Jardim do Paço Episcopal de Castelo Branco

IPA.00010282
Portugal, Castelo Branco, Castelo Branco, Castelo Branco
 
Espaço verde de recreio. Jardim de estilo barroco. constituído por três zonas com tratamento distinto, a área de produção, o bosque e o jardim formal, de inspiração italiana, articulado em várias plataformas, que marcam uma diferenciação espacial, com o jardim de buxo, lagos, pontuações escultóricas, cascatas e escadarias monumentais, espelhos de água de planta rectangular ou curvilínea, existindo um complexo programa iconográfico. Complexidade dos jardins, em termos estruturais, de articulação e iconológicos, existindo várias leituras poissíveis da articulação entre a temática religiosa, patriótica e alegórica, da estatuária dos jardins, bem como da existência, no topo, de uma cascata geradora de todo o sistema hidráulico, dedicada a Moisés, aquele que fez brotar a água da rocha. Os jardins podem assumir uma leitura religiosa, ligada à própria dedicação dos mesmos, a São João Baptista a meditar no Deserto, revelando que se destinariam à meditação, ou uma leitura cósmica, com a presença dos signos do Zodíaco, as partes do Mundo, as Estações, a ligação entre o Velho e o Novo Testamento; qualquer delas revela o carácter erudito do mentor da obra, o bispo D. João de Mendonça, bem como a influência que este recebeu durante a sua estada em Roma. A Escadaria dos Reis possui a particularidade das estátuas dos monarcas filipinos serem de menor dimensão. As figuras dos reis copiam gravuras da Epítome de Las Histórais Portuguesas (1677), s Elogios dos Reis de Portugal (1603) e a Europa Portuguesa (1678), todas existentes na livraria do mentor do jardim, o Bispo D. João de Mendonça. Junto ao terraço central, surge um amplo jardim alagado, de filiação clássica romana. As esculturas são bastante hieráticas, sem grande movimento.
Número IPA Antigo: PT020502050082
 
