Quinta do Marquês / Quinta do Senhor da Serra / Quinta dos Marqueses de Belas / Quinta dos Senhores de Belas / Quinta Grande / Quinta dos Condes de Pombeiro

IPA.00010444
Portugal, Lisboa, Sintra, União das freguesias de Queluz e Belas
 
Arquitectura recreativa. Quinta de caracterização estilística manuelina, renascentista e barroca. Quinta de recreio com funções marcadamente recreativas, associada a habitação e contendo palácio, edifícios de apoio, jardins, pátios e mata. Apresenta elementos arquitectónicos destinados ao lazer ou ornamentação como bancos, conversadeiras, muros de suporte onde se inserem alegretes e jogos de água com caleiras e tanque de rega. A quinta encerra e si a memória de várias épocas da história. A mais antiga é Anta da Pedra de Mouros, pertencente ao conjunto da Estação neolítica do Monte Abraão, considerada, pelo menos desde o séc. 19, uma das mais antigas da Península Ibérica; O palácio e os seus jardins transparecem as atitudes fortes que levaram ao seu percurso no tempo, por um lado na sobreposição de intervenções e por outro na persistência de uma unidade. A vegetação é também muito marcante como é o caso dos 16 plátanos centenários da alameda junto ao palácio, das alamedas de Buxos em porte de árvore e formando um túnel com mais de três metros de altura, do Teixo secular (Taxus baccata var fastigiata) e da mata primitiva circundante da capela. A presença régia está ainda fortemente assinalada pelo grandioso Oblisco dos "Regentes". Todos estes elementos fazem da quinta do Senhor da Serra uma peça fundamental da paisagem humanizada em Portugal.
Número IPA Antigo: PT031111040214
 
Registo visualizado 547 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura        

Descrição

Parcialmente murada, apresenta três zonas distintas, uma zona plana, uma mais acidentada e um planalto. A zona plana é atravessada pelo rio Jamor e pela ribeira de Belas e corresponde à zona de vale, entre a antiga estrada real e uma elevação calcária pouco elevada mas muito inclinada. Junto ao aglomerado urbano, no ponto mais alto da várzea localiza-se o palácio e os respectivos jardins. A N. do palácio (v. PT031111040018) situa-se a zona de jardim mais antiga, medieval, existindo actualmente, apenas um chafariz renascentista com taça alinhado com a porta e corredor do palácio. A sul fica o jardim assimétrico de buxo talhado formando canteiros irregulares em volta de um canteiro central circular com uma peça de água ao centro. Alguns dos canteiros contém espécies herbáceas, como as salvias, e outros, árvores exóticas. No ponto de estrangulamento do vale, numa das alamedas principais da quinta encontra-se o "Oblisco dos Regentes". Este monumento tem uma forma piramidal com 9m de altura assente sobre três degraus e acima da inscrição evocativa da visita dos príncipes regentes está uma escultura que representa a Fama e, antes de ser vandalizada, tinha na mão um escudo com as figuras de D. João e D. Carlota. A pirâmide é interceptada a meio por uma pedra que tem em cada uma das quatro faces uma inicial "j", "C", "A", "M", que correspondem aos nomes dos dois príncipes regentes e dos seus dois filhos mais velhos. Sobre o Oblisco passa o viaduto da CREL que absorve a escala do monumento. A várzea é rematada por uma encosta com mata, ainda representativa da floresta primitiva, de grande riqueza florística onde surgem caminhos estreitos e sinuosos. Um destes conduz a uma clareira com uma mina de água onde se inicia a Via Sacra, numa escadaria de pedra em que se situam espaçados nichos com bancos laterais. Quase no topo da colina aparece a capela do Senhor da Serra, vandalizada e em acentuado estado de degradação. No cimo do planalto, de onde se obtém uma vista global sobre o vale, situa-se a Anta da Pedra de Mouros. A apenas alguns metros, mesmo no limite da propriedade, iniciam-se as construções urbanas. Numa zona plana, afastada do Palácio e com saída para a vila, localiza-se o centro equestre e um conjunto de construções remodeladas e adaptadas à realização de eventos sociais e desportivos.

Acessos

Praça 5 de Outubro, Belas. EN 117 e EN 250. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,774646, long.: -9,262693

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 32 973, DG, 1.ª série, n.º 175 de 18 agosto 1943 *1

Enquadramento

A quinta está sujeita a uma grande pressão imobiliária visual e auditiva travada fisicamente pelos muros que a limitam; A propriedade é atravessada em altura pela CREL.

Descrição Complementar

"Um dos palácios senhoriais cuja antiguidade data quasi dos primeiros tempos da nossa nacionalidade, onde as belezas naturais melhor sabem realçar as da arte e onde as espessuras das suas copadas alamedas se acostumaram, desde há muito, a hospedar personagens das mais ilustres da nossa história" (PIMENTEL 1940:1)

Utilização Inicial

Residencial: quinta

Utilização Actual

Desportiva: centro equestre / Comercial: espaço de eventos / Devoluto

Propriedade

Privada: pessoa colectiva

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 14 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Escultor Joaquim Barros Laborão - autor do "Oblisco dos Regentes"; Escultor Machado de Castro - possível autor do altar da capela do Senhor da Serra; Policarpo de Oliveira Bernardes - autor dos azulejos da capela; Arq. Raul Lino - Projecto de recuperação do palácio; Arq Paisg João Cerejeira - projecto de recuperação da quinta.

