Igreja Paroquial de Alijó / Igreja de Santa Maria Maior
| IPA.00011972 |
Portugal, Vila Real, Alijó, Alijó |
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Arquitectura religiosa, barroca e neoclássica. Igreja matriz barroca de planimetria tradicional, com nave única e capela-mor, mais baixa e estreita, com sacristia adossada à fachada lateral esquerda. Fachada-torre, com esta a desenvolver-se para o interior da nave, formando endo-nartéx, com cunhais delimitados por pilastras criando uma fachada de três panos, o central terminado em frontão triangular e os laterais com cornija encimada por aletas volutadas; é rasgada por portal de verga abatida com cornijas sobrepostas e cartela encimada por janela, ambos com decoração concheada e em asa de morcego rococó. Fachadas laterais simétricas, com pilastras nos cunhais e terminadas em friso e cornija moldurada, rasgadas por duas janelas e porta travessa na nave e uma janela na capela-mor, com vãos em arco abatido encimado por concheados. Interior com coro-alto, confessionários embutidos na caixa murária, púlpito no lado do Evangelho, dois retábulos laterais e dois colaterais, de talha policroma e dourada neoclássicos e retábulo-mor em talha policroma e dourada tardo-barroca. |
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Número IPA Antigo: PT011701010046 |
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Registo visualizado 1096 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Igreja paroquial
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Descrição
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Planta longitudinal composta por nave única, integrando torre sineira quadrada, e capela-mor rectangular, mais baixa e estreita, com sacristia adossada à fachada lateral esquerda. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na igreja e de uma na sacristia. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com pilastras nos cunhais, os da igreja sobrepujados por pináculos adelgaçados, e percorridas por embasamento de cantaria e, superiormente, por friso e cornija moldurada. Fachada principal, orientada, integrando ao centro a torre sineira, igualmente com cunhais apilastrados, formando três panos revestidos a azulejos monocromos azuis sobre fundo branco, encimados por pináculos e com cúpula bolbosa. No pano central, portal de verga abatida, terminada em cornija com fecho saliente e constituindo o remate de cartela recortada, envolvida por concheados entre molduras côncavas e convexas, sobrepujada por cornija curva e ângulos rectos; as jambas do portal têm inferiormente asa de morcego e a porta é ornada com almofadas interligadas por laçarias. Sobre o portal, abre-se janela, de moldura curva superiormente terminada em concheados e com aletas inferiores, que interrompe o frontão triangular que remata o pano. Torre sineira de dois registos, separados por friso e cornija, ao centro curva para acompanhar o perfil do relógio de cantaria no primeiro registo e da moldura da sineira em arco pleno no segundo. Nos panos laterais da nave dispõem-se dois registos de azulejos representando santos e são rematados por cornija e aletas volutadas. Fachadas laterais semelhantes, rasgadas na nave por duas janelas, de verga abatida encimada por concha, e porta travessa, de verga igualmente abatida com cornija e concha ao centro, e na capela-mor por uma janela de verga abatida com cornija e brincos; na fachada lateral direita da nave, rasgam-se ainda um óculo circular na torre e janela jacente. Fachada posterior cega terminada em empena. No INTERIOR, a torre forma endo-nártex, possuindo no lado do Evangelho baptistério, de vão em arco de volta perfeita, com grade de ferro, e interiormente revestido a azulejos monócromos azuis sobre fundo branco, integrando na parede testeira registo oval representando o Baptismo de Cristo; possui cobertura em falsa abóbada de berço de estuque e alberga pia baptismal facetada em mármore e imagem de uma Virgem mártir. Do lado da Epístola tem porta de acesso à torre encimada por lápide inscrita. Guarda-vento de madeira com vidros martelados policromos comunica com a nave. Esta e a capela-mor têm os paramentos revestidos a azulejos iguais aos do baptistério e vãos encimados por sanefas de talha policroma. Na nave, coro-alto de arco abatido sobre pilares, com guarda em rótulas de madeira, possuindo ao nível do coro, torre vazada por amplo arco quebrado e lateralmente dois vãos mais pequenos de verga recta. Na nave dispõem-se lateralmente em quatro vãos confrontantes, de verga recta, confessionários de madeira, de três panos terminados em arco quebrado, separados por agulhas alteadas. A meio, do lado do Evangelho, púlpito de bacia rectangular em cantaria sobre mísula decorada, com guarda plena, em talha policroma decorada por elementos fitomórficos estilizados, sendo acedido por porta de verga abatida com cornija. No topo da nave, apresentam-se juntos quatro retábulos em talha policroma, dois laterais de planta recta e três eixos, e dois colaterais, postos de ângulo, de planta recta e um só eixo, com estutura igual dois a dois. Arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras, sobreposto por sanefa de talha policroma decorada por elementos fitomórficos. A cobertura, assente em friso e cornija moldurada