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Registo

 
Espaço verde  Jardim  Jardim  Barroco    

Descrição

Jardim rectangular articulado em três terraços ou "parterre" intercomunicantes através de escadarias e delimitados por balaustradas e gradeamentos. O acesso processa-se por um recinto trapezoidal, de feitura recente, separado da via pública por murete e gradeamento em ferro forjado de decoração geométrica interrompido por acrotérios de cantaria; ao centro, portão, também em cantaria, constituindo grossos pilares em aparelho rusticado e protegido por portão metálico. O recinto é bordejado por laranjeiras e é constituído por sete canteiros de buxos talhados, com os ângulos proeminentes, os laterais quadrangulares, inscrevendo círculo, os existentes junto ao portão formando um recorte curvo e o central de perfil lobulado, enquadrando vários círculos. Está delimitado por muro que sustenta o terraço superior, a que se acede por escadaria de quatro lanços, sustentada por muro com pequena fonte de espaldar, em cantaria de aparelho rusticado, formando cartela central e acantos, jorrando para tanque de perfil lobulado. Os muros delimitadores apresentam painéis de azulejo figurativo, monocromo, azul sobre fundo branco, representando várias vistas de Castelo Branco, da Antiga Quinta e Bosque, a Capela de São João e respectivo cruzeiro; aparecem, ainda, painéis de azulejo rectilíneos, com os ângulos curvos, emoldurados a cantaria e a faixa cerâmica, a representar os desenhos de Castelo Branco, efectuados por Duarte de Armas, no séc. 16, bem como a representação do bispo D. João de Mendonça. No início da escadaria com guarda metálica, interrompida por acrotérios de cantaria, surgem quatro esculturas de vulto, representando os anjos Custódio, São Miguel, São Gabriel e São Rafael. O terraço intermédio, bordejado por buxos talhados, apresenta planta rectangular e três eixos longitudinais, o central interrompido por tanque, ao centro, e os laterais por quatro tanques, um em cada ângulo, intercalados por vinte e quatro canteiros de buxos talhados de forma escalonada, uns de perfil quadrangular, outros com recorte circular. Os tanques formam repuxos, sendo os de ângulo bastante simples, de plantas circulares, e o central mais elaborado, de planta cruciforme, interrompida por lóbulos nos ângulos. Todo o recinto se encontra povoado por estatuária de vulto em granito, com várias representações alegóricas, identificadas em legendas nas peanhas. Ao redor do tanque central, surgem as Virtudes Teologais e Cardinais, estas com a Justiça, segurando a balança e a espada, a Fortaleza, levantando uma coluna, a Temperança que verte água de um jarro para outro, a Prudência com um espelho e uma serpente; as Teologais são a Esperança, com um âncora, a Fé com a cruz e o cálice eucarístico e a Caridade, uma figura feminina com uma criança ao colo e outra pela mão. Junto a estas a Lisura, virtude representada com um sol ao peito; aparecem, ainda, alguns pedestais vazios, que possuiriam as restantes virtudes. Surgem as Quatro Estações do Ano, a Primavera, figurando uma jovem com cornucópia de flores, sendo as restantes representados por figuras masculinas, a figura do Verão por um efebo, envergando túnica clássica e segurando uma foice e uma faixa, alusão às actividades agrícolas próprias desta estação; o Outono tem a cabeça coroada por folhas e transporta uma cesta com frutos da época e o Inverno é uma figura envelhecida com uma manta. Estão, ainda, representados os 12 Símbolos do Zodíaco, figurados numa cartela ostentada por pequenos anjos, as Artes, a Natureza e a Geografia, as Quatro Partes do Mundo na forma de figuras femininas ou masculinas: a Europa com figura feminina segurando um prato com frutos, um rolo de pergaminho e, aos pés, a cabeça de um touro; a África vestida com plumagem, tendo um cinto de flechas e segurando um arco; a Ásia ostentando um turbante e um bastão, tendo um leão aos pés; a Índia com uma mulher coroada por um diadema de flores, segurando uma taça. Os Quatro Novíssimos do Homem representam a Morte, na forma de um esqueleto coberto por manto, o Juízo com o Anjo do Juízo Final, o Inferno, na forma de uma figura híbrida, meio homem, meio animal, o Paraíso, como uma mulher coroada por flores com as