Teatro Circo / Theatro Circo de Braga
| IPA.00011126 |
Portugal, Braga, Braga, União das freguesias de Braga (São José de São Lázaro e São João do Souto) |
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Arquitectura Cultural e recreativa, ecléctica e revivalista. Teatro de planta rectangular, composta por dois corpos adjacentes. Fachada principal com portal constituído por três portas de arco pleno, varanda com colunas e três portas rectangulares, friso e cornija esculturados e platibanda decorada por mascarões. Interior com sala de planta circular (circo), com uma lotação de 1200 lugares distribuídos por plateia (446), de coxias longitudinais, e 3 balcões com guardas de ferro forjado sobre colunas de ferro fundido (1º balcão - 110 lugares + 10 camarotes; 2º balcão - 70 lugares + 20 camarotes; e 3º balcão - 28 camarotes). Palco à italiana, com boca de cena em arco ligeiramente abatido. Boca de cena debruada com decoração neo-barroca. Cobertura da sala em cúpula. Salienta-se o desenho da sua fachada de grande qualidade. No interior destacam-se os elementos decorativos que preenchem os espaços, sejam as colunas, o revestimento das paredes, os pavimentos e a organização das coberturas. Ressalta no auditório a grandiosidade do espaço, a organização ritmada dos balcões profusamente decorados, a boca de cena debruada com decoração neo-barroca e a cúpula com estruturação avivada por estuques, brancos e dourados, e pinturas murais. Sala integrada na Rede Nacional de Teatros e Cine-Teatros. |
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Número IPA Antigo: PT010303420055 |
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Registo visualizado 2269 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Cultural e recreativo Casa de espetáculos Teatro
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Descrição
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Planta rectangular, composta por dois corpos adjacentes. Volumes escalonados de dominante horizontal, com coberturas diferenciadas em telhado de quatro águas. Fachadas de dois registos, rebocadas e pintadas de rosa, percorridas por embasamento avançado e e rematadas por cornija encimada e platibanda de granito. Fachada principal voltada a E., de cinco panos, sendo os do extremo recuados, ao nível do registo superior. É marcada, ao centro, por pano pétreo, com três portas de arco pleno encimadas por varanda corrida, assente em grandes mísulas, com guarda em ferro forjado, para onde abrem outras três portas entre colunas jónicas, com grinaldas, que suportam possante cornija, limitada por dois mascarões, com friso decorado com motivos fitomórficos e a inscrição, e sobrepujada por platibanda coroada por urnas, limidada por pirâmides de degraus. Os panos laterais, pétreos no primeiro registo, são rasgados, inferiormente, por três portas de arco pleno e, superiormente, por dois janelões rectangulares com peitoril e motivo decorativo na verga, e nos extremos duas janelas de sacada com varanda em balustrada de granito, sendo a do extremo S., de maiores dimensões, fazendo a união dos dois corpos. Fachada lateral S., marcada centralmente por três portas de arco pleno encimadas por varanda de ferro forjado, entre conjuntos de portas de arco pleno e janelas rectangulares, de peitoril, com motivo decorativo na verga. INTERIOR com grande vestíbulo central, rebocado e pintado de rosa, branco e dourado, com colunas de mármore, grandes portais envidraçados e tecto em caixotões, estucados e pintados de branco, rosa e dourado, estabelecendo a comunicação com salões, bar, camarins e a plateia, no primeiro piso, e os camarotes, nos pisos superiores, através de escadas de mármore preto e guardas de metal e madeira. O auditório, circundado por três andadas de balcões com guardas de ferro forjado, sobre colunas de ferro fundido, cerra-se numa magestosa cúpula cujos tramos estucados e pintados com motivos geometrizantes, definem no arranque janelas em luneta. |
Acessos
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Av. da Liberdade; R. Gonçalo Sampaio |
Protecção
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Categoria: MIM - Monumento de Interesse Municipal, Edital n.º 156/2023, DR, 2.ª série, n.º 17 de 24 janeiro 2023 / Incluído no conjunto dos imóveis da Avenida da Liberdade (v. PT010303410050) |
Enquadramento
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Urbano, adossado, no gaveto da Rua Gonçalo Sampaio com a Avenida da Liberdade, uma das principais avenidas da cidade, muito movimentada e com bastante trânsito automóvel. Integra uma frente constituída por alguns exemplares de arquitectura civil ecléctica. |
Descrição Complementar
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INSCRIÇÕES: Inscrição relevada no friso da fachada principal; decoração fitomórfica; bronze; tipo de letra: capital quadrada; leitura: TEATRO CIRCO. |
Utilização Inicial
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Cultural e recreativa: teatro |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: teatro |
Propriedade
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Pública: municipal |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTOS: João de Moura Coutinho, Sérgio Borges; ESCULTORES: Zeferino Conto, Narciso Costa (mascarões da fachada principal); Sérgio Borges (2000); PINTORES: Viriato Silva, Domingos Costa, Benvindo Ceia. |
Cronologia
