Teatro Viriato / Antigo Teatro Boa União
| IPA.00011626 |
Portugal, Viseu, Viseu, União das freguesias de Viseu |
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Arquitectura cultural, oitocentista. Teatro de planta irregular, de volumetria horizontal e coberturas mistas. Fachada principal de maior riqueza decorativa que os restantes alçados. O Teatro Viriato insere-se no grupo de auditórios de planta em ferradura, de cena contraposta, com uma lotação entre os 200 e os 500 lugares distribuídos por plateia, balcão de 1ª ordem, camarotes de 1ª ordem e balcão de 2ª ordem. Palco de configuração quadrangular, sem pendente, dotado de " avant-scéne " e subpalco. Dispõe de fosso de orquestra e de regie de som e luz. Conta com oficinas de carpintaria e serralharia. |
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Número IPA Antigo: PT021823280195 |
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Registo visualizado 1258 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Cultural e recreativo Casa de espetáculos Teatro
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Descrição
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Planta composta, irregular, de desenvolvimento longitudinal e com coberturas diferenciadas. Ao corpo central, onde se concentram os espaços de estar (átrio e foyers), de apoio (bilheteira e circulações verticais) e do auditório - todos para o público -, o espaço cénico (palco) e os espaços técnicos (caixa de palco), incluindo nestes alguns dos espaços de apoio à cena (camarins), adossa-se, junto à fachada posterior, corpo paralelepipédico de 4 pisos. Multifuncional, neste encontram-se instalados: os gabinetes de produção e técnico, além de uma ante-câmara ao palco com respectivo acesso de carga à rua (piso 0); a entrada de artistas, o acesso aos camarins,a recepção e a sala do gerador (piso -1); e, por fim, os gabinetes da direcção (piso -2). A frente urbana do edifício define-se em três planos diferenciados, tanto na orientação, como na composição e materiais utilizados. O corpo principal é formado por 3 amplos vãos de arcos a pleno centro, emoldurados, atingindo praticamente a platibanda que coroa toda a fachada. No outro corpo, uma porta de arco a pleno centro, ladeada por 2 pares de outras, de tamanho semelhante mas de menor largura. Um friso horizontal percorre todo o alçado e sobre ele, 5 janelas de igual tamanho e volumetria sobrepõem-se às fenestrações do piso térreo. O lado tardoz da construção, arquitectonicamente incaracterística, é composto por corpos e volumes diversificados em planos diferenciados, utilizados como serviços administrativos, gabinetes de direcção e outros, onde se destaca o acesso ao lado posterior do palco. INTERIOR: Os espaços públicos distribuem-se com racionalidade e funcionalidade. Franqueando-se a entrada, desenvolvem-se a bilheteira, o foyer que percorre toda a fachada principal, e se utiliza frequentemente como espaço de exposições, o acesso ao interior da sala de espectáculo e, de um lado, uma escadaria para o piso superior, onde se implanta um bar e o acesso aos camarotes do 1º balcão. AUDITÓRIO - espaço independente, ligado ao palco pela boca de cena, de planta em ferradura, contando com uma lotação de 260 lugares distribuídos por plateia (166), balcão de 1ª ordem (32), seis camarotes de 1ª ordem (24) e balcão de 2ª ordem (38). Plateia com pendente, de coxias longitudinais laterais e transversais de fundo e de boca, com cadeiras fixas, em madeira, forradas de tecido vermelho no espaldar e assento; pavimento de alcatifa vermelha e paredes revestidas a madeira; tecto de cor branca, integrando sistema de iluminação regulável. A guarda do balcão e dos camarotes é de ferro, assente sobre moldura saliente em madeira pintada de cor bege, e bordeja continuamente pelo exterior a estrutura, também em madeira e do mesma cor, de pilares de base saliente que sustem as duas ordens de balcões e camarotes. A sala dispõe de climatização (ventilação, aquecimento e arrefecimento). Espaços cénicos - PALCO com largura de , ... m e profundidade de 9, 51 m, sem pendente, com coxias laterais, paredes pretas, soalho de madeira disposto perpendicularmente à boca de cena (forrado a MDF preto) e acesso de carga directo à rua através de rampas. A boca de cena é em arco abatido (8,12 m x 8,93 m x 0,70 m), à frente da qual se abre o fosso de orquestra para 10 músicos. Tem " avant-scène " possibilitada pelo sistema de regulação de altura motorizado do fosso de orquestra. Espaços técnicos - A caixa de palco tem teia com estrutura de perfis metálicos e piso em gradil de ferro, a 12, 70 m de distância do piso do palco, e uma ordem de varandas laterais e de fundo .Dispõe de subpalco (com 2,5 m de altura) de estrutura fixa em betão, dotado de quarteladas (para uma área total de 7, 98 m x 10, 15 m) não operacionais e é utilizado como armazém e oficina. A regie de direcção de cena localiza-se no palco, na coxia direita. A regie de som e a regie de luz partilham o mesmo espaço, localizado ao fundo da sala, no balcão de 2ª ordem, em cabina especificamente construída para o efeito e de presença impositiva na sala: ocupa o espaço correspondente a três camarotes de posição central, e interrompe o desenho da guarda do balcão em ferro e a curvatura da moldura saliente de madeira onde esta assenta. Tem oficina de carpintaria e serralharia. |