mãos sobre o peito e os pés assentes em nuvens, a figuração da própria "Assunção da Virgem". Surgem, ainda, uma alegoria à Caça, com dois caçadores, um deles tocando um corno, e o Fogo, na forma de um "putti" que segura uma cartela com a representação de duas figuras humanas junto a um forno, talvez alusão a Vulcano. No lado esquerdo, ao mesmo nível e separado por balaustrada, surge o LAGO das COROAS, de planta rectangular e com bordos simples, possuindo três repuxos coroados por golfinhos entrelaçados, coroados por coroa; encontra-se envolvido por várias espécies arbóreas e buxos talhados. Ao lado deste e separado por canteiro de buxos talhados, o JARDIM ALAGADO, com tanque trapezoidal, integrando canteiros curvilíneos, constituídos por segmentos de círculo unidos e repuxo central. Nos topos do Lago das Coroas, surgem duas ESCADARIAS, a E., a dos Monarcas, que liga ao terraço superior, e, a O., a dos Apótolos, que a um passadiço de três arcos, sobre a Rua Bartolomeu da Costa, que ligava à Quinta. A Escadaria dos Apóstolos possui, no topo, a figura dos quatro Evangelistas, segurando um livro e com os seus símbolos, São João com a águia, São Marcos, com o touro, São Lucas com o leão (estes dois Evangelistas com a Iconografia trucada), e São Mateus com o homem. Na escadaria, surgem os Apóstolos: num dos lados, São Paulo, Santo André, São Mateus, São Judas, São Matias, São Tomé; no lado oposto, São Pedro, São Bartolomeu, São Tiago Menor, São Simão, São Filipe e São Tiago Maior. A Escadaria dos Reis possui as esculturas sobre os balaústres que constituem as guardas, numa sucessão cronológica, iniciando-se com o Conde D. Henrique, situado no centro do patamar sucedendo-se, em cada um dos lados, D. Afonso Henriques, D. Sancho I, D. Afonso II, D. Sancho II, D. Afonso III, D. Dinis, D. Afonso IV, D. Pedro I, D. Fernando, D. João I, D. Duarte, o Conde D. Pedro, D. Afonso V e, nos últimos degraus, D. João II e D, Manuel; no patamar, surgem figuras de menores dimensões, representando D. João III, o Cardeal D. Henrique, Rainha Santa Isabel e Filipe III. Na balaustrada que encima o muro de suporte do terraço superior e que liga a uma escadaria paralela ao edifício do paço, surgem cinco monarcas: D. Sebastião, D. João IV, D. Afonso VI, D. Pedro II, D. João V e D. José. Sobranceiro a todos, o Terraço do Lago, com amplo espelho de água, flanqueado por balaústres, para onde verte a Cascata de Moisés, formada por escadaria de degraus rusticados, constituindo o espaldar do tanque e enquadrada por duas imagens de vulto, representanto Santa Ana e a Samaritana, surgindo, nos muros laterais, baixos-relevos pouco visíveis e duas bicas em forma de carranca. No topo da cascata, Moisés sustenta as tábuas da Lei, onde surge a seguinte inscrição latina: "Diliges / Dominu / Deum Tu / Um / Et Proxi / Mum Tuo / Sicut Te / Ipsum / 1726". Na base da escultura, outra inscrição latina: "Percussit / Petram / et Fluxerunt A / quae Psal. 77". No terraço, uma porta que dava acesso ao antigo olival, em arco abatido e dupla moldura, flanqueado por pilares em aparelho rústico, encimados por pináculos e rematada em entablamento; ao centro, sobre plinto ornado por rosetão e flanqueado por aletas, surge a imagem de vulto de Santa Maria Madalena, com a inscrição: "Maria Autem / Stabat Foris / Ploram S. Ioan / XXCMI MDCXXV". No lado oposto da via pública, surge o PARQUE, no local onde se situava a Quinta, protegido por murete e gradeamento de ferro, centrado por portão, que liga a escadas descendentes de acesso ao recinto, de planta rectangular e curvo num dos lados. Possui vários canteiros relvados, onde se implantam árvores diversas e forma eixo longitudinal central, composto por dois amplos canteiros relvados, o central rectangular com os topos curvos, onde se inscreve lago rectilíneo com repuxo e várias flores; o segundo canteiro, de menores dimensões e com um dos lados curvos, possui tanque circular com repuxo, rodeado por elementos fitomórficos recortados, desenhando as armas da cidade. Num dos lados do lago, surge uma pequena construção rectangular, rebocada e pintada de branco e com cobertura em telhado de duas águas, para albergar patos. O parque é pontuado por vários bancos de madeira. Do antigo bosque, restam algumas árvores junto ao parque.

