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Edifício e estrutura Edifício Residencial senhorial Casa nobre Casa nobre
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Descrição
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Planta composta pela, casa com torre de planta quadrangular no extremo E., ermida de Santo Ildefonso de planta em cruz grega, com topos arredondados, envolvida por antiga divisória de muros "rompentes", afrontando a casa, fonte entre a fachada principal da casa e a ermida e pomar com nora de planta quadrangular e aqueduto. Volumes articulados com cobertura diferenciada em telhados de duas e quatro águas e coruchéu na torre. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, ostentando embasamento e friso pintados de ocre. Fachada principal a S., tendo no extremo O. relógio de sol, regular, vertical, de duas faces, ostentando tabela com representação do sol, aludindo aos Lucenas; no corpo principal dois portais anchos e abertos em arcos de meio ponto, rematados por acrotérios. Fonte em cantaria de mármore branco com taça decorada com tabelas cegas, ornadas com toros encordoados, escudetes de mascarões, ramagens de folhagem, abraçada nos ângulos por quimeras zoomórficas, estilizadas, e com repuxo decorado por grupo de golfinhos. Nora rasgada internamente por cinco tramos de arcadas em arco de volta perfeita, reforçadas a S. por botaréus inclinados, coroados por pináculos piramidais, quebrando a simetria do terraço, trasfurado com grelhas de tijolo ao gosto mourisco. Aqueduto com arcadas em arco de volta perfeita, de alvenaria, abastecendo a cozinha da casa por meio da gorra de alcatruzes de cobre que, era movida por tracção animal. No topo N., no muro da quinta a primitiva Cruz de Peixinhos, em mármore, sobre a janela de grilhagem mourisca, disposta em cruzetas de Santo André. |
Acessos
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Estrada do Paul. VWGS84 (graus decimais) lat. 38,770325 long. -7,408605. |
Protecção
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Inexistente |
Enquadramento
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Rural, isolado, implantado numa zona de terreno elevada e, com declive ligeiramente acentuado, fora do Centro Histórico da vila; localiza-se sensivelmente a SE., possuindo a N. urbanização recente, designada por Aldeamento de Peixinhos. Fonte integrada em área ajardinada, que teve bancos de repouso, latadas e canteiros de buxo. |
Descrição Complementar
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EPIGRAFIA: no murete exterior duas lápides sobrepostas, de mármore branco, referindo as intervenções de restauro: "AFFONSO DE LVCENA EM MDCXI INSTITVIV COM ETA CASA E QVI.TA DE PEIXINHOS VM VINCVLO A FAVOR DE SEV.FILHO FRÃ.CO DE LUCENA QVE FOI SE.CRIO D.EST.DO E.MIN.TRO DEL REY D.JOÃO.IV E Q.E CASARA.COM.D.A FR.CA DE CASTRO.E.FARO.E.DOS SEG.OS E DOS PRIM.ROS DVQES DE BRAGANÇA"; "EM MCMXXXVII FOE RESTAVRADO ESTE SOLAR E SVA CAPELA.MANTENDO-SE INTEGRALMENTE O TRAÇADO GERAL PRIMITIVO.INTRODVSINDO-SE APENAS NELE AS INDISPENSAVEIS COMODIDADES MODERNAS". Na ermida, próximo do degrau que antecede o altar-mor, lápide mutilada com ainscrição: "AQVI IAZ.D.MA CATH ERINA DE LUS.A 1732 E DE LVZIA. THEREZA ANT.A... E ME.R DE IOZE MART.º DE LVS.A E DE Q.M NÃO E... QVE... 24 DE IANR.º DE 1758" *2. |
Utilização Inicial
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Residencial: casa nobre |
Utilização Actual
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Comercial e turística: casa de turismo de habitação |
Propriedade
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Privada: turismo de habitação |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 17 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido |
Cronologia