Acessos
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Avenida Emídio Navarro; Largo Mouzinho da Silveira. |
Protecção
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Inexistente |
Enquadramento
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Urbano, inserido em zona nobre, junto a importante via de penetração na malha urbana da cidade. Situado a meia encosta, encontra-se adossado a edifícios de ocupação mista (habitação e comércio) a formar uma frente urbana homogénea. A sua implantação, em lote profundo com uma só frente, mas de traçado oblíquo face ao desenvolvimento do edifício para o interior do terreno, cria-lhe uma fachada extensa, continuada, em gaveto, por prédio contíguo de concepção arquitectónica similar levantado paralelamente à caixa de palco. Do teatro, além da fachada, só é reconhecível do exterior o que emerge acima das construções envolventes: parte dos volumes da caixa de palco e da sala-estúdio, esta edificada sobre o auditório. O acesso às zonas técnicas (incluindo palco e entrada de artistas) realiza-se por portão, seguido de passagem descoberta, localizado nas traseiras, junto à Escola Secundária Emídio Navarro, já no Lg. Mouzinho da Silveira. Este edifício escolar volta-se a espaço público ajardinado, registando-se nas imediações a presença da Igreja e Convento de Santo António do Antigo Convento de Freiras Beneditinas (v. PT021823240002 ). Também a Porta do Arco ou Porta dos Cavaleiros, vestígio das muralhas medievais que circundavam Viseu (v. PT02182324004 ), se situa nesta zona. |
Descrição Complementar
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MECÂNICA DE CENA: sistema de suspensão - .... varas motorizadas duplas em ferro; ILUMINAÇÃO CÉNICA: dimmers - 120 circuitos digitais; sistema de comando - órgão de luzes digital; equipamento de apoio à iluminação - 11 calhas electrificadas para varas e 10 torres de iluminação; equipamento de iluminação - 120 projectores. SONORIZAÇÃO CÉNICA: microfones, colunas de som, equipamento de gravação/reprodução e mesa de mistura de som permitindo a realização de conferências, a reprodução de suportes para espectáculos diversos, o reforço acústico para espectáculos de teatro e espectáculos de música e espectáculos de música amplificada. COMUNICAÇÕES CÉNICAS: sistemas de ring intercom, de chamada de artistas, de monição de video, de walkie-talkies e de telefones. EQUIPAMENTO CÉNICO: Cortina de boca de abrir para os lados, com mecanismo de abertura motorizado; cena preta em flanela composta por 10 pares de pernas, 5 bambolinas, 1 fraldão, 2 meios-fundos e 1 fundo; ciclorama em tecido branco; 8 praticáveis tipo nivoflex; mobiliário para orquestra - 30 cadeiras e 10 estantes; linóleo para dança preto e branco. |
Utilização Inicial
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Cultural e recreativa: teatro |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: teatro |
Propriedade
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Pública: municipal |
Afectação
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CAEV - Centro das Artes do Espectáculo de Viseu, Associação Cultural e Pedagógica |
Época Construção
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Séc. 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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CARPINTEIRO: José António Peres (1880). ENGENHEIRO: João de Gonta. PINTOR: José Monteiro Nelas (1883), Felisbelo Monteiro Nelas (séc. 20). |
Cronologia
