Villa Romana de São Cucufate / Ruínas do Convento de São Cucufate / Ruínas de Santiago
| IPA.00001044 |
Portugal, Beja, Vidigueira, Vila de Frades |
|
Villa romana com planta em U aberto, 2 pisos, constituindo o piso superior a zona residencial, com fachada principal porticada antecedida por terraço, acentuando a saliência dos 2 corpos laterais; fachada posterior antecedida por galeria. Integra-se no tipo das villae céltico-romanas, comum nas Gálias, Germânia e Britânia (Almeida, 1971). A S. da villa um templo formado por cella e ábside, idêntico ao de Milreu e da Quinta do Marim, outrora provavelmente ligado à villa por ala habitada ou por galeria porticada, que possivelmente também rodeava o templo. Do convento medieval resta a capela adaptada ao corpo lateral N., possívelmente das primeiras igrejas construídas na Lusitânia (Almeida, 1971). A villa romana supera em dimensões todas as "villae" romanas de Portugal, desconhecendo-se ainda a real extensão da "pars rustica", que se estenderia para S.. Ao contrário da restante arquitectura civil romana conhecida em Portugal, que se articula em torno de perístilos, esta "villa" desenvolve-se em altura, com um piso nobre suportado por galerias abobadadas e as fachadas principais porticadas flanqueadas por corpos salientes. Os paralelos mais próximos são as Villas romanas de Milreu (v. 0805020001), de Pisões (v. 0205130012) e do Rabaçal (v. 0614040006). |
|
Número IPA Antigo: PT040214040001 |
|
Registo visualizado 3914 vezes desde 27 Julho de 2011 |
|
|
|
Conjunto arquitetónico Edifício e estrutura Agrícola e florestal Villa
|
Descrição
|
Villa de planta composta por corpo rectangular central enquadrado por 2 corpos rectangulares laterais, quase simétricos, à excepção de uma ábside semicircular que remata o corpo N. do lado E.. Alguns corpos já só mostram parte das paredes, outros ainda mantêm as coberturas abobadadas rematadas por terraços. Na fachada principal, virada a NO., correspondente ao corpo central, vêem-se ainda vestígios de uma longa galeria antecedida por um patamar, que fazia a ligação com o jardim por 3 escadas, uma central, as outras duas nos topos; nas traseiras uma galeria ainda parcialmente abobadada abria, por arcadas, para um grande tanque, a "natatio", com 35 x 10m. No corpo lateral N. o corpo da capela de planta rectangular, rematada por ábside semicircular, é rasgada por portas de verga em arco quebrado e com lintel recto e por frestas rectangulares; no interior mostra 2 naves de 3 tramos, separados por 3 arcos de volta inteira sobre pilares, cobertos por 3 abóbadas de canhão transversais; ábside justaposta coberta por abóbada em concha. Do lado S. da "villa" restos de um templo romano, ainda a ela ligado por muro, constituído por "cella" quadrada e ábside com 2 nichos rasgados na parede interna *2. |
Acessos
|
Lugar de São Cucufate. Caminho de terra, desvio da EN 258 (Vidigueira - Alvito), a 1Km de Vila de Frades |
Protecção
|
Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 36 383, DG, 1.ª série, n.º 147 de 28 junho 1947 |
Enquadramento
|
Rural, na encosta do Monte de Guadalupe, implantado em área de olival, próximo de uma casa rural. O conjunto das ruínas ocupa uma extensão de 66 m., no sentido N. / S. e de 24 m. no sentido E. / O. |
Descrição Complementar
|
No interior do corpo central alinhavam-se as divisões em fiadas paralelas, divididas a meio por um corredor que estabelecia a comunicação entre a fachada principal e a posterior; as abóbadas eram paralelas ou transversais ao eixo maior do edifício. O corpo lateral S. apresentava uma diferente divisão espacial. Do 2º piso restam pavimentos em "opus signinum" de várias salas, a central octogonal; estas abriam para uma galeria de fachada. Pinturas murais da capela: motivos com figurações do sol, escudo da ordem de Santiago e anjos músicos enquadrados em caixotões, na abóbada; representação de santos em painéis rectangulares nas paredes; querubins nos tímpanos entre os arcos e a abóbada. |
