Quinta da Ponte

IPA.00010288
Portugal, Guarda, Guarda, Faia
 
Arquitectura residencial, maneirista, barroca e rococó. Quinta de recreio e produção, composta por um edifício principal, e algumas dependências agrícolas, como um forno, uma pocilga e um pombal circular. A casa principal resultou de várias intervenções, possuindo uma zona mais antiga, constituindo o dos braços do L invertido, que forma a planta, a que se adossa um corpo comprido, com a capela no extremo, adossada pela fachada posterior, permitindo que se prolongue em dois muros, criando dois pátios internos, para onde se abre a zona privada, revelando uma tendência de meados do séc. 18, altura em que terá ocorrido uma reconstrução e adaptação à capela, construída no início da centúria. A casa evolui em dois pisos, rasgada por vãos simples, de verga recta, constituindo portas no piso inferior e janelas de peitoril ou de sacada no superior. Este possui um pequeno vestíbulo, ornado a estuque rococó, de onde sai um corredor que abre para as várias dependências; no piso inferior, a estrutura é semelhante. A capela é de planta longitudinal composta por nave, capela-mor e sacristia adossada à fachada lateral esquerda, sobre a qual surge a tribuna, com ligação à casa, possuindo fachada em empena, flanqueada por cunhais apilastrados, rasgada por portal de verga recta, encimado por frisos e frontão triangular, de estrutura maneirista. No interior, coberturas em abóbadas de berço, assentes em cornija, possuindo, no topo, um painel pintado, com mísula, sacrário embutido no banco e altar em forma de urna, ornado por cartela recrotada.
Número IPA Antigo: PT020907160041
 
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Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura  Agrícola e florestal  Quinta  Casa nobre  