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1878 - a pedido da Sociedade Filarmónica Boa União Viseense, o engenheiro da Câmara Municipal, Fernando Mendes, executou uma planta para um "Teatro barraca", a executar nuns terrenos adquiridos pela Sociedade, na Rua Direita, adquiridos a António de Albuquerque do Amaral Cardoso, por 1:200$000; 1880, 24 Junho - escritura para a obra de carpintaria com José António Peres, de Ranhados, por 325$000; 1883, Junho - Conclusão das obras do teatro, cuja construção resulta da iniciativa da Filarmónica Boa União: entre os colaboradores conta-se José Monteiro Nelas, artista local responsável pela pintura figurativa do pano de boca, representando o " Juramento de Viriato "; 1883 - 13 a 19 de Junho: a inauguração do teatro coincide com a realização das Festas da Cidade, obedecendo a uma programação diversificada que se estende por uma semana, assegurada pela Companhia de Teatro do Porto, dirigida pelo artista dramático António Pedro: sobem à cena, sucessivamente, " O Paralítico " (drama em 5 actos), " O Negreiro ", " Roupa Branca " (comédia), " O Bébé " (comédia) e também " Amor e Dinheiro " (comédia musical), " O Saltimbanco " (de António Enes), " O Agiota " e também " Em Maus Lençóis ", e, a encerrar, " O Sargento Mor de Vilar "; 1883, segunda quinzena de Julho - no mês seguinte à inauguração é apresentado ao público de Viseu um programa de grande impacto: em lugar do drama e da comédia de produção nacional, um repertório lírico trazido por uma companhia estrangeira - a Companhia Italiana de Ópera Lírica de Juan Molina -, sendo então representadas obras de Donizzetti (" A Favorita ", e " Lúcia de Mamermoor "), de Giuseppe Verdi (" O Trovador ", " Rigoleto ", "Hernâni " e " A Traviata "), de Rossini (" O Barbeiro de Sevilha " ), de Bellini (" A Sonâmbula ") e de Gounod (" Fausto "); 1883, 19 a 26 de Julho - a programação do primeiro mês de funcionamento do novo teatro de Viseu fecha com a exibição da Companhia do Teatro da Trindade, destacando-se no elenco Ana Pereira: apesar da afluência do público, tendo-se registado enchentes, e da qualidade desigual dos espectáculos - com alternância de desempenhos dentro da mesma companhia -, a imprensa local não deixa de comentar o número considerado excessivo de récitas tendo em conta o meio social e económico de uma cidade de província como Viseu; 1883, Dezembro - só no fim do ano o teatro se abre novamente ao público, primeiro com um espectáculo de amadores de Tondela (1 Dez.), depois trazendo de Lisboa a Companhia do Teatro Ginásio (20 Dez.), que tinha como primeiras figuras Lucinda Simões e Furtado Coelho; séc. 19, fim de - segundo Sousa Bastos (p.375), com a abertura da Avenida Emídio Navarro, parte do edifício é expropriado, coincidindo esta com a zona onde se localizava o " átrio e um salão" (p. 375); 1898 - o teatro é colocado à venda em hasta pública, sendo então adquirido por Bento Cardoso de Melo Girão; 1898 / 1899 - neste período recebe obras, tanto interiores como exteriores, referindo Sousa Bastos tratar-se de uma "reedificação", que se estende à frontaria: o eng. João de Gonta assina o projecto para uma sala com plateia ("109 fauteuils" e "163 cadeiras"), camarotes de primeira ordem (23), camarotes de segunda ordem (9), "152 lugares de geral, 100 de galeria e 2 frisas" (p. 375); o palco "é amplo e tem junto uma grande arrecadação para cenário e bagagens, com portão independente" (ibidem); o pano de boca, pintado por Almeida e Silva, baseou-se na "cópia de um quadro espanhol de Fontana [e] representa um arco manuelino, encimado pelas armas de Viseu, tendo ao centro uma alegoria à Arte" (ibidem); 1899, 24 de Abril - rebaptizado com o nome de Viriato, o teatro é inaugurado pela Companhia de Lucinda de Simões: do repertório escolhido para a ocasião constam as peças " Casa de Boneca " (drama em 3 actos, de Henrik Ibsen), " Georgette " e " Que Sogra "; 1908 - por esta época, o rendimento do teatro era de de 196$200 réis e a despesa por récita rondava 30$000 réis, mantendo-se em actividade regular por aluguer a companhias nacionais: ao Teatro Viriato e a Viseu terão vindo muitos dos melhores actores portugueses (Sousa Bastos, p. 375); séc. 20 - meados pintura de vários cenários por Felisbelo Monteiro Nelas. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes |
Materiais
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Granito, madeira, ferro, aço, cimento |
Bibliografia
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BASTOS, Sousa, Dicionário do Teatro Português, Lisboa, 1908; MADEIRA, João Alves, O Teatro Viriato, in Viseu municipalis: boletim informativo da Câmara Municipal de Viseu, 1988; Guia de Portugal, Vol. III Beira - II Beira baixa e Beira Alta, Lisboa, 1985; ALVES, Alexandre, Artistas e Artífices nas Dioceses de Lamego e Viseu, vol. II, Viseu, 2001. |
Documentação Gráfica
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CMV: Teatro Viriato |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID; MC: IPAE |
Documentação Administrativa
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CMV: Teatro Viriato |
Intervenção Realizada
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CMV: 1989 - reformulação e recuperação geral |
Observações
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Autor e Data
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João Carvalho 2002 / Filomena Bandeira 2003 |
Actualização
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