No local da fortaleza deve ter existido um castro do período Neolítico ocupado sucessivamente por fenícios, gregos (854 a.C.) e Cartagineses (final do séc. IV a.C.) e destruído por forte cataclismo antes da chegada dos romanos; Peródo romano - Reconstrução da fortaleza e constituição de uma importante base política e económica que manteve a sua importância durante a dominação árabe; 1230, déc.de - A Reconquista sistemática da região E. do Algarve pela Ordem de Santiago propicia a fixação de população nesta zona (GARCIA, 1986, p.77); 1238 - D. Sancho II alcança a foz do Guadiana; 1242 - A Ordem de Santiago reconquista definitivamente Castro Marim, sob o mestrado de D. Paio Peres Correia; 1274 - D. Afonso III inicia o povoamento oficial de Castro Marim como testemunha a inscrição nº. 1; 1277, 8 Jul. - A Carta de Foral dada por D. Afonso III incentiva o povoamento da vila e o rei manda reconstruir a fortaleza; Séc. 13, último quartel - D. Dinis, compensando a perda de Ayamonte para Castela, manda reforçar a fortificação, conhecida por "Castelo Velho", e construir o Castelo de Fora (barbacã), para defesa da população; 1279, 1 Jul. - Início da construção ou da encomenda da porta do Castelo, uma das primeiras obras realizadas no reinado de D. Dinis conforme testemunha a inscrição nº 2; 1282, 1 Maio - D. Dinis confirma e amplia o foral anterior; 1319, 14 Mar. - Por Bula do Papa João XXII, Castro Marim, do bispado de Silves, é doada à recém criada Ordem Militar de Cristo que ali estabeleceu a sua primeira sede por ter "castello muy forte a que a desposiçom do lugar da seer defeso, que he na fronteyra dos dictos enmijgos e parte con eles" (Mon. Henr., doc. 62, p. 112); 1334 - A sede da Ordem de Cristo transita de Castro Marim para Tomar, originando algum abandono da fortaleza; a povoação de Castro Marim é entregue à Ordem de Santiago; construção da Igreja de Santiago no interior da praça; 1421, 10 Ab. - Foral de D. João I autorizando que ali vivessem 40 homiziados para promover o aumento da população; 1453, Ab. - D. Afonso V de visita à vila regulamenta as pescarias; 1504, 20 Ag. - Foral Novo dado por D. Manuel I, que manda restaurar as fortificações de Castro Marim incluindo as muralhas do castelo; 1509 / 1510 - Desenhos executados por Duarte de Armas, representando uma barbacã ameiada (com alguns merlões destruídos) de planta irregular, acompanhando o relevo, dentro da qual se implantava a vila; no vértice E. sobressaía um torreão quadrangular rematado por merlões e aberto por uma grande porta em arco recto provida de ponte levadiça; no vértice O. outro torreão baixo era rasgado por uma porta em arco pleno com fecho decorada por pedra de armas (escudo de ponta com 5 escudetes em aspa); do lado N., junto ao chão abria-se pequeno arco de canalização; flanqueado pela barbacã, a N., o castelejo tinha planta rectangular (aproximada ao quadrado) com cubelos cilíndricos idênticos nos vértices, rematados com merlões e coroados por uma estrutura de madeira de forma cónica (provável travejamento de telhado); do lado S. adossava-se a torre de menagem, quadrangular, com janelas em arco pleno em dois registos na fachada N. e uma janela mainelada do lado oposto; a torre de mengem estava adossada a um "baluarte" rectangular, baixo e ameiado; na cortina exterior, a N., localizava-se a porta falsa em arco pleno protegida por corpo baixo saliente da muralha desprovido de merlões; no interior do recinto a alcáçova era composta por "aposentamentos térreos e sobradados" que ladeavam um pátio longitudinal, incluindo uma capela e duas cisternas; dentro do "muro da vila" é visível o aglomerado urbano, de casa térreas, de 2 e de 3 pisos, e uma capela com campanário de sineira dupla; extramuros algumas casas a E. e O., havendo deste lado um outeiro com forca, a SO. uma capela e a E. as salinas e a foz do rio Guadiana com a zona de "arevilha" assinalada, onde navegavam duas naus; a NE., sobre uma ribeira, afluente, estava implantado um moinho de maré; 1600 - Henrique Fernandes Sarrão descreve o castelo como tendo "três portas na cerca e um castelo mui forte, que está consertado de novo, e nele uma torre mui alta e fermosa, donde se descobre muita vista"; 1640 - Com as guerras da Restauração a fortaleza foi remodelada com a edificação de uma fortificação do tipo abaluartado que só viria aser concluída no reinado de D. Afonso VI; as suas funções defensivas foram repartidas com o forte de São sebastião (v.PT050804020003) e o Revelim de Santo António; 1755 - O terramoto arrasa a antiga vila intra-muros que irá ser reconstruída fora das muralhas; estragos causados especialmente na Igreja de Santiago, completamente arruinada, passando a matriz para a Ermida de Nossa Senhora dos Mártires (v. PT050804020004); reedificação do Castelo por ordem de D. José; 1969, 28 Fevereiro - danos provocados pelo sismo; 2007 - 2008 - A autarquia aprova orçamento no valor de 6 milhões de euros destinado a obras de requalificação no seguimento das obras de consolidação no forte e revelim. |
Dados Técnicos
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Estruturas autoportantes |
Materiais
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Cantarias, alvenarias mistas (calcário e xisto vermelho) rebocadas e sem reboco, madeira, telha. |
Bibliografia
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ALMEIDA, João de, Roteiro dos monumentos militares Portugueses, Vol. III, Lisboa,1948 ; BARROCA, Mário Jorge, Epigrafia Medieval Portuguesa (862-1422), vol. II, pp. 982-984 e 1006-1010, Porto, 2000; GARCIA, João Carlos, O Espaço Medieval da Reconquista no Sudoeste da Península Ibérica, Lisboa, 1986. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID |
Intervenção Realizada
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DGEMN: 1942 - 1952 - reconstrução e consolidação de paredes em alvenaria; emprego de cantaria aparelhada em degraus e cunhais; construção de uma porta exterior; 1958 - reconstrução de rebocos interiores e exteriores, construção de alvenaria hidráulica nas muralhas junto à ermida; reconstrução de telhados e tectos em madeira; pintura e reparação de altares; 1960 - obras de adaptação a museu; reparação de muralhas, reconstrução de abóbadas e arcos, bases capitéis e colunas; construção de calçada à portuguesa; 1977 - consolidação gradual das várias construções no interior do castelo; restauro do paiol e da antiga capela resnascença:apeamento de alvenarias em ruína e execução de alvenaria em fundação e elevação, construção de telhados; 1978 - demolição de alvenarias que prejudicam o conjunto interior da capela; construção de alvenaria hidráulica em fundação de uma escada; assentamento de degraus e lajedo; 1979 - construção de alvenaria hidráulica em elevação nos panos da muralha; assentamento de coberturas e espelhos de cantaria nos degraus da capela; 1980 / 1982 / 1983 - construção de alvenaria em elevação para consolidação e tapamento de rombos em troços de muralha a recuperar; 1982 - abastecimento de águas às instalações sanitárias; 2000 / 2003 Novembro - escavações dirigidas pela arqueóloga Ana Margarida Arruda; 2004 - obras no museu; CMCM: 2007 - obras de consolidação no forte e revelim. |
Observações
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Autor e Data
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João Neto 1991 / Filipa Avellar e Lina Oliveira 2005 |
Actualização
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