Descrição

Quinta ampla, composta pelo edifício principal, de planta em L invertido e irregular, tendo, à entrada, um corpo de planta rectangular simples, servindo de recepção, que se liga à zona dos apartamentos, disposta em segmento de círculo, em torno de um pequeno jardim e da piscina. O CORPO PRINCIPAL tem, na fachada principal, composta pelo volume da Capela, dois muros que a prolongam, dando acesso a dois pátios, um rectangular fechado, no lado direito e outro aberto, mas mais estreito, no lado esquerdo, ambos em terra batida, rodeados por arbustos, canteiros com flores e floreiras. A casa, de volumes articulados e disposição horizontalista, possui coberturas diferenciadas a duas águas, na Capela, a quatro, no braço mais comprido do L e a cinco no braço posterior. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, rematadas por cornija e beirada simples, excepto no braço mais pequeno do L, em cantaria de granito aparente em aparelho isódomo, rasgadas por janelas rectilíneas, com molduras simples, tendo caixilharias de madeira pintada de branco e verde. Fachada principal marcada pela Capela, dedicada a Nossa Senhora da Vitória, de planta longitudinal composta por nave, capela-mor mais estreita e sacristia adossada ao lado esquerdo. Fachada principal rematada em empena, marcada por dupla cornija e friso, tendo cruz latina, assente sobre plinto paralelepipédico no vértice, com embasamento de cantaria saliente e flanqueada por cunhais apilastrados, firmados por pináculos piramidais com bola. É rasgada por portal de verga recta, com acesso por dois degraus de cantaria, flanqueado por duas pilastras toscanas, de fustes almofadados, que se prolongam por um amplo friso, sobre elemento cordiforme, que sustenta um segundo friso almofadado e frontão triangular marcado por florão. As fachadas lateral esquerda e posterior encontram-se adossadas ao edifício residencial, surgindo a lateral direita virada para o pátio de acesso ao mesmo, com cunhais apilastrados, encimados por pináculo, e rasgada por porta travessa de verga recta e moldura simples de cantaria, sendo visível a empena da fachada posterior, mais elevada que a cobertura da casa. Para cada lado, surge um muro alto, flanqueado por cunhais apilastrados e rematado por friso e cornija, que se prolonga num de menores dimensões que integra o murete que fecha o perímetro da Quinta. O do lado esquerdo, de acesso a esta, é rasgado por portal de verga recta e moldura simples de cantaria, protegido por grades metálicas e sobrepujado por sineira de volta perfeita, assente em pilastras toscanas almofadadas, rodeada por aletas e ornada por vários elementos volutados, possuindo a data "1734". O muro do lado oposto, semelhante, é sobrepujado pela pedra de armas da família. A fachada lateral esquerda da casa abre para um pátio, evoluindo em dois pisos, rasgados por seis portas e uma janela, assente em cornija, no piso inferior, encimadas por doze janelas de peitoril com caixilharias de guilhotina e sobre a porta principal, descentrada, uma janela de sacada em cantaria e com guarda metálica vazada por elementos geométricos. A fachada lateral direita forma um L, fechando o pátio, com o braço frontal elevado relativamente ao pavimento, com acesso por três degraus de cantaria, de perfil semicircular, que dão acesso a um pequeno logradouro, fechado por muro de cantaria de granito e pavimentado a ladrilho cerâmico, para onde abrem duas portas de verga recta, que centram uma pedra de armas. O braço mais comprido possui dois pisos, o inferior apenas parcialmente acima do nível do solo, marcado por duas frestas de arejamento, com moldura de cantaria, surgindo, no superior, uma janela de sacada, semelhante à da fachada anterior, flanqueada por duas de peitoril, com caixilharia de guilhotina; no extremo esquerdo, amplo vão em capialço. Fachada posterior bastante irregular, de dois pisos, tendo, no lado esquerdo, duas portas, encimadas por janelas de sacada, com guarda em ferro forjado, a que se sucedem duas portas e duas janelas de peitoril, todas dinteladas; segue-se uma reentrância, formando um U invertido, com as fachadas rasgadas por portas e janelas de peitoril, de forma irregular, tendo, no ângulo direito, escadaria de cantaria e guarda metálica, de acesso ao segundo piso. INTERIOR da CASA com acesso por uma sala de estar familiar, com as paredes pintadas em marmoreados fingidos, formando falsos lambris, tendo cobertura em estuque artístico, com o fundo pintado de rosa, verde e amarelo, e os elementos decorativos a branco, formado por encanastrados, vasos de flores, e, ao centro, rodeado de rocalhas, uma falsa cúpula em perpectiva; nos ângulos, surgem pinturas de paisagens. Desta, sai um corredor que percorre o segundo piso do edifício, abrindo para várias dependências, incluindo os quartos da família. O piso inferior é destinado a turismo de habitação, possuindo 2 quartos twins e dois apartamentos, em alvenaria de granito aparente, com tectos planos rebocados e pintados de branco e pavimento em ladrilho cerâmico, um deles correspondente à primitiva sacristia da casa, mantendo vestígio do receptáculo do lavabo e um roupeiro onde o capelão guardava os seus paramentos; surgem, ainda, três salas amplas, uma destinada a jogos, ctogonal, com cobertura em caixotões, e a sala de jantar, com aparadouro em alvenatia de granito, abrindo directamente para o pátio do lado esquerdo. CAPELA com interior rebocado e pintado de branco, percorrido por uma faixa laranja, formando falso lambril, com pavimento em lajeado de granito e cobertura em abóbadas de berço, assentes em cornija de cantaria, a da nave em cantaria aparente. O portal axial encontra-se ladeado por uma pia de água benta com bordo boleado e taça estriada. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas almofadadas, totalmente pintado com marmoreados fingidos, tendo, no intradorso, decoração de acantos, albarradas, concheados e figuras femininas, surgindo, no arco, com decoração de palmetas e acantos, a inscrição "AVE MATIA GRATIA PLENA". Capela-mor com abóbada totalmente pintada em "trompe l'oeil", composta por colunas angulares e nos centros, que ladeiam falsos nichos protegidos por balaustradas e ornados por albarradas e anjos, que centram painel recortado e envolvido por anjos, onde surge representada a pomba do Espírito Santo. No lado do Evangelho, porta de verga recta, protegida por folha almofadada e decorada por vários sulcos, com a verga ostentando inscrição e encimada por pequena tribuna de verga recta e sacada de madeira com guarda metálica. Na parede testeira, um painel com moldura de madeira dourada, em arco de volta perfeita, pintado com drapeados a abrir em boca de cena, sustentados por anjos, onde se enquadra uma mísula com a figura do orago; em volta da moldura, surge pintura de "chinoiserie", também visível na zona do banco, onde surge sacrário de talha dourada, com a porta ostentando uma Cruz da Vida; altar em forma de urna, ornado por cartela recortada e concheada. No lado direito, a RECEPÇÃO, de planta rectangular simples e cobertura em telhado de duas águas, com as fachadas em cantaria de granito aparente, rasgada por vãos rectilíneos, tendo o interior amplo, constituindo uma sala de espera e o local de acolhimento. Une-se a um CORPO novo, através de vigas de betão, o qual se desenvolve em semicírculo, com fachada principal em alvenaria de granito aparente e as demais rebocadas e pintadas, onde se abrem várias portas, de acesso a pequenos apartamentos, com os interiores semelhantes aos quartos da casa principal, formando cinco apartamentos, com pavimento cerâmico, quarto, instalações sanitárias, sala com kitchenette embutida, protegida por armário de madeira. No perímetro da Quinta, surge uma estufa moderna para festejos de casamento, uma casa do forno, em cantaria de granito, a antiga pocilga, no mesmo material e ambas com porta de verga recta, e um pombal circular. Surge, ainda, no Pátio de São Luís, uma fonte, datada de 1741.

