Posto de Depuração de Ostras do Tejo

IPA.00010468
Portugal, Setúbal, Moita, União das freguesias de Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos
 
Arquitectura piscatória, modernista, "déco", vernacular. O conjunto das edificações obedece a tipologias rudimentares da via funcionalista, recorrendo a estrutura do betão armado na construção baseada na combinação do ferro com o cimento como forma arquitectónica, em expressão plástica tendencialmente geometrizante; o conjunto agrupa volumes paralelepipédicos, onde realçam as faixas de fenestração contínua, as coberturas em laje ou em telhado duplo escalonado (para ventilação eficaz), os vastos espaços interiores livres de pilares, com envidraçados iluminantes; destaca-se do conjunto o volume torreado cilíndrico com ornamentação de elementos de arquitectura vernácula, testemunhada também nas coberturas exteriores de telhados à portuguesa, de várias águas com beiral, na residência do encarregado. A casa de habitação é do tipo "casa portuguesa" característica de "um habitar português", ostentando forte ruralismo, em linguagem severa, geométrica.
Número IPA Antigo: PT031506040022
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Criação e exploração animal  Viveiro    

Descrição

Conjunto de edificações, diversificadas pela função, composto por: 1) poço do chupador, 2) casa das bombas de aspiração, que se situam-se na praia ou em comunicação directa com ela, 3) dois depósitos de água clorinizada, 4) casa das bombas de compressão, 5) torre com depósito de água doce, 6) pavilhão dos tanques de depuração, 7) poço de água potável, 8), 9) e 10) laboratório, administração e instalações sanitárias, 11) armazém, 12) tanques de desinfecções de vasilhame, 13) fossa e 14) casa de residência do encarregado. A CASA DAS BOMBAS é de planta quadrangular; no INTERIOR tem duas bombas e os respectivos comandos, e o doseador do soluto esterilizante construído segundo o modelo de Brunau Varilla, com forma de reservatório de fibrocimento, com capacidade para 100 litros, encontrando-se embutido na espessura da parede frontal da casa; tem um reservatório de água com sistema autoclismo, tubagem e válvulas. Os DEPÓSITOS são dois de planta circular, simples, regular, sem coincidência exterior / interior, cobertos por cúpula de calota; formam dois cilindros que se comunicam por um sistema de vasos comunicantes, têm a capacidade de 300 metros cúbicos cada, apresentam cada um deles um medidor com uma escala graduada em toneladas; o INTERIOR é diversificado desenvolvendo-se em cave e piso; a cobertura da cave é de laje de fibrocimento apoiada em vigas e pilastras. A TORRE é de planta circular, simples, regular, a cobertura é em telhado cónico; tem forma cilíndrica, comportando no topo um depósito para água doce e, na base, as bombas compressoras, eléctricas, e respectivos comandos. O PAVILHÃO DOS TANQUES é de planta rectangular, simples, regular, coberto por telhado de placas onduladas de duas águas, assente nas pilastras que dividem em panos as fachadas maiores, deixando aberturas de arejamento ao longo delas; tem duas portas uma para a entrada dos contentores das ostras não tratadas, outra para saída dos contentores de ostras tratadas; INTERIOR de espaço único, com 5 tanques em cimento de planta rectangular de fundo em plano inclinado, descendo da cabeceira de admissão para a cabeceira de esgoto; na primeira há uma caleira, onde abre o tubo que transporta a água vinda dos depósitos e, acima desta, há um reservatório em fibrocimento para o hipossulfito, com a capacidade de 30 litros; no murete da caleira, há duas aberturas e respectivas tampas, por onde passa a água que vai limpar o fundo dos tanques; na outra cabeceira há outra caleira onde abre o tubo que conduz ao colector comum dos tanques; a meio do pavimento de cada tanque há uma ou duas réguas de cimento, com 15 centímetros de altura onde assenta uma das extremidades dos estrados de ripa de madeira em que se dispõem as ostras, assentando a outra extremidade num ressalto existente nas paredes laterais. O ARMAZÉM é de planta em L, composta por dois rectângulos, regular, sendo os volumes articulados em justaposição com horizontalidade, apresenta cobertura de telhados de 3 águas e laje; o INTERIOR é de espaço diferenciado, constando de 3 compartimentos: vestíbulo de entrada e 2 casas de arrecadação. O BLOCO ADMINISTRATIVO é de planta poligonal, composta de forma irregular por diversos rectângulos articulados em adossamento; o INTERIOR é de espaço diversificado, constituído pelo pedilúvio à entrada, laboratório, sala de administração e sanitários. A RESIDÊNCIA do encarregado é de planta poligonal, composta por rectângulos, irregular, de volumes articulados em justaposição, com disposição na horizontal, cobertura em telhados de 4 e 2 águas; INTERIOR diferenciado, com 5 compartimentos e uma garagem.

