Igreja Paroquial de Esgueira / Igreja de Santo André
| IPA.00010727 |
Portugal, Aveiro, Aveiro, Esgueira |
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Igreja paroquial tardo-renascentista, maneirista e neoclássica, de planta poligonal composta por nave, capela-mor, torre sineira, capelas laterais e anexos. Fachada principal desenvolvida entre pilastras que suportam entablamento, constituído por frontão vincado, cujo espaço central foi reservado às insígnias papais. Coberturas diferenciadas em telhados de duas águas, aba e cúpula na torre sineira. Interior com 5 capelas, 2 à direita e 3 à esquerda. Coro alto apoiado em 3 arcos, os laterais de volta perfeita, e o central mais amplo, em asa de cesto, sustentados por mísulas e 2 colunas toscanas, tendo nos fustes benedictérios circulares. 2 pequenas pias hemisféricas do séc. 17, nas portas laterais. No sub coro, do lado do Evangelho capela baptismal. Retábulo-mor de talha do séc. 17 foi alterado no séc. 19. A soleira do arco da 1ª capela do lado da epístola é o aproveitamento de uma campa do sé. 17 que estava no pavimento da nave. |
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Número IPA Antigo: PT020105050071 |
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Registo visualizado 3397 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Igreja paroquial
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Descrição
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Planta retangular composta por nave única, capela-mor mais baixa e estreita, capelas laterais de diferentes profundidades, torre sineira, sacristias e anexos, de volumes articulados e coberturas diferenciadas em telhados de duas águas, em aba corrida, em abóbada e cúpula na torre sineira rematada por cruz. Fachadas laterais e posterior rebocadas e pintadas de branco percorridas por embasamento e principal e torre sineira totalmente revestidas a azulejo policromo de padrão; remates em friso, cornija e beiral, empenas e frontão triangular. Corpo da nave, na junção com a capela-mor, marcado por friso pintado de branco, com cruz no vértice. Fachada principal delimitada por cunhais apilastrados em cantaria aparente até 3/4 de altura, sendo o restante em alvenaria rebocada de branco; apresenta dois panos, correspondendo o da esquerda à torre sineira, e dois registos, marcados por friso em cantaria pintada de branco; o pano da nave é rasgado por portal de verga recta encimado por entablamento onde se inscreve a data de 1650 e onde se apoia nicho delimitado por pilastras toscanas, ladeados por aletas, com pináculos nos extremos e dois anjos nos cantos; no centro do nicho uma mísula saliente sustenta a imagem do orago; remate em frontão interrompido tendo no tímpano um anjo e rematado por cruz trevada. O portal encontra-se inserido entre duas pilastras com impostas salientes onde assenta arco de volta inteira formando janelão do coro alto, em vitral, tendo ao centro um anjo; remate no pano central em dupla cornija fechada por frontão triangular com as armas episcopais no tímpano; no vértice acrotério com aletas sobrepujado por cruz latina. Torre sineira de 4 registos, os três primeiros cegos e o último rasgado por sineiras nas quatro faces; o terceiro registo do lado da fachada principal apresenta mostrador de relógio; remates em friso e cornija salientes; dos restantes lados a torre é aberta por vãos diferenciados nos diversos registos. Fachadas laterais com uma porta travessa cada, sobrepostas por vãos de iluminação, que se repetem ao longo das fachadas com modinaturas diferentes. Fachada posterior de corpos articulados e rasgada por vãos diferenciados, tem encastrados na parede, junto à cimalha, vários elementos retabulares renascentistas e, junto ao embasamento, uma placa com a data de 1871. INTERIOR de nave única e capela-mor totalmente revestidas a azulejo policromo, de padrão e cercadura, e com cobertura em falsa abóbada de berço; capelas laterais rebocadas e pintadas de branco, à excepção da capela baptismal que é também totalmente revestida a azulejos iguais aos da nave e capela-mor, todas com coberturas em abóbada de berço. Pavimento em madeira e lajes de cantaria. Capelas laterais do lado da Epístola apresentam arco pleno, tendo a primeira a contar da capela-mor, uma mesa de altar onde assenta um sacrário em talha dourada composto por dois corpos com representações diversas da vida de Cristo; uma campa do séc. 17 faz de soleira; a segunda, mais baixa e estreita, tem Cristo crucificado (*1) em tamanho natural, representando o monte Gólgota; na mesa do altar guarda-se a imagem de Cristo morto; duas mísulas colocadas lateralmente e confrontando-se, suportam imaginária; a terceira tem retábulo em talha, de planta recta de três eixos divididos por