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Séc. 16 - fundação do 1º paço dos Lucenas (v. PT040714030051); 1589 - D. Afonso de Lucena alcaide-mor das vilas de Portel e Évora Monte; 1596, 02 de Maio - escritura da fundação do morgado na "horta de peixinhos", sendo tabelião Francisco Cordeiro, por Afonso de Lucena *3 e sua mulher D. Isabel de Almeida, dispondo dos seguintes recursos: uma doação monetária de D. Duarte e os bens das tenças de Afonso de Lucena, assim como das suas duas filhas freiras no Convento da Esperança (v. PT040714030006) e do seu filho Francisco de Lucena; este morgado viria a constituir a segunda casa da família; séc. 17 - os donatários, Afonso de Lucena e sua mulher, mandam erguer a Casa de Peixinhos, a Ermida de Santo Ildefonso, a nora e o aqueduto; a casa foi confiscada para a coroa por D. João IV; 1600, 06 de Março - alvará de Filipe III, realizado em Madrid, confirmando a instituição do morgado; 1601, 16 de Novembro - escritura lavrada por Simão Luís da Cerveira, confirmando a instituição do morgado na pessoa do filho primogénito de Afonso de Lucena, Francisco de Lucena; 1605, 21 de Abril - o Arcebispo de Évora, D. Alexandre de Bragança, atribui licença, redigida pelo Padre Francisco de Mesquita, autorizando o culto na ermida de Santo Ildefonso; 1611, 10 de Janeiro - escritura definitiva da instituição do morgado e consequente ampliação dos seus bens imobiliários, fruto de mercês do Duque D. Teodósio II; o Morgado de Peixinhos passa a ser composto não só pela Horta de Peixinhos, mas também pelas herdades da Vigararia (entre Vila Viçosa e Borba) e do Barro Branco, correspondendo a um valor igual a um conto trezentos e setenta e seis mil e quinhentos e um réis, quantia equivalente ao valor das doações feitas pela Casa de Bragança a Afonso de Lucena, em troca de serviços prestados, ao que acrescem algumas casas de habitação em Vila Viçosa (próximo do terreiro de Santo Agostinho), a herdade do Pombal (no termo de Redondo), a Herdade da Aldeia de Maria Afonso (no termo de Monsaraz), a Herdade da Coelha (no termo de Estremoz), a Herdade do Alcaide (no termo de Elvas) e os Quinhões das herdades dos Leitões e da Mourinha (no termo de Vila Viçosa); 1617, 19 Agosto - falecimento de Afonso de Lucena, sepultado na capela-mor da Igreja de Nossa Senhora da Esperança; 1623, 28 Maio - falecimento de D. Isabel de Almeida e consequente apropriação do morgado por Francisco de Lucena, que o mantém até à morte, passando depois a incorporar os bens da Coroa; 1633 - residência dos infantes D. Duarte e D. Alexandre; - 1676, 27 de Março - 1679 - residência de Venant De La Masure *4, cônsul da Flandres, e sua mulher, D. Maria, por concessão especial de D. Pedro II; séc. 18 - pinturas a óleo da Ermida, com representação do Calvário, do Passo do Senhor no Caminho do Calvário, de São João Evangelista e da Pietá; 1705, 18 de Julho - autorização concedida a José Ramalho da Silva para arrendar o morgado de Peixinhos por 830$000 reis anuais, durante três anos *5; 1720 - D. João V autoriza, em sentença real, a absolvição civil e a restituição dos bens do morgado, ao bisneto de Francisco de Lucena, André António de Lucena Noronha e Almeida; 1729 - durante a deslocação da Corte de D. João V ao Caia, esteve hospedado o Cardeal D. Tomaz de Almeida, com o seu Cabido Patriarcal; 1737 - D. Bernardo Afonso de Lucena arrenda o palácio ao Conde de Rivière e seu filho D. Francisco de Rivière; 1878 - D. Martinho de Lucena è alienado de todos os bens, em hasta pública de execução de dívidas, em benefício do negociante de Lisboa Adolfo de Lima Mayer; séc. 20, 1ª década - profanação da Ermida de Santo Ildefonso; 1904, 23 de Novembro - a ermida é reaberta ao culto; 1930 - o Conde de Monte Real, Artur de Porto de Melo e Faro, casado com D. Laura Cardoso da Silva, adquire a propriedade; 1930 - reconstrução da ermida que se encontrava em ruína, sendo alterada a configuração da planta de cruz grega, cujos braços rectos, assumiram um perfil semicircular; a cúpula foi alteada projectada em duas ordens de trabalhos de linhas radiadas; 1936 - 1937 - reconstrução integral do edifício; 1945, 13 Dezembro - falecimento do Conde de Monte Real, herdando a propriedade sua filha, D. Maria da Luz de Melo e Faro, casada com D. Diogo de Afonseca Passanha, proprietários do imóvel, pelo menos, até 1975. |
