Quinta do Noval

IPA.00010913
Portugal, Vila Real, Alijó, União das freguesias de Vale de Mendiz, Casal de Loivos e Vilarinho de Cotas
 
Arquitectura agrícola, setecentista e oitocentista. Quinta agrícola, de encosta com produção vitivinícola, implantada em solos de xisto de declives acentuados, numa região de clima seco, apresentando diversos tipos de armação do terreno vitícola, correspondentes a diferentes épocas: vinha pré e pós-filoxérica e em patamares, com zonas de mato nas cumeadas e olival em bordadura e socalcos. Possui núcleo construído localizado em local estratégico, dominando a propriedade, e em zona sobranceira ao rio Pinhão, com construções de arquitectura vernacular articuladas por pátios e escadas, e possuindo junto, à casa do proprietário, árvore exótica de grande porte.
Número IPA Antigo: PT011701150031
 
Registo visualizado 164 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura  Agrícola e florestal  Quinta    

Descrição

Quinta implantada em monte com declives acentuados e solos cascalhentos de xisto, mais férteis nas margens do rio Pinhão. Subsistem algumas zonas de MATO nas cumeadas dos montes e OLIVAL, em bordadura e em socalcos. As VINHAS junto ao núcleo construído estão plantadas em socalcos pré-filoxéricos ( anteriores à invasão da filoxera ) com vinha nacional ( sem enxerto de americano ), baixa, podada em copa, armada sem recurso a arames. As restantes vinhas, de baixo porte, plantadas em fiadas de tamanho e número variável, conduzidas por arames sustentados por poios ( esteios ) de xisto, estão armadas em socalcos pós-filoxéricos ( construídos a partir de finais do século 19 ), de muros largos e altos de construção sólida, criando uma paisagem de desenho rectilíneo. A ligação entre os muros é feita por escadas embutidas nos muros e rampas, criando linhas oblíquas e perpendiculares na paisagem murada. Muros e caminhos são assinalados por caiação, de forma a permitir a sua identificação durante a vindima, o que particulariza a quinta da envolvente. Alguns muros, nas zonas de linhas de água, possuem canais de drenagem. Nas zonas mais elevadas e mais afastadas do núcleo construído, a vinha está armada em patamares com taludes de terra ( vinhas em terraços estreitos, com uma a duas fiadas de bardos por patamar ), ritmados por caminhos oblíquos que dão acesso às vinhas. A conexão das diversas parcelas de vinha é feita por caminhos de terra. O caminho principal de acesso ao NÚCLEO CONSTRUÍDO, calcetado, é acompanhado por uma vinha em latada, que converge para um pátio arborizado, voltado ao vale, onde sobressai um cedro centenário. Este é composto pela casa do proprietário, casa do caseiro, oficina vinária, casa do azeite e demais construções de apoio às actividades agrícolas, que se organizam de modo funcional, adaptando-se ao desnível do terreno, apresentando coberturas diferenciadas em telhados de 2, 3 e 4 águas, articulando-se através de pátios, escadas e caminhos. A CASA DO PROPRIETÁRIO tem planta quadrangular, de dois pisos, com orientação S. / N.. Da fachada principal, voltada a S., de cunhais e molduras dos vãos, sobrepostos regularmente, em cantaria, sobressai a capela, integrada ao centro, em empena truncada e com janelão oval. O interior, muito remodelado, é organizado pelo hall de entrada, no primeiro piso, e por corredor central, no segundo, destacando-se na capela o retábulo de final de oitocentos, com a imagem de São Nicolau. Contígua, situa-se a CASA DO CASEIRO, de planta irregular, adaptada ao declive do terreno, sendo a fachada S. acompanhada por escada na continuação da fachada da casa do proprietário. No pátio de cima impõe-se a OFICINA VINÁRIA, de grandes dimensões, de planta rectangular, composta por dois corpos justapostos. No primeiro, a casa dos lagares, com fachada ritmada por oito janelas e uma porta, em arco abatido e pedra de fecho saliente, realçadas por molduras de granito e tijolo. No interior conservam-se três lagares e duas lagaretas de granito, com dornachos cavados no pavimento, ligados à adega através de caleiras de granito. A adega, com ligação pelo interior através de varadim, apresenta elevado pé-direito sendo a cobertura sustentada por armação de madeira de complexo sistema construtivo. No pátio, para onde dá a casa dos lagares, para N., encontram-se dependências para animais, escritórios e a CASA DO AZEITE, todos de um piso. Nesta, conserva-se o pio de três galgas e o pavimento para circulação dos bois, uma prensa industrial fixa e alambique. No lado E., estendem-se outras dependências, como a cozinha, com grande saial sobre a lareira, e o refeitório do pessoal, ligado à cozinha pela roda embutida na parede. Em plano elevado, situa-se um edifício isolado, de planta rectangular, com pisos desnivelados, voltado a SE. / NO., de vãos em arco de volta perfeita emoldurados a granito e tijolo no 1º piso, e em arco apontado e molduras pintadas no 2º. No interior, possui a cisterna no 1º piso e os cardenhos para homens e mulheres no 2º. Em toda a quinta é possível encontrar outras construções de apoio aos trabalhos agrícolas.

