Mosteiro de Arouca / Museu de Arte Sacra de Arouca / Igreja Paroquial de Arouca / Igreja de São Bartolomeu

IPA.00001039
Portugal, Aveiro, Arouca, União das freguesias de Arouca e Burgo
 
Mosteiro feminino cisterciense de estilo maneirista com revestimentos barrocos de talha dourada, do estilo barroco joanino. Espaldares do cadeiral em talha dourada, com 30 pinturas das cenas da vida de Santa Mafalda e de diversos santos (alguns deles cistercienses), semelhante ao do Mosteiro de São Bento da Vitória, no Porto (v. IPA.00005556).
Número IPA Antigo: PT010104030002
 
Registo visualizado 5811 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro feminino  Ordem de Cister - Cistercienses

Descrição

Planta rectangular composta, com o eixo maior orientado de N. para S., tendo anexos, nos lados menores, dois rectângulos opostos. Volumes diferenciados e coberturas em telhados de uma, duas e quatro águas, de beiral duplo. Os lados menores opostos albergam a N. a igreja e os celeiros, a S.. O conjunto desenvolve-se em torno do claustro e de 2 pátios longitudinais (de N. para S., o Pátio do Norte e o Pátio dos Comuns ou do Sul), em torno dos quais organizam-se as antigas celas monásticas. Corpo O. delimitado por 2 torreões-miradouros. Corpos de três pisos, quatro nos torreões, ritmados por vãos rectangulares com molduras de cantaria e marcação dos cunhais por sistema de pilastras colossais assentes em altos embasamentos e com pináculos decorativos nos ângulos, destacando-se a fachada da igreja, dividida em panos por sistema pilastral e rasgando verticalmente duplos vãos, alguns deles em meia-laranja. Porta nobre lateral implantado a meio da nave, com dupla moldura em cantaria, pilastras toscanas, pináculos piramidais boleados e remate semi-circular. Fachadas anexas de grande severidade ritmados por janelões rectangulares gradeados. INTERIOR: Igreja de corpo interior composto por três rectângulos, coro, nave e capela-mor. Coro separado por gradeamento com longo cadeiral de espaldares revestindo todo o coro-baixo, corpo intermédio com edículas rectangulares albergando estatuária e revestido por três tramos de arcos de volta perfeita com lunetas. Nave única mais larga, dividida em dois registos e ritmada pela marcação dos tramos por sistema de pilastras toscanas que, superiormente, adquirem aspecto piramidal invertido pela constituição do fuste. Capelas colaterais arquivoltadas pouco profundas e com retábulos de talha dourada, correspondendo a uma cega incluindo púlpito, e outra rasgando a entrada lateral do templo. Superiormente, nichos concheados alternam com janelões rectangulares. Abóbadas em arcos abatidos com lunetas. Capela-mor com altar-mor de grande verticalidade e cobertura em abóbada de aresta com chave única. Iluminação procedente do coro-alto, nave e capela-mor em janelões, rasgados nas lunetas, de remate superior abaulado. Claustro nobre precedido por galilé formada por arco abatido e portal com frontão triangular interrompido no interior ao qual se unem duas frestas rectangulares gradeadas. Composto por dois pisos arquivoltados com segmentos marcados pela ordem toscana e jónica no piso superior, que inclui no intradorso da arcaria varandas em ferro.

Acessos

Avenida Vinte e Cinco de Abril, Largo de Santa Mafalda

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto 16-06-1910, DG nº 136, de 23 junho 1910 / ZEP, Portaria, DG 2ª Série, nº 164, de 15 julho 1960

Enquadramento

Urbano. Isolado, à entrada da cidade, no enfiamento da via principal, antecedido por parque arborizado e lateralmente por pequena praça pública. Integrado num vale e rodeado pelas serras da Freita, Mó e Gamarão.

Descrição Complementar

A igreja dispõe cadeiral em forma de U, constituído por 104 cadeiras, distribuídas em 2 andares e porta ao meio. O templo inclui ainda importantes obras da oficina de André Gonçalves e esculturas de pedra da autoria de Braga Jacinto Vieira (1725). O retábulo-mor joanino (1723 - 1733) é obra do entalhador bracarense Luís Vieira da Cruz. Das obras do Museu de Arte Sacra destaca-se um grande conjunto de escultura, pintura, peças de ourivesaria, cerâmicas e livros, entre outras.

