Edifícios da Quinta da Torre de Santo António das Gateiras / Edifícios da Quinta do Marquês

IPA.00010084
Portugal, Santarém, Torres Novas, União das freguesias de Torres Novas (Santa Maria, Salvador e Santiago)
 
Casa nobre revivalista e Arte Nova. É de grandes dimensões, reconstituição romântica de uma habitação nobre manuelina, com corpos de volumetria irregular, com cobertura em terraço circundado por platibanda, 2 torres de base em talude, sobressaíndo uma delas em altura. Utilização de elementos estruturais e decorativos inspirados essencialmente no estilo manuelino e mudéjar: torre enquadrada por guaritas cónicas com merlões pentagonais, pilares facetados rematados por cogulhos compartimentando os panos da fachada S., janelas maineladas enquadradas por pilares com cogulhos e arcos em carena, platibandas decorativas nos remates dos corpos e nos paramentos, aplicação de placas cerâmicas lisas alternando com azulejos de aresta, torsais, etc.).
Número IPA Antigo: PT031419120057
 
Registo visualizado 5143 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre    

Descrição

O SOLAR tem planta composta por 2 rectângulos unidos em "L", mostrando o maior 2 torres quadradas adossadas a N. e a S.. Volumes escalonados com coberturas em terraço. Fachada N. formada pelos volumes salientes e reeentrantes de 3 corpos: o principal, no extremo E., rematado por renque de merlões escudiformes, com guaritas cilíndricas nos ângulos; 2 pisos delimitados por friso separador, o térreo rasgado por portal em arco redondo de vão cairelado (pano N.) e por janelas maineladas inscritas em arco semicircular (panos E. e O.), o 2º piso vazado por janelas idênticas; o corpo central reentrante, rematado por grilhagem intercalada por pináculos, mostra 3 pisos, os 2 inferiores com lógias fechadas, em arco contracurvado no térreo, em arco redondo no 2º piso, vãos de verga recta abrindo para varanda no 3º; o corpo do extremo O., correspondente à torre maior, rematado por renque de merlões em forma de escudo, com guaritas cilíndricas com telhados cónicos nos ângulos, mostra 5 pisos, os 2 inferiores em talude, rasgados por janelas de verga recta, os 3 superiores por janelas maineladas ou duplas. A fachada S. rematada por grilhagem intercalada por pináculos é constituída por 2 corpos de 3 pisos, um rectangular do lado E., uma torre saliente no extremo O.; o corpo mais extenso é compartimentado em 3 panos separados por pilares facetados terminados em pináculos; portas de verga recta circundadas por meias colunas no térreo, janelas maineladas no piso intermédio, janelas de verga recta no 3º piso; a torre mostra o piso térreo em talude e janelas maineladas nos restantes pisos. Na fachada E. destacam-se 2 corpos, o do lado N. de 2 pisos e remate em renque de merlões, o do lado S. de 3 pisos rematado por grilhagem, com ampla varanda adossada. Na fachada O. destacam-se os volumes das 2 torres em posições extremas, de alturas diferentes e paredes inferiores em talude, enquadrando o pano central de 3 pisos, com portal rodeado por arquivolta carenada, janelas maineladas no piso intermédio, de verga redonda no superior. No INTERIOR destaca-se o átrio e a sala de aparato intercomunicantes, no corpo saliente do lado N.; no átrio o pavimento mostra placas de azulejos de aresta, neo-mudejares, as paredes são revestidas de tapeçarias e o tecto mostra caixotões com telas com cisnes pintados; na parede resta ainda uma tela com as armas da família; na sala de aparato fogão de sala em mármore e bronze, possivelmente francês, e tribuna apoiada em colunas de mármore; do lado do jardim a casa de jantar com fogão de sala em madeira neo-medieval, com tecto pintado com enrolamentos vegetalistas; a escadaria de acesso aos andares superiores mostra painéis de azulejos barrocos da 1ª metade do séc. 18 e o tecto pintado com enrolamentos vegetalistas; no 1º piso destacam-se as janelas maineladas manuelinas em 2 dos quartos do lado S., silhares de azulejos rococó num dos corredores e uma casa de banho revestida de azulejos Arte Nova, feitos em Sargueminnes, em França. Na tribuna da sala de aparato e nos lanços da escada balaustradas em bronze, possivelmente de origem francesa. As CAVALARIÇAS, junto da estrada, têm planta composta por 2 rectângulos adossados e telhados de 2 águas de diferentes alturas, com águas-furtadas; destacam-se "tondi" cerâmicos neo-renascentistas aplicados nas paredes: 2 do lado E. com a imagem da Virgem, 2 a N. e a S. com as pedras de armas do Marquês da Foz. A CAPELA, situada nas imediações, tem planta em cruz latina e cobertura em telhado; fachada principal com empena angular, com portal axial com arquivoltas em arco quebrado e rosácea; na fachada posterior ábside facetada rasgada por janelas em arco quebrado; fachadas laterais de 3 panos demarcados por contrafortes escalonados, vazados por vãos em arco quebrado; INTERIOR com altar em madeira, neogótico, vitrais polícromos e pintura do silhar com figuras de anjos e flores de liz enquadrados por arcos contracurvados.

Acessos

E.M. 358, entre Torres Novas e Árgea, antes do desvio para Valhelhas, junto ao lugar de Gateiras

Protecção

Enquadramento

Rural, planalto, isolados. O solar ergue-se numa plataforma rasgada na encosta do lado S., rodeada a O. por muro em talude rematado por merlões, a S. por vasto terrapleno em escada. A S. do solar destacam-se os jardins à francesa e um vasto tanque que serviu de piscina, do lado N. uma fonte rococó. Os edifícios de apoio ao solar - cavalariça, capela, estufas, armazéns - estão implantados dentro de uma mata de pinheiros.

Descrição Complementar

Na face O. do corpo saliente da fachada N. uma lápide dá indicações sobre o autor e a época de construção do edifício: "Este edifício foi principiado a reedificar no anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de 1901 sendo senhores d'estas terras e cazas o Marquez da Foz Tristão Guedes Cabral Correia de Queiroz e Castello Branco com Dona Marianna d'Asey Mascarenhas de Mello, e ficou concluído neste anno da graça de 1907. Foi esta obra dirigida desde seu principio por Antonio Cazimiro Serrão, amigo e compadre dos donos d'esta caza, o qual sem auxílio de arquitecto ou mestre d'obras a levou a cabo com o maior mérito zelo e total desinteresse. Em signal de gratidão aqui mandou pôr esta lápide os seus mencionados amigos. A. D. 1907".

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Privada: Pessoa colectiva

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

António Casimiro Serrão (arquitecto do solar)

Cronologia

Séc. 17- construção do primitivo solar, com capela, fundada pelo morgado Manuel de Azevedo Pais e sua mulher Antónia Maria de Sequeira; 1758 - a capela pertencia ao seu neto Manuel António Carlos de Azevedo; 1880 - aquisição pelo conde, mais tarde marquês da Foz; 1896 - construção da capela em lugar distinto da primeira capela, situada no local onde irá ser construído o novo solar; 1901 / 1907- construção do solar dirigida por António Casimiro Simões, amigo do proprietário, o marquês da Foz, Tristão Guedes de Queiroz Correia Castelo Branco, de acordo com lápide existente no exterior; em data indeterminada foi retirado o telhado de 2 águas do corpo principal, substituído pela cobertura actual em terraço; c. 1955 - Gertrude Ramada Curto, viúva do último conde da Foz, Gil Pedro Paulo Guedes Cabral Correia de Queiroz e Castelo Branco, realizou obras de modernização nos pisos superiores, criando vários quartos com casas de banho privativas; c. 1980 - venda a propriedade a Helder Correia; 1997, 05 fevereiro - proposta como imóvel com interesse patrimonial no PDM de Torres Novas, DR, n.º 30; 1999 - a propriedade reverte, por compra, para o Banco Português de Negócios.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Estrutura em cantaria e alvenaria de pedra rebocada e caiada. Cantaria em molduras. Telha cerâmica. Caixilhos e portadas em madeira. Azulejos em revestimentos. Pavimentos em madeira, cantaria e materiais cerâmicos.

Bibliografia

SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Santarém, Lisboa, 1949; GONÇALVES, Artur, Torrejanos Ilustres, Barcelos, 1933; Mosaico Torrejano, Torres Novas, 1936; Quinta do Marquês de novo à venda - a Câmara pode ser um dos parceiros do negócio, in O Torrejano, 1 de Julho de 1799; BICHO, Joaquim Rodrigues, Património Artístico do Concelho de Torres Novas, Torres Novas, s.d..

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN / DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN / DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

Isabel Mendonça 2001

Actualização

 
 
 
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