colunas com nicho central maior que os laterais que são sobrepostos por tabelas, remate em friso e cornija, tendo no ático um resplendor circundado por anjinhos. Do lado do Evangelho a capela da Visitação com retábulo calcário de planta recta de três eixos e corpo de dois registos encerrando cada corpo um alto-relevo com nicho e escultura. O eixo central apresenta no primeiro registo a representação da Visitação, ladeado por São Pedro e São Roque; o segundo registo apresenta a Ressurreição ladeada por São Tiago e São Martinho; ao centro da capela uma pia baptismal com taça hexagonal de faces trabalhadas, assenta em base robusta. Entre as duas capelas, do lado do evangelho, ergue-se o púlpito de pedra assente sobre pé ornado de acantos, com guardas de madeira de balaústres torneados cujo acesso é feito por lanço de escadas adossado à parede e com corrimão igual à guarda. No sub-coro capela baptismal totalmente revestida a azulejos, tem a parede fundeira aberta por janela com vitral representando o baptismo de Cristo e ao centro pia baptismal. Dois retábulos colaterais dispostos em ângulo, em talha dourada e branca, de um eixo e dois registos separados por friso e cornija com capitéis coríntios, delimitado por colunas profusamente decoradas no primeiro e espiraladas no segundo;o retábulo do lado do Evangelho tem no primeiro registo um nicho com a imagem do orago, Santo André e o segundo um baixo relevo onde dois anjos suportam a custódia; remate em ático com tabela rectangular, disposta na horizontal, com a representação do Salvador do Mundo, ladeada de aletas e terminada por frontão interrompido com cruz ao centro; o retábulo do lado da Epístola apresenta no nicho a Virgem com o Menino, no segundo registo o nascimento de Cristo e na tabela a Assunção da Virgem. Capela-mor profunda separada por arco triunfal pleno contornado por sanefão. Retábulo principal em talha dourada e branca, de planta recta de três eixos separados por duas ordens de colunas coríntias, caneladas, com o terço de enrolamentos de acanto; eixo central tem camarim com trono de seis degraus com resplendor; eixos laterais de dois registos separados por friso e cornija com mísulas sobrepostas contendo imaginária; remate em frontão semicircular; banco decorado por cartelas, aparecendo no sotobanco as portas de acesso ao camarim. Sacrário sobre mesa de altar tipo urna. |
Acessos
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Rua General Costa Cascais; Travessa das Cavadas, Rua do Repouso. |
Protecção
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Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 740-BT/2012, DR, 2.ª série, n.º 248 de 24 dezembro 2012 |
Enquadramento
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Urbano, destacado, isolado. Fachada principal e lateral direita rodeadas por pequeno adro com pavimento em calçada à portuguesa, de pedra preta e branca, formando desenhos geométricos, limitado por pequeno muro de alvenaria com alto gradeamento fronteiro e parte da fachada lateral, sendo restante somente com pequeno muro desnivelado rasgado por várias aberturas de acesso. O cemitério rodeia o templo sendo o acesso efectuado através da fachada principal e posterior por dois grandes portões de ferro. Nas imediações da igreja ergue-se o Pelourinho (v. PT020105050004) a Casa da Câmara (v. PT020105050090) , a Casa da Cultura ou Casa da Carvoeira (v. PT020105050058) e a Capela do Espírito Santo (v. PT020105050093). |
Descrição Complementar
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Na sacristia existe uma pedra tumular com a seguinte INSCRIÇÃO: "A SPULTURA DE GREGORIO / DE BARROS D'AZE/VEDO E DE SVA / MOLHER IOANA / DA SILVEIRA NOVAIS / E DE SEVS HERDEI/ROS. 1635 ANN/OS" Escudo: partido; a primeira pala com dois quarteis de Azevedos, no 1º a águia, no 2º pala com três faixas e cada uma carregada de três estrelas; timbre, aspa com cinco estrelas. Elmo de perfil para dextra e paquife de acantos. |
Utilização Inicial
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Religiosa: igreja paroquial |
Utilização Actual
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Religiosa: igreja paroquial |
Propriedade
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Privada: Igreja Católica (Diocese de Aveiro) |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 17 / 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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CANTEIRO: Mestre Jorge Afonso. PINTOR - DOURADOR: Mateus Nunes de Oliveira (1701). |
Cronologia