Dados Técnicos
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Materiais
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Bibliografia
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AMARO, José EMÍDIO, Francisco de Lucena. Sua vida, martírio e reabilitação. Subsídios para a história do reinado de D. João IV, Lisboa, 1945; ESPANCA, Padre Joaquim da Rocha, Memórias de Vila Viçosa, vol. 4, 10 (pp. 67-68); ESPANCA, Túlio, Figuras Gradas e casario antigo dos arruamentos de Vila Viçosa, A Cidade de Évora, Boletim da Comissão Municipal de Turismo de Évora, nº 57, Janeiro - Dezembro, 1974, pp. 210-281; ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Évora, Lisboa, 1978; ESPANCA, Padre Joaquim da Rocha, Memórias de Vila Viçosa, Cadernos Culturais da Câmara Municipal de Vila Viçosa, nº 8, Outubro, 1983; AZEVEDO, Carlos, Solares Portugueses, Mem Martins, 1988; PESTANA, Manuel Inácio, Afonso de Lucena, Callipole Revista de Cultura, nº 2, 1994; www.casadepeixinhos-pa-net.pt, 7 Agosto de 2006; www.casadepeixinhos.eol.pt, 7 Agosto 2006. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID; Arquivo Distrital de Évora: Livro de Notas, n.º 8, fls. 43 e seguintes; Arquivo Histórico da Casa de Bragança: Ms. IG. 768, fls. 231; Ms. IG 135, fls. 52vº. |
Intervenção Realizada
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Proprietário: 1930 - intervenção de restauro no edifício e recuperação da ermida; 1936 - 1937 - reconstrução integral do edifício, baseada nos alicerces e alçados subsistentes. |
Observações
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*1 - O aqueduto e a fonte foram parcialmente reconstruídos, sendo a fonte proveniente de local desconhecido; *2 - D. Luísa Teresa Antónia da Costa Feio natural de Vila Viçosa, da linhagem da Casa dos Feios, segundo Túlio Espanca moradores na R. de São Sebastião da Ilha, primeira mulher do Morgado de Peixinhos, e, D. José Martinho de Lucena Noronha Almeida e Faro eram parentes dos irmãos D. Bernardo António de Lucena e Noronha e André Jerónimo de Lucena, filhos e netos de D. Afonso de Lucena, segundo, e de Francisco de Lucena, respectivamente; *3 - D. Afonso de Lucena, natural de Trancoso, filho de Manuel de Lucena e de D. Isabel de Nogueira Saraiva; eram seus irmãos, Fernão de Matos de Noronha, cónego das sés de Lisboa e Évora, além de secretário do Conselho de Portugal em Madrid e, João de Lucena, autor da História da Vida do Padre Francisco de Xavier, publicada em 1600; D. Afonso de Lucena foi uma figura notável, com ligações muito estreitas à Casa de Bragança, tendo acumulado funções de prestígio, tal como confirmam diversas lápides existentes na Igreja da Esperança (v. PT040714030006), cujo jazigo da capela-mor foi convertida em panteão da família dos Lucena, por doação do Duque de Bragança D. Teodósio II; foi desembargador do Duque de Bragança D. João I, conselheiro e secretário da duquesa D. Catarina, tendo sido, nessa qualidade, co-autor das Allegações, onde defendeu a validade da pretensão da Duquesa ao trono de Portugal; foi ainda comendador de Santiago de Parada, Santa Maria da Vidigueira e de Santiago de Monsaraz, cavaleiro da Ordem de Cristo, alcaide-mor das vilas de Portel, e Évora Monte, pelo menos, durante 1589, segundo fontes documentais do Arquivo Histórico da Casa de Bragança; *4 - Era conhecido pelo estrangeiro de Peixinhos e foi sepultado na nave da Igreja do Convento dos Agostinhos (v. PT040714030005); *5 - Até então o morgado de Peixinhos era administrado pela Casa de Bragança, dado que, quando foi instituído por Afonso de Lucena, ficou definido, em escritura, que, o seu rendimento revertia para proveito dos criados da mesma casa, no caso não haver descendência; esta cláusula foi tida em conta aquando da proscrição da família no contexto da traição de Afonso de Lucena. |
Autor e Data
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Marta Ferreira 2006 |
Actualização
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