Acessos

Lugar do Rosário, a 3,5Km da vila da Moita.

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Rural, isolado, destacado, junto à praia do Rosário, na margem esquerda do rio Tejo, frente à base aeronaval do Montijo.

Descrição Complementar

Apresenta uma zona de horta e pomar com várias árvores de fruto que se desenvolvem na imediação da casa de habitação.

Utilização Inicial

Criação e exploração animal: viveiro

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

1925, 15 de Janeiro - O mau aproveitamento dos recursos naturais aliado ao aumento do volume de esgotos domésticos derramados no rio Tejo, leva à proibição da apanha de ostras em grande extensão das margem do rio; 1951 - foram tomadas disposições legais para o colmatar das dificuldades criadas pela poluição das águas no que dizia respeito às ostras, tendo sido proposta a criação de um posto de depuração para salubrização das ostras destinadas a consumo interno; os projectos das instalações deveriam ser aprovadas pela Direcção-Geral da Marinha, depois de ouvida a Direcção-Geral da Saúde, competindo ao Ministério da Marinha a solução final; 1954, 7 de Fevereiro - inauguração do Posto de Depuração de Ostras do Tejo, na Moita, em edifício construído para o efeito; 1954,11 de Maio - é estabelecida a obrigatoriedade de depurar naquele posto ou em outros que viessem a ser construídos as ostras provenientes dos bancos do Tejo e do Sado e de outros considerados insalubres; 1960 - 1970, décadas de - agrava-se a poluição das águas decorrente da expansão industrial nas regiões do Tejo e Sado, o que originou perda de qualidade das ostras portuguesas, com retraimento do seu consumo; 1972 - é decretado extinto o Posto Depuração de Ostras do Tejo; 2001 - estabelecido um acordo de desenvolvimento conjunto de um projecto na área do ambiente, com a participação da Câmara Municipal e do gabinete do secretário de Estado, em colaboração com o Ministério do Ambiente e Ordenamento do Território, que visa o aproveitamento do edifício para reutilização a definir futuramente, na sequência do Pró-Tejo - Programa de Valorização da Zona Ribeirinha.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes, estrutura mista

Materiais

Alvenaria: tijolo; betão: armado, laje, betonilha; cerâmica: tijolo, tijoleira, ladrilho cerâmico, azulejo industrial, azulejo tradicional, telha vermelha; vidro: simples; metal: ferro; madeira; pedra: calcário.

Bibliografia

VILELA, Herculano, As ostras no consumo e na economia nacional, Boletim da Pesca, Ano XI, n.º 43, Lisboa, Junho, 1954; IDEM, A Respeito de Ostras, Biologia - Exploração - Salubridade, Revista da Secretaria de Estado das Pescas Notas e Estudos, Série Recursos e Ambiente Aquáticos, Lisboa, Dezembro, 1975; Moita Municipal - Boletim Informativo da Câmara Municipal da Moita, n.º 16, III série, Março / Abril, 2001 e n.º 18, III série, Julho / Agosto, 2001.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; Posto de Setúbal, Instituto de Investigação das Pescas e do Mar (arquivo documental)

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; BAFCG: CFT003.6461-6468; Posto de Setúbal, Instituto de Investigação das Pescas e do Mar (arquivo documental)

Documentação Administrativa

Portaria 13677 de 15 de Setembro de 1951; Lei n.º 39644/54 de 11 de Maio; Lei n.º 413/72 de 26 de Outubro; Lei 446/72 de 10 de Novembro.

Intervenção Realizada

Séc. 20 - modificação da estrutura do pavilhão que fora primitivamente construída em forma de alpendre, tendo-se fechado o seu espaço construindo paredes e modificando-se a cobertura exterior que era de início em chapas de fibrocimento, apoiada sobre os pilares.

Observações

Autor e Data

Albertina Belo 2001

Actualização

 
 
 
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