Acessos

Na EN 16 entre Celorico da Beira e Guarda, cortar para Aldeia Viçosa, encontrando-se na via que liga esta localidade a Faia. A 12 Km da Guarda e a 4 Km do IP5. WGS84 (graus decimais) lat.: 40,568058, long.: -7,311823

Protecção

Incluído no Parque Natural da Serra da Estrela

Enquadramento

Rural, isolado e destacado, implantado numa zona relativamente plana, no sopé da Serra da Estrela, em cujo Parque Natural se insere, situado na margem do Rio Mondego, próximo da Ponte Romana (v. PT020907160194), estando envolvida por outras quintas, nomeadamente a Quinta de São Mateus (v. PT020907160042), Quinta de São Lourenço, Quinta das Jarras, Quinta das Corujas, Quinta dos Banhos, Quinta do Pinheiro ou Quinta das Camélias. Encontra-se rodeado por um amplo Jardim (v. PT020907160299). Acesso por um terreiro com pequena rampa a partir da estrada, estando o edifício implantado em ligeiro declive.

Descrição Complementar

Na capela, a inscrição: a vermelho - "O DOUTOR ALEXANDRE DE VAS / CONCELLOS COVTINHO COLLE / GIAL DO REAL COLLEGIO DE S(ao) PAV / LO LENTE DE CANONES NA VNI / VERSIDADE DE COIMBRA. DEZE / MBARGADOR DOS AGRAVOS NA RELAÇAM DO PORTO VISCON / CERVADOR DA NA CAM BRITANICA, FAMILIAR DO S(Anto) OFFICIO" / a preto - "MANDOU SE FIZESSE ESTA CA / PELLA COM MISSA TODOS OS DO / MINGOS E DIAS SANTOS: FALE / CEO DE ABRIL DE 1725 ESTA / SEPULTADO NA FREGUEZIA / DE N. S. DA VICTORIA DA CIDADE / DO PORTO". Outra inscrição: "BONIFACIO DE TAVORA E VASCONCELLOS ARAGAM E MIRANDA MANDO / V FAZER ESTA OBRA AS CVSTA E SE DIRA HVA MISSA NESTA CAPELLA TODAS AS / SEMANAS PELA SVA ALMA E DE SVA MOLHER D. CHRISOSTOMA NVGVEIRA E / DE FRANCISCO IOZE DE FIGVEIREDO FALCAO FILHO DE SVA MOLHER ANNO / DE 1728".

Utilização Inicial

Agrícola e florestal: quinta

Utilização Actual

Comercial e turística: casa de turismo de habitação

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 14 - presença da família Aragão nas Beiras, na sequência do casamento da rainha D. Isabel com D. Dinis, vindo com ela um meio-irmão, D. Pedro de Aragão, que deixou descendência, estando na base da família Trigueiro de Aragão, em Faia e Alcains; séc. 17 - provável construção do imóvel, havendo referência à quinta, pertencente a Pedro de Aragão de Miranda; 1725 - provável construção por Luís de Aragão de um nicho que albergava a estátua de São Luís, junto ao Rio; 1728 - Bonifácio de Távora e Aragão manda executar a capela de Nossa Senhora da Vitória; 1734 - data na sineira; séc. 18, 2.ª metade - redecoração do interior da capela. 1758, 4 Março - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo prior João Antunes de Almeida, surge referência à Capela de Nossa Senhora da Vitória, de que é padroeiro Luís de A., da cidade da Guarda; 1775 - data na verga de uma porta; séc. 20, década de 90 - colocação da pedra de armas sobre o portal de acesso ao pátio principal, para festejar as bodas de ouro de casamento dos proprietários; 2000 - construção de uma estufa em vidro, onde se celebram festejos de casamento.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante

Materiais

Estrutura em cantaria e alvenaria de granito, parcialmente rebocada e pintada; modinaturas, cruzes, pináculos, frisos, cornijas, sineira, pedras de armas, lápides, pavimentos em cantaria de granito; tectos, altar, caixilharias, portas em madeira; janelas com vidro simples; cobertura em telha.

Bibliografia

ARAÚJO, Ilídio de, Arte paisagística e arte dos jardins em Portugal, vol. I, Lisboa, 1962; Dicionário enciclopédico das freguesias, vol. 2, Matosinhos, 1998; Jardins com História [dir. CASTEL-BRANCO, Cristina], Lisboa, 2002; www.quintadaponte.com., Abril de 2003.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

DGA/TT: Dicionário Geográfico, Memórias Paroquiais (vol. 15, n.º 5, fl. 149)

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: séc. 20, década de 70 - arranjo da capela e coberturas; arranjos gerais na Quinta.

Observações

*1 - aqui existiam pequenos talhões de horta para a população da aldeia.

Autor e Data

Paula Figueiredo 2008

Actualização

 
 
 
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