Igreja Paroquial de Meinedo / Igreja de Santa Maria Maior / Igreja de Nossa Senhora das Neves
| IPA.00001096 |
Portugal, Porto, Lousada, Meinedo |
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Arquitectura religiosa, românica, maneirista, barroca e do séc. 20. Igreja paroquial de fundação tardo-românica, com planta rectangular composta por nave, capela-mor, capela lateral e sacristia seiscentistas adossadas à fachada lateral esquerda e torre sineira, também seiscentista, no lado direito. Possui coberturas diferenciadas em falsas abóbadas de berço, a da nave recente e rebocada e pintada e a da capela-mor barroca, em caixotões pintados, escassamente iluminada por festas e janelas em capialço rasgasdas nas fachadas laterais. Fachada principal em empena, com os vãos rasgados em eixo, composto por portal escavado em arco apontado e várias arquivoltas, encimado por amplo janelão em arco de volta perfeita. Fachadas rematadas em cornija, as laterais sustentadas por cachorradas e rasgadas por portas travessas em arcos de volta perfeita. Interior com a nave reformada no séc. 20, apresentando um simples nicho e o acesso à capela lateral. O arco triunfal mantém a sua decoração setecentista, com retábulos de talha dourada do estilo nacional, que se prolongam pelo arco triunfal, revestindo-o na totalidade. A capela-mor, seiscentista, encontra-se revestida a azulejo de tapete e possui retábulo de talha dourada maneirista, de planta recta, dois andares e três eixos, com apainelados pintados e com enorme sacrário em forma de templete. |
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Número IPA Antigo: PT011305130002 |
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Registo visualizado 2685 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Igreja paroquial
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Descrição
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Planta rectangular composta por nave, capela-mor e adossadas à fachada lateral esquerda, a Capela de Santo Tirso e a sacristia, de volumes articulados e escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de uma (sacristia) e duas águas. Adossada à fachada lateral direita, a torre sineira de planta quadrangular e cobertura em coruchéu piramidal em cantaria. Fachadas em cantaria de granito aparente, em aparelho isódomo, rematadas em cornija, assentes em cachorrada no corpo da nave, e com friso e cornija na capela lateral, esta com cunhais apilastrados firmados por pináculos fusiformes. Fachada principal voltada a O. rematada em empena, com cruz de Malta inscrita em círculo. É rasgada por portal escavado em arco apontado, composto por quatro arquivoltas assentes em impostas salientes, decoradas por toros e esferas. Sobre este, ampla janela em arco de volta perfeita. No lado direito, a torre sineira de dois registos separados por cornija, o inferior cego e o superior rasgado por quatro ventanas de volta perfeita. Fachada lateral esquerda rasgada por fresta e tem vestígios de uma porta travessa entaipada. O corpo da capela lateral possui, na face O., uma porta de verga recta, tendo, nas faces E. e O., janelas rectangulares com molduras salientes de cantaria e protegidas por grades. No corpo da sacristia, porta de verga recta. Fachada lateral direita com porta travessa de verga recta truncada nos ângulos, sublinhado por duplo arco de volta perfeita. Adossadas à nave, as escadas de cantaria de acesso à torre sineira, através de porta de verga recta. Fachada posterior em empena, rasgada por pequena fresta e com cruz no cértice. No lado direito, o corpo da sacristia, em meia-empena e com janela rectilínea. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, com cobertura em falsa abóbada de berço de madeira, assente em em cornija de madeira pintada de branco e com tirantes de madeira do mesmo material e cor, com pavimento em soalho. No lado do Evangelho, nicho de volta perfeita com o fundo de madeira, contendo imaginária. Sucede-se a Capela de Santo Tirso, com acesso por arco de volta perfeita protegido por grades de ferro. Tem interior rebocado e pintado de branco, com pavimento de madeira e cobertura em falsa abóbada de berço, rebocada e pintada de branco. Sobre supedâneo de dois degraus, a mesa de altar e, na parede testeira, estrutura em cantaria de granito onde se integra um sacrário e a imagem do orago. No lado da Epístola, porta de verga recta, de acesso à sacristia. Arco triunfal de volta perfeita revestido a talha dourada com o intradorso apainelado formando módulos de rosetões e acantos, que se repetem em módulos de maior dimensão sobre o arco, interrompidos ao centro por um painel a representar Cristo Redentor. A estrutura é flanqueada por retábulos colaterais semelhantes, dedicados ao Sagrado Coração de Jesus e ao Crucificado, ambos de talha dourada, de planta recta e um eixo definido por duas colunas torsas, com nicho de volta perfeita ao centro, rematando em friso de acantos e cornija; sobre estes, um segundo andar do retábulo, mais estreito, ladeado por colunas torsas, rematando em friso e cornija, contendo apainelado pintado, emoldurado por arquivolta de acantos. O painel do lado do Evangelho representa Nossa Senhora do Pilar, não existindo o do lado oposto. Altares paralelepipédicos, com os frontais apresentando sebastos e sanefas, com o pano ornado por enrolamentos, querubins e concheados, que centram as iniciais "IHS". Elevada por um degrau, a capela-mor revestida a azulejo de padrão policromo, azul, branco e amarelo, formando uma padronagem de 2X2, (P-251), envolvida por friso de entrelaçados (F-1) e cercadura (C-78). Tem pavimento em lajeado de granito e cobertura em caixotões pintados envolvidos por molduras pintadas e de talha, as primeiras formando acantos sobre fundo vermelho, a imitar o lacado. As pinturas representam cenas da vida da Virgem. No lado da Epístola, vários assentos para os celebrantes e pia baptismal em cantaria de granito, com coluna circular e taça facetada. Na parede testeira, retábulo-mor de talha dourada e planta recta, com três eixos e dois andares definidos por frisos de querubins e cornijas; os eixos são definidos por duas ordens de colunas de capitéis coríntios e fuste espiralado com o terço inferior ornado por grotesco, as inferiores assentes em plintos paralelepipédicos com as faces decoradas por acantos e querubins. O eixo central possui, no topo, pequena tribuna com trono expositivo de cinco degraus, tendo o fundo de apainelados com o central decorado por resplendor e os laterais com anjos, possuindo intradorso em caixotões de talha. Na base, enorme sacrário em forma de templete facetado com colunas de fustes ornados por acantos e querubins, que sustentam o remate em friso e cornija; na face central, a porta do sacrário representando a Ressurreição de Cristo, encimado por um pequeno nicho; as faces laterais possuem apainelados de volta perfeira, rematados por frontões semicirculares interrompidos. Os eixos laterais possuem apainelados em arco de volta perfeita no andar inferior, surgindo, no superior, painéis pintados rectilíneos, a representar São João Baptista (Evangelho) e São João Evangelista (Epístola). Altar paralelepipédico com o frontal decorado por acantos e cartela contendo a sigla "IHS", ladeado por banco de madeira simples. A Casa da Tribuna possui vestígios de pinturas murais. No lado do Evangelho, a sacristia com paredes rebocadas e pintadas de branco, tecto de madeira e pavimento em lajeado de granito, contendo arcaz de madeira e lavabo com espaldar rematado por cornija e encimado por frontão triangular, sobrepujado por cruz latina ladeada por pináculos; ao centro, bica em forma de carranca, que verte para taça rectangular com bordo duplo, saliente e boleado. |
Acessos
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Lugar da Estação, EN 320. WGS84 (graus decimais) lat.: 41,248641; long.: -8,257302 |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 34 452, DG, 1ª série, n.º 59 de 20 março 1945 |
Enquadramento
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Rural, isolado, destacando-se numa plataforma elevada relativamente à EN 320, formando o adro da igreja, a que se tem acesso através de uma escadaria em granito de dois lanços. A N. implanta-se a casa do pároco e atrás desta o apeadeiro de caminho-de-ferro de Meinedo. A SE. ampla casa de dois pisos, rodeada por jardim e zona de cultivo. |
Descrição Complementar
