Chafariz de Dentro / Chafariz dos Cavalos
| IPA.00010670 |
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santa Maria Maior |
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Arquitectura infraestrutural, seiscentista. Chafariz urbano, de espaldar simples, rectangular e comprido, rematado por cornija, flanqueado por pilastras toscanas, com tanque também rectangular, pouco profundo, de bordos simples, flanqueado por dois tanques baixos, com o mesmo tipo de plantas e bordos, estes ostentando bicas esféricas; possui, réguas de ferro para sustentação do vasilhame. |
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Número IPA Antigo: PT031106470661 |
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Registo visualizado 2054 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Estrutura Hidráulica de elevação, extração e distribuição Chafariz / Fonte Chafariz / Fonte Tipo espaldar
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Descrição
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Chafariz em cantaria de calcário lioz, em aparelho isódomo, de planta rectangular, composto por espaldar rectilíneo, definindo um extenso muro, rematado por cornija, encimada por platibanda metálica vazada, com acrotérios nos ângulos, onde surgem as inscrições incisas "CML", no do lado esquerdo, e "1872", no do lado direito. No centro do espaldar surge um silhar em cantaria, emoldurado a calcário vermelho, onde existe a seguinte inscrição incisa: "ESTE CHAFARIS MANDOV A CAMARA DESTA CIDADE REFORMAR NO ANNO DE 1622 SENDO PRESIDENTE DELLA JOAO FURTADO DE MENDONÇA DO CONSELHO DE SUA MAGESTADE", continuando na base da moldura "O QVAL SE REFORMOV COM O DINHEIRO DO REAL DAGVOA"; o silhar está flanqueado por duas janelas de arejamento, jacentes, com molduras de cantaria salientes e protegidas por grades metálicas. De menores dimensões que o espaldar, o tanque, rectangular, pouco profundo e de bordos simples, com a estrutura reforçada por gatos de ferro. Colateralmente ao tanque, regista-se a presença de dois tanques ao nível do pavimento, um de cada lado, também rectangulares, com bordos simples e com vestígios das antigas bicas, circulares; no interior, mantêm as réguas metálicas para apoio do vasilhame. No lado esquerdo do chafariz, surge, incluído no muro, um silhar emoldurado com as armas da Câmara de Lisboa e o escudo real. |
Acessos
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Largo do Chafariz de Dentro |
Protecção
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Incluído na Zona de Proteção do Castelo de São Jorge e restos das cercas de Lisboa (v. IPA.00003128) e na Zona de Proteção da Capela de Nossa Senhora dos Remédios (v. IPA.00002484) |
Enquadramento
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Urbano, adossado, implantado junto à zona ribeirinha, servindo de pano de fundo ao largo em que se implanta, pavimentado a calçada de cubos de basalto, pontuado por bancos de madeira, assentes em pés de cantaria. Encontra-se adossado a dois prédios de rendimento, que evoluem sobre ele, em quatro pisos e mansardas. Fronteiro, surge a Estação Elevatória - Museu do Fado e da Guitarra Portuguesa (v. PT031106360227) e, na proximidade, ergue-se a Capela de Nossa Senhora dos Remédios e a Igreja de Santo Estevão (v. PT031106360038). |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Hidráulica: chafariz |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: marco histórico-cultural |
Propriedade
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Pública: municipal |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 17 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido. |
Cronologia
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1280 - primeira referência documental ao chafariz, então designado como Chafariz dos Cavalos, que servia para abastecimento do Bairro piscatório de Alfama e permitindo o fornecimento de água aos barcos que acostavam à Ribeira; séc. 14 - fica encostado à muralha fernandina, no lado interior da mesma; 1373 - segundo o cronista Fernão Lopes, são retiradas, neste ano, as bicas de bronze em forma de cabeças de cavalo (das quais poderia, segundo alguns autores, advir a designação de Chafariz dos Cavalos), para que os castelhanos, que então cercavam Lisboa, as não levassem; 1494 - D. João II ordena obras no chafariz, de modo a que se repartissem as suas águas para o chafariz dos Paus ou da Praia, permitindo o abastecimento dos batéis das naves; manda que se façam dois tanques laterais, alimentados pelos sobejos do central, para os animais e para as necessidades de lavagem da população; séc. 16 - Francisco de Holanda refere que existe este chafariz, destinado aos animais, de onde lhe advirá o nome de Chafariz dos Cavalos; 1554 - o cronista Damião de Góis refere o chafariz, ainda sob a designação de Chafariz dos Cavalos, mencionando as esculturas de cavalos de cujos focinhos, em bronze, jorrava a água; 1622 - o chafariz é reformado, à custa do "real da água", por ordem do Senado da Câmara, sendo presidente João Furtado de Mendonça; séc. 18 - o painel de azulejos do Museu do Azulejo mostra um chafariz de espaldar, encimado por frontão contracurvado, rematado por pináculo de bola ou uma esfera armilar; fornecia água ao denominado Chafariz Novo ou Chafariz da Praia; 1726 - é referido no Aquilégio Medicinal como sendo de água tépida, com salitre e enxofre, sendo boa para problemas de visão; 1755, 1 Novembro - o terramoto causa alguns danos ao chafariz; 1758, 6 Abril - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo prior Joaquim Manuel de Carvalho, relativa à paróquia de São Miguel, é referido o Chafariz de Dentro, com um tanque com cerca de seis varas e com a largura de duas, flanqueado por dois mais pequenos, onde existiam quatro bicas de águas, duas em cada um; desde o terramoto até à data, a água deixou de correr; o chafariz da Praia deitava água por cinco bicas; 1837 - construção do Tanque das Lavadeiras, no Cais da Lingueta, para onde corriam os sobejos do Chafariz; 1851 - a caixa de água e mina tinham acesso por uma porta existente no Beco do Mexia, que ligava a um corredor, que se bifurcava, um deles dando acesso a uma escada, no fundo da qual existia um dispositivo que regulava o fluxo da água, que jorrava da parede do corredor geral; 1872 - campanha de obras de beneficiação e restauro; 1970 - durante sondagens destinadas ao reconhecimento geológico do traçado da linha de Metro entre o Rossio e a Madre de Deus, efectuada junto ao chafariz, foi descoberta, a 25, 80 m. de profundidade, um grande aquífero artesiano. |
Dados Técnicos
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Estrutura autoportante. |
Materiais
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Estrutura em cantaria de calcário lioz; platibanda em ferro forjado; réguas e gatos de ferro. |
Bibliografia
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GÓIS, Damião de, Descrição da Cidade de Lisboa, Évora, 1554 ; ANDRADE, José Sérgio Velloso d', Memoria sobre Chafarizes, Bicas, Fontes e Poços Públicos de Lisboa, Belém, e muitos logares do termo, Lisboa, Imprensa Silviana, 1851; ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, Vol. II, Livro 9, Lisboa, s.d. ; CASTILHO, Júlio de, A Ribeira de Lisboa, 2ª ed., Vol. 1, Lisboa, 1940 ; ALMEIDA, Fernando Moitinho de, Parecer Hidrogeológico sobre uma sondagem executada no Largo do Chafariz de Dentro para o Metropolitano de Lisboa, Separata da Revista da Faculdade de Ciências de Lisboa, 2.ª série, vol. XVII, fasc. 1, 1972, pp. 187-196; CHAVES, Luís, Chafarizes de Lisboa, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, s.d.; ALMEIDA, D. Fernando de, (dir. de), Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Vol. V, Tomo 1, Lisboa, 1973 ; PORTUGAL, Fernando e MATOS, Alfredo de, Lisboa em 1758 - Memórias Paroquiais de Lisboa, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 1974; HOLANDA, Francisco de, Da Fábrica que Falece à Cidade de Lisboa, Lisboa, 1984 (1ª ed. 1571) ; LOPES, Fernão, Crónica do Senhor Rei D. Fernando Nono destes Regnos, Porto, 1986 (ms. de c. 1436 - 1443) ; CAETANO, Joaquim de Oliveira, SILVA, José Cruz, Chafarizes de Lisboa, Lisboa, 1991 ; CALADO, Maria, FERREIRA, Vítor Matias, Lisboa : Freguesia de Santo Estevão, Lisboa, 1992 ; CAETANO, Joaquim de Oliveira, Chafarizes, Bicas e Poços, in SANTANA, Francisco, SUCENA, Eduardo, Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, 1994; HENRIQUES, Francisco da Fonseca, Aquilégio Medicinal, Lisboa, Instituto Geológico e Mineiro 1998 1.º ed. de [1726]; FLORES, Alexandre M. e CANHÃO, Carlos, Chafarizes de Lisboa, Lisboa, Edições INAPA, 1999. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID; CML |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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PROPRIETÁRIO: séc. 20 - reforço do tanque principal com gatos de ferro. |
Observações
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*1 - o nome Chafariz de Dentro surge quando é construído o Chafariz de Fora ou Chafariz da Aguada; segundo alguns autores, o primitivo nome de Chafariz dos Cavalos pode ter a ver com o facto de se destinar àqueles animais; contudo, o facto de ter possuído umas bicas em bronze, em forma de cavalo, descritas por cronistas distintos, como Fernão Lopes e Damião de Góis, pode corroborar a hipótese destas definirem o nome desta estrutura. |
Autor e Data
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Teresa Vale, Maria Ferreira e Sandra Costa 2001 / Paula Figueiredo 2007 |
Actualização
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