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1907, 25 Fevereiro - Sessão de vereação da Câmara Municipal de Braga para aprovação dum projecto de cedência dos edifícios, cerca e dependências do Convento dos Remédios, para se abrir uma larga avenida; 19 Setembro - o Presidente da Câmara, perante o Delegado do Tesouro, tomou posse do Convento com todas as dependências; 20 Novembro - principiou-se a demolição do mirante do convento, voltado à então designada Rua das Águas; 16 Dezembro - fez-se a arrematação dos materiais do Convento; a Sociedade do Teatro Circo, que já estava constituída, arrematou a maior parte; 1911 - início da obra de construção do Teatro Circo, segundo o projecto do Arquitecto João de Moura Coutinho; 1915 - conclusão da obra, possuindo na altura capacidade para 1500 pessoas; 21 Abril - inauguração com a apresentação da opereta «Rainha das Rosas», da Companhia de Teatro Éden, sob a direcção de Luiz Galhardo, sendo Palmira Bastos a actriz principal; 22 Abril - são descerradas duas placas de mármore em homenagem à actriz Palmira Bastos e ao Arquitecto Moura Coutinho; 27 Junho - inauguração do cinematógrafo com o filme «Aventuras de Catalina»; 1919, Agosto / 1920, Fevereiro - período de encerramento para obras destinadas à transformação da sala de espectáculos; 1922 - cantou-se pela primeira vez ópera no Teatro Circo; 1925, Janeiro - termina o contrato de arrendamento concedido por seis anos, o Teatro Circo volta a ser administrado directamente; 1927, Outubro - o Conselho de Administração da Sociedade deixa a sua exploração directa e passa-a a José Luís da Costa, empresário do Teatro da Póvoa de Varzim; 1928 - estreia-se o cinema português com as fitas «Fátima Milagrosa» e o «O Primo Basílio»; 1930, Outubro - é apresentado, pela primeira vez, cinema falado com a fita «O Cantor Louco»; 1933 - o teatro passa a ser explorado por josé Luís da Costa, empresário do Teatro Garrett, da Póvoa do Varzim;1935, 21 Abril - grandes festas comemorativas do 20º aniversário; 1940, 21 Abril - comemoração das bodas de prata com um espectáculo em que tomou parte, como tenor, D. Ascenso de Siqueira Freire; 1943 / 1950 - período em que a prosperidade do Teatro Circo atinge o auge, procedendo-se, em conformidade, a grandes obras de beneficiação e embelezamento; 1949, 8 janeiro - comício inaugural da campanha de Norton de Matos à presidência da república; 1958 - o relatório apresentado em Assembleia Geral testemunha a existência de uma crise, em parte devida à instalação da TV nos cafés; 1974, 5 Outubro - é inaugurada no Teatro Circo uma sala de cinema «Estúdio»; 1983, 16 Fevereiro - o conjunto da Avenida da Liberdade, no qual se insere o teatro tem homologação superior como IIP; 1984, Julho - instala-se, em Braga, a CENA, Companhia Profissional de Teatro de Braga; 1987 - é celebrado acordo para cedência à CENA do espaço do salão nobre do Teatro Circo; 1988 - a Câmara Municipal de Braga adquire o edifício do Teatro Circo pelo montante de 300.000 contos; 2000 - iniciam-se as obras, dirigidas pelo arquitecto Sérgio Borges, orçadas em 2 milhões e 600 mil contos: resultam da comparticipação de fundos da União Europeia e do Ministério da Cultura, esta última ao abrigo do Programa "Rede Nacional de Teatros e Cine--Teatros" e "Rede Municipal de Espaços Culturais"; 2006, 27 Outubro - inauguração do teatro após obras de remodelação; 2021, 28 janeiro - publicação da classificação do imóvel como Bem Cultural de Interesse Municipal, pela Câmara Municipal de Braga, em Edital n.º ED/334/2021; contudo, devido à inexistência desta categoria, fica-se a aguardar a sua correção e a publicação dos despachos de abertura da classificação em Diário da República. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes. |
Materiais
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Estrutura e elementos decorativos em granito; paredes rebocadas e estucada; colunas do átrio, escadas e pavimentos, em mármore; portas e janelas, de madeira; grades das varandas, dos balcões e frisas, colunas do auditório, em ferro; inscrição do friso da fachada principal em bronze; cobertura exterior em telha marselha. |
Bibliografia
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FEIO, Alberto, Coisas Memoráveis de Braga, Braga, 1984; MACEDO, Ana Maria Costa, Teatro Circo: oito décadas de um projecto colectivo na cidade de Braga, in Mínia, nº 3, Braga, 1995, pp. 109 - 132; PASSOS, José Manuel da Silva, O Bilhete Postal Ilustrado e a História Urbana de Braga, Lisboa, 1996; COSTA, Luís, Recordando o arquitecto João de Moura Coutinho, in Entre Aspas, Diário do Minho, 2 Fev. 998; OLIVEIRA, Eduardo Pires de, Braga. Percurso e memórias de granito e oiro, Braga, 1999,; Teatro Circo «ensaia» renovação completa, in Correio do Minho, Braga, 29 Nov. 2000; VI Encontro Nacional de Programadores Culturais (resumo das comunicações de João Aidos "Equipamentos - radiografia do país" e "A Rede Nacional e Municipal de Equipamentos Culturais"), Aveiro, Associação Portuguesa de Programadores Culturais, Março 2003 (policopiado); LIMA, José Carlos, Construção do novo Theatro Crico foi uma loucura que valeu a pena, in Diário do Minho, 27 Outubro 2006; PEREIRA, José Pacheco, Álvaro Cunhal Uma biografia política - "Duarte" o Dirigente Clandestino - 1945-1949, 2.ºvol., Círculo de Leitores, 2001, p.828. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN, DSID; IPAE |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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Sociedade do Teatro Circo: 1919 / 1920 - obras de transformação da sala de espectáculos; CMB: 2000 - 1ª fase do projecto de remodelação e requalificação, com restauro e salvaguarda dos elementos considerados mais significativos na caracterização do imóvel, designadamente as áreas públicas, o salão nobre, a sala grande, a cobertura e as duas fachadas mais expostas, mantendo a decoração existente. |
Observações
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Autor e Data
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António Dinis 2000 / Filomena Bandeira 2002 |
Actualização
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