Acessos

EN. 322-3, fl. 116

Protecção

Incluído no Alto Douro Vinhateiro - Região Demarcada do Douro ( v. PT011701040033 )

Enquadramento

Rural. Integrada na Região Demarcada do Douro, na sub-região do Cima Corgo, dominada por extensas e contínuas áreas de vinha, com quintas de dimensões médias a grandes, por motivos históricos e pelas suas características edafo-climáticas, com solos acidentados, de xisto, e clima seco. Implanta-se a meia-encosta do vale do rio Pinhão, estendendo-se até às suas margens, e é atravessada pela Estrada Nacional. Nas imediações dos lugares de Vale de Mendiz e Casal de Loivos, com vista privilegiada sobre a povoação de São Cristóvão do Douro.

Descrição Complementar

Foram colocados sistemas mecânicos de pisa nos lagares de cantaria ( rôbos ).

Utilização Inicial

Agrícola e florestal: quinta

Utilização Actual

Agrícola e florestal: quinta

Propriedade

Privada: pessoa colectiva

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

José Pereira de Carvalho: cisterna.

Cronologia

1715 - propriedade do Abade Francisco Alves Teixeira, por herança de seu pai Manuel Teixeira, de São Cristóvão; 1762 - adquirida por Nicolau Francisco Guimarães, deputado da Companhia Velha; 1862 - o capitão José Peixoto de Magalhães vende a quinta a José Maria Rebello Valente, que dá início à construção da actual casa, do armazém e outras dependências, além de novas plantações; 1894 / 1896 - adquirida por António José da Silva Júnior, que procedeu a uma nova reconstrução da vinha, muito arruinada pela filoxera; 1900 / 1910 - construção da cisterna, de modo a recolher a água das chuvas de várias minas situadas nas zonas mais altas da propriedade; 1930 / 1940, década - construção dos socalcos junto à estrada; 1960 / 1970, décadas - desactivação do lagar de azeite tradicional; 1970, década - construção dos socalcos junto à casa; 1980, década - destruição do arquivo da quinta por incêndio; 1988 - anexação, por compra, da Quinta das Canadas; 1993 - adquirida por Axa Milésimes.

Dados Técnicos

Paisagem: terraceamento da área agrícola através de muros de xistos e de taludes de terra. Núcleo construído: sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Paisagem - inertes: xisto aparelhado, xisto metido a cutelo e taludes de terra; vivos: vinha, árvores de fruto, oliveiras, cedros, vegetação arbórea-arbustiva ( cornalheira, urze, esteva, etc. ). Núcleo construído: xisto aparelhado, contrafortados nas zonas de maior tensão por blocos de granito, e cimento armado; rebocos interiores e exteriores de cal; coberturas de telha portuguesa de barro, sobre armação de asnas de madeira, molduras pintadas, de granito e tijolo, embasamentos pintados, caixilharias de madeira pintada, retábulo de talha.

Bibliografia

BIANCHI DE AGUIAR, Fernando ( Dir. ), Candidatura do Alto Douro Vinhateiro a Património Mundial, Vila Real, 2000; CARVALHO, Manuel, Guia do Douro e do Vinho do Porto, Porto, 1995; LIDELL, Alex, PRICE, Janet, As Quintas do Vinho do Porto, Lisboa, 1995; MONTEIRO, Manuel, O Douro, Porto, 1911.

Documentação Gráfica

CD: Arquivo Cadastral; CEVRD: Arquivo Cadastral

Documentação Fotográfica

IVP: Arquivo Fotográfico; IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IVP: Arquivo Cadastral; CMA: Arquivo do Registo Predial

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

Natália Fauvrelle e Manuel Graça 2001

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login