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O edifício revela várias épocas de construção e reforma decorativa, mantendo o portal tardo-românico, em arco apontado com arquivoltas sustentadas por impostas salientes e ornada por toros e esferas. Contrastando com o estilo do portal, surge, em eixo, uma enorme janela. O edifício possuía duas portas travessas, a do lado esquerdo entaipada. A capela lateral do Evangelho, dedicada a Santo Tirso, revela uma construção seiscentista, apesar do interior ter sido totalmente remodelado no séc. 20. Possui interessante decoração no arco triunfal, com retábulos colaterais de estilo nacional, mas mantendo um estrutura de dois andares, o segundo com apainelados pintados. Ambos apresentam altares mais tardios, do estilo rococó. A capela encontra-se revestida a azulejo de padrão, enquadrado por vários frisos entrelaçados e possui um bom retábulo de talha maneirista, com enorme sacrário em forma de templete, existindo vestígios de pinturas murais na casa da tribuna. O tecto de caixotões da capela-mor possui molduras pintadas a imitar lacado. |
Utilização Inicial
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Religiosa: igreja paroquial |
Utilização Actual
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Religiosa: igreja paroquial *1 |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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DRCNorte, Portaria n.º 829/2009, DR, 2.ª série, n.º 163 de 24 agosto 2009 |
Época Construção
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Séc. 13 (conjectural) / 18 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTO: Francisco da Cunha (1991-1993). |
Cronologia
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585 - a igreja de Meinedo foi, e de modo temporário, a primeira cabeça de uma diocese cuja titularidade passará para o Porto; 1131 - D. Afonso Henriques concede ao Bispo do Porto D. Hugo, o couto de Meinedo convive com outra unidade administrativa, a da Honra de Meinedo, que se manterá na possa da Coroa; 1227 - o couto de Meinedo teve confirmação papal; 1262 - data da inscrição existente à entrada da igreja *2; 1371 - A honra de Meinedo é doada pelo rei D. Fernando a Aires Gomes da Silva; dele descendem os seus futuros senhores, também Senhores de Unhão; 1398, 30 Março - o bispo do Porto D. João da Azambuja institui o arcediagado de Meinedo, com residência anexa a esta igreja; 1542 - o "Censual da Mitra do Porto" diz que é da apresentação do Bispo do Porto; séc. 17 - revestimento a azulejos, azuis e brancos da capela-mor; construção da torre sineira e reforma da sacristia e respectivo lavabo; séc. 18 - feitura dos retábulos colaterais, em talha dourada e revestimento do arco triunfal; séc. 18, 2.º metade - execução do púlpito e retábulo lateral; reforma dos altares; 1758, 19 Abril - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco Francisco Peixoto da Costa, é referido que a igreja se encontra na povoação, sendo dedicada a Nossa Senhora das Neves; tem cinco altares, o mor com o orago, os colaterais de Nossa Senhora do Rosário, no lado do Evangelho, com a Irmandade das Almas, surgindo, no oposto, o Crucificado; nas capelas laterais, Santo Tirso e Santo António; o pároco é vigário, apresentando pelo bispo do Porto, tendo 150$000 de rendimento; 1853, 20 Fevereiro - extinção do arcediagado de Meinedo; 1957 - é verifica a necessidade de reparar os madeiramentos dos telhados da nave e capela-mor; construção da cobertura exterior; execução de frechais em cimento armado; remoção do retábulo pintado existente na parede N.; desentaipamento do portal N. da nave; execução das portas exteriores; execução de vitrais; pinturas gerais; estes trabalhos não foram executados por falta de verbas; 1991 - arranjo da Capela do Santo Tirso; 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Paredes exteriores e interiores em alvenaria de granito aparente pelo lado exterior e com acabamento a reboco estanhado do lado interior; revestimento das paredes da capela-mor a azulejos azuis, brancos e amarelos; pavimento em soalho de madeira na nave e capela de Santo Tirso; pavimento em lajeado de granito na sacristia; cobertura em estrutura de madeira revestida a telha de barro de aba e canudo com chapas de isolamento; tecto estucado na Capela de Santo Tirso; tecto em madeira de masseira na sacristia; tecto em caixotões pintados na capela-mor; tecto em madeira pintado na nave; aros das janelas e portas em aço inox; portas exteriores em madeira envernizadas pelo lado exterior e pintadas pelo interior; caixilharias das frestas em aço inox com vidro transparente; grades das janelas em ferro forjado pintado. |