Acessos

Rua Bartolomeu Costa.

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 15/2018, DR, 1.ª série, n.º 96/2018 de 18 maio 2018 *1

Enquadramento

Urbano, isolado, situado em terreno em ligeiro declive, disposto em socalcos. Encontra-se delimitado por gradeamento em ferro, e muros de alvenaria rebocada, tendo, ao lado, o Antigo Paço Episcopal (v. IPA.00003917. O jardim confina com a via pública. Nas imediações, situa-se o Antigo convento da Graça, actual Igreja da Misericórdia (v. IPA.00007297) e o Largo de São João, onde se implanta o Cruzeiro (v. IPA.00003856).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Recreativa: jardim

Utilização Actual

Recreativa: jardim

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Câmara Municipal de Castelo Branco

Época Construção

Séc. 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

EMPREITEIRO: José da Costa (1715-1725); ENGENHEIRO: Valentim da Costa Castelo Branco (1715); JARDINEIRO: Simão Rodrigues (séc. 18).

Cronologia

1596 - 1598 - fundação dos recreios episcopais por D. Nuno de Noronha, bispo da Guarda; foi implantado numa área de produção agrícola, tendo o prelado adquirido, para o efeito, várias hortas, vinhas, olivais e algumas casas; 1608 - morte do prelado e colocação em hasta pública de certos bens pelo endividamento causado pelas obras, num total de 425$000; o processo foi empreendido pela sua cunhada e herdeira, D. Violante de Castro e visava a horta que ficava fronteira ao paço, três casas adjacentes à mesma e uma tapada com olival, junto ao Convento da Graça; para satisfazer a dívida de 120$000 deixada pelo mesmo enquanto fora prelado em Viseu, foram vendidos, o olival Basto e vinha contígua; 1614, Abril - compra do olival basto e vinha em hasta pública pelo novo Bispo da Guarda, D. Afonso Furtado de Mendonça, pela quantia de 124$000; 21 Maio - compra dos restantes bens vendidos por D. Violante de Castro a Gaspar Correia Barreto, por 437$000, recuperando a totalidade das propriedade que tinham sido vendidas; 1715 / 1725 - reedificação do Paço e execução dos jardins por iniciativa de D. João de Mendonça, segundo desenho de Valentim da Costa Castelo Branco; a cerca integrava os jardins, uma quinta de recreio que incluia horta ajardinada, coelheira, parque de caça, bosque, olival, casa de chá e o passadiço sobre o caminho público; a distribuição da água era feita a partir do grande tanque, depósito das águas pluviais, de onde saía água, distribuída pela acção da gravidade, através de uma rede complexa de canos, chegando aos terraços inferiores e o tanque da quinta, a partir do qual se fazia a rega dos talhões; a manutenção dos jardins estava a cargo de Simão Rodrigues; 1715, 13 Maio - contrato com o empreiteiro José da Costa, natural de Caresende, em Torres Novas; 1717 - o bispo visita Roma, o que terá influenciado os retoques finais do projecto do paço e jardins; 1725 - execução das estátuas de São João Baptista e Maria Madalena; 1726 - execução da Cascata de Moisés; 1771 - criação da Diocese de Castelo Branco, tornando-se o Paço a residência oficial e permanente dos bispos; 1782 - inventário dos bens do bispo D. Frei José de Jesus Maria Caetano, primeiro bispo de Castelo Branco,após a sua morte, descrevendo os jardins como tendo estátuas, tanques, fontes de repuxo, lago e limoeiros, sendo avaliado com o paço em 40:000$000; 1782 / 1786 - remodelação no Paço e plano de alterações pontuais nos jardins que não se concretizaram, por iniciativa do Bispo D. Vicente Ferrer da Rocha; os riscos são do dominicano Frei Daniel da Sagrada Família; beneficio da zona das hortas; 1807 - hospedagem das tropas francesas; 1814 - inventário dos bens do palácio por D. Frei Vicente Ferrer da Rocha, descrevendo o jardim como sendo composto por uma quinta pequena e pelo jardim, comunicantes, existindo, ainda, um bosque e um olival, denominado Olival da Mata; 1831 - morte do último Bispo de Castelo Branco D. Joaquim José de Miranda Coutinho e início da degradação do edifício e zona envolvente; 1853 - descrição da Quinta e do Bosque por Porfírio da Silva *2; 1881 - extinção da Diocese de Castelo Branco; 1886 - o Governo Civil e Junta Geral do Distrito, instaladas no edifício, são intimadas a sair, pois o bispo pretende instalar-se no local durante as obras a decorrer no Paço Episcopal de Portalegre; 1910 - aquisição do edifício pelo Estado; venda dos anexos rústicos ao município; 1912, 5 Outubro - abertura do jardim ao público; 1934 / 1936 - transformação da quinta em jardim público, rompendo com a orgânica criada pelo bispo D. João de Mendonça; reconstrução do passadiço e construção de um recinto de acesso ao jardim, a partir da Rua da Corredoura; 1964 - o jardim foi desanexado do paço, transformado em Museu; 2003 - durante as obras no Jardim de São João Baptista, foram encontrados os vestígios do sistema hidráulico setecentista; 2005, 18 abril - proposta da DRCastelo Branco para abertura de um processo de classificação que abrangesse os jardins, a horta e o Bosque dos Loureiros, atual Parque da Cidade; 2006, 01 junho - Despacho de abertura do processo de classificação dos jardins do vice-presidente do IPPAR; 2012, 18 outubro - publicação do projeto de decisão de ampliar a classificação do Paço Episcopal, Monumento Nacional, aos jardins, horta e Bosque dos Loureiro, em Anúncio n.º 13593/2012, DR, 2.ª série, n.º 202; 2013, 05 junho - arquivamento do processo de ampliação da classificação do edifício, de forma a abranger os jardins, a horta e o bosque dos loureiros, por este se encontrar muito descaracterizado, em Anúncio n.º 200/2013, DR, 2.ª série, n.º 108; 2013, 29 outubro -- abertura do procedimento de ampliação da classificação como monumento nacional (MN) do Paço Episcopal de Castelo Branco, de modo a incluir o Jardim Episcopal e o passadiço, em Anúncio n.º 334/2013, D.R, 2ª série, n.º 209; 2017, 10 outubro - publicação do Projeto de Decisão relativo à ampliação da classificação como Monumento Nacional do Paço Episcopal de Castelo Branco, de modo a incluir o Jardim Episcopal e o passadiço, em Anúncio n.º 176/2017, DR, 2.ª série, n.º 195/2017.

Dados Técnicos

Materiais

INERTES: Muros e estatuária em granito. VEGETAL: buxo ( Buxus sempervirens).

Bibliografia

ALMEIDA, Fernando de, Museu e Diocese de Castelo Branco, in Estudos de Castelo Branco, vol. 44, Castelo Branco, 1973, pp. 7-16; ARAÚJO, Ilídio, Arte Paisagística e Arte dos Jardins em Portugal, vol. I, Lisboa, 1962; BRANCO, Manuel da Silva Castelo, A Heráldica dos Bispos de Castelo Branco, in Comemorações do Bicentenário: 1771-1971, Castelo Branco, 1971; CARITA, Helder, CARDOSO, António Homem, Tratado da Grandeza dos Jardins em Portugal, s.l.,1990; CASTEL-BRANCO, M. Cristina Ataíde, O lugar e o significado, os jardins dos vice-reis, [dissertação de Mestrado no Instituto Superior de Agronomia], Lisboa, 1992; CASTRO, José Osório da Gama, Diocese e Distrito da Guarda, Porto, 1902; Colunas vazias no Jardim do Paço Episcopal, in Reconquista, 01 Fevereiro 2007; GIL, Júlio, Os mais belos palácios de Portugal, Editora Verbo, Lisboa, 1992; LEITE, Ana Cristina, Castelo Branco, Lisboa,1991; SILVA, Joaquim Augusto Porfírio da, Memorial Cronológico e Descritivo da Cidade de Castelo Branco, Lisboa, 1853; SILVA, Pedro Rego da, Jardim do Paço - novos contributos para o estudo dos recreios episcopais de Castelo Branco, Castelo Branco, 2001.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/Arquivo Pessoal de Ilídio de Araújo