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro feminino

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial / Cultural e recreativa: monumento

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

DRCNorte, Portaria n.º 829/2009, DR, 2.ª série, n.º 163 de 24 agosto 2009

Época Construção

Séc. 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Carlos Gimac (séc. 18). ENSAMBLADORES: António Faria Soares (1793); José Francisco de Paiva (1793). ENTALHADORES: André Soares (séc. 18); António Gomes (1722); Filipe da Silva (1722); José da Fonseca Lima (1743); Luís Vieira da Cruz (1723-1733); Miguel Francisco da Silva (1738). ESCULTOR: Braga Jacinto Vieira (1725). MESTRE-DE-OBRAS: Gaspar Ferreira (1733-1734). ORGANEIROS: Benito Gomez de Herrera (1737-1738); Manuel Bento Gomes (1739). PINTOR: Diogo Teixeira (1596-1597). PINTORES - DOURADORES: João Nunes de Abreu (1733) Manuel Cerqueira Mendes (1733, 1741, 1743).

Cronologia

Séc. 10 - fundação do mosteiro, em honra de São Pedro, por Loderigo e Vandilo, encontrado fragmento de um letreiro onde se lê ERO ; 1085 - 1095 - o mosteiro adota a Regra de São Bento; 1091 - data do mais antigo documento sobre a comunidade religiosa aroucense; séc. 12 - até esta data é um convento dúplice; 1154 - passa a ser unicamente de freiras; 1132 - 1143 - carta de couto de D. Afonso Henriques; 1220 - D. Mafalda, filha de D. Sancho I, professa no mosteiro; 1226 - a pedido de D. Mafalda, por bula papal, adere à ordem cisterciense; 1256 - morte de D. Mafalda, sendo o convento um dos mais importantes da península; séc. 14 - datação de vestígios de rosácea pertencente ao primitivo mosteiro românico; séc. 15, finais - séc. 16, inícios - obras de construção nos edifícios monásticos, novas alfaias e adornos dos altares, durante os abadessados de D. Leonor Coutinho de D. Melícia de Melo; 1596-1597 - pintura dos painéis do retábulo por Diogo Teixeira; séc. 17, finais - primeiras reconstruções e ampliações do complexo monástico, corpos O. e N.; 1701, 28 fevereiro - contrato entre a abadessa e os mestres António Gomes e João da Costa para a feitura do retábulo-mor por 600$000; 1702, 24 novembro - visitação refere que a igreja está num estado miserável; 1703 - Carlos Gimac faz a planta da nova igreja; 1704 - 1718 - obras na igreja, incluindo o coro das freiras, que duram cerca de 30 anos; 1722, 08 fevereiro - António Gomes e Filipe da Silva fazem o cadeiral e talha do coro, por 850$000; 1723, 12 junho - contrato para o retábulo-mor com Luís Vieira da Cruz, por 1:000$000; 1724, 21 outubro - quitação da obra do cadeiral do coro; 1725 - o mosteiro sofre um incêndio; feitura de esculturas em pedra por Braga Jacinto Vieira; 22 fevereiro - outro incêndio destrói o convento, à exceção da igreja e de um corpo dos dormitórios; 1733, 29 abril - douramento do retábulo-mor por João Nunes de Abreu e Manuel Cerqueira Mendes, de Lisboa, por 2:200$000; 1733 - feitura do retábulo do Senhor dos Passos no ante-coro e o do Senhor da Cana Verde; 1733 - 1734 - Gaspar Ferreira projeta os dormitórios; 1737 - 1738 - reparação do órgão por D. Benito Gomez de Herrera, por 4:300$000; 1738 - execução de seis retábulos da igreja, por Miguel Francisco da Silva; 1739 - execução do órgão por Manuel Bento Gomes; 1741, 08 novembro - douramento dos retábulos da nave; douramento dos caixilhos da capela-mor por Manuel Cerqueira Mendes, de Lisboa, os anjos do túmulo de Santa Mafalda e as imagens de São Bento e São Bernardo; 1743 - o mesmo doura o órgão; 10 junho - retábulo e frontal do altar de São Bento, no ante-coro, por José da Fonseca Lima por 170$000; 1744 - douramento do retábulo; séc. 18, 2ª metade - corpo S., O., refeitório, sala capitular e cozinha; 1793 - execução da urna funerária de Santa Mafalda por José Francisco de Paiva e António Faria Soares; 1781 - 1785 - datação do claustro; 1886, 3 junho - morte da última freira; 1792 - beatificação de D. Mafalda; 1890 - criação da Irmandade da Rainha Santa Mafalda para salvaguardar o espólio do mosteiro; 1897 - restauro do órgão por um padre de Viseu; séc. 19, finais - alguns trechos da muralha que limitava o Mosteiro da vila circunvizinha, desapareceram logo após a extinção da Instituição, quando se construiu a estrada que ligou o concelho de Arouca ao litoral; 1935 - o mosteiro sofre incêndio e posteriores obras de reconstrução; 1986, 13 agosto - auto de cessão parcial à Direcção Regional de Entre Douro e Minho (parte); 1990 - cedido à Câmara Municipal; 1992, 01 junho - o imóvel foi afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92; 2007, 20 dezembro - o imóvel é afeto à Direção Regional da Cultura do Norte, pela Portaria n.º 1130/2007, DR, 2.ª série, n.º 245; 2018, 23 novembro - lançamento de concurso público para a concessão do edifício ao abrigo do Programa Revive; 2019, 10 abril - a Direção-Geral do Tesouro e Finanças e a Direção Regional da Cultura do Norte assinam um contrato de concessão de parte do edifício à MS Hotels & Resorts para a construção de um hotel com 60 a 70 quartos, piscina exterior e interior e um court de padel.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante.