Bibliografia
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ALMEIDA, Carlos Alberto Brochado de, Sinais de romanização junto à igreja românica de Meinedo, in Oppidum: revista de Arqueologia, História e Património, n.º 2, Lousada, Câmara Municipal de Lousada, 2007, pp. 79 e segs; ALMEIDA, José António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Porto, 1988; AZEVEDO, José Correia de, Inventário Artístico Ilustrado de Portugal, Lisboa, 1991; Porto: Do nome Portugal, Lisboa, 1992; Guia de Portugal, IV, I, vol. 4, Coimbra, 1985; LEAL, Augusto Pinho, Portugal antigo e moderno: Diccionario geographico, estatistico, chorographico, heraldico, archeologico, historico, biographico e etymologico, Lisboa, Livraria Editora de Mattos Moreira & Companhia; 1873-1890, 12 volumes; LOPES, Eduardo Teixeira, Lousada e as suas freguesias na Idade Média, Lousada, Câmara Municipal de Lousada, 2004; Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado, IPPAR, volume II, Lisboa, 1993; SIMÕES, Santos, Azulejaria em Portugual no séc. XVII, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1997. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID; IPPAR |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID; Diocese do Porto: Secretariado Diocesano de Liturgia |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSARH-010/130-0001, DGEMN/DSID-001/013-1830/2; IPPAR; DGARQ/TT: Memórias Paroquiais (vol. 23, n.º 112, fl. 752-730) |
Intervenção Realizada
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PROPRIETÁRIO: 1949 - arranjo do pavimento da nave, com a colocação de soalho; IPPAR: 1991 - projecto de Recuperação e Restauro da Igreja de Meinedo, pelo arquitecto Francisco Cunha; Maio - escavações arqueológicas no interior da Capela do Santo Tirso; 1992 / 1993 - restauro das estruturas do arco triunfal e de dois altares colaterais da Igreja; obras de recuperação e restauro pelo arquitecto Francisco Cunha; escavação Arqueológica no interior da nave da Igreja, na Sacristia e no exterior S. *3; 1993 - projecto base da casa mortuária e área de atendimento da Igreja pelo arquitecto Francisco Cunha; projecto base dos arranjos exteriores da Igreja pelo mesmo. |
Observações
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*1 - A Rota do Românico do Vale do Sousa inclui 19 imóveis: Igreja de São Miguel de Entre-os-Rios (v. PT011311100010), Igreja de Gândara (v. PT011311040009), Igreja de São Gens de Boelhe (v. PT011311020008), Igreja de Abragão (v. PT011311010015), Memorial da Ermida (v. PT011311150005), Capela da Senhora do Vale (v. PT011310080004), Igreja de São Pedro de Ferreira (v. PT011309050001), Ponte de Espindo (v. PT011305130009), Ponte de Vilela (v. PT011305020008), Igreja de Aveleda (v. PT011305020004), Torre de Vilar (v. PT011305260005), Igreja de Santa Maria de Airães (v. PT011303020007), Igreja Matriz de Unhão (v. PT011303280004), Igreja de São Vicente de Sousa (v. PT011303260008), Igreja Velha de São Mamede de Vila Verde (v. PT011303330020), Igreja de Paço de Sousa (v. PT011311220003), Igreja de Cete (v. PT011310080001) e Mosteiro de Pombeiro (v. PT011303150001). *2 - Mário Barroca discorda desta leitura e defende que a placa datará do séc.16. *3 - de acordo com informação do Dr. Miguel Rodrigues (IPPAR) as escavações realizadas de 1991 a 1993 permitiram identificar a ábside de um edifício provavelmente de planta cruciforme e que poderá datar do período suevo-visigótico (séc. 07); foram também detectadas estruturas relacionadas provavelmente com um conjunto conventual (Mosteiro de Santo Tirso) existente nos séculos 11 / 13. |
Autor e Data
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Isabel Sereno 1994 / Paula Noé 1996 / Diocese do Porto e Paula Figueiredo (IHRU) 2011 (no âmbito da parceria IHRU / Diocese do Porto) |
Actualização
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