de cantaria, é em falsa abóbada de berço em madeira, pintada com anjos, anjos músicos em cartelas, umpainel central com a Virgem e o Menino e nos ângulos cartelas circulares com Santo Ambrósio, São Martinho, São Tomás de Aquino e São Jerónimo. A capela-mor possui do lado do Evangelho porta de acesso à sacristia encimada por amplo registo com representação da Virgem com o Menino, tendo a legenda "SANTA MARIA MAIOR / PADROEIRA DESTA VILA". Sobre o supedâneo, retábulo-mor de planta convexa e três eixos delimitados por colunas de fuste liso, com o terço inferior marcado e capitel coríntio, assentes em altos plintos. No eixo central, abre-se tribuna de arco em volta perfeita, moldurado, com fundo pintado por glória, albergando trono de cinco degraus e imagem do crucificado; nos eixos laterais, nichos pouco profundos em arco de volta perfeita e fecho em acanto, com fundo pintado imitando brocado, e mísulas salientes sustentando imaginária. Ático em frontão semicircular interrompido ao centro por fragmentos de frontão a enquadrar espaldar recortado encimado por cornija boromínica com resplendor e delta luminosos em glória. Sob os eixos laterais, duas portas em arco de volta perfeita de acesso à tribuna. Altar em forma de urna com motivos fitomórficos, tendo sobre a banqueta sacrário em forma de templete coroado por cúpula e lambrequins. Cobertura em falsa abóbada de berço, de madeira, também assente em friso e cornija, pintada com os Evangelistas em cartelas, tendo São Lucas e São Marcos no lado do Evangelho e São Mateus e São João no da Epístola; ao centro painel com Nossa Senhora da Assunção e Adoração da Custódia, envolta por querubins e símbolos eucarísticos noutras cartelas. |
Acessos
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Largo da Igreja |
Protecção
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Inexistente |
Enquadramento
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Urbano, isolado. Ergue-se no centro histórico da vila, adaptando-se ao desnível do terreno, em amplo largo calcetado a paralelepípedos, e junto à qual se costuma estacionar muitas viaturas. A fachada principal é fechada por adro em meia laranja, vedado por gradeamento de ferro assente em soco de cantaria possuindo portão frontal, entre pilares coroados por pináculos, ambos circulares, e laterais entre pilares quadrangulares. A alguns metros de distância ergue-se o chafariz da vila (v. PT011701010077) e junto à fachada posterior, um plátano oriental de 32 metros de altura, constituindo o conjunto dos três a imagem postal mais conhecida de Alijó. |
Descrição Complementar
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Retábulos laterais de talha policromada e dourada, planta recta e três eixos divididos por colunas de fustes marmoreados com o terço inferior marcado por caneluras e capitéis coríntios sobre altos plintos, tendo no eixo central nicho protegido por falsos drapeados de madeira formando boca de cena contendo as imagens dos oragos e lateralmente mísulas com imaginária. Sobre friso de acantos e cornija, triplo espaldar flanqueados por pilastras decorados por festões, o central rematado por açafate de flores e os laterais por urnas. Retábulos colaterais de talha policromada e dourada, de planta recta e um eixo flanqueado por colunas coríntias, com o terço inferior marcado, sobre plintos e firmados por urnas, tendo nicho protegido por falsos drapeados de madeira formando boca de cena contendo as imagens dos oragos. Sobre friso de acantos e cornija, espaldar recortado, decorados por acantos enrolados e, sobre a cornija, motivo fitomórfico de decoração vazado. Altares em forma de urna, com os frontais ornamentados com motivos fitomórficos. A lápide sobre a porta de acesso à torre sineira tem a seguinte inscrição: "Memorando / No ano de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1955 foi restaurada esta / igreja de Santa Maria. / A Sagrada Missão. Canon 1349. prégada pelos sacerdotes de / S. Vicente de Paulo, e / a / Visita Pastoral feita a esta paróquia por Sua Exª Revmº o Snr. Bispo / D. ANTÓNIO VALENTE DA FONSECA, tiveram lugar no mês de Dezembro / do ano supracitado. / HOMENAGEM E GRATIDÃO". |
Utilização Inicial
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Religiosa: igreja paroquial |
Utilização Actual
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Religiosa: igreja paroquial |
Propriedade
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Privada: Igreja Católica (Diocese de Vila Real) |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 17 / 18 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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PINTOR-DOURADOR: Bartolomeu de Mesquita (1799). |
Cronologia