Materiais

Alvenaria, granito (cantarias), coberturas em tijolo, talha dourada (revestimentos decorativos), granito e madeira (pavimentos), pau-preto e castanho dourado (cadeiral)

Bibliografia

AZEVEDO, Correia de, Arte Monumental Portuguesa, Vol. 1, Porto, 1975, pp. 34 - 36; BRANDÃO, Domingos de Pinho, Obra de talha dourada, ensamblagem e pintura na cidade e na Diocese do Porto - Documentação, vols. I, II e III, Porto: Diocese do Porto, 1984 a 1986; CARVALHO, Ayres de, D. João V e a arte do seu tempo, II, 1962; COCHERIL, Dom Maur, Notes sur l'Architecture et le Décor dans les Abbayes Cisterciennes au Portugal, Paris, Fundação Calouste Gulbenkian, 1972; COCHERIL, Dom Maur, Routier des Abbayes Cisterciennes au Portugal, Paris, Fundação Calouste Gulbenkian,1986; COELHO, Maria Helena, O Mosteiro de Arouca. Do século X ao século XIII, Arouca, 1988; "Carregada" de história, Arouca honra o seu Passado, Comércio do Porto, 22 Set. 1989, pp. 7 - 8; COELHO, Maria Helena, Arouca, uma Terra, um Mosteiro, uma Santa, Arouca, 1989; DIAS, Pedro, Mosteiro de Arouca, Coimbra, 1980; História da Arte em Portugal, Vol. 9, Alfa, Lisboa, 1986; FERREIRA-ALVES, Natália Marinho, De arquitecto a entalhador. Itinerário de um artista nos séculos XVII e XVIII, in Actas do I Congresso Internacional do Barroco, vol. I, Porto, 1991, pp. 355-369; GOMES, Marques, Mosteiro de Arouca, Arte, nº 5, 1909; GONÇALVES, Nogueira, Inventário Artístico de Portugal. Distrito de Aveiro, XI, Lisboa, 1991, pp. 39 - 66; JÚNIOR, Manuel R. Simão, Mosteiro de Arouca. A Dona abadessa donatária no couto de Fráguas, Arquivo do Distrito de Aveiro, XVII, 1951, pp. 292 - 306; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1955, Lisboa, 1956; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1956, Lisboa, 1957; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério nos anos de 1957 e 1958, 1º Volume, Lisboa, 1959; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério nos Anos de 1959, 1º Volume, Lisboa, 1960; ROCHA, Manuel Joaquim Moreira da, O Mosteiro-cidade na Génese e Desenvolvimento Urbano: Uma interpretação do espaço, in: Revista da Faculdade de Letras, CIÊNCIAS E TÉCNICAS DO PATRIMÓNIO,Porto 2006-2007,I Série vol. V-VI, pp. 527-548; SMITH, Robert C., Cadeirais de Portugal, Lisboa, 1968, pp. 64 - 67, 91; VALENÇA, Manuel, A Arte Organística em Portugal, vol. I, Braga, 1990; VITORINO, Pedro, O Mosteiro de Arouca, Arquivo do Distrito de Aveiro, III, 1937, pp. 11 - 28; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/70519 [consultado em 14 outubro 2016].