Cronologia

1318 - a quinta pertence a Gonçalo Anes Roberto, o Franco; 1334 - é adquirida por Diogo Lopes Pacheco*2; após 1357 (morte de D. Afonso IV) -a quinta é expropriada em benefício da coroa e D Pedro I manda reconstruir e ampliar o palácio; Entre 1367 / 1383 (reinado de D. Fernando) - a quinta é devolvida a Digo Lopes Pacheco; 1398 (reinado de D. João I) - a quinta é novamente confiscada, acusando Pacheco de traição a favor dos Castelhanos, sendo oferecida a Gonçalo Peres; 1412 - D. João I compra a quinta a Maria Anes, viúva de Gonçalo Peres ficando a pertencer aos infantes de Avis; 1424 - D. João I doa a quinta ao seu filho D. João, condestável do reino; 1442 - a propriedade é herdada por D. Brites, filha de D. João, que restaura a residência e constrói a a capela; 1505 - morre D. Brites doando a quinta a D. Rodrigo Afonso de Autoguia; séc. 17 - D Maria da Silva de Atouguia casa com D. Pedro de Castelo Branco, primeiro Conde do Pombeiro que modifica o palácio; 1735 - construção da via sacra; 1745 - construção da capela do Senhor da Serra; 1795 - ergue-se o Oblisco dos Regentes, em honre do príncipe regente D. João (mais tarde D João IV), aquando da sua visita a Belas com D. Carlota Joaquina; 1834 - toma posse D. José de Castello Branco Correa e Cunha de Vasconcelos e Sousa, 14º Senhor de Belas e o último Marquês de Belas titular da propriedade; 1860 - plantação das alamedas de Buxo; 1878 - adquirida em hasta pública por D. Virgínia do Amparo Ferreira de Almeida e seu marido, Dr. José Borges de Almeida, por 30 contos de reis; 1910 - por decreto de 16 de Julho são classificadas como monumentos nacionais as construções dolménicas dos arredores de Lisboa, entre as quais a anta da Pedra de Mouros, na propriedade; 1942 - é adquirida por Júlio Martins, avô do actual proprietário, que recupera o palácio; 1943 - a quinta á classificada como monumento de interesse público; 1975/ 76 - a quinta é ocupada e a capela do Senhor da Serra é saqueada.

Dados Técnicos

A água utilizada na quinta provém de uma mina sendo hoje canalizada em tubos. Existe também um furo feito para responder às épocas mais secas do ano.

Materiais

Material Vegetal: Plátano (Platanus hybrida), Buxo (Buxus semperviriens), Teixo (Taxus bacata), Buganvília (Bouganvilea glabra), Castanheiro-da-índia (Aesculus hippoastanum), Magnólia (Magnolia grandiflora), Lagestroemia (Lagestroemia Indica), Cica (Cyca revoluta), Carvalho cerquinho (Quercus faginea), Carrasco (Quercus coccifera), Medronheiro (Arbutus unedo), Aderno de folhas largas (Philyrea latifolia), Aroeira (Pistacia lentiscus), Folhado (Nerium Oleander), Pilriteiro (Crataegus monogyna), Sanguinho das sebes (Rhamnus alaternus); Inertes: alvenaria e calcário.

Bibliografia

ÁGORA - Património em Revista, n.º 8 / Maio 2004, Gestão e Recuperação dos Espaços Verdes ( Provas de Aptidão profissional), ed. Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra, Sintra, 2004

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; Sociedade Agrícola e Abastecedora Sagrial

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; Sociedade Agrícola e Abastecedora Sagrial

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID; Sociedade Agrícola e Abastecedora Sagrial

Intervenção Realizada

Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra: 1993 - intervenção na fonte do jardim, com limpeza, aplicação de pasta celulósica com hipoclorito, remoção da película de calcário, preenchimento de fissuras, consolidação de uma peça partida, preenchimento de juntas; intervenção no arco em ogiva do alçado E., com limpeza, preenchimento de juntas e lacunas; intervenção no obelisco comemorativo, com limpeza dos líquenes e crostas negras, colocação de pasta celulósica com hipoclorito, colagem de fragmentos, remoção e preenchimento das juntas com cal e areia, colocação de biocida; intervenção nos frescos da sala do piso inferior, representando as Quatro Estações e uma Paisagem, com remoção de pregos e da camada de cal que os cobria, limpeza com água e bicarbonato de amónio, consolidação do intónaco, preenchimento de lacunas com betume celuloso para nivelamento, reintegração cromática a aguarela; 2002 / 2003 - no âmbito de provas de aptidão profissional, realizadas pelos alunos Sérgio Montez e Catarina Fachadas, (que decorreram nos espaços envolventes ao Antigo Paço Real, tais como: antigo terreiro (actualmente calcetado), jardim formal de buxo, conjunto de cinco floreiras. A intervenção consistiu na monda e preparação do solo dos canteiros; plantação de arbustos e espécies diversas; podas de correcção em todas as bancadas de buxo, de árvores e arbustos; limpeza do lago e dos caminhos e substituição total do conteúdo das floreiras com novas plantações. Plantação de sebes como barreiras visuais e sonoras à construção urbana; rentabilização da quinta com actividades acessível público.

Observações

*1 - DOF: Quinta do Marquês, em Belas, incluindo o palácio e ainda uma capela abobadada, duas fontes decorativas, um obelisco erguido a D. João VI e a capela do Senhor da Serra, existentes nos jardins da mesma quinta. *2 - Um dos assassinos de D. Inês de Castro

Autor e Data

Pereira de Lima 2004

Actualização

 
 
 
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