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Séc. 8 - Após a Reconquista, a primeira paróquia a surgir na região foi a de Alijó, talvez sucedendo a uma outra da época anterior à invasão árabe, e de onde se viriam a desmembrar outras paróquias; 1211 - referência a Alijó no foral de Favaios: "dividit cum Celeiroos, et exinde cum Ligioo per vernam de Dorio"; 1258 - documentação refere a "parrochia Sancta Marie de Ligoo"; 1269 - D. Afonso III concede foral a Alijó; 17 - provável construção da igreja; 1686 - data do primeiro registo de baptismos documentado; 1706 - segundo o Pe. Carvalho da Costa, o páraco da antiga freguesia de Santa Maria de Alijó era reitor da apresentação do padroado real, a sua congrua são 24$000 rs, 22 alqueires de trigo, 20 de centeio e um passal pegado nas casas de residência, tudo fazendo a renda de 120$000 rs; 1743 - data do primeiro registo de casamento documentado; 1758 - segundo informações do Reitor Bernardo Álvares Esteves, integrava-se no Arcebispado de Braga e era freguesia de termo próprio e cabeça de freguesia da mesma vila, e couto donatário do Marquês de Távora; a igreja era "insolidum" do Padroado Real e tinha três altares, o maior de Nossa Senhora e dois colaterais dedicados ao Santo Nome de Jesus e a São Sebastião; era reitoria de apresentação real, rendendo por congrua e pé de altar e imolumentos cerca de 200$000 rs; 1759, 13 Janeiro - após a execução dos Marqueses de Távora, por suspeita de envolvimento na tentativa de assassinato de D. José I, Alijó foi incorporado nos bens da coroa; séc. 18, 2ª metade - grande reforma na igreja, provavelmente construindo-se neste período a torre sineira, abrindo-se novos vãos, decorando-os; 1779, 25 Agosto - escritura de contrato de arrematação da obra de pintura e douramento do retábulo-mor da igreja, pertencente à Comenda do Colégio Pontífico de São Pedro da Universidade de Coimbra, pelo pintor dourador Bartolomeu de Mesquita, do lugar de Santa Eufémia; devia-se dourar o retábulo, fazendo os "lisos" em "pedras fingidas"; o tecto da capela-mor devia ser de molduras de pedra fingida, os florões de talha dourada e os vãos dos quadros seriam cheios ou de almofadas de pedra; pelo contrato não era abrangido a bancada que se achava feita pelos fregueses por detrás do sacrário para receber as luzes da exposição do Santíssimo Sacramento; pela obra, bem como pela pintura e douramento do retábulo da capela de Santa Luzia no Amieiro, que deveria seguir o mesmo esquema, o pintor-dourador receberia 172$800 rs, em três pagamentos: um no início, outro no meio e o último depois de terminada a obra; 1780 - data do primeiro registo de óbito documentado; 19, inícios - execução dos retábulos da nave e capela-mor; provável execução da porta axial da igreja; feitura dos confessionários; 1856 - Visconde da Ribeira de Alijó manda plantar um plátano oriental junto à fachada posterior da igreja; séc. 19 - aqui foi baptizado o célebre Bispo de Viseu D. António Alves Martins (1862 - 1882); 1882 - Alijó foi incorporado na Diocese de Lamengo; 1922, 20 Abril - breve criando a Diocese de Vila Real, onde foi incorporado Alijó; 1945 - em fotografias publicadas neste ano a Igreja ainda não possuia o revestimento exterior de azulejos; 1945 / 1950 - provável execução das pinturas das coberturas; colocação das bocas de cena nos retábulos; revestimento dos paramentos interiores e exteriores a azulejos; 1956, 25 Novembro - placa assinalando o centenário do plátano junto à igreja; 1987, 12 Julho - passou pela igreja a imagem de Nossa Senhora de Fátima, tendo presidido a celebração D. Joaquim Gonçalves. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes. |
Materiais
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Estrutura rebocada e pintada; revestimento exterior parcial e interior a azulejos monócromos azuis sobre fundo branco; elementos estruturais, cunhais, molduras dos vãos, pilastras, frisos e cornija, relógio, pináculos, pavimento, base do púlpito, arco do coro-alto e triunfal, etc. em granito; retábulos, guarda do púlpito e sanefas em talha policroma e dourada; portas, guarda-vento, confessionários e guarda do coro em madeira; vidros martelados policromos; pia baptismal em mármore; coberturas interiores de madeira pintada e exterior de telha; gradeamento do adro em ferro. |
Bibliografia
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Diccionario Geographico de Portugal, vol. 2, nº 74, 1758, p. 595 - 597; LEITÃO, Fernando Rodrigues, Monografia do Concelho de Alijó, Lisboa, 1963; PLÁCIDO, Manuel Alves, O povoamento de Alijó (1115 - 1269), in Estudos Transmontanos, nº 2, Vila Real, 1984, p. 31 - 66; ALVES, Natália Marinho Ferreira, A Arte da Talha no Porto na Época Barroca (Artistas e cientela. Materiais e técnica), Porto, 1989, p. 278 - 280; MARIZ, José (Coordenação), Inventário Colectivo dos Registos Paroquiais, vol. 2 - Norte, s.l., 1994; s.a., Concelho de Alijó, Alijó, 1995; Coord. SILVA, Isabel, Dicionário Enciclopédico das Freguesias, vol. 3, Matosinhos, 1997. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN: DSID |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN: DSID |
Documentação Administrativa
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Arquivo Distrital de Vila Real: Arquivo Paroquial (datas extremas: 1686 - 1883) |
Intervenção Realizada
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Fábrica da Igreja Paroquial: 1955 - restauro da igreja. |
Observações
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O nome da freguesia deriva de lageola, que por corrupção devirou em lijoo, lijó e Alijó, significando pequena laje ou fraga, o que poderá aludir a um monumento de origem dolmética que ali tenha existido. |
Autor e Data
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Paula Noé 2003 |
Actualização
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