Ermida de Mãe de Deus
| IPA.00010923 |
Portugal, Ilha de São Miguel (Açores), Ponta Delgada, Ponta Delgada (São Pedro) |
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Arquitetura religiosa, do séc. 20, revivalista neo-barroca. Ermida de construção novecentista, de planta retangular simples, iluminada uniformemente por janelas retilíneas rasgadas nas fachadas laterais e com profusão de vãos na principal e posterior. Fachada principal rematada em espaldar recortado e rasgada por vãos em eixo composto por portal e óculo de perfis lobulados. No lado esquerdo, torre sineira de dois registos, com ventanas de volta perfeita no superior, rematada por balaustrada. Fachadas flanqueadas por cunhais apilastrados, firmados por pináculos, e rematadas em frisos e cornijas, a lateral direita com porta travessa de verga reta, surgindo uma segunda de ligação à sacristia. Segue um estilo neo-barroco tardio, visível na profusão de elementos decorativos que envolvem os vãos, na diferença de perfis, com o recurso aos lóbulos, às cornijas contracurvas, de influência borromínica, ao grande número de brincos, em forma de pingentes, aos falsos aventais e espaldares, todos eles recortados. O friso curvo que envolve o janelão e que divide o corpo do espaldar remete para esquemas do Estado Novo, com inscrição alusiva ao orago. |
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Número IPA Antigo: PT072103170046 |
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Registo visualizado 991 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Capela / Ermida
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Descrição
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Planta poligonal composta por nave, com torre sineira no lado esquerdo, de volumes articulados e escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por socos em cantaria, flanqueadas por cunhais apilastrados, firmados por fogaréus, sobre altos plintos paralelepipédicos com tabuleiro, e rematadas em frisos e cornijas. Fachada principal virada a O., rematada em empena recortada e ornada por volutas, encimada por cornija e com cruz latina sobre duplos plintos no vértice. É rasgada por portal em arco polilobado com molduras múltiplas, flanqueado por duas ordens de pilastras e por duas colunas embebidas na parede, de fustes lisos, encimadas por frisos, estando todas assentes em plintos paralelepipédicos, as inferiores sustentando fragmentos de frontão, e as superiores com cornija angular, que se prolonga até aos cunhais, e pináculos do tipo balaústre; entre o portal e a cornija, surge pequeno espaldar curvo contendo o escudo português. Sobre a cornija, óculo quadrilobulado, envolvido por moldura de concheados e volutas, envolvido por friso em volta perfeita, contendo motivos entrelaçados e inscrição, assente em lacrimais e encimado por cartela volutada e encimada por concheado, contendo as iniciais "AM". No lado esquerdo e levemente recuada, a torre sineira, de dois registos definidos por frisos e cornijas, o inferior com janelas nas faces frontal e lateral, a primeira retilínea e com moldura recortada, formando falsos brincos e avental inferiores, encimada por frisos, cornija e elemento volutado; o vão da face lateral é de perfil lobulado com moldura recortada, cujas volutas emergem no friso divisório dos registos. No topo, ventanas trilobuladas, com molduras recortadas e prolongando-se em falsos brincos e aventais. A estrutura remata em balaustrada com pináculos do tipo balaústre nos ângulos, sobre plintos paralelepipédicos de faces almofadadas. As fachadas laterais são semelhantes, rasgadas por duas janelas retilíneas com molduras salientes e ladeadas por volutas, sobrepujadas por cornija, pináculos e volutas centrais interrompidas. Assentam em cornija e avental recortado e decorado por volutas, vieiras e pingente central. Ao centro, corpo saliente, decorado por cartela anepígrafa, de moldura recortada e volutada, rematando em friso, cornija e espaldar recortado decorado por enrolamentos, cartela com as iniciais "AM" e pequena cruz no vértice; o espaldar está ladeado por pináculos do tipo balaústre. A lateral direita possui, ainda, duas portas, uma simples e de verga reta, sendo a do extremo esquerdo rematada por frisos, cornija e espaldar recortado e ornado por volutas, flores-de-lis e concheados, ladeada por pináculos embebidos no muro. A fachada posterior forma uma barriga, dividida em três panos por frisos verticais, o central marcado por painel retilíneo, contracurvado superiormente, ladeado por duas ordens de janelas, as inferiores retilíneas e de moldura simples, sendo as superiores trilobuladas, com moldura recortada, que se prolonga inferiormente formando falsos brincos com lacrimais e avental, rematada em cornija contracurva de inspiração borromínica. |