Utilização Inicial
|
Agrícola e florestal: villa |
Utilização Actual
|
Cultural e recreativa: museu |
Propriedade
|
Pública: estatal |
Afectação
|
DRCAlentejo, Portaria n.º 829/2009, DR, 2.ª série, n.º 163 de 24 agosto 2009 |
Época Construção
|
Séc. 03 / 04 / 09 |
Arquitecto / Construtor / Autor
|
ARQUITETO: Nuno Bruno Soares (centro de acolhimento e interpretação); ARQUITECTO PAISAGISTA: Francisco Caldeira Cabral, filho (projecto paisagístico) |
Cronologia
|
Séc. 01 - construção de uma primeira villa, de que subsistem as termas, seguindo o modelo das residências em torno de um perístilo; séc. 03 / 04 - construção da segunda "villa" romana; séc. 09 - data provável da fundação do convento, que se terá mantido até final do séc. 12, utilizando as instalações da villa; 1254 - criação da paróquia de São Cucufate, instalada no convento e entregue ao mosteiro de São Vicente de Fora; aos cónegos agostinhos de São Vicente sucedem-se, em data desconhecida, os frades de São Bento; séc. 17 - abandono do edifício pela comunidade monástica, tendo apenas permanecido um frade eremitão; apenas a capela continuou a servir, provavelmente até ao séc. 18; 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126; 2001 - arranjo paisagístico e construção centro de acolhimento e interpretação sob projecto dos Arqs. Franscisco Caldeira Cabral e Nuno Bruno Soares; 2007, 20 dezembro - o imóvel é afeto à Direção Regional da Cultura do Alentejo, pela Portaria n.º 1130/2007, DR, 2.ª série, n.º 245; 2020, 23 dezembro - publicação da abertura do procedimento de ampliação da classificação das ruínas do antigo Convento de São Cucufate, de reclassificação para sítio de interesse nacional, com a designação de "monumento nacional", e de redenominação para Sítio Arqueológico de São Cucufate, em Anúncio n.º 281/2020, DR, 2.ª série, n.º 248. |
Dados Técnicos
|
Estrutura mista |
Materiais
|
Alvenaria de pedra e tijolo à fiada. "Opus signinum" e tijoleira em pavimentos. |
Bibliografia
|
THOMAS, Frei Leão de São, Benedictina Lusitana, Coimbra, 1644, vol. I; VIANA, Abel, Notas Históricas, Arqueológicas e Etnográficas do Baixo Alentejo in Arquivo de Beja, 1957, vol. 14; ALMEIDA, D. Fernando de, Notícia sobre a "villa" romana de S. Cucufate, Actas do II Congresso Nacional de Arqueologia, Coimbra, 1971, vol. II; ALARCÃO, J., Escavações na villa luso-romana de S. Cucufate, in Humanitas, 31 - 32, 1979 / 1980; A vila romana de S. Cucufate, in Arqueologia, nº 3, Porto, Junho 1981; CAETANO, José Palma, Vidigueira e o seu Concelho, Vidigueira, 1986; ALARCÃO, J., Arquitectura romana, in História da Arte, vol. I, Lisboa, 1987; Roman Portugal, vol. I, Warminster, 1988; ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal, Distrito de Beja, Lisboa, 1992. |
Documentação Gráfica
|
IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Fotográfica
|
IHRU: DGEMN/DSID, Arquivo Pessoal Frederico George |
Documentação Administrativa
|
IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DSARH |
Intervenção Realizada
|
DGEMN: 1975 - consolidação de coberturas, pavimentos e de paredes, reparação de portas; 1976 - reparação de alvenarias e abóbadas, assentamento de portas; 1979 - Campanha de escavações, sob orientação do Prof. Jorge Alarcão e R. Etienne, retomadas em 1981 e 1985; IPPAR: DRE: 2001 - escavações arqueológicas, projecto de arranjos exteriores, arranjo paisagístico e construção centro de acolhimento e interpretação. |
Observações
|
1 - *DOF... Ruínas de Santiago, junto à Vila de Frades; *2 - entre o material arqueológico destacam-se objectos cerâmicos, vidraria, metais e moedas de prata e cobre; de assinalar uma estatueta de bronze maciça, representando um imperador togado e coroado de louros, uma árula e um túmulo de mármore tardio; a não existência de sistema de aquecimento sugere a utilização da "villa" apenas durante a época das colheitas (Almeida, 1971). |
Autor e Data
|
Isabel Mendonça 1993 |
Actualização
|
|
|
|
|
|
| |