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/ DSID, DGEMN/DSMN, DGEMN/REM, DGEMN/DREMCentro/DM, DGEMN/DRELisboa/DEM; IGESPAR: IPPAR

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMCentro

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMCentro; IGESPAR: IPPAR

Intervenção Realizada

DGEMN: 1936 - obras de beneficiação; 1938 - demolições e limpezas; 1943 - execução de esgoto pluvial ao longo da parede S. da capela-mor, reparação da cobertura da nave; 1944 - execução de vitrais em vidro colorido; 1945 / 1946 - execução de calçada à portuguesa junto à fachada lateral da igreja, drenagens, refechamento de juntas, impermeabilização e rebocos na capela-mor; 1948 - reconstrução das coberturas das alas O. e S. do convento e armação do mirante N., consolidação e reconstrução de paredes, execução de cornijas e frisos na ala N.; 1950 / 1954 - reconstrução de coberturas, reparação das cantarias dos vãos, colocação de novo lajedo na cozinha, construção de vigas e frechais, reconstrução do pavimentos e tectos, construção e reparação de vitrais coloridos, reconstrução de abobadilhas, reparação de caixilharia, cobertura em telha no mirante N., Sala Capitular: reassentamento dos painéis de azulejos, construção de taburnos; 1954 / 1968 - adaptação a Instituto Salesiano (conclusão do claustro a N. e O., construção das coberturas do claustro, reconstrução de coberturas, execução de escadas em diversos locais do edifício, execução de novos pavimentos, em laje de tijolo armado no corpo O. e parte do S., em soalho no corpo N. e na restante área do corpo S., consolidação de fundações); 1957 - arranjo da envolvente (ajardinamento e área de desporto para o Instituto Salesiano); 1958 - instalação do Museu nos pisos 1 (ala N. e parte da O.) e 2 (ala N.); 1961 - execução de instalação eléctrica em algumas áreas; Igreja: limpeza, impermeabilização, reboco e caiação de paramentos e abobadilhas, 1961 / 1962 - Igreja: restauro de talhas e grades; 1962 - Igreja, galeria posterior: construção de tecto em caixotões no rés-do-chão e reparação do tecto de masseira, no 2º piso, beneficiação da abóbada sobre o cadeiral, beneficiação de coberturas e fontes do claustro, Pátio Norte e fachada O. e das escadas da corpo E.; 1965 - Igreja: reconstrução da cobertura, reparação de tectos, limpeza da tela que separa o cadeiral da igreja, reconstrução e fixação de elementos soltos e restauro dos altares dos altares, restauro das guardas e balaustrada, tratamento de portas, instalação de iluminação e tomadas 1965 / 1967 - reconstrução do muro da cerca; 1967 - restauro do corpo O., 1º piso, restauro dos vitrais da fachada N. da igreja; 1968 - Igreja: restauro da imaginária, pinturas e talhas; 1969 / 1970 - arranjo do adro, execução de passeio na fachada S.; 1972 - Igreja: drenagens, beneficiação de coberturas, beneficiação das coberturas do Pátio Norte, colocação de grades nos dormitórios da fachada S., construção de portadas no Museu, colocação de lanternas e candeeiros; 1973 - construção de lajes no último pio do Museu, reparação da rede de incêndio, beneficiação de portas, janelas e grades de ferro, Instituto dos Salesianos: reconstrução de rebocos, reparação de tectos, colocação de grades de segurança; 1975 - arranjo do Parque de Arouca, reparação das coberturas orientadas a S. / O., colocação de guarda-vento na Igreja; 1976 - sondagens no Hospício Velho; 1977 - recuperação do Hospício Velho e do Pombal Velho, integrado no Parque da Vila; 1980 / 1981 / 1982 - recuperação e valorização geral, arranjo da entrada do Museu; 1982 / 1983 - restauro do órgão; IPPAR: 1996 / 1997 / 1998 / 1999 - obras de recuperação, reabilitação e valorização: restauro das coberturas, reparação de rufos e caleiros, transformação do refeitório em sala de exposições temporárias do Museu.

Observações

*1 - DOF: Mosteiro de Arouca e o túmulo de Santa Mafalda / Convento de Santa Maria e o túmulo de Santa / Convento de Santa Mafalda e o túmulo de Santa Mafalda / Museu de Arte Sacra de Arouca. *2 - está em preparação um projecto de ampliação do Museu, nas antigas celas conventuais da ala que serviu de sede à Irmandade de Santa Mafalda.

Autor e Data

Margarida Alçada 1983 / Carlos Ruão 1996

Actualização

Anouk Costa 1998
 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login