Acessos
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Ponta Delgada (São Pedro); Ladeira da Mãe de Deus. WGS84 (graus decimais) lat.: 37,743873; long.:-25,660772 |
Protecção
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Inexistente |
Enquadramento
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Urbano, isolado, implantado a meia encosta, em plataforma elevada, sobre o antigo Forte da Mãe de Deus, com muros rebocados e pintados e acesso frontal por escadas em cantaria de basalto, de dois lanços, flanqueadas por guardas plenas, rebocadas e pintadas de branco, capeadas a cantaria, tendo, no topo, pilares facetados, assentes em duas ordens de plintos, a superior com as faces almofadadas, rematando em bolas. O recinto encontra-se relvado e pontuado por árvores. Nas imediações, situa-se a Universidade dos Açores. |
Descrição Complementar
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No friso curvo da fachada principal, existe a inscrição relevada "MATER . DEI" e no remate a data de "1776". No meio da ermida existe uma campa com a data "1781". No lanço da escada que acede ao adro, pelo lado N., há uma inscrição do padre Mestre João José de Amaral que recorda a construção do forte e a sua destruição. |
Utilização Inicial
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Religiosa: ermida |
Utilização Actual
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Religiosa: ermida |
Propriedade
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Privada: Igreja Católica (Diocese de Angra) |
Afectação
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Sem afetação |
Época Construção
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Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITETO: Norberto Correia (1925). ENTALHADORES: António Dias (1789); António Pacheco (1815); Francisco Duarte (1818); José de Arruda (1819); José de Fontes (1789); Pedro de Arruda (1819). PINTOR-DOURADOR: Mestre José Joaquim (1789). PEDREIRO: Nicolau Fernandes (1533-1545). |
Cronologia
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1533 - 1545 - construção da primitiva ermida, por iniciativa de um morador local, Diogo Afonso da Costa Columbreiro / Cogumbreiro, no local do Forte da Mãe de Deus, então desativado, sendo a obra já concluída por sua mulher, Branca Rodrigues; Nicolau Fernandes faz a abóbada e lavra a pedra; 1567, 15 julho - Constança Rodrigues Ferreira, mulher do escudeiro Henrique Correia, deixa em testamento, feito pelo tabelião Francisco Afonso, $040 para as obras da ermida; 1716 - feitura dos retábulos de São Lourenço e São Bento, por devoção de António Borges do Canto e Medeiros; 1691 - 1703 - os condes da Ribeira Grande, D. José Rodrigues da Câmara e sua mulher, Constança Emília de Rohan, estadiam em São Miguel e mandam fazer o altar-mor de talha dourada, com a Mãe de Deus, Jesus e São José; 1777, anterior - reconstrução da ermida por Nicolau Maria Raposo de Amaral, Cavaleiro Professo da Ordem de Cristo; neste ano recebe autorização do Bispo de Angra, D. João Marcelino dos Santos Homem Aparício, para construir na ermida sepultura para si e para os seus descendentes; 1779, 15 agosto - escritura de Nicolau Maria Raposo e sua esposa D. Isabel Jacinta da Silveira doando à fábrica da ermida 10 alqueires de trigo de foro anual, na condição de nela construírem um jazigo para serem sepultados; 1785 - 1839 - Livro de contas com despesas da reconstrução da ermida; 1789 - 1791 - pagamento de 12$000 por 32 paus de cedro para a feitura do retábulo do Senhor dos Navegantes, 1$460 com os serradores, 23$120 ao mestre José de Fontes pela feitura do retábulo do Senhor dos Navegantes (a 68 dias a $340), e 9$520 ao mestre António Dias por ajudar durante 28 dias; 1789 - pintura e douramento do retábulo do Senhor dos Navegantes pelo mestre José Joaquim por 118$393; 1807 - compra de um diadema para um resplendor da figura de São Pedro, do retábulo do Senhor dos Navegantes, por 3$050; 1813 - raio atinge a ermida, provocando alguns estragos; 1814 - festeja-se na ermida a expulsão dos franceses de Portugal, "tendo a sua frente sido ornada com uma iluminação que constava de mil lumes, enriquecida de belos quadros, primorosas pinturas feitas com todo o engenho e arte, curiosa aplicação por um Cavalheiro da terra que as figurou e ofereceu gratuitamente, - Ali se via o Retrato do Príncipe Regente Nosso Senhor, as três Potências; a Águia ferida e abrasada de um raio que lhe derribou a coroa"; 1818 - Francisco Duarte trabalha na igreja como entalhador; 1820 - o Governador militar, Sebastião José de Arriaga Brum (1813-1821), manda fortificar o alto, segundo o plano do engenheiro Francisco Borges da Silva, tapando a vista para a cidade, para a costa e para o mar; 1825 - 1826 - o Governador militar José Teixeira Homem de Brederode (1823-1828), ajudado por uma subscrição de particulares, manda remover as fortificações e reduzir a passeio o montículo; 1915 - demolição da ermida porque, com o decorrer da 1ª Guerra Mundial, temia-se que fosse bombardeada por submarinos alemães; alguns dos azulejos da fachada são recolhidos pelo Dr. Luís Bernardo Leite de Ataíde e guardados no Museu de Ponta Delgada; 1919, 27 dezembro - o Dr. Luís Bernardo Leite de Ataíde arremata os restantes azulejos por 65$000, dando-os ao Sr. Aristides Moreira da Mota, dono da Ermida dos Remédios da Lagoa, onde ficaram; 1925 - várias devotas micaelenses formulam um voto para edificar a ermida de novo; 25 março - lançamento da primeira pedra da atual ermida, no local do primitivo templo, depois de um grande cortejo saído da Igreja de São Pedro, acompanhado de uma missa campal, celebrada pelo vigário Herculano Augusto de Medeiros, seguida de um sermão pelo padre das Furnas, José Jacinto Botelho, das Furnas; a ermida segue um projeto do arquiteto Norberto Correia; 1942 - apesar da obra ainda estar incompleta, a ermida é ocupada por tropas portuguesas, para facilitar a vigia do porto da cidade, durante a 2ª Guerra Mundial; 1947, 25 março - conclusão da obra da ermida, que é entregue à Autoridade Eclesiástica e benzida pelo Ouvidor padre José Gomes. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura em alvenaria, rebocada e pintada; modinaturas, elementos decorativos exteriores, pináculos, colunas, cornijas, balaústres, socos em cantaria de basalto; portas de madeira; janelas com vidro simples; coberturas exteriores em telha cerâmica. |
Bibliografia
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AFONSO, Carlos Falcão - Ponta Delgada, Vandalismo ou Desenvolvimento?. Ponta Delgada: Câmara Municipal de Ponta Delgada, 2007; ATAÍDE, Luís Bernardo Leite de - Etnografia Arte e Vida Antiga dos Açores. S.l.: Presidência do Governo; Direcção Regional da Cultura, 2011, vol. 2; COSTA, Carreiro da - História das Igrejas e Ermidas dos Açores; Ponta Delgada: Tipografia Jornal Açores, 1955; CANTO, E. - "Notícia sobre as igrejas, ermidas e altares da ilha de São Miguel". In Insulana. Ponta Delgada: Instituto Cultural de Pontada Delgada, 2000, n.º LVI, pp. 182, 183; ROSA, Teresa Maria Rodrigues da Fonseca - O Convento de São Gonçalo em Angra do Heroísmo. Contributos para o Estudo da Arte Religiosa Açoriana. Dissertação de Tese de Mestrado em História da Arte apresentada na Universidade Lusíada, 1998; SUPICO, Francisco Maria - Escavações. Ponta Delgada: Instituto Cultural de Ponta Delgada, 1995, vol. I, p. 263. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: SIPA |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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1815 - restauro dos altares de São Lourenço e do Senhor dos Navegantes por António Pacheco; 1819 - restauro dos altares por Pedro de Arruda e José de Arruda. |
Observações
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EM ESTUDO. *1 - No livro de óbitos da freguesia de São Pedro (1618 - 1673) há vários termos de óbitos de ermitães, o que parece indicar que junto à ermida, na encosta do alto da Mãe de Deus, viviam ermitões. |
Autor e Data
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Ana Fernandes, Bruna Valério e Paula Figueiredo 2013 (no âmbito da parceria IHRU / Diocese de Angra) |
Actualização
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João Faria 2014 (no âmbito da parceria IHRU / Diocese de Angra) |
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