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DREMC, DGEMN/DSID.

Intervenção Realizada

DGEMN: 1966 - plantação de uma sebe de buxo junto ao muro de vedação; 1966 / 1967 - colocação de saibro e plantação de árvores; arranjo do muro de vedação do tabuleiro superior; plantação de relva, de arbustos e roseiras; início da iluminação do jardim; 1970 - conclusão da iluminação do jardim; Proprietário: séc. 20 - talhe periódico dos buxos e tratamento das espécies vegetais; IPPAR: 2006 / 2007 - restauro das esculturas do jardim, dos lagos e das massas arbustivas e arbóreas.

Observações

*1 - DOF: Paço Episcopal de Castelo Branco, incluindo o Jardim Episcopal e o passadiço. *2 - o antigo acesso era feito pelo palácio, pela Escada dos Doutores da Igreja. *3 - Formava "(...) um plano quadrilongo de 2.000 braças quadradas de extensão, situada a Leste do Palácio e Jardim, É formado o quadrilongo pelo N. e S. por duas linhas ou lanços de gigantescos, bem entrelaçados e aparados loureiros; pelo O., com o muro que forma o lado ou face esquerda da rua da Corredoura desde a Graça até ao Passadiço, no centro do qual muro existe uma bem organizada porta de ferro, que dá entrada para a Quinta pela mesma rua. Todo o plano do quadrilongo está dividida em 16 orções: esta divisão é feita pelas paredes de dez ruas formadas de buxo, murta e loureiro com suas torneadas pirâmides dos mesmos arbustos nas extremidades. Já se vê pois que para uma tal divisão se devem cruzar aquelas dez ruas; e assim é, pois que cinco correm do O. e E., sendo a mais larga e vistosa a do centro, que alinha com a porta com assentos de cantaria, e outras tantas ruas correm de N. a S., em cujas extremidades existem altos e piramidais ciprestes. Ao N. da porta de ferro, ao longo do muro há uma grande latada de videiras em foram de pálio e suspensa em esteios de ferro, debaixo da qual existe uma nora de água circundada de cedros em forma de caramanchão; e dali se dirige um aqueduto para um tanque de cantaria que existe no ângulo próximo, e outro que vem do lago grande do Jardim passando por baixo da rua da Corredoura. As dezasseis porções em que está dividida toda a peça poduzem excelentes hortaliças de regadio e frutos de diversas árvores que ali existem."; o Bosque ficava contíguo, para o lado E., "(...) para onde há comunicação por dois portados de cantaria; o primeiro dos quais é fronteiro à rua central da Quinta, e à porta de ferro, construído sobre um patamar, para onde se sobe por quatro degraus de cantaria e o segundo está ao lado esquerdo, próximo ao ângulo que lhe fica a N., é é trabalho custoso e bem acabado. Toda esta peça ocupa um espaço de terreno de 1.600 braças quadradas, e é formada de fohadeiras, loureiros, cedros, e alguns ciprestes. Do ponto do segundo portado de que atrás falamos, marcham três ruas para Nordeste formadas por aqueles arbustos e árvores; duas pelas extremidades laterais fazendo entre si dois ângulos obtusos e dois agudos, o que dá à mata a figura de um rombo; e a outra pela linha central, larga e vistosa, em cujo centro há um grande círculo com assentos de pedra em roda, e outro igual na extremidade oriental, sobre a qual derrama sua fresca sombra um corpolento freixo. Estas três ruas são cruzadas por três outras em proporcionadas distâncias. Do ponto da primeira das duas mencionadas portas, ou portadas, isto é, ao S. da mata, marcha uma outra rua por baixo de copados cedros, que comunica com o bosque, e onde no tempo dos bispos estava estabelecido um jogo da bola." (Silva, 1853, pp. 49-51).

Autor e Data

Marta Calçada 2001

Actualização

 
 
 
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