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1607 - data de alvará régio, de Filipe II de Portugal, autorizando a construção de nova igreja dentro do perímetro urbano e no lugar de Eiras, ocupando casas de Pedro Fernandes e outras contíguas; 1617 - 1622 - data provável do início da construção da igreja; 1622 - data de novo alvará régio prorogando por mais 6 anos a taxa de meio real sobre vinhos e carnes, quando anteriormente a taxa era de um real, pode ser a prova de que as pbras estavam em fase de acabamento; séc. 17 - data dos azulejos, de fabrico lisbonense; séc. 17, finais do terceiro quartel - data dos retábulos; 1650 - data gravada na verga do portal principal; 1701, 15 dezembro - pagamento de 40$000 que se devia do douramento do sepulcro por Mateus Nunes de Oliveira; séc. 19 - obras realizadas: tectos estucados, aprofundamento de algumas capelas laterais, nova fachada e torre, pintura dos retábulos, renovação do pavimento (originando o desaparecimento das campas brasonadas), alargamento das janelas, alteração do retábulo principal e colaterais; 2000, 02 Junho - Despacho de abertura do processo de classificação; 2012, 18 Janeiro - anúncio nº 1081/2012, DR, 2ª série, nº 13, com a publicação do projecto de decisão relativo à classificação como MIP e à fixação da respectiva ZEP. |
Dados Técnicos
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Sistrma estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura em alvenaria, rebocada e caiada nas fachadas laterais e posterior e revestida a azulejo fachada principal e torre sineira; cantaria nos cunhais, cornijas, molduras, cruzes, retábulo, imaginária; madeira nas portas, coro-alto, retábulos, imaginária, púlpito, guarda e corrimão; pavimentos, cobertura da nave e capela lateral; ferro no gradeamento do adro, caixilhos, sinos de bronze; estuque na cobertura da capela-mor; azulejo branco, azul e amarelo no revestimento do interior; telha de aba e canudo; vidro simples nas janelas; vitrais.
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Bibliografia
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BRANDÃO, Domingos de Pinho, Obra de talha dourada, ensamblagem e pintura na cidade e na Diocese do Porto - Documentação, Porto, Diocese do Porto, 1985, vol. II; GONÇALVES, A. Nogueira, Inventário Artístico de Portugal, Distrito de Aveiro - Zona Sul, Lisboa, 1959; NEVES, Amaro, Aveiro, História e Arte, Aveiro, ADERAV, 1984, pp.195-201; VENÂNCIO, José Gonçalves, Esgueira, Aldeia Medieva, Suas Raízes e Origens, Esgueira, 1998. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: SIPA; IGESPAR: IPPAR/DRC |
Documentação Administrativa
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Paróquia |
Intervenção Realizada
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PROPRIETÁRIO: 2001 - início das obras de reparação: coberturas infraestruturas, decoração e obras de arte (talhas, azulejos); 2004 - obras de remodelação e restauro do altar-mor; 2008 - restauro dos altares colaterais de Nossa Senhora do Rosário e de Santo André. |
Observações
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Informação enviada pelo Serviço de Património Histórico e Arqueológico da CMA - Concelho e Comarca de Esgueira: "O Concelho de Esgueira era, talvez, tão antigo como a fundação da Monarchia Portugueza. Hoje Esgueira não passa de uma simples freguesia, mas tem melhorado materialmente tão ligada está com Aveiro, que bem pode considerar-se um bairro desta cidade, da qual dista (na extremidade) pouco mais de um kilometro, mas dos interiores das suas povoações a distância deverá ser de cerca de três kilometros. Segundo a opinião de Pinho Leal, «Esgueira é uma villa antiquissima e não se sabe, quando foi fundada. Já existia em 1093, quando de Portugal tomou posse o Conde D. Henrique, o qual lhe deu foral em 1110, e esse foral foi confirmado por D. Affonso IV e, 1342 e este monarcha lhe deu outro na mesma ocasião». D. Manuel lhe deu foral novo em Lisboa em 8 de Junho de 1515. As mesmas honras fez a um grande número de terras, mais ou menos importantes. O Concelho de Esgueira compreende-se unicamente de quatro freguesias: Cacia, Esgueira, Nariz e Palhaça. Foi estincto em 6 de Novembro de 1836, quando igual sorte tiveram outros muitos concelhos. Em 30 de Janeiro do anno immediato foram entregues os papeis, livros e documentos respectivos à Câmara de Aveiro a cujo concelho ficou pertencendo. As duas primeiras freguezias ficaram a pertencer ao Concelho de Aveiro, Nariz e Palhaça ao de Oliveira do Bairro. Em 1842 também ficaram a pertencer a Aveiro. Depois Palhaça tornou a ser incorporada no concelho de Oliveira do Bairro e Nariz continua a pertencer a Aveiro." - Rangel de Quadros - Aveiro, Apontamentos Avulsos colligidos em diversas epochas e principiados a ser aqui copiados em 1911, Aveiro, MCMXI. |
Autor e Data
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Cecília